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[Conto] Buraco Negro - Parte 4

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Mensagem por Apgrilo Qua Out 26, 2011 3:27 pm

- O que tá acontecendo? - Disse, ao seguir a mulher saindo do apartamento as pressas.
- O professor, Jonas! É isso que tá acontecendo! Vem, rápido!
Quando estavam saindo do prédio, o homem parou perto do velho que abrira a porta para ele antes.
- Obrigado, Souza.
- De nada, detetive Roberta.
- Não se esqueça, se mais alguém vier, o senhor me liga, hein? - O idoso anuiu.
Saíram do prédio e Jonas a seguiu até um carro de marca desconhecida, meio velho e com a pequena sirene no teto, característica dos carros de detetives policiais. Ela digitou algo em um pequeno painel em frente a porta do motorista.
- Entra. - Indicou a porta do passageiro para Jonas, que viu a porta abrir, enquanto Roberta entrava pela outra.
Logo que saíram dali, a detetive pegou seu celular, ligou um número e falou com uma pessoa para cancelarem a ida a casa do professor e se dirigirem a um ‘ponto de apoio’. Em minutos tinham dado a volta no quarteirão e chegaram a mesma rua principal onde ele caminhara com a indicação do atendente da farmácia.
- O que tá acontecendo? - Perguntou Jonas em tom alto.
- Escuta! Não estamos com muito tempo para que eu te explique nada, mas só digo uma coisa: você já ouviu falar de ‘buraco negro’? - Jonas refletia por alguns segundos, enquanto Roberta entrava em uma rua.
- Esse nome não é estranho, eu ouvi em algum lugar... Na faculdade, talvez.
- Bom, enfim... O buraco negro temporal era estudado há algumas décadas por diversos cientistas, mas nunca tinha sido comprovado. É algo mais ou menos assim, Jonas: imagina várias linhas paralelas, certo? - Ele anuiu. - Tá, em cada uma dessas linha, é a famosa idéia do “E se”. - Jonas começou a se lembrar de algo. - Se eu dobrasse nessa rua ao invés daquela, se eu freasse bruscamente agora. É o que causa todas as possibilidades temporais, ou as famosas 'realidades paralelas'. - Ele continuou a se lembrar com mais força. - Na prática ela não existia, até que há quase 50 anos atrás, Fernando Cardoso, um conhecido professor de física de uma universidade por aí que eu esqueci o nome, mas que você conhece como professor Lopes, começou a viajar para os outros presentes e futuros dele e começou a retirar pessoas de lá.
- Outros 'eu'.
- Sim, mas antes ele tentou com outras pessoas.
- Tentou? - Roberta anuiu. - Nossa...
- Mas nas outras vezes alguma pessoa morria, então ele tinha que iniciar do zero com outras.
- Outras? Mas quantas pessoas, ou versões de pessoas ele precisa para isso?
- Acho que seis, ou sete exatamente, não sabemos com precisão. Mas sabemos que precisam ser de diferentes presentes e futuros. Enfim... Ele continuou tentando até que na terceira tentativa ele parou e começou a viajar no tempo e apenas observar aqueles que não morreriam em nenhuma realidade paralela. Você foi um dos escolhidos, Jonas, e a primeira que ele foi... Enfim... Fazer o que está fazendo com você.
- Nossa. - Ele suspirou e começou a olhar para a rua. - Quem diria que conseguir sobreviver seria ruim.
- É verdade, Jonas. Eu sinto muito.
- Não tem nada, a culpa não é sua.
- Mas pode ser se eu deixar ele criar esse buraco negro.
‘Buraco Negro’, essas duas palavras começaram a martelar a cabeça de Jonas com mais força, até que ele se lembrou de algo muito importante.
- Lembrei! Buraco negro é quando alguém consegue causar um vácuo no espaço-tempo para voltar ao passado!
- Sim, Jonas, isso mesmo. Sua aula na faculdade foi informativa.
- Não foi na aula, foi o professor quem me falou disso.
Assim que terminou de falar o carro freou bruscamente e Jonas quase foi arremessado contra o painel do veículo, tamanha a rapidez com que o automóvel parou. Logo em seguida, a detetive desligou o automóvel, suspirou e cruzou seus braços.
