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FARRAZINE # 12 - TEXTOS PARA REVISÃO

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Agente Dias
Ricardo Andrade
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FARRAZINE # 12 - TEXTOS PARA REVISÃO Empty FARRAZINE # 12 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Kio Dom maio 24, 2009 1:44 pm

Texto - Marcelo Soares
Revisão - Ricardo
1 página


Sangue e reza

Texto revisado abaixo.


Última edição por Kio em Qui Jul 23, 2009 4:36 pm, editado 3 vez(es)
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FARRAZINE # 12 - TEXTOS PARA REVISÃO Empty O REVISOR FANTASMA ATACA NOVAMENTE!

Mensagem por Ricardo Andrade Seg maio 25, 2009 7:20 pm

Texto revisado pelo Inigualável Revisor Fantasma, a Maravilha Mascarada!
Texto - Marcelo Soares
Revisão - Ricardo
1 página


Sangue e reza
Marcelo Soares

A chuva caía como lágrimas de algum Deus tristonho. David sabia que seus momentos finais estavam chegando. A mão trêmula segurando um canivete, enquanto se ancorava no muro de uma rua qualquer da cidade, denunciava seu fim. Afinal, em tantos anos, nunca tremera ao segurar uma arma. A sua mente tentava animá-lo, dizendo que era só por causa da perda de sangue, fruto de um corte na barriga, por conta de um capricho de uma faca bem afiada. Porém, ele não é idiota, pensou, enquanto as gotas de chuva lhe atrapalhavam a visão, sua hora havia chegado e nem reza brava para algum dos santos de sua mãe o salvaria.

O olhar se mantinha atento aos movimentos de seus dois prováveis executores, velhos amigos de infância: Bruno e Roberto. Ainda se lembrava do tempo em que jogavam bola juntos. Agora são seus assassinos, só porque ele dera para trás em um assalto, e acabou que o Raimundo, o quarto mosqueteiro, fora preso. Eles o culpavam por isso.

- Vai fazer o que agora, “irmãozinho”? – perguntou Bruno, segurando a faca com sangue que, minutos antes, furara a barriga do ex-amigo.

Ele tinha razão. Dois contra um, ainda mais ferido e fraco a cada segundo.

- É, pena chegarmos a esse ponto, não é? – retrucou David.

Por um instante, tudo parou. Os olhares se encontraram, e David sabia que era o momento decisivo. Com um grito de fúria, ele partiu para cima de Bruno, levando o pequeno canivete em um movimento rápido para dentro do olho direito do antigo amigo. O grito de dor de Bruno ecoou pela rua; sua única reação foi enfiar a faca com toda a força mais uma vez na barriga do amigo, dessa vez, mais para o lado esquerdo, acertando um ponto intacto até então.

Roberto só apreendeu o acontecido quando David caiu no chão, com a faca presa ao corpo, se encaminhando para a morte. Bruno gritava como louco, após tirar o canivete do olho e, como uma besta enfurecida, agora provavelmente cego, pegou o canivete e enviou-o aleatoriamente no corpo caído na rua.

- Seu desgraçado! – gritou Bruno, enfurecido.

- Pára, cara, vamos embora, já foi - interrompe Roberto, segurando-o.

Os dois pararam de falar e olharam por um momento para o amigo morto. Bruno retira a faca presa no corpo e sai caminhando, sendo seguido pelo companheiro de crime. O sangue corre, misturando-se com a água da chuva. Nenhum santo apareceu, e uma mãe iria chorar na manhã seguinte.

FIM
[/quote]
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FARRAZINE # 12 - TEXTOS PARA REVISÃO Empty - Conto -

Mensagem por Agente Dias Ter maio 26, 2009 8:50 pm

Texto - Agente Dias
Revisão - Ricardo
1 página



O Guerreiro e o Fantasma da Lembrança

“Sinto meus sentimentos como pedra em meu peito, mas sempre me vem aquelas lembranças como água que tanto batem e com isso acabo no final de tudo só tendo areia em meu peito.” (Brenno Dias)

- Um jovem guerreiro chega em seu quarto depois de um dia cheio de batalhas. Mas seu quarto está frio e quando fecha as cortinas da porta se tornam pedras trancando o caminho. Ele não poderia mais sair. Seu coração começa a gelar e automaticamente ele larga a sua lança de batalha no chão. Seus olhos não saem de uma certa direção... o alvo daquele olhar já úmido pelas lágrimas, era um livro que havia sido aberto. Nada havia sido feito por ele para que aquele livro tivesse sido aberto... nada de dialetos místicos, nada de chave mágica e nada de alisar a capa para ser aberto, enfim nada foi feito.

O problema na verdade não era o livro simplesmente ter sido aberto, mas sim o fantasma que saiu daquelas páginas. Algumas páginas traziam histórias ruins pro coração daquele guerreiro. Com isso o fantasma não pensa duas vezes e intimida o guerreiro. Fazendo-o lembrar da dor que nem mesmo com a melhor armadura ou amuleto poderia livrá-lo.

O jovem caiu de joelhos ao chão, percebendo logo em seguida que sua sombra não estava mais ao seu lado e ele a procura com uma grande dificuldade. Ele a encontra ao lado do fantasma. O inacreditável ele acabava de ver... a sua sombra estava sangrando! O fantasma sente aquele cheiro de sangue e logo absorve a sombra do guerreiro. Ele grita de dor e cai por completo no chão, mas ele não para de olhar pro Fantasma. O fantasma acaba de crescer o dobro do tamanho anterior e apenas com os braços ele tampa as janelas e a porta, o deixando sem esperança.

Naquele momento as páginas ruins daquele livro começam a ser folheadas pela alma do guerreiro, fazendo seu coração reler e viver cada letra. A dor e tristeza não deixavam o espírito dele interromper a ação da alma.

O gigante fantasma começa a olhar fixamente nