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TEXTOS REVISADOS PARA O 14

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Mensagem por Ricardo Andrade Seg Set 07, 2009 12:21 am

Texto de JLuismith

O desafio de Shazam

“Então, eu vou chegar e vou dizer... Oi, Kathy, lembra de mim? Sou eu, Billy? Billy Batson? Se lembra?”
“Eu acho que você tá dando muito papo, sério. Muito lento. Muita conversinha. Precisa ser mais rápido.”
“Quieto, Mercúrio, sério. Me deixa ensaiar direito, ok? Eu gosto da Kathy, quero que tudo dê certo na festa... Vamos de novo... Kathy, eu...”
“Sério, isso tá muito demorado... Ensaiar pra quê? Vai logo. Pra que esperar a festa? Liga pra casa dela. Quer dizer, pra que ligar? Vamos pra lá agora!”
“Mercúrio, não tem como fazer assim! Caramba! Eu tenho que esperar a hora certa, fazer direito, pelo amor de Deus!”
“Deus não, deuses, Billy Batson.”
“OK, Salomão, OK... Vacilo meu... Mas tá entendendo, Mercúrio? Eu tenho que esperar a hora certa, o clima certo, chegar do jeito certo... Eu só vou ter uma chance, entende? Preciso acertar a hora H pra...”
“Como assim, só uma chance?”
“Ah, saco... O que é que tem, Atlas?”
“Esse papo de "só uma chance"... Você tem várias chances! Você pode tentar e tentar e tentar e tentar e eternamente tentar, até que ela aceite. Você tem meu vigor, Batson! Você pode tentar e tentar e tentar, até que ela desista porque sabe que você pode continuar tentando e tentando e tentando e tentando...”
“Mas eu não quero vencer ela pelo cansaço, Atlas! Eu quero que ela goste de mim! É por isso que eu estou juntando coragem pra poder—“
“Nem diga isso...”
“Isso o quê, Aquiles?!”
“Coragem. Você disse que está juntando coragem.”
“E qual o problema nisso?”
“Por favor, eu sei o que é coragem. Eu atacava cidades sozinho sem pestanejar. Eu derrotava gigantes usando uma colher e meio pão dormido. Você está agindo como um franguinho por causa de uma mortal espinhenta de quatorze anos. Não me venha falar em coragem, por favor...”
“Que porcaria, vocês poderiam ficar quietos por um—“
“E continua demorando... eu já teria ido na casa dela...”
“Mercúrio, último aviso, para com isso! Será que eu não posso—“
“Claro que pode.”
“Posso o quê, Zeus? Você nem sabe o que eu ia falar!”
“Seja o que for, você pode. Eu tenho o poder, você tem o poder, então você pode. Se você quiser jogar um raio nessa tal da Kathy, você pode, sabia? Ou virar um animal e se deitar com ela, ou tomar a forma do marido dela...”
“Por que diabos eu faria uma coisa dessas?!”
“Bem... sempre funcionou comigo... eram outros tempos, eu sei... mas os clássicos nunca morrem, é o que dizem...”
“Será que vocês não podem ficar quietos pelo menos por cinco minutos pra que eu tente me preparar pra pedir em namoro a mulher da minha vida?! Será?! Hein?!”
“Receio que você esteja enganado, Billy Batson.”
“Ah, céus... O que será agora? Vai, diz logo, Salomão...”
“Bem, Billy Batson, primeiro, eu preciso dizer que qualquer um sabe que não existe racionalmente isso que você chamou de “mulher da sua vida”. Existem, é claro, pessoas com quem você vai ter maior ou menor compatibilidade, mas nada garante que a mesma pessoa vá refletir e corresponder aos seus desejos e anseios durante todo o período da sua existência.”
“Por favor...”
“E, mesmo se isso fosse possível, com ênfase no “se”, as possibilidades de que Kathy Beck seja essa pessoa são ínfimas. A bagagem cultural de vocês dois, ainda que reduzida, devido ao pouco tempo de vida de ambos, é totalmente oposta; o temperamento da Srta. Kathy é, de fato, considerado muito difícil por todos que a cercam e, ainda que hoje ela tenha um rosto realmente angelical, é possível notar, reparando nos traços de sua genitora, que este rosto gradativamente irá mudar, assim como o resto do corpo, fazendo com que ela ganhe peso rapidamente e passe a ter uma postura curvada e olhos caídos, que evidentemente passariam para os seus descendentes. E não é sábio ter filhos com olhos caídos. Como se não bastasse isto, é possível para qualquer pessoa com mínimas capacidades de observação notar que ela não nutre nenhum interesse por você, e sim uma especial afeição pelo jovem Bill Clarence, da equipe de atletismo.”
“Por favor, parem... sério...”
“Eu já teria ido até a casa dela e ficado com ela. Umas seis vezes...”
“Vocês não conseguem realmente calar a boca, certo? Todos precisam ficar dando opiniões o tempo todo?! Todo mundo já falou? Hein? Hein? Alguém ainda quer dizer alguma coisa?!”
“Bem, eu já teria—“
“Fora você, Mercúrio! Hércules, você é o único que ainda não falou... Vai, pode ir... Manda... Já desisti da festa mesmo...”
“Não, eu pensei em uma coisa, mas não é nada demais...”
“Vai, fala!”
“Não... nada não... besteira minha... tô tranqüilo...”
“Nesse meio tempo você poderia ter já—“
“Mercúrio! Cala. A. Boca! E Hércules, fala logo...”
“Sério, bobagem mesmo, nada demais... deixa pra lá...”
“OKk, então eu não vou mais—“
“Então... é uma coisinha... queria te perguntar...”
“O quê, Hércules? Fala logo...”
“Tipo... você, com esses braços magrinhos... já pensou em começar a malhar?”
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não fez nada. Já estava assim quando ele chegou

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Mensagem por Kio Qua Set 09, 2009 9:40 am

Texto: Marcelo Soares
Para a edição # 14


O nerd e a referencialidade
Por Marcelo Soares

É mais que sabido que temos, hoje em dia, na sociedade, uma cultura de convergência de mídias, tendências e gostos, e deve ser por isso que os nerds estão mais do que na moda (o “Fantástico” que o diga). Mas, se pensarmos, o que é a moda para o nerd? O que lhe chama tanto o interesse? Não, não falarei aqui de roupas para se usar em cosplay, nem camisas com estampas de heróis, mas de uma estratégia do mercado de cultura pop, que vem funcionando muito bem para chamar a atenção dessa parcela de seres (anti-) sociais, e que faz com que eles comprem mais e mais algo que é lançado: a auto-referencialidade, ou melhor, como os quadrinhos levaram para dentro de si a convergência midiática.

Para início de conversa, irei citar um exemplo de obra que, com certeza, 11 de 10 fãs dos quadrinhos devem conhecer, e que tem bem explícito esse artifício da referencialidade: “Planetary”, de Warren Ellis. A história trata de um grupo de pessoas com poderes especiais que catalogam, como arqueólogos, a “história oculta da humanidade”, uma história com raízes fortes na cultura pop. Portanto, como disse o João Felipe do site Sobrecarga, “espere de cada aventura de ‘Planetary’ citações e referências ao mundo do cinema e das histórias em quadrinhos. Nas palavras do mestre Alan Moore: ‘Warren Ellis e John Cassaday fabricaram um engenhoso mecanismo com o qual podem explorar as possibilidades de nossa situação contemporânea’. Isto é, resgatar elementos do passado, dando-lhes um novo encaminhamento e apontando para um possível futuro da nona arte.”

Essa sentença mostra bem o que quero discutir aqui: como, nessa primeira década do século XXI, o recurso de uma mídia fazer referência a outra, ou a si mesma, está sendo muito utilizado para ser um atrativo a mais para quem compra. “Planetary” e suas inúmeras citações visuais, escondidas ou não, gerou enxurradas de discussões em fóruns, teorias e até um guia, fomentando a curiosidade de quem não conhecia, e aumentando o interesse de quem, já na primeira edição, se tornou fã. Ou seja, Ellis sabiamente usou o gosto pelo saudosismo e colecionismo do passado dos leitores para prender suas atenções.

Estratégia também utilizada por Grant Morrison na sua mega-saga “Crise Final”, que muitos alardearam ser “arrogante, presunçosa e complexa” demais, o que até tem sua lógica mas, antenado com os novos tempos e leitores, Morrison criou uma verdadeira caça a símbolos escondidos, histórias esquecidas e revivals por parte dos fãs do Universo DC. Na verdade, o escritor já faz esse tipo de coisa desde seus tempos de “Homem-Animal” e “Patrulha do Destino”, só que, então, era mais com personagens “sumidos”. Ampliou tudo isso em “Crise Final” e em sua passagem pelo Batman, alimentando a fome de um leitor de quadrinhos que vive na velocidade e interconexão de uma vida cibernética, de wikipédias e cultura participativa, um verdadeiro Leitor 2.0.

Acho que qualquer pessoa ligada às novidades desse mundinho virtual já tinha percebido que instigar o público com a lógica de pesquisa e “caça ao tesouro” é lucrativo, os produtores de “Lost” que o digam. Tanto que produtos audiovisuais, como a série “The Bing Bang Theory” e o recém-lançado filme brasileiro “Apenas o Fim”, usam e abusam da capacidade nerd de se interessar por coisas que fazem referência aos seus gostos, explorando bem um filão de consumo que, até pouco tempo, era simplesmente renegado pela mídia e o capital.
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Mensagem por InVinoVeritas Qua Set 23, 2009 9:29 am

AS NOITES NO BAR DO LIMBO
PROFISSÕES À PERIGO

Por Nano Falcão

As caras no bar do limbo sempre mudam. Alguns dos que saem daqui voltam diferentes, outros mudam aqui, mesmo. Tudo depende do que as pessoas no mundo real pensam deles. Eu tenho a maior curiosidade de saber como James Bond se pareceria se viesse aqui. Talvez com o Sean Connery. Só espero que não seja com o Pierce Brosnan, aqueles humanos filisteus.
Mas o que ainda me choca são os rostos conhecidos. Por rostos conhecidos não quero dizer pessoas conhecidas: rostos emprestados seria uma expressão melhor.
- O que é que você está encarando? – Falou, desconfiado, o sujeito na minha frente, que bebericava gim com tônica.
- Hã... Nada. – Tentei disfarçar.
- Olha, se você é gay, já vou dizendo que não é minha praia...
- Calma, nada disso. Também não é a minha.
- Não leva a mal, é que tem gente por aqui que é tão...
- Entendo o que quer dizer. Querem tentar de tudo.
- Justamente. É esse negócio de não haver conseqüências, de um dia ser gay e no outro não ser nada disso, jamais ter sido.
- O que acontece no limbo, fica no limbo. Aqui, até o Homem-Animal comeu carne.
- Pois então. E aí, porque estava me encarando?
- Você sabe.
- Sei? – Ele tentou fingir que não sabia do que eu estava falando.
- Ora, claro.
- Diga.
- Você é a cara do Richard Dean Anderson.
- Eu não sou ele - engoliu o drinque, meio contrariado.
- Sim, eu sei. Você só usa a cara do Dean Anderson, mas você é o MacGyver.
- Ora, você sabe quem eu sou? – Ele se animou um pouco.
- Não deveria saber? Todo mundo conhece o MacGyver.
- Isso foi nos anos 80, cara. Agora eu sou uma relíquia.
- Que papo é esse?
- Olhe pra mim. Estou esquecido, na geladeira. No limbo.
- Sim, mas é um bom sinal. Sinal que você pode sair.
- Sair? Mas até o Richard Dean Anderson, o cara que me interpreta, está com um pé na cova. Eu já era!
- Ora, você pode voltar na pele de outra pessoa.
- Você acha?
- Claro, já vi isso acontecer várias vezes, semana passada mesmo a Turma do Esquadrão Classe A saiu daqui.
- Como?
- Eles vão ganhar um filme, pelo que disseram.
- Mas os atores?
- Novos atores, novos rostos.
- Você acha que isso pode acontecer comigo?
- Tudo é possível, Mac. Você devia saber.
- É, bem... é que eu sou novo nessas coisas... Quer dizer, não faço idéia de quanto tempo estou aqui, mas me sinto novo, sabe?
- Sei, tem gente que entra e sai daqui há uns mil anos...
- Tipo?
- Tá olhando aquele cara ali na mesa a esquerda?
- Aquele que está conversando com o National Kid? Claro.
- O nome dele é Sansão.
- Não me diga? O próprio?
- Ele mesmo.
- Pensei que figuras religiosas não se aplicavam. Aquele papo que precisa que as pessoas acreditem para um deus ou santo existir...
- Ele não é nenhum dos dois, ele é um dos lendários heróis de Israel. Um mito, até onde sabemos.
- E ele está aqui desde que sua história foi contada?
- Ah, não. Ele volta e meia ganha um filme, ou uma aparição na televisão. Ele já teve até gibi nos Estados Unidos. Uma vez ele entrou no braço contra o Superman.
- Uau.
- Pois é. Nada mal pra quem veste um saiote de pele de carneiro, né?
- Au! – A mulher do lado de Sansão gritou, com um tapinha do companheiro.
- Eu já disse pra você não tocar no meu cabelo, sua...
- Desculpa, querido, desculpa. – Ela beijou a mão do brutamonte.
- Pô, cara, precisava bater na mulher? – MacGyver se levantou da cadeira, indignado.
- Calma, querido. Sansão não fez por mal. Depois do que sua ex fez, ele é meio irritadiço com o cabelo, entende...
- ah, então você não é a Dalila...
- Dalila? Se fosse a Dalila eu a esganava! – Ele bateu na mesa.
- Então...? Você é...?
- Permita-me apresentar: me chamo Druuna...
- Druuna?
- Quadrinhos? Franceses? Eróticos? – Ela ia acrescentando interrogações com alguma esperança de ser reconhecida.
- Hã... Sinto muito...
- Dru, faz tempo que eu não te via por aqui. Quando voltou? – A cumprimentei.
- Teve uma edição especial recentemente, mas ficou só nisso. – Ela disse, cabisbaixa.
- O que você precisa é um filme. – Acrescentou National Kid. – Meus fãs estão fazendo abaixo assinado para um remake. Eu logo devo estar saindo daqui.
- O coitado fala isso desde 1969 – Cochichei para MacGyver.
- Mas Druuna... – Voltei à conversa. – Você e o... Sansão? Desde quando?
- Ora, por que não? Ele é forte, viril, grande, másculo... E circuncidado. Não se fazem mais judeus como o Sansão aqui.
- Tudo que a mocinha precisava era de um homem de verdade. O que anda faltando aqui no limbo. Pederastas! Mas eles receberão o castigo do Senhor! Como em Sodoma e Gomorra!
- Amém – ergui o copo, me forçando para não rir. – E você Sansão, planos de sair daqui?
- Ouvi falar de um desenho da Dreamworks. Já virei desenho antes, é divertido. Só espero que não me desenhem tão magrinho e que eu não tenha um amigo macaco de novo. Eu odeio macacos, eles atiram cocô em você. Mas preferia uma série. Filmes não duram. Em breve estarei aqui novamente.
- E eu estarei esperando por você, querido.
- Ah! – Ele riu. – E enquanto isso? Eu sei como funciona esse lugar, mulher. Quando eu voltar, não haverá mais nada entre nós. Você provavelmente vai dar pra aquele exibido do Flash Gordon. Eu sei que ele está de olho em você.
- Veja o lado bom, Sansão. Essa pelo menos não irá lhe custar “os olhos da cara”.
E essa eu deixo pra rir somente quem entendeu... Boa noite, e até a próxima. Tim-Tim.
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TEXTOS REVISADOS PARA O 14 Empty Re: TEXTOS REVISADOS PARA O 14

Mensagem por InVinoVeritas Qua Out 21, 2009 1:00 pm

Rodrigo! escreveu:
Milo Manara. Você já deve ter ouvido falar dele... Velho. Italiano. Pervertido.

...

O cara que desenha as mulheres mais gostosas dos quadrinhos? Ah. AGORA você ligou o nome à pessoa, não?

Ele deve ter feito parte da sua infância - eu sei que fez da minha. E é essa história que trouxe pra você hoje. Há, no Rio de Janeiro, uma livraria excelente, a Leonardo da Vinci. Especializada em livros importados. Caríssima. Quando estava no 2º Grau, nós – os que curtíamos quadrinhos na sala (e éramos poucos) – costumávamos passar lá depois da aula, para namorar a estante de quadrinhos europeus.

Aquilo era o paraíso para um bando de adolescentes que só conheciam o ramerrão Marvel e DC. Foi lá que conheci Crepax, Bilal, Moebius, e que pela primeira vez vi Manara: uma edição grande, com uma capa dura verde berilo, trazendo O Clic em francês.

Foi amor à primeira vista.

Claro que fui MUITO sacaneado por meu “interesse” naquele volume. Seguiram-se extensas insinuações sobre "o quê o Rodrigo fazia quando chegava em casa depois de uma visitinha na Da Vinci..." E não vou ser hipócrita e dizer que eles não tinham um pouco de razão...

Mas o que importa é que a semente caiu no lugar certo, e germinou - sem segundas intenções nessa frase e você é um canalha se entendeu de outro jeito.

Milo (diminutivo de Maurílio) Manara nasceu em 12 de setembro de 1945 em Luson (Itália). Depois de estudar arquitetura e pintura, estreou no mundo dos quadrinhos em 1969 com a obra Genius, um conto noir sensual e sombrio, na linha de HQ’s como Kriminal e Satanik. Desde então, tem sido publicado na Itália. Seu primeiro trabalho importante, The Ape, veio em 1976, para a Heavy Metal, revista cult do início dos anos 1980, que reconta a história de Sun Wukong, o deus-macaco da mitologia chinesa – com humor, arte sensual e uma série de críticas políticas. Tem pouco a ver com a arte dele agora - é muito mais insana e solta. Mas é linda.

Depois disso, Manara fez vários outros álbuns, sendo os mais famosos a série Clic, que já citei, e que está no volume 4 (uau...) e Giuseppe Bergman, que não é exatamente erótico – para quem diz que ele só faz erotismo... Há também os álbuns produzidos com a colaboração de Frederico Fellini (Viagem à Tulum) e Hugo Pratt (Indian Summer e El Gaucho). Curiosamente, Manara é menos popular na Itália que na França, onde é considerado um dos quadrinistas mais importantes do mundo.

Manara não fez só quadrinhos. Fez também publicidade – onde participou de campanhas para Eminence, Assurances Generali, Fastweb e criou os dois storyboards para os comerciais do perfume Chanel no. 5 – também criou cenários e figurinos para teatro, ilustrações para posters de cinema (Intervista e Voce Della Luna, de Fellini), assim como um poster para o Festival de Cinema de Cannes. Seu trabalho tem sido adaptado por produtores, roteiristas e diretores de cinema: há a previsão de um longa metragem, uma peça e um balé dramático extraídos de Clic, e um filme de animação baseado em Butterscotch... São coisas que espero ver em breve!

E não me chame de pervertido... É apenas arte. Arte erótica, mas arte.

Uma Bibliografia Parcial

Borgia 1: Blood for the Pope (com Alejandro Jodorowsky)
Borgia 2: Power and Incest (com Alejandro Jodorowsky) E já existem mais dois volumes
Indian Summer (com Hugo Pratt)
El Gaucho (com Hugo Pratt)
Sandman: Endless Nights (de Neil Gaiman. Acredite ou não, mas é Manara fazendo uma história de Sandman. Tudo bem que Morpheus nem aparece...)
Breakthrough (1990) (com Enki Bilal, Neil Gaiman, Dave McKean, etc)
Butterscotch (lançado aqui como "O Perfume do Invisível)
Butterscotch 2
Piranese: The Prison Planet
Memory
Gullivera
Click
Click 2
Click 3
Click 4
WWW
The Model
Women of Manara
Aphrodite: Book 1 (com Pierre Louys)
The Art of Manara
The Art of Spanking
Manara's Kama Sutra
Bolero
Shorts
The Ape
The Snowman
The Paper Man
The Golden Ass (A Metamorfose de Lucius)
The Adventures of Giuseppe Bergman:
The Great Adventure
To See the Stars: The Urban Adventures
Perchance to Dream: The Indian Adventures
An Author in Search of Six Characters: The African Adventures
Dies Irae: The African Adventures Book 2
The Odyssey of Giuseppe Bergman

O cara produziu muito, e, como ainda está vivo, vai produzir mais... aguardemos..

Mudei algumas coisas, tirei uns toques pessoais que pensei não acrescentarem muito ao leitor. Dá uma olhada se está bom. Se não, edita aqui o que achar que ficou ruim. Sou revisor, não editor, e não mando no seu texto.
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Mensagem por InVinoVeritas Qui Out 22, 2009 9:41 am

Kio escreveu:Texto e diag.: Kio
2 páginas


MEMORIAL DO FARRAZINE

“Parece que foi ontem."
É uma frase clichê, eu sei. Comecei esse texto dessa maneira pra dizer que... bem... não é o caso aqui; não pra mim. Neste mês de novembro, completamos dois anos publicando o FARRAZINE. Ao longo desse tempo foram 15 edições (contando com esta “em suas mãos”, mais o Especial de Natal de 2008).
Se você é um leitor antigo, sabe que a revista partiu da união de vários aficionados em histórias em quadrinhos e cultura nerd, que frequentam (ou frequentavam) o F.A.R.R.A. (Fórum de Agrupamento dos Revolucionários da Rapadura Açucarada). Após seis edições, a revista tornou-se independente do Fórum, mas mantemos os laços de amizade e, principalmente, a gratidão pelo berço tão acolhedor.
Passado todo esse tempo, recordo do entusiasmo do lançamento da edição nº 1, da sensação de crescimento com a primeira entrevista com um profissional renomado na área de quadrinhos, da tristeza com a saída de amigos do quadro de participantes e de tantas emoções fortes que vivenciei. Como eu disse, não parece que foi ontem, tamanha a história que esses dois anos trazem.
Este Memorial não é apenas um registro de nossa história: é, além de tudo, uma forma de agradecer àqueles que colaboraram direta ou indiretamente para que a revista existisse.
Na lista abaixo, estão relacionados os nomes desses colaboradores e a edição em que participaram pela primeira vez, sendo que os destacados em negrito formam a equipe atual. Completando a lista, estão relacionadas as HQs, os entrevistados especiais e os personagens da nossa cidade fictícia – Farratown.
Agradeço a todos que têm nos acompanhado nessa verdadeira aventura que é o FARRAZINE. Fique conosco e divirta-se.
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Mensagem por jluismith Qui Out 22, 2009 5:40 pm

Bem, vamos lá na minha primeira experiência como revisor, espero ter dado conta do recado

O Trabalho Irrita o Homem, da Jussara,

O Trabalho Irrita o Homem (e os gatos também)!

Enrodilhar-se no lugar mais macio e quentinho que encontrar e ali ficar até o Juízo Final. Este é o grande objetivo da vida de um gato. E, sinceramente, é o meu objetivo também! E se duvidar, de todas as outras pessoas deste mundo.
O único motivo pelo qual as pessoas trabalham tanto é, para no futuro, não terem mais que trabalhar. Por mais que o profissional ame o seu trabalho ele, um dia, vai querer largar aquilo. Não porque acaba desgostando do que faz, de jeito nenhum. Mas há um momento em que, por mais que ame a literatura, todo escritor gostaria que seus livros se escrevessem sozinhos...
Todo atleta gostaria que seu corpo se mantivesse em forma para sempre...
Toda cozinheira gostaria que os pratos deliciosos que faz ficassem prontos sem a ajuda dela...
Todo publicitário gostaria que suas peças ficassem prontas antes do deadline...
Todo advogado gostaria de ferrar os outros sem ter que conferir pela 10985ª vez o código penal...
As pessoas trabalham feito mulas para enfim desfrutarem da paz que merecem. Mas veja só: muitos, quando se aposentam, ficam completamente caducos! Trabalharam tanto que não sabem mais como ficar sem fazer nada. Ficam procurando coisas para fazer. Vovózinhas fazem tricôs mais rápido do que qualquer máquina têxtil. Vovôzinhos adoram mexer em calhas e consertar coisas que não sabem como funcionam.
E, acima de tudo, trabalhamos para poder nos gabar um dia, principalmente aos mais novos: “Eu levantava às cinco da manhã todos os dias para ir trabalhar!”; “No meu tempo não tinha internet, nós tínhamos que correr atrás da notícia na raça mesmo!”; “Windows? Frescura! Na minha época eu só programava com zeros e uns!”.
Falam para se mostrarem superiores, provarem que podem encarar qualquer coisa a hora que for preciso (ou pelo menos podiam). “Na sua idade eu criava galinhas, ordenhava vacas, fazia minha própria manteiga e entregava o briefing antes do galo cantar!”. E sentem-se ultrajados quando perguntam como foi o seu dia e você responde: “De manhã, acordei às onze horas, almocei, fiz a siesta e passei a tarde inteira jogando Nintendo”.
Chamam você de vagabundo (como se resgatar a princesa Peach não fosse trabalhoso...), de preguiçoso. Caluniam os jovens de vida boa, dizendo que jamais sentirão a satisfação do trabalho. Mas a bem da verdade é que, se o trabalho tivesse lhes trazido tanta satisfação assim, jamais teriam se aposentado e não ficariam se queixando das peripécias pelas quais passaram.
No entanto, haverá uma hora que nós também teremos que dar duro, MUITO duro! Mais do que já pensamos dar hoje em dia. Por isso escolhemos a profissão que mais amamos para, no final da vida, perceber que NÃO HÁ profissão que você ame: todo trabalho é um porre.
E até o Juízo Final, nossos gatos domésticos mimados serão os únicos que verdadeiramente alcançarão a iluminação divina. Pois eles, ao contrário de todos os outros seres vivos, sempre conseguirão atingir seu objetivo: enrodilhar-se no lugar mais macio e quentinho que encontrar e ali ficar... sem se preocupar com o despertador ou com o colesterol acumulado nas veias se você não levantar seu traseiro gordo da cama e praticar algum exercício.
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TEXTOS REVISADOS PARA O 14 Empty Re: TEXTOS REVISADOS PARA O 14

Mensagem por jluismith Qui Out 22, 2009 5:41 pm

Socorro!!! (Roteiro de HQ)
Conteúdos pra fazer a imaginação ser real.


(Agente Dias)

Ai! Você que sonha em escrever histórias em quadrinho, vê se eu estou certo: Quando você termina de ler uma HQ você pensa assim: “Caramba! Fazer um gibi deve ser divertido... Desenhar é show de bola, mas não sei desenhar nem um coração no bilhete pra namorada(o). Posso até comprar revistas e livros pra aprender a desenhar, e tal, mas nem uma luva feita pelo Stark programada pra isso me salvaria. Bem, mas eu gosto de escrever, mas escrever roteiro não é o mesmo que escrever as cartinhas pra namorada(o) ou as narrações pra mesa de RPG. E é nessa hora que eu queria que existisse as tais revistinhas e livros de auto-ajuda.” Não é assim que você pensa? Não deve pensar ao pé da letra, mas é por ai.

O autor desse guia já seguiu por esses pensamentos, até encontrar um curso que o ajudasse e é um bom recurso por sinal, mas falaremos disso depois. Mas mesmo estando num curso, você precisa de apostilas como em qualquer outro curso. Mas onde encontrar? Não se tem em qualquer canto como de desenhos. Pois é... o autor na época só achou um e salvou a vida dele. Mas não queremos que você comece com pouco recurso como ele, queremos que você já tenha idéias de quais ferramentas você pode começar. Lembrando que esse guia não vai te ajudar a criar roteiro pra HQ, vai te ajudar a seguir esse caminho de aprendizagem, ok?

Você deve estar ansioso e pronto pra procurar os manuais pela internet ou até mesmo pra ver se é verdade essa matéria, né? Então, prepare ai os sites de livrarias ou papel pra anotar, e procurar em sebos e principalmente prepare a carteira.

Livros e Revista

GUIA OFICIAL DA DC COMICS – DESENHO E ROTEIRO:
- Esse guia é o mais caro da lista de livros. Mas vale a pena esse livro! Ele que salvou o autor no curso. Livros escritos pelo roteirista Dennis O’neil e pelo desenhista Klaus Janson, ou seja, são bons mesmo. O Livro de roteiro te ajuda até a montar trama pra vários formatos da HQ, como: Mini-séries, Graphic Novels, Maxiséries e Séries Contínuas.
Não se engane deixando de lado o livro de desenho, ok? Como diz o mestre Scott McCloud, um roteirista precisa ter um mínimo de noção de desenho pra ter um bom diálogo com o desenhista e assim não acabar criando enquadramentos impossíveis. Devo alertá-lo que no livro de desenho tem um assunto muito importante também pro roteirista que é mais detalhado lá do que no livro de roteiro, que é o enquadramento. Pra finalizar, apesar de útil o Box é extremamente luxuoso e com um material de primeira.

Preço: 139,00 reais
Páginas: 283 os dois livros
Editora: Opera Graphica

DESVENDANDO OS QUADRINHOS E DESENHANDO QUADRINHOS – Scott McCloud:
- Esses livros são geniais e salgados também no valor. Scott McCloud junta em seus livros um ensino que educa os dois talentos de uma HQ, que são o roteiro e o desenho... educa tanto na prática como na teoria da HQ. Não estranhe as várias páginas sobre prática de desenho, ou até mesmo com um dos títulos, pode ler sem medo de estar perdendo tempo. Com certeza vai te dar uma visão útil sobre esse outro lado da arte e você fará bons trabalhos. O Livro Desenhando Quadrinhos tem uma coisa muito legal que não tem no primeiro livro, que é lista de exercícios. Quero avisá-lo que se deve ler primeiro o Desvendando e depois o Desenhando, ok? Se mudar a ordem você vai ficar sem entender algumas coisas que estão no Desenhando.

Preço: Média de 60,00 reais, cada um.
Páginas: 217 (Desvendando) e 266 (Desenhando)
Editora: M. Books

ROTEIRO PARA HISTÓRIA EM QUADRINHO – Gian Danton:
- O Autor Gian Danton trata claramente em seu livro os mecanismos de criar um roteiro. Abordando bem a história da HQ e as ferramentas pra montar um roteiro, como: enquadramentos, ângulos, como montar a trama etc. O livro é bem prático e direto. Dica: Não ignore livros de poucas páginas!

Preço: Média de 40,00 reais.
Páginas: 75
Editora: Popmídia

A PALAVRA EM AÇÃO – Marcelo Marat:
- Esse livro é bem parecido com o livro do Gian Danton, mas o que falta em um se completa no outro, olhando na questão de conteúdo. Olhando pelo material esse livro sai mais em conta, pois é mais barato e tem mais páginas. Porém, são livros de poucas páginas e com conteúdo plausível. Aconselhamos ler esses dois livros seguidos. Não tem um favorito, ambos são bons.

Preço: 14,00 reais
Páginas: 99
Editora: Marca da Fantasia

QUADRINHOS E ARTE SEQUENCIAL – Will Eisner:
- Esse livro é uma aula dada pelo Will Eisner. Aqui você não só fica sabendo ainda mais como escrever uma HQ , você fica também sabendo ainda mais o que é uma HQ e isso é muito importante. Aproveita que você não pôde estar em um de seus cursos e pega esse livro.

Preço: 50,00 reais
Páginas: 158
Editora: Martins Fontes

OS SEGREDOS DOS ROTEIROS DA DISNEY:
- Você é fã da Marvel Comics? Que tal aproveitar a onda dessa nova aliança deles e já ir pescando o estilo da turma do Mickey?
Esse livro parece de cara só abordar o lado do cinema, mas não é! Na verdade só o fato dele ter o objetivo de esclarecer o ato de criar roteiro, já serve pro que você pretende... cinema, teatro ou HQ! Então fica tranquilo. Ele aborda tudo que um escritor precisa pra sua trama: construir personagens, recriar textos e etc.
Esse livro é escrito pelo próprio roteirista da Disney, o Jason Surrel. Se prepare pra mexer bastante com a magia da criação, dividida em três ingredientes mágicos: inspiração, transpiração e clímax.

Preço: 35,90 reais
Páginas: 228
Editora: Panda Books

COMO DESENVOLVER ROTEIRO PARA MANGÁ – Alexandre Nagado:
- Esse exemplar é uma revista focada pro mangá, como diz o título. A revista é bem básica, mas toca em alguns pontos alertando a diferença entre os Comics e o Mangá. Ela aborda a narrativa, dinâmica e personagem. Essa revista é bem antiga e não sei se ainda pode ser encontrada. Comentei dela por aqui, pois talvez pelos sebos da vida ou internet possa ser encontrada (Como aconteceu com o autor). Boa sorte!

Preço: 3,90
Páginas: 32
Editora: Canãa

MANUAL DO ROTEIRO e ROTEIRO: OS FUNDAMENTOS DO ROTEIRISMO – Syd Field:
- Esses livros têm em suas descrições uma opinião declarada a favor do cinema, mas a sua estrutura é ensinar a roteirizar e como eu disse antes: seja roteiro para o que for, o clímax de criação é o mesmo, apenas o mecanismo que muda. Tenho certeza nisso por que o "Manual" é mencionado como indicação no livro de roteiros da DC. Foi observando isso que o autor passou a olhar sem discriminação os livros de roteiro pra cinema, televisão e teatro. Mas claro que alguns não trazem informações úteis pros quadrinhos. Então cuidado! Esse livro "Fundamentos" é apenas a ampliação e a atualização do "Manual", mas é claro que seu preço é maior e isso pode pesar na escolha dos dois.

Preço: 40,90 (Manual), 55,00 (Fundamentos)
Páginas: 244 (Manual), 332 (Fundamentos)
Editora: Syd Field (Manual), Arte e Letra (Fundamentos)

COMO CRIAR PERSONAGENS INESQUECÍVEIS – Linda Seger:
- Está ai um livro que aborda: cinema, televisão, teatro e propaganda, mas que também é fundamental pra HQ. Afinal, você não cria personagem na HQ? Então, está ai uma ferramenta pra te ajudar bastante nisso.
Esse foi o primeiro livro que o autor comprou de roteiro sem ter em sua descrição uma visão pros quadrinhos. Esse livro trás um assunto que todos os outros livros de roteiro pra HQ abordam “criar personagens”. Com certeza pode te ajudar e muito.

Preço: 39,90
Páginas: 236
Editora: Bossa Nova

Cursos

Senac (SP) – Roteiro de História em Quadrinhos (a distância)
Impacto Quadrinhos (SP) – Roteiro
- Não poderíamos esquecer-nos de alertá-lo sobre alguns cursos pra essa área. São poucos sim, mas com certeza ajudam. Esses cursos são fáceis de ser encontrados pela internet com informações mais completas, trazendo preços e tudo mais... Boa aula!!!

Você nem imaginava isso tudo de livro, né? Nem a gente! São onze livros pra você se aprofundar ainda mais nesse dom de criação. Tem mais livros por ai, quem sabe não façamos a segunda parte desse guia, trazendo novidades pro universo de roteirizar... Então, comece a rezar pro editor aprovar a parte 2. hehehe.

Espero que tenhamos ajudado e boas idéias!!!
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TEXTOS REVISADOS PARA O 14 Empty Re: TEXTOS REVISADOS PARA O 14

Mensagem por jluismith Qui Out 22, 2009 5:41 pm

Conto Urbano do Vino

Sílvio Andrade tinha um emprego, um carro, uma casa, uma família e uma obsessão. Há quem diga que algumas dessas coisas são incompatíveis, há quem diga que são intercambiáves. Mas a verdade é que pareciam conviver bem nele.

Em dias de semana ele voltaria de seu emprego na agência dos Correios (era carteiro), sol despencando pelo céu, beijaria a mulher e os filhos, depois iria para o pátio de sua casa, que era o seu chão: as poucas árvores no fundo, a ameaça de mato querendo romper o piso rude, de cimento bruto, e as gaiolas. Dezenas de gaiolas com seus canários, seus periquitos, seus passarinhos. Ali checaria se todos os pequenos tinham comida, água fresca, o que precisassem. Depois de checar conscienciosamente o estado de cada um de seus queridos passarinhos, sentaria em uma cadeira, com um café forte – ou uma cachacinha com limão e mel, uma especialidade da casa – e se disporia a ouvir, horas a fio, a algaravia de trinados trazida pelo entardecer.

Nos finais de semana a orquestra tocava de modo diverso: acordava tarde, nove horas, na média, tomava um café com açúcar e um pão barrado de manteiga, já de pé, no pátio, ensombrecido pelo sono mal cosido e demasiado para seu uso, e logo punha de fora a churrasqueira de latão para assar umas bobagens: um leitãozinho dormido no tempero em ocasiões especialíssimas, mas de uso apenas umas linguiças com pão, para celebrar a vida em família. Depois do almoço, era dormitar – também no pátio – ouvindo a sinfonia canora e cuidando de seus subordinados hierárquicos.

A um canário da terra, veterano de gaiola, chamava “coronel”, por ser antigo e ousado, relíquia do tempo em que ainda apreciava brigas de canários. Depois nomeou o cardeal de “capelão”, o sabiá de “Sargento Garganta”. Uma catorrita foi agraciada com o cargo de “tenente”, mas andava merecendo uma promoção. E, no brincar cotidiano de inventar postos e até números de chamada para os “soldados” – uma multidão de periquitos coloridos e tagarelas – Sílvio Andrade se perdia e se encontrava. Às vezes, com os lábios, se dispunha a imitar os trinados do batalhão, para estimulá-los a cantar. E, nesses momentos, seu rosto se iluminava.

Havia quem pensasse que Sílvio tinha miolo de passarinho. Que o andar sob o sol havia derretido uma parte de sua massa, ou que as tardes no pátio lhe haviam infundido de uma qualidade especial, carenada, que só se realizava na companhia de suas tropas. O homem era um bípede implume, afinal de contas. Sílvio bem podia ser mais “plume” que o normal.

Um dia a mulher viu-o passar para a sala, sorriso dos lábios e olhar perdido no espaço. Sentou-se, só e solene, como se houvesse cumprido a finalidade de sua existência. E ali ficou, nem sugestão de pátio. A TV desligada. Tarde caiu, noite subiu. Finalmente a mulher e os filhos atentaram para o que estava incomodando, despercebido, nas beiradas da consciência: não havia o canto dos passarinhos.

Chegando no pátio, encontraram duas dezenas de gaiolas abertas, vazias. Sílvio sorria.
A vizinhança falou em stress e em colapso nervoso; a molecada falou em ficar lelé da silva. Foi só o olho da esposa que captou uma verdade talvez mais profunda, ainda que mais ingênua: em algum ponto daquele dia fatídico, Sílvio havia enfim aprendido passarês. Dizem que é a língua da liberdade.