- Explique melhor, garoto.
- Ele me disse isso antes de me dopar e me seqüestrar.
- E o que ele fez depois disso? - Roberta perguntou tensamente. - Tente se lembrar, é muito importante.
- O professor me mandou pra cá agora.
- Sim?
- Pra pegar essa... - E apontou. - Essa bolsa aqui.
- Essa bolsa? - Jonas anuiu. - Me passa ela.
Roberta acendeu a luz interna do veículo e logo em seguida pegou a bolsa que Jonas o passara. Ela a pegou no colo e a ergueu na altura dos olhos, analisando-a externamente. Depois da varredura por todos os lados lisos, a depositou em seu colo e a abriu. Começou a ver o conteúdo e superficialmente só conseguiu ver roupas.
- Ele não disse o quê ele queria com essa bolsa?
- Não. Só me disse para pegar e levar até ele.
- Estranho, só tem roupas aqui. Vamos ver o que mais ele quer. - Começou a tirá-las da bolsa e a entregá-las para Jonas. - Guarde com cuidado, pois vamos colocá-los da mesma forma que encontramos, caso precisemos dela.
Roberta demorou quase cinco minutos retirando todo o conteúdo de dentro, entregando-os cuidadosamente a Jonas, e o rapaz organizando-os em seu colo como haviam retirado de lá. A detetive começou a erguer e sacudir o objeto vazio, começando a ficar incrédula.
- Como o professor te manda para o futuro para apanhar roupa? - Ela continuou a sacudir, já com um pouco de raiva e depois a colocou em seu colo novamente. - Não faz sentido nenhum, isso é loucura.
- Calma, detetive, quem sabe ele realmente não quer as roupas?
- Não. Ele não.
- E por quê não?
- Jonas, por que raios ele te mandaria para o futuro só para apanhar roupas? Sério? Para quê?
- Posso eu ver, detetive?
- Tá bom, mas antes me passa as roupas com cuidado.
Depois de pegar as roupas entregues por Jonas e colocá-las no banco de trás, ela lhe deu a bolsa. O rapaz a virou, desvirou, olhou em todos os cantos, e depois de minutos começou a desistir e ergueu para devolvê-la à detetive para recolocar as roupas novamente. Quando já estava quase nas mãos de Roberta, a bolsa passou perto da fonte de luz do interior do carro, permitindo que Jonas visse partes de seu interior, e ele reparou um retângulo preto.
- Espera, Roberta!
- O quê?
- Aqui, olha. - Pediu para a detetive erguer novamente a bolsa e a pôs contra a luz interna. - Tá vendo?
- Não! Aonde?
- Aqui - Apontou o local onde o retângulo -, tá vendo?
- Sim. Sim! - A detetive pegou a bolsa novamente e começou a tatear os cantos, até seus dedos encontrarem uma parte interna, antes coberta pela sombra. Adentrou seus dedos, descobriu um papel dobrado e o retirou. Na luz, percebeu que eram alguns papéis, e os separou um por um. - Agora vamos descobrir o que você queria, professor.
Roberta começou a lê-los e Jonas notou que não eram desenhos nem equações como nos outros papéis do professor, esses eram somente textos. Ele percebeu que enquanto a detetive lia, Roberta começava a alterar sua expressão preocupação para quase desespero.
- O que houve, detetive?
- Não. Não! Que droga!
- Quê que aconteceu?
- Você por acaso começou a notar alguns clarões no céu? - Ele anuiu. - E você começou a passar mal quando elas ocorrem? - Anuiu de novo. - Então começou.
- Peraí, poxa, calma... O quê exatamente começou, detetive Roberta?
- Olha, tanto o clarão no céu, quanto a dor de barriga e o vômito estão acontecendo com quem viaja no tempo. E se elas começaram...
- O quê, detetive?
- ...é porque o buraco negro começou, Jonas.
- Nossa... E como você sabe disso tudo, detetive?
- Tava tudo escrito pela metade em um texto que a gente tem, e era uma cópia parcial do original. Ainda bem que acabamos de encontrar o restante. - Girou a chave, dando partida no carro.

Apgrilo
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