Lovecraft - Admirável Mundo Novo

Esse projeto eu passei um tempão fazendo. Mas passei um tempo maior ainda pensando em como fazer.

Eu leio Lovecraft desde os... hã... treze anos. E as descrições vívidas de seus monstros têm povoado a minha mente há um tempão. Lembro da primeira vez em que tentei colocar em papel os seres estrelicéfalos conhecidos como os Antigos, sem conseguir porque as descrições eram complexas e estranhas a toda a experiência. Hoje penso que esse era o objetivo delas.

Então, isso foi uma maneira de exorcizar essa vontade que eu tinha de pensar essas criaturas, e de homenagear esse escritor que me acompanhou por boa parte da vida. Também foi minha primeira tentativa de fazer uma história normal, de 22 páginas (tamanho americano), mais uma capa e uma página explicativa.

Queria a opinião dos amigos, pra saber como está. E, dependendo, se valeria a pena ir adiante e procurar que quisesse publicá-la.
Porque no momento estou apaixonado por ela, como uma coisa que acabei de concluir, e talvez não seja lá essas coisas, no fim das contas.



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http://www.esnips.com/doc/c7af8c1d-2744-49cd-8c31-5815888fcf92/Admirável-Mundo-Novo

EDIT: As páginas extras para as referências, como prometido. Ainda não estão 100% completas, mas já dá pra ter uma idéia. Agradecimentos ao Mr. Mainardi pela idéia.

Acabei de ler Leo.

Gostei. Bastante.
Ritmo, texto, enquadramento. E o desenrolar da história. Te juro que imaginava outro tipo de fim! Me pegou de surpresa. (e vou te falar... repugnante)

Como não precisamos de melindres, posso dizer que o único porém é que você não é um desenhista especialmente virtuoso (ainda). Cê sabe que não estou te menosprezando. Pelo contrário, tem muita coisa muito bem feita (gostei do quadro da autópsia em especial, e a página com o desenho da natimorta de 8 membros)

Enfim, é o tipo de história que eu olharia com atenção na banca.

Parabéns.

Ha.. mais uma coisa.
Sabe o que seria a cerejinha no topo. Mais uma página.
Comentários a cerca das citações reais. Coleridge, Carol, e ouros que você citou.
É que eu sou chegado em adendos, notas e comentários em geral.

Mainardi, irmão... eu sei que não sou um primor no desenho. Por isso procurei gente competente pra desenhar as coisas que me arriscava a criar. Mas essa história era especial.

Como eu falei aí na introdução (não lembro se falei na página de introdução dentro da revista, também), quem leu - vamos dizer - Nas Montanhas da Loucura SABE o quanto Lovecraft exige de seus leitores no tocante à imaginação.Os tais Antigos me tomaram mais horas do que você pode imaginar. Li e reli aquilo até chegar em uma imagem coerente. Isso aos 14-15 anos. Depois tentei desenhar, com um fracasso homérico como resultado. Retomei as tentativas recentemente, e o resultado foi como a imagem que cê viu - parecidos com um pepinão com uma estrela-do-mar colada no topo. Mas é o resultado de um bom tempo imaginando como seriam as coisas presentes na ficção. Cê vai notar que os esboços ali no "quadro-negro" são mais elaborados que o protagonista, e isso é uma coisa proposital. Esse foi o meu foco na história, e o deleite do leitor deveria ser ver as coisas descritas pelo escritor. Por isso não me preocupei tanto com as imagens do ambiente em que a história, teoricamente, deveria estar se passando. Isso e o fato de não ser um grande desenhista.

Ok, ok. De repente estou tentando racionalizar minhas falhas.


Pois é. Eu gostei dessas páginas também. E olha, foram aquelas em que eu mais experimentei, com o pincel fino que comprei pra sombrear as #@$% das páginas que demoravam uma eternidade sem isso. Tou de acordo com você. (Falar nisso... a menina indiana existe. Claro, só não é natimorta. Sofreu operação e, se tudo correr bem, vai poder andar e viver normalmente. Espero que isso aconteça. Ela tem o mesmo nome da deusa, e foi por isso que eu coloquei os dizeres "pela SEGUNDA VEZ". Não queria envolver a coitada nisso mais do que o necessário. Sempre há o risco de alguém ler, né?)

E meu... por essas e outras é que eu peço a opinião de vocês. Tou tão envolvido com a coisa que nem reparo nos troços. Olha só: tava achando o troço tão complicado que restringiria os leitores a uns poucos aficcionados por Lovecraft. Isso era uma preocupação, mas segui em frente porque era coerente que fosse assim. Mas nem me toquei em colocar um guia de referências usadas no quadrinho. Pode ter certeza de que vou fazer isso, sim. Espero que uma página baste.

Como eu disse, coloquei bastantes citações. Mas não abrangem um décimo da obra do cara. Infelizmente.

Pra terminar... sobre o final "repugnante"...

Quando a minha patroa olhou por cima do meu ombro e me disse "que nojo" senti que estava no caminho certo. E sua sensação vem confirmar isso.

É pra dar essa sensação que uma antiga professora descrevia como "incomodação estética". Adorei que cê sentiu isso. E (pra adiantar a citação) se quiser saber a origem da imagem daquela página... leia The Dunwich Horror... tem mais informação sobre o protagonista... ou alguém parecido com ele.
;-)

Cara... brigadão pela opinião. Vou fazer a página de referências, sim. Pó deixar. Espero que caibam em uma única página.

Salve.
Eu li O Horror Dunwich. A hora que bati o olho naquilo foi repugnantemente familiar.
Li mais alguns contos de Lovecraft, mas não sou grande conhecedor da obra.
Ainda assim pra quem está um tanto familiarizado (além da literatura temos filmes e quadrinhos) as citações saltam aos olhos. E te digo que são agradáveis (no sentido de ver coisas horripilantes tomando forma).
Quanto à capacidade ilustrativa, acordei hoje com um certo incômodo. Fiquei matutando que pareceu que falei aquilo gratuitamente. Não. Eu sei que você citou isso na tua página de apresentação (eu li ela, ô zebra). Falei aquilo pensando na questão de publicação. Sabe que o novo leitor de quadrinhos no geral procurar ilustrações do tipo marvel/dc. Talvez tua ilustração mais despojada não seja venal o bastante. Mas estou falando de novos leitores e não de nerds velhos como eu!
Acho que é isso.

Não pareceu não, fica tranquilo. Eu sei que não sou a última bolacha do pacote no tocante a desenho. E achei até engraçada minha sofrível tentativa de justificar com uma proposição estética diferente.


Eu aceito suas críticas. Aliás, insisto nelas. Acho que toda crítica vem em boa hora, porque é um outro olhar. O pior que acontece é eu não concordar. Mas não é o caso. Concordo em gênero, número e grau.

PQP!!!! Léo... ... ... ... ...

Nem sei o que dizer... Vc tinha me comentado sobre esta estória... sobre um professor e tal... lembro que vi uns esboços seus, mas nunca ia imaginar que a estória seria tão fuderosa! Sou seu fã cara! Número 1!!!!!

Adorei sério mesmo! Seu traço melhora cada dia... Parabéns cara, vc é duca!

Ramón... tenho essa coisa em chamar macho de "querido", então vamos ficar com "irmão", mesmo.

Obrigado por olhar isso. Eu não quis incomodar você com pedidos de avaliação e tal. Cê está com a vida conturbada, não queria que meus delírios quadrinísticos tomassem o pouco tempo que cê vem tendo. Mas agradeço de coração.

Eu ainda estou "encantado" com o resultado, mas já está passando.

Daqui a pouco vou poder olhar ela sem ser com olhos de criador e ver os defeitos e o que deveria ter melhorado. Tem muita coisa. Mainardi me ajudou a abrir os olhos pra um aspecto importante (e eu estou achando que vão ser 2 páginas de referências... o que significaria colocar a página com o Lovecraftzinho no final do texto, como introdução às explicações. Ou seria melhor essa página antes? Não sei.

E eu também sou o seu fã número 1, então isso fica uma coisa meio estranha. Parece troca de favores, ou corrupção ativa. Não vale.

Valeu o comentário. Não pense que eu não valorizo suas idéias e o seu trabalho em visitar aqui de vez em quando. Espero que esteja tudo bem por aí.

Abração.

Saudades, Ramón.

Também torço para coisas estarem se ajeitando por aí.


Não, Vino... ainda não li, então não enche os "piquá".

Nossa, isso está bem contado, o mais surpreendente é qu eele pensou um tempão e fez em um tempinho, igual o Picasso. muito bom!

Kio escreveu:Saudades, Ramón.

Me too.
E ainda devo uma carta para ele. Tudo de bão pra ti Negão!

Kio escreveu:Saudades, Ramón.

Também torço para coisas estarem se ajeitando por aí.


Não, Vino... ainda não li, então não enche os "piquá".

E agora? E agora?

Finalmente Li. Uau.

Rodrigo! escreveu:Finalmente Li. Uau.

@!#$!@#$#
O que quer dizer "Uau"?
"Uau, está muito bom", ou "Uau, eu não sabia que um humano podia fazer uma cagada desse tamanho. Você é o Hulk?", ou "Uau. Hã... sem comentários."
??????????????

Já é a segunda vez que me perguntam isso :/ Meu "uau" é positivo; significa que não tenho palavras e que o trabalho está surpreendentemente bom, que nada que eu diga vai acrescentar: é apenas "uau."

Léo, vc nao deveria estar aqui conosco, na verdade, nem o Wilton, nem o Kio, menos o Mainardi ou o Rodrigo... tem tbm o Diangello e todas essa pessoas talentosas que juntamos nesse forum e nesse zine... infelizmente eu nao sou tao bom como vcs, e nem posso ser, mas sou amigo de todos, pelo menos me considero apesar dos pesares...

De qualquer maneira, nao querendo ser puxa-seca, este topico é sobre o trabalho do Léo, e eu vou falar dele...

Vc precisa ser conhecido no Brasil cara... essas coisas que vc escreve nao podem ficar excluidas a uns quantos downloads, seu talento merece muito mais que isso e vc sabe disso! Deixa de bobeira e se apresenta pro Brasil, o povo merece isso! Isso vale pra todos vcs, cada vez que vejo algo fico impressionado com o talento, nao sei como vcs ainda nao vivem disso... Vamos cambada, bota esses trabalhos pra fora!!!!!

Adorei tua HQ Léo, vou fazer uma versao impressa e cê vai assinar pra mim ela... é sério! Acho que o Lovecraft ficaria honrado com a Homenagem...

Pra todos os outros Apagattis... eu adoro vcs! Tenho saudades do ritmo que tinhamos, mas nao posso dedicar mais agota, que é nada eu sei...
OBS.:
Eu tento acompanhar o que acontece no zine, mas realmente, fica dificil por varios fatores... alguns vcs conhecem de sobra, e outros nao... enfim, eu sinto muito por nao poder ajudar melhor... O desanimo em alguns momentos, e por tudo que vivemos tbm é o pior sentimento, mas eu vencerei essas "noias..."

Força, neguinho Tua cadeira está reservada aqui

Rodrigo! escreveu:Força, neguinho Tua cadeira está reservada aqui

É isso aí.


Ainda não sei bem o que dizer, Vino. Parece que me falta conhecer a obra do H. P. pra apreciar melhor o que você fez (ou pode ser impressão minha, por saber que nada sei, entende? Não? Ok, nem eu.)

É uma narrativa interessante, mas meio diferente do que eu tô acostumado a ler vindo de você. E confesso que sou mais fã do outro estilo.

Sobre a arte, será que fazer em escala maior (como Alex Ross) para reduzir depois, não ficaria melhor? Digo isso porque, às vezes, as tremidas de mão ficam um pouco evidentes, e reduzindo um desenho maior isso some (na maioria das vezes).

Mas, independente dessas impressões, não tiro o mérito do que você fez. Muito pelo contrário, dou-lhe os parabéns.

Pô, finalmente cê leu.


Bão... Kio... como é que eu vou te dizer... se eu dissesse pra você simplesmente que "não dá pra agradar a todos" eu ficaria só num chavão e meu senso crítico não evoluiria em nada. Então essa sua idéia de que cê não tem base pra gostar disso até tem um certo sentido. Afinal, fiz o quadrinho inteiro baseado no escritor. Mas não é desculpa pra fazer um quadrinho hermético, né?

Vou te dizer o seguinte, então: isso é uma coisa muito pessoal. Não pessoal, de quem lê e gosta. Pessoal, minha. Fiz um quadrinho sobre Lovecraft que eu gostaria de ler, com detalhes que eu acharia engraçados, com uma narrativa que me arrancaria sorrisos (se não risadas).

Não vejo isso distante do meu jeito de narrar, acho até bem coerente com o tipo de narrativa que costumo fazer. Acho só que a maioria das coisas que cê viu até agora eram Urubu. E Urubu é uma coisa mais leve, em que eu tento soltar humor e um pouco de sensibilidade (até uma sensibilidade meio ingênua, podemos dizer, mas sem demérito por isso) e não ponho o meu lado escroto tão em evidência. Apesar de que, se cê der uma olhada, ele está lá. Nas entrelinhas.


Mas eu realmente me questiono a respeito desse quadrinho. Experimentei bastante, ali; não foi pouco, não. Por um lado queria um traço despretensioso, mas as criaturas do Lovecraft deveriam aparecer mais que o quadrinho normal. Queria algo engraçado de uma maneira desconfortável. Então inventei as brincadeiras que volta e meia atrapalham o professor, ali. Porque mesmo que o mundo acabe, literalmente, as coisas sempre continuam as mesmas. E classes são assim.

Queria que o ambiente fosse matéria de tensão Você não vai ver cenário ali. Só o escuro. Só o cara falando. Isso é pra incomodar. Pra você se perguntar se, afinal de contas, ele não está sozinho ali. O final foi pra desconstruir a história que o leitor supunha até então e as sugestões dos alunos pra deixar aquela coisa não vista, que Lovecraft identifica como importante para despertar o desconforto do medo.

As piadinhas são cruéis. Os comentários do "professor", ácidos. Porque esse é um quadrinho sobre um escritor de horror, não deve ser leve. Mas quis sair da mesmice de monstros e sangue e "descrições sobre o indescritível" e simplesmente colocar coisas desagradáveis sendo louvadas por um cara que é partidário dessas abominações. O que não é mais leve, de jeito nenhum. Muito antes pelo contrário. E ao mesmo tempo coloquei ele defendendo um ponto de vista de extrema-direita, e tentando justificar a carnificina do mundo com argumentos assim. Isso é mais chocante que se possa pensar, porque essas opiniões são defendidas por alguns, mas rejeitadas por outros.

Então, a coisa toda foi pensada (à medida em que eu ia fazendo, é verdade) pra o desconforto do leitor. Como o bom horror deve ser. Mas não sei se foi isso que cê sentiu. E também não tenho certeza de não ter errado feio a mão nisso, companheiro. Às vezes acontece. Ninguém é infalível.


Obrigadão pela sua opinião. Gostaria de te colocar embaixo de um holofote e te interrogar até chegar ao cerne da coisa. Até cê me dizer onde foi que eu errei. Pra eu poder pensar, e aceitar ou repensar meu jeito de escrever as coisas. Sua opinião é importante pra mim, Kio. Especialmente como fã de Poe.

Também queria te alugar e conversar a respeito disso, mas cê tá sem tempo e eu também. Pena. Mas obrigado MESMO, cara. Vou reler seu comentário mais tarde, e reler a história pensando nele, e ver o que seria bom mudar. O que poderia ser mudado.

Abração.
(P.S.- A propósito de mudanças... Mainardi, criei as páginas de referências, mas não inseri no arquivo principal... cê quer que eu poste aqui no primeiro post?)

Pode ser Vino.
...
Ainda não reli a história. Como deve ser feito.
Agora, sabendo de tudo que sei. Seja sobre a história, seja sobre como você pretendeu concebê-la, com certeza a leitura será mais interessante.
Mas o negócio é o tcham da primeira vez mesmo.
Ha...Sabe o lance da curiosidade com o que não é mostrado? Hehe .. fiquei imaginando a classe para qual o professor dá aula.

Hecho.
Coloquei as páginas no primeiro post. Com os devidos agradecimentos. Valeu, doutor.

Lendo sua explicação, fica mais evidente o que me "incomodou" na HQ, Vino.

É justamente saber que tem muito mais na história do que eu estou conseguindo ver, que deve ter me aborrecido. Você já tinha dado uma explicação, meio por alto, que era autoral e acho que ficou na minha cabeça.

Acho que tá mais pra uma insatisfação pessoal por não entender o que era pra ser entendido, do que algum erro que você tenha cometido.
Agora fica difícil saber se foi isso ou não... o estrago já foi feito.
Será que é uma história um tanto hermética, como você disse, ou foi o pateta aqui que embananou tudo na cabeça?

Bom... tentando deixar tudo isso de lado, relendo e abstraindo total, cheguei a uma sensação parecida com a que tive lendo "Transubstanciação" do Lourenço Mutarelli. Ou seja, não entendi metade, mas achei uma viagem maneiríssima... oh yeah!



Putz... tô me sentindo mais raso que pires...

Abração.

Kio escreveu:Bom... tentando deixar tudo isso de lado, relendo e abstraindo total, cheguei a uma sensação parecida com a que tive lendo "Transubstanciação" do Lourenço Mutarelli. Ou seja, não entendi metade, mas achei uma viagem maneiríssima... oh yeah!
Putz... tô me sentindo mais raso que pires...

Então nesse caso formamos um jogo de chá completo!

InVinoVeritas escreveu:
Vou te dizer o seguinte, então: isso é uma coisa muito pessoal. Não pessoal, de quem lê e gosta. Pessoal, minha. Fiz um quadrinho sobre Lovecraft que eu gostaria de ler, com detalhes que eu acharia engraçados, com uma narrativa que me arrancaria sorrisos (se não risadas).

Era para ser engraçado?

não tudo engraçado. mas o cara tirando tatu, o smurf, os alienígenas de biquini, as opiniões do "professor" - radicais ao extremo - e o senso de humor distorcido dele são toques de humor, Rodrigo!...

O cachorrinho também tem lá sua graça. De tudo o que eu podia fazer ele fazendo resolvi desenhar ele... hã... fazendo a assepssia de suas partes privadas. Ah... a página em que os quadrinhos seguem a trajetória do tatu eu considero uma vitória escatológica.