(E Vino, impressionante de novo, meu caro)
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Mensagem por InVinoVeritas Qui Out 29, 2009 7:45 am

Edit. Kio: Revisão dos textos do Murilo movidos para o tópico do "Natal 2009"
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TEXTOS REVISADOS PARA O 14 Empty Re: TEXTOS REVISADOS PARA O 14

Mensagem por InVinoVeritas Seg Nov 16, 2009 4:18 pm

Entrevista com Alzir Alves:
diagramação: SNUCK


Entrevista com Alzir Alves:

1 - Li que assim como muitos dos grandes artistas, você é ilustrador desde criança. Como vc considera essa fase importante na gênese de grandes talentos?

Comecei a desenhar realmente na minha infância. Tenho um amor muito grande pelos desenhos que fiz enquanto criança. O primeiro personagem que desenhei foi o Lion dos Thundercats. Toda criança tem um amor por arte, só que poucas recebem estímulo para continuar, mesmo porque as condições culturais e sociais de nosso país não ajudam a estimular este mercado que é tão rico em criatividade. Me considero uma pessoa muito abençoada por ter uma mãe que sempre me deu muito apoio e incentivo no processo de aprendizado. Comecei como autodidata e, com o tempo, conheci o meu grande amigo José Augusto e sua família. O Augusto era na época assistente de Deodato, com quem aprendi muito sobre quadrinhos. Mas o que me motivou ainda mais a desenhar quadrinhos, isso já na adolescência, além de ver as belas páginas de Deodato, foi um curso no Senac ministrado por Gilton Lira em 1995. Nesta época conheci várias pessoas que desenhavam e procuravam aprender sobre quadrinhos. O incentivo e estímulos que recebemos na infância é o que vai nos projetar para o futuro. Eu, graças a Deus, me considero uma pessoa feliz em tudo que estou realizando.

2 - O trabalho de quem você tem acompanhado? Quem te ajuda com “aquela inspiração”?

Hoje não estou desenhando, até porque tenho absorvido uns contratos de cores e não tenho tido tempo para desenhos. Mas quando eu desenhava, acompanhava estes artistas: Greg Capullo, Alan Davis, Carlos Pacheco, Neal Adams, Os Kuberts, Garcia Lopes, Deodato, Ivan Reis, Mark Silvestri, Dale Keown e etc.
Como hoje estou nas cores, comecei a conhecer alguns coloristas que em minha opinião são fantásticos, como Rod Reis, Ney Rufino, Isanove, Dale Keown, Alex Sinclair e muitos outros. Eu posso dizer que sou um fã destes artistas e tenho estudando algumas coisas de cada um. E estou aprendendo a gostar muito desta função de colorista. O mais importante é que sempre procuro aprender algo novo para tentar crescer a cada dia. É como colorista que estou ingressando no mercado, onde já realizei alguns trabalhos como: Witch Hunter, Inferferon force, Insurreição, Revista Quadrinho em Ação, Variable, livros infantis no estilo cartoon e etc.

3 - Por que escolheu colorir hqs, quando a maioria das pessoas corre atrás de uma vaga como desenhista?

Boa pergunta! riso! Quando comecei a me agenciar, isso há 2 anos atrás, vi que não conseguia tempo para fazer os testes de desenho, devido aos prazos curtos e minhas outras atribuições. Então pintou um teste de cor para o título chamando Witch Hunter #01. O editor informou que precisava escolher um colorista para a revista e enviou três páginas-teste. Como eu agencio artistas, passei o teste para umas 20 pessoas na época, mas infelizmente só duas fizeram o teste, e, mesmo assim, incompleto. Então foi aí que tive a iniciativa de apresentar o meu trabalho, porque não queria que o Studio perdesse aquela oportunidade. Levei dois dias para pintar as 3 páginas e enviei o teste para o editor junto com as páginas dos outros artistas. 72 horas depois chegou o resultando e eu tinha sido aprovado para assumir como colorista oficial da revista. Não vou mentir, eu não esperava passar! Até pensei que o editor iria se chatear com o que eu enviei para ele e nunca mais falaria com o Rascunho depois disso! Bem, foi totalmente o contrário. Hoje já estou na 4° edição e deste então não parei mais de realizar trabalhos como colorista.

4 - Você faz apenas uso do computador para dar suas cores as páginas, acha que ainda existe espaço para o artista que faz o processo mais artesanal?

Sim. Eu trabalho com coloração digital. Acredito que o processo artesanal tem muito espaço, mas exige um tempo de estudo maior para desenvolver um trabalho com bom resultado.

5 - Qual é o teu processo de trabalho?

Acho que esta pergunta para mim fica complicada de responder. Risos! Meus horários são loucos. Vejo muita gente dizer que tem o dia para fazer seus trabalhos de quadrinhos e tal. Morro de inveja disto! No momento não consigo pensar como descrever minha rotina de trabalho em uma ordem lógica, então, para não complicar, fica para a próxima. Riso!

6 - De que maneira alcançou o mercado de quadrinhos internacional?

Acho que posso dizer com uma palavra: ATITUDE. Quando desejamos algo temos que ter atitude para superar as adversidades da vida e aprender algo com isso. Quando nossas atitudes estão na direção certa, conseguimos bons resultados e as coisas vão acontecendo naturalmente.

7 – Embora existam outros países onde a indústria de quadrinhos é forte, o que ocorre que as pessoas parecem se interessar mais pelo mercado norte-americano?

Simples! As pessoas usam a mídia a favor deles. Como também sou publicitário posso dizer claramente que os americanos são ótimos em vender algo. Todos nós, em nossa infância, aprendemos que tal marca é boa e tal marca é ruim. Os norte-americanos descobriram que a mídia forte vende e dá qualidade a quase tudo. Por isso que vários países compram a franquia de tal revista como: Batman, Superman, Spiderman e etc. Estes produtos literários vendem sem muito esforço para quem compra a franquia. Então, quando alguém começa a pensar em quadrinhos, vêm logo às marcas mais fortes do mercado e as outras ficam sufocadas. Os Japoneses se ligaram nisso e agora estão investindo nesta área. Infelizmente, o Brasil não pensa em investimentos aqui dentro. Temos artistas fantásticos que são estrelas lá fora e aqui não tem muita visibilidade. Enfim, temos que fazer nossa parte para que isso mude um dia.

8 - Tem algumas dicas pra nossos leitores que buscam uma vaga lá fora?

Estudar sempre, praticar sempre e interagir com pessoas da área. Se aparecerem testes com agenciadores, fazer sempre o seu melhor. Porque o agente não pode te ajudar se você não se ajuda. Então lute primeiro para ser um bom profissional e ter qualidade em todo seu trabalho.

9 - Quais os projetos de que tem participado?

Bem, eu estou tendo o grande prazer de participar dentro e fora de projetos nacionais com a equipe do Rascunho. E com autores que respeito muito e que recomendo para todos vocês, como: Alex Mir (Insurreição), Rafael Wambier (Naked Fury, Metal Vendetta), Gil Mendes (Lorde Kramus) , Marcos Aurélio (Projeto ainda em desenvolvimento) e etc. Projetos nacionais que a equipe do Rascunho tem o prazer de agradecer a oportunidade de estar somando sempre com todos. Em relação aos projetos internacionais, estou trabalhando com cores em 3 edições de títulos diferentes, infelizmente não posso divulgar.

10 - Li em teu blog que você trabalha com tua esposa. Como se dá esse entrosamento?

Eu e a Nivia temos um ótimo entrosamento de trabalho e sempre buscamos separar bem o trabalho da vida pessoal. Claro que, como todo casal, temos os stresses normal do dia-a-dia, devido a nossa rotina ser bastante itinerante, com as responsabilidades de coordenar toda a equipe do Rascunho Studio, artistas, editores, etc.
A Nívia Alves é responsável pela parte burocrática do Studio. É ela quem faz a comunicação com os artistas e editores, juntamente com Ana Karla no processo de traduções. Cuida do financeiro na realização de cobrança e pagamentos aos artistas. Enfim, ela é realmente uma pessoa fundamental no bom andamento do Studio.
Como ela já gerenciou pessoas assim como eu, sabemos que uma equipe tem que estar feliz para se sentir bem em qualquer lugar. Tentamos manter sempre um ótimo contato com os nossos agenciados. E sempre, quando alguém me pergunta se o Rascunho é bom, eu respondo: Pergunte para algum artista se ele está feliz ou se sente bem. O Artista é quem deve falar de nosso trabalho. Ele feliz, o nosso trabalho está bem, também. Em nossas reuniões falamos sempre em clareza, agilidade e eficiência e a Nívia Alves possui essas características.

11 - Sobre Quadrinhos Nacionais, o que seria uma solução? E onde o pessoal tem errado?

Bem, a solução é Mídia e editoras que acreditem no material nacional. Artistas e escritores qualificados não faltam. Eu estou muito feliz em ver projetos nacionais sendo publicados nos Estados Unidos por grandes editoras. Isso só confirma o que estou dizendo. Antigamente, quando havia os Zines de fotocópia, os roteiros já eram bons, mas não tinham muitos artistas no padrão que encontramos hoje, apenas alguns lutando para dar qualidade nos desenhos e a maioria autodidata. Mas hoje não nos falta mais nada!!! Sabemos que, para gerar emprego para artistas nacionais dentro do nosso país, temos que consumir o material nacional também. Mas infelizmente não existe uma motivação, um incentivo da mídia do nosso país para que isto aconteça. Por que talento não nos falta, o que nos falta realmente é a valorização do que é nosso. Será que as editoras não estão vendo isso?

Obrigado por nos conceder esse tempo pra um breve bate papo... até mais!

Eu que agradeço, primeiramente a Deus por esta oportunidade. E quero lhes dizer que sou fã de carteirinha do Farrazine. É um enorme prazer participar e somar com vocês. Sucesso a todos!
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TEXTOS REVISADOS PARA O 14 Empty Re: TEXTOS REVISADOS PARA O 14

Mensagem por InVinoVeritas Seg Nov 16, 2009 4:19 pm

BLUES parte 2
TEXTO e DIAGRAMAÇÂO - SNUCK

A maioria das definições que você encontra pela internet afora ditam que o Blues é uma música triste, sendo a própria definição do termo Blues ligada à tristeza profunda. Mas, de acordo com um livro empoeirado que encontrei na biblioteca pública de minha cidade (um guia de Jazz), esse é um engano comum, e ocorre devido às referências musicais. Para o gosto europeu, esse estilo nos apresenta as marcas de músicas tristes, mas nos esquecemos das origens do Blues, que está ligado diretamente a música cantada por escravos que trouxeram esse som da Àfrica. Ao compararmos canções tribais notamos que não são lamentos, mas sim expressõe de alegria, apenas cantadas daquela forma.
Veremos, a seguir, alguns elementos comuns em canções de Blues

"Worksongs”
Elementos ligados a trabalho escravo ou ao trabalho forçado a que eram submetidos os prisioneiros das Colônias Penais dos Estados Unidos. Durante o trabalho eles cantavam, e é lógico que não faziam isso com a maior alegria do mundo, antes lamentavam a situação deles e cantavam a saudade de sua terra natal. Pode-se notar um recurso interessante onde uma pessoa "puxa" a canção, perguntando, e as demais respondem.

O trem
Alguns dizem que o som do trem era a primeira coisa que um bluesman tinha de aprender a fazer, fosse com a guitarra ou a gaita. O trem era o principal meio de transporte, e as pessoas viajavam clandestinamente em trens de carga, portanto o trem estava intimamente ligado ao universo do blues.

Bebidas, Brigas e Mulheres
Após a Guerra Civil americana, veio o fim da escravidão. Assim, os negros puderam se mudar para cidades. Mas a pobreza ainda os acompanhava, e nas cidades começam a surgir bares e prostíbulos onde o blues prolifera, e, portanto, esses temas passam a ser frequentes nas canções.

"Spirituals”
Mas nem tudo era farra na vida deles, muitos dos cantores de blues cresceram em igrejas, vendo os pais cantarem seus hinos. Ali aprendiam a cantar. Portanto, é comum blues com referências a deus e ao demônio, como forma de tentação.

Um bluesman muito influente pode ter experimentado praticamente todos esses elementos do blues. Seu nome é Nehemiah Curtis James, filho de um ex-contrabandista de bebidas, convertido em um pastor renomado da região de Bentonia, Mississipi. Nehemias cresceu dentro da igreja, aprendendo cedo a cantar e tocar órgão e ouvindo músicos locais. Logo começou a se destacar porém passou os anos 20 servindo a dois senhores: à Igreja e ao blues pagão.
Skip James, como era conhecido, estudou teologia e preparava-se para seguir o exemplo do pai quando a tentação veio lhe bater a porta. Surgiu a oportunidade dele gravar seu Blues e vender suas músicas, mas isso não deu muito certo: rendeu muito pouco, pois nesse momento os EUA entram em crise, o que faz com que as vendas caíssem. Desiludido com sua situação, volta-se para a religião, e forma um grupo gospel, que o mantém ocupado por cerca de 20 anos, até que, nos anos 50, ele abandona tudo mais uma vez e desaparece.
Somente em 1964 ele é redescoberto em um hospital, e descobriu-se que ele havia voltado a suas antigas profissões, como lenhador, dirigia tratores e trabalhava em plantações.
Então ele retorna ao cenário musical, onde é tratado como merecia. Afinal, havia inventado o som que havia sido copiado por muitos, influenciando muitos músicos renomados ao lado de outras lendas do Blues, que, assim como ele, tinham sido redescobertas. Nehemiah se apresentou novamente ao público no Newport Folk Festival.
Mas momentos assim eram raros; ele não gostava de estar com outros músicos ou mesmo com fãs. Tinha alta estima por seu próprio trabalho e raramente compartihava suas idéias com outros. De fato, contribuía muito para o estereótipo do Bluesman: teve uma vida difícil, muitas vezes miserável, e era muito apegado à suas crenças, que contrariavam sua música. Afinal ele viveu com sua única esposa até o fim de sua vida.
Marcou a música por suas incomuns afinações do violão, em que usava tons menores, pelo fantasmagórico canto em falsete e pelas letras soturnas, como as de Hard times (trilha sonora da grande depressão dos anos 30), Everybody leaving here (sobre o êxodo em massa dos negros do sul em busca de uma vida melhor nos estados do norte) e Devil got my woman (“Eu preferiria ser o demônio/ Do que ser o homem daquela mulher”).
James não foi propriamente o criador do estilo, mas foi ele quem o lapidou e deu feições definitivas.
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Mensagem por InVinoVeritas Seg Nov 16, 2009 4:21 pm

NOSTALGIA
2 páginas
TEXTO e DIAGRAMAÇÃO: SNUCK

Se você gosta do "Caçadores de Mitos", deveria dar uma busca por essa série, que era um tanto mais bem-humorada e muito criativa e informativa, pois Beakman se auto-intitulava: "O porta-voz da sabedoria, o destruidor de mitos, o elucidador de mentes. O primeiro, o único, oooo... Beakman!!!"

Muito de minha "nerdice" eu devo a esse programa que "na minha época", lá nos idos de 1995, era exibido na TV Cultura, toda noite. Não se tratava exatamente de um programa infantil, pois as experiência eram avançadas termos de informação.

Cada programa começava com dois pinguins, Don e Herb, sintonizando sua TV coberta de neve, no episódio que iríamos assistir.

E pronto: lá estava a trupe - o cientista maluco Beakman, seu rato de Laboratório Lester, e sua assistente de Laboratório (em 4 temporadas totalizaram 3 - Josie, Liza e Phoebe). Em seu laboratório cheio de coisas bizarras e ligadas à ciência, jamais me esquecerei da quadra de basquete que tinha como piso uma tabela periódica.

A cada programa, Beakman, dentro de seu guarda-pó verde-limão fluorescente, com aquele cabelo que faria Eisten sentir inveja, lia cartas fictícias, deixas para a realização de experiências. O legal era que ele ensinava como reproduzi-las em casa, com um enfoque bem humorado e divertido de conceitos científicos.

Muitas vezes, para explicar algum conceito ou teoria, Beakman interpretava cientistas já falecidos, como Albert Einstein, Isaac Newton, Bernoulli, Alexander Graham Bell, Charles Darwin e Benjamin Franklin.

Curioso que certa vez eu tinha um trabalho pra aprensentar em forma de seminário, referente a ex-presidentes do Brasil, e usamos a mesma fórmula, nos apresentando como se fôssemos os próprios ex-presidentes. Tiramos nota máxima e ainda acabamos apresentando o trabalho na escola inteira!

Elenco

* Beakman - Paul Zaloom
* Lester — Mark Ritts
* Josie — Alana Ubach
* Liza — Eliza Schneider
* Phoebe — Senta Moses
* Pinguim Don — Bert Berdis
* Pinguim Herb — Alan Barzman

Acho que de certa maneira esse programa contribuiu, e muito, para mudar a maneira como se fazem programas educativos. Eles ficaram mais atraentes usando a receita, copiada e melhorada até hoje.

Eles faziam as crianças (e adultos, pois recordo que via junto de minha com família toda noite) pensar. Não era mera baboseira sem sentido sendo jogada da TV; tinha conteúdo.

Outros Personagens

LESTER
O homem vestido de rato, que era constantemente desafiado por Beakman. Podemos dizer que Lester fazia o papel do cético, mas no fim a ciência sempre vencia.

JOSIE, LIZA e PHOEBE
As assistentes de Beakman tinham como responsabilidades: ler perguntas, ajudá-lo em suas experiências, e completar as lacunas com suas próprias perguntas.

DON E HERB
Os pinguins que pareciam no início e fim, e às vezes no meio do programa (de forma inesperada), fazendo piadas com o que viam na TV.

CARAS MORTOS
Cientistas mortos, representados por um dos atores principais, geralmente Beakman, explicando como as coisas funcionam.

BEAKMÃE
Mãe do Beakman, um grande cabelo, como o de seu filho, e parecendo ser mais normal do que ele.

MEEKMAN
Irmão mais novo de Beakman, que aparece quando Meekman vai ao médico. Ele é cético ao diagnóstico médico.

FRANGO FAJUTO
Também conhecido como 'A mão direita do Lester', é um frango que nasce quando Lester une seu polegar ao indicador. Ele desafia Lester a fazer coisas que este aparentemente não sabe...

PROFESSOR CHATOFF
Um professor em um filme antigo, onde os efeitos sonoros ficam de fora por um momento. Usado para mostrar o tédio das definições formais de concepções que Beakman subsequentemente adaptava.

ARTE BURN
Faz o 'Cozinhando com Arte', onde cozinha experiências científicas.

STEVE SHALLOW
Apresentador do 'O que tem pro almoço', e é o único cara que consegue ter um cabelo maior que o do Beakman.

VLAVAAV
Fez duas aparições. É um hippie colorido que ajudou a explicar as cores do arco-íris.

HOMEM-EQUILÍBRIO
O cara que fala sobre centro de gravidade. Não aparece muito.

BOGUSCÓPIO
Uma tela de vidro que Beakman usa para animações especiais (normalmente de computador) para explicar melhor uma idéia.

::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Curiosidades
* Os nomes dos pinguins, Don e Herb, são uma homenagem a Don Herbert, o qual representava Mister Wizard em Watch Mister Wizard, um programa científico produzido entre 1951 a 1955.
*O manipulador de Don (ou Herb) é Mark Ritts (o cara na roupa de rato).
::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
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Mensagem por InVinoVeritas Ter Nov 17, 2009 9:14 am

Kio escreveu:Texto: Filipe (NSN)
2 páginas


Os Caçadores do Desconhecido
Por FiliPêra, do Nerds Somos Nozes

Ao lado de Lost, que já caminha para a sua derradeira temporada, Fringe é talvez a série mais badalada do momento. Entre as similaridades que tem com Lost, destaca-se o mistério como o fio condutor que mantém tudo funcionando, personagens principais quase tão no escuro quanto os espectadores, além de uma trama intricada apresentada na forma de um complexo quebra-cabeças. Isso somado ao fato de ter sido o mesmo J. J. Abrams, que criou Lost, a produzir Fringe depois de ter certeza que sua criação anterior já estava mais que consolidada.

Mas mesmo com Lost no currículo e sua veia trekker mais que conhecida, o que dá certa moral para pisar tranquilamente no campo da ficção-científica, creio que as inspirações de Abrams vieram de outras fontes também. A principal delas é Planetary, série über-espetacular de Warren Ellis, e isso não é difícil de confirmar. Da mesma forma que em Planetary, Fringe possui um trio de personagens jogados numa trama louca e cheia de pontos obscuros que à primeira vista parecem insolúveis. E, da mesma forma, um deles aparenta conhecer mais do que deixa claro.

Fringe é o nome da Divisão do FBI que investiga casos relacionados a chamada ciência de borda - que inclui coisas não testadas empiricamente: apenas suposições baseadas em evidências, como é o caso de telecinese, universos paralelos, máquinas do tempo e outras tantas coisas classificadas como ficção. O tema varia em cada episódio, mas uma trama de fundo vai surgindo aos poucos, envolvendo inclusive o passado de personagens centrais. Todos os casos resolvidos pela Divisão fazem parte do que é conhecido como o Padrão, que seria uma série de experimentos feitos por uma célula bioterrorista que estaria usando o mundo como laboratório para suas experiências escusas.

Em Planetary existe coisa similar, mas ao invés de ciência pura, temos uma ode que homenageia toda a cultura pop, seja a pulp, mega fervilhante nos anos 30/40 (e reverenciada por gente como Spielberg e George Lucas em filmes como Indiana Jones e Star Wars). Um grupo de três heróis com super poderes compõe um grupo chamado Planetary, que tem a missão de resolver inúmeros casos bizarros envolvendo fantasmas, magia, monstros, e outras coisas que habitam a cabeça dos melhores roteiristas de ficção. Parece infantil e desinteressante, mas Warren Ellis consegue deixar tudo estratosfericamente bom, empregando todo o seu conhecimento de cultura pop, clássicos de ficção científica e teorias da Física, principalmente na questão do Tempo e da Realidade. A habilidade do escritor em amarrar coisas tão diversas como Godzilla, maldições milenares chinesas e viagens no tempo é notável, bem como sua capacidade de esconder mistérios a todo momento, nunca deixando o leitor com os neurônios mais acordados entediado. Ele também aproveita para fazer uma retrospectiva da história dos quadrinhos americanos desde seus primórdios, claramente inspirada em literatura pulp, passando pela fase áurea dos quadrinhos adultos da Vertigo, até chegar na invasão dos personagens marombados da Image Comics.

No trio de heróis há claras similaridades entre a série de quadrinhos e a de TV. Em Fringe existe um trio que aparenta ser um triângulo, tamanha a diversidade, mesmo que se relacionem bem. Olivia é a agente durona, decidida, linda, inteligente e que não perde um caso. É o principal nome por trás da Divisão Fringe. Já Peter e Walter são pai e filho que possuem uma relação difícil. Walter é um brilhante cientista pirado, que passou quase duas décadas num manicômio, além de no passado ter sido chefe de pesquisas de Ciência de Borda do Exército Americano. Seu filho Walter é do tipo genial com QI altíssimo, mas foge do passado, vagando de país para país cometendo pequenos crimes e se envolvendo em negócios sujos (ou algo mais que isso, como verão no fim da temporada). Dos três, o destaque é Walter. Seu tipo maluco e brilhante vai da sanidade a loucura em segundos. Fora seus lapsos de memória e manias bizarras. É com certeza o achado da série. Olivia, apesar da dedicação e beleza, é apenas OK, mas seu passado esconde mistérios ainda não revelados nessa primeira temporada. Já Peter tem seus momentos; alguns excelentes, outros em que só serve para preencher linhas de diálogo.

Do lado de Planetary a coisa é mais pé no acelerador, afinal estamos numa revista em quadrinhos. Elijah Snow é o líder do trio, e possui poder sobre temperaturas, geralmente esfriando as coisas drasticamente; Jakita Wagner é forte e rápida, enquanto o Baterista tem a capacidade de se comunicar com as máquinas. Todos eles recebem backgrounds extensos e excelentes, mostrando suas ligações passadas com fatos do presente, e nunca deixando de ter referências caprichadas.

Como não poderia deixar de ser, temos vilões misteriosos e impiedosos. Em Planetary, Ellis criou uma versão evil do Quarteto Fantástico, chamada simplesmente de Os Quatro, que inclusive possui poderes similares ao da família poderosa da Marvel, tendo-os ganhado em troca de enviarem todos os segredos do planeta para uma estranha Terra Paralela que encontram durante uma expedição à Lua. Em Fringe ainda reina o mistério, afinal a segunda temporada está apenas começando, mas já foi possível identificar como vilões uma célula terrorista chamada ZFT (ou Destruição pelo Avanço da Tecnologia) e o Dr. Robert Jones, assim como algumas atividades no mínimo estranhas da onipresente empresa Massive Dynamics. Mas conversas de alguns agentes do FBI que trabalhavam para a célula e foram taxados de traidores parecem dizer que a ZFT não é tão vilã quanto se pensa. E tem mais, muito mais similaridades... mas vamos ficar por aqui!

Tudo isso foi somente para dizer novamente quão importante são os quadrinhos no mundo mainstream cinematográfico. E isso não quer dizer apenas que a Marvel tem um grande estúdio, ou os filmes de quadrinho fazem sucesso. Quer dizer que mais e mais a estética e a narrativa dos quadrinhos é copiada.

Então, fã de quadrinhos, não tenha vergonha de falar um "Sei de onde tiraram isso" quando vir referências de Os Invisíveis em Matrix, por exemplo...
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TEXTOS REVISADOS PARA O 14 Empty Re: TEXTOS REVISADOS PARA O 14

Mensagem por InVinoVeritas Ter Nov 17, 2009 9:23 am

Kio escreveu:Texto: Jacarandá
Diag. Kio
2 páginas



Bakuman – A Metalinguagem do Mangá


Atrair novos leitores para o mundo da arte seqüencial não é fácil nem no Japão, onde algumas publicações alcançam facilmente a casa dos milhões. Que dirá atrair novas pessoas, que queiram fazer quadrinhos profissionalmente e reciclar o mercado com idéias frescas. Embora o número de amadores cresça graças à facilidade de se publicar qualquer coisa na internet, não é todo mundo que sonha em realmente fazer disso um meio de vida.

Talvez seja justamente para dar aquele “empurrãozinho” que os autores Tsugumi Ohba e Takeshi Obata (criadores do mega-hit DEATH NOTE) criaram Bakuman.

Publicada semanalmente na revista Shonen Jump (a maior do ramo no Japão), a série tem como protagonista principal Mashiro (ou Saiko, para os íntimos), um jovem que não sabe bem o que quer da vida. Contenta-se apenas em estudar e ir bem nas provas. Sua maior ambição é arrumar algum emprego num escritório comum e ir levando a vida.

Mas nem sempre foi assim. Quando criança, sonhava em ser um mangaka (autor de mangá), porém acabou desistindo após encarar a realidade dura. Com uma visão negativa da vida, Mashiro não cultiva sonhos. Não tem coragem nem de trocar um “oi” com a grande paixão da sua vida: Azuki, a menina mais bonita da classe.

Tudo isso muda quando seu colega de escola, Takagi, faz uma proposta bizarra: juntos serem mangakas! Saiko sabe desenhar muito bem e Takagi é um ótimo escritor. No começo Mashiro parece reticente, mas acaba aceitando a proposta quando descobre que seu amor, Azuki, também cultiva um “sonho insano”: ser uma dubladora (que no Japão equivale a ser modelo/manequim/atriz).

Deste modo, Azuki e Mashiro fazem um acordo: ambos irão se esforçar para realizar seus sonhos, e, quando conseguirem, irão se casar. Mas até lá não poderão se ver, nem se beijar nem nada (sim... os japoneses são estranhos).

É a partir daí que a trama começa. Saiko e Takagi começam a dar forma ao seu plano de se tornarem mangakas, passando por todas as etapas: desde o aprendizado das técnicas, incluindo a realização de um manuscrito (historia finalizada) e apresentação a um editor (no Japão é MUITO mais fácil encontrar um autor disposto a te ouvir e efetivamente ver seu material). Tudo isso recheado com muito humor, informações técnicas, citações a outros mangás e até alguns momentos de emoção e drama.

Outros personagens vão surgindo na trama: mangakas profissionais, assistentes de arte e editores diversos. Sendo que o primeiro grande antagonista dos meninos é Eiji Nizuma, um garoto tão novo como eles, mas obcecado por mangá e considerado um gênio. Tanto que com apenas 16 anos já lança sua primeira série – o que causa uma inveja negativa em Saiko.

Apesar de algumas situações parecerem meio forçadas (a obsessão doentia de Saiko em conseguir ter uma série de quadrinhos e um anime antes dos 18 anos para, enfim, poder se casar com Azuki, assusta!) o mangá se desenvolve bem.

A série acabou de completar um ano de publicação no Japão, e os meninos atualmente já participaram de concursos, de premiações, de desavenças, trocaram de editor e até conseguiram emplacar uma série curta na Shonen Jump (mas que não fez muito sucesso).

O que é Bakuman?

Eis uma pergunta que muitos fãs (até mesmo japoneses) têm feito. Alguns especulam que “Baku” é o nome de uma divindade nipônica responsável por devorar os sonhos – ele aparece rapidamente no volume 24 de Lobo Solitário. E que “Bakuman” seria o Devorador de Sonhos (fazendo a junção da palavra “man” em inglês). O que é curioso, pois neste mangá temos justamente personagens que lutam pelos seus sonhos.

Ainda não se sabe o motivo dos autores terem escolhido este nome para dar ao mangá, mas alguns dizem que este, na verdade, será o nome do personagem que os dois protagonistas irão criar e que verdadeiramente fará sucesso – e que permitirá que eles, enfim, realizem seus sonhos.
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Mensagem por InVinoVeritas Ter Nov 17, 2009 9:35 am

Kio escreveu:Texto: J.
2 páginas

Weezer

Não sei se vocês lembram que em Homem-Aranha uma das primeiras coisas que Peter Parker diz é que aquela história começou por causa de uma garota. E bem, acho que todas as boas e longas histórias começam assim, pra grande parte de nós. Por isso, nada mais lógico do que a história de como o Weezer se tornou a minha banda favorita também começar assim: com uma garota.

Não, a garota não me emprestou um CD ou apresentou a banda, é um pouco mais complicado do que isso. Eu estava na oitava série, treze ou quatorze anos, e tinha uma namorada excessivamente comunicativa, sociável, daquelas que sai sem você, não te diz quando vai voltar e depois aparece contando histórias mais inverossímeis do que um roteiro do Rob Liefield revisado pelo Joe Quesada (“Essas marcas no pescoço? Humm...magia, magia, isso...Foi o Mefisto!”). Claro, isso estava realmente me incomodando na época, a ponto de eu estar de mau humor e ter chegado a passar uma noite em claro pensando nisso. Foi exatamente nessa noite em claro que eu, no Napster (lembram do Napster?) topei com uma música chamada “No one else”, não muito baixada e de um grupo chamado Weezer. Achei o nome da banda engraçado e me lembrava vagamente de já ter ouvido alguma coisa sobre eles na MTV. Aproveitando a velocidade insana da minha internet discada da época eu, em umas duas horas, baixei a música.

Assim que a ouvi, eu soube que estava diante de alguma coisa diferente. Primeiro porque a música, ainda que levemente machista, admito, se encaixava perfeitamente com o que eu estava sentindo (“I want a girl who’ll laugh for no one else/when I’m away she puts her make-up on a shelf”) e depois porque, caramba, a melodia era divertida, a letra era engraçada e tinha sido a primeira banda estrangeira depois dos Beatles e do The Clash a despertar meu interesse. E lá fui eu passar a madrugada inteira baixando Weezer pra entender direito o que estava acontecendo e que raios de banda era aquela.

E nessa madrugada eu descobri o primeiro disco do Weezer, o da capinha azul, gravado em 1994 e que foi o mais vendido da banda. E claro, na madrugada seguinte descobri “Pinkerton”, de 1996. E admito que fiquei feliz por eles terem só dois CDs lançados, já que depois de duas noites sem dormir estava com olheiras e babando na mesa durante as aulas. Nessa época músicas como “The world has turned and left me here”, “Why bother?” e “The good life” foram trilha para finais de namoro (é, eu e a garota terminamos), paixões de adolescente e horas de estudo pra não ser reprovado em matemática. Eu não sabia, mas eu já era um fã da banda.

Em 2001 saiu o “Blue Album”, outro disco sensacional que me fez ter certeza de que aquela banda era “a minha banda”. As letras do Rivers Cuomo continuavam divertidas, a música continuava animada e canções como “Island in the Sun” e “Photograph” pareciam ter, assim como os episódios de Friends, a capacidade de me animar independente do problema que eu tivesse e compreender exatamente o que se passava na minha cabeça por trás dos óculos de grau e das revistas do Homem-Aranha. E então, em 2002 saiu “Maladroit” que, apesar de não ser considerado uma das obras-primas da banda, tem um valor emocional especial, por ter sido o primeiro CD da banda que eu realmente comprei (ei, eu tinha 16 anos, peguem leve comigo) e que até hoje guardo como uma das melhores lembranças da minha adolescência, não só pelo sensacional clipe de “Keep Fishing” (sim, é aquele com os Muppets) como também por causa de “Fall Together” e “Possibilities”.

O próximo disco sairia em 2005, com o título de “Make Believe”, e acabou, ainda que dois anos depois, sendo a trilha sonora do final do meu segundo namoro (às vezes me pergunto como seriam os meus finais de relacionamento sem o Weezer), com músicas que iam da animada “Beverly Hills” até as tristes “Perfect Situation” e “Pardon Me”, e que me fizeram companhia no começo da fase de “solteiro-recém-formado-desempregado”. Depois de um hiato de três anos, em que chegou a se pensar que a banda pudesse até terminar, eles voltaram, em 2008, com o “Red Álbum”, bem diferente dos anteriores e talvez até bem diferente do Weezer que todos conheciam, com direito a músicas com toques de hip-hop, composições e vocais de outros membros da banda que não Cuomo (Scott Shriner, Patrick Wilson e Brian Bell compuseram e cantaram no disco) e um Rivers bigodudo e com chapéu de cowboy na capa do disco. O grande sucesso do disco acabou sendo a primeira música de trabalho “Pork and beans”, com direito a um clipe brincando com todos os grandes hypes do Youtube e, claro, mais Rivers de bigode.

E agora em novembro, mais exatamente no dia três (quatro dias antes do meu aniversário de 25), saiu “Raditude”, sétimo disco da banda e que já entrou nas parados com o primeiro single "(If You're Wondering If I Want You To) I Want You To", como direito a um belo clipe com direção do cineasta Mark Webb (que já dirigiu o clipe de “Perfect Situation” para a banda e também dirigiu um dos meus filmes favoritos “500 days of Summer”). E, ao menos pela primeira música, esse disco vai ter Weezer voltando à velha forma, com seu rock nerd que há pelo menos 10 anos tem feito a trilha sonora da minha vida e de mais um monte de gente. Ah, e só pra constar, estou solteiro e não planejo terminar nenhum namoro ao som do disco novo.



Seria legal colocar caixas com as capas dos discos e a data de lançamento, gravadora, essas coisas. Ou só as capas fazendo um fundo, não sei. Estou colocando as capas em anexo pra evitar confusões na diagramação caso o diagramador não seja um fã da banda.


TEXTOS REVISADOS PARA O 14 29-1052198402T

Da esquerda para direita:

• Blue Álbum – 1994

• Pinkerton – 1996

• Blue Álbum – 2001

• Maladroit – 2002

• Make Believe – 2005

• Red Álbum – 2008

• Raditude - 2009
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TEXTOS REVISADOS PARA O 14 Empty Re: TEXTOS REVISADOS PARA O 14

Mensagem por InVinoVeritas Ter Nov 17, 2009 1:14 pm

Kio escreveu:Texto: Jacarandá
1 página


VOCÊ QUER FAZER QUADRINHOS?

Por Jacarandá




Então... você quer fazer quadrinhos, não é? A partir desta edição, o FARRAZINE lhe dará algumas pequenas dicas do que você deve fazer para se tornar um quadrinista.

Part 1 – What do you want for your life?

Você quer viver da sua arte?

É preciso responder esta pergunta positivamente antes de querer fazer quadrinhos. Pelo menos antes de querer fazer quadrinhos a sério.

Você pode se tornar um quadrinista trabalhando ocasionalmente em áreas como publicidade e design, mas será difícil se você for um médico, um engenheiro ou um frentista. Não que isso não ocorra: Ed Benes trabalhava como assistente de pedreiro, mas mesmo assim conseguia tempo livre para praticar seu desenho e está aí como um dos visados nomes dos quadrinhos nos Estados Unidos. No entanto, o esforço que ele teve que investir foi muito maior do que, por exemplo, um assistente de arte – que trabalha com isso o dia inteiro – teria que fazer. Para se viver com arte você precisa QUERER que a arte faça parte da sua vida.

Você está disposto a viver da sua arte? Sim? Então vamos em frente.

Part 2 – What do you do?

Ok! Você quer viver de arte… mas antes precisa aprender a fazer arte.

Cursos são bons, mas é sempre uma boa dica variar nestes cursos – fazer um workshop aqui nesta escola... outro dia na outra... – porque o problema é que certas escolas e professores só lhe ensinam UM jeito de fazer quadrinhos. E quantos mais jeitos diferentes você souber, melhor será.

Se quer escrever uma boa história não fique apenas nos cursos de roteiros de quadrinhos! Vá também à oficinas literárias de poesia ou mesmo em saraus musicais. E leia! Leia, leia, leia, leia, leia!!! Quem não lê não escreve!

Se quer ser um bom desenhista não fique preso apenas ao estilo comics, nem ao mangá, nem ao próprio quadrinho. Faça aulas de pintura artística, de aquarela, de ilustração digital e outros. E desenhe! Desenhe, desenhe, desenhe, desenhe! Você é sempre o seu melhor professor!

... e se não tiver muita grana para cursos, não precisa ficar desesperado! Fique de olho nos sites de algumas escolas, às vezes elas oferecem workshops grátis ou aulas demonstrativas. Isso já ajuda um pouco. E na biblioteca da sua cidade sempre vai ter um livro de arte esperando por você!

Part 3 – Where do you work?

Beleza! Agora que já decidimos no que queremos trabalhar para o resto de nossas vidas, resta saber ONDE vamos trabalhar.

Ter o seu próprio local de trabalho é muito importante! Não dá para fazer desenhos muito profissionais em cima da mesa da cozinha. Nem dá para fazer muitos trampos de arte digital se o seu computador trava toda a vez que você tenta iniciar o Photoshop.

O ideal seria se fosse possível a todos terem um estúdio onde suas bagunças pudessem ficar à vontade sem encrencar com transeuntes e, principalmente, com a mãe. Mas nem todos tem essa sorte. Então será preciso criar estratégias para preparar uma área de trabalho (o seu quarto... um pedaço da sala...) onde você possa espalhar as suas coisas e depois guardá-las rapidamente. Cada um tem a sua – pense e conseguirá!
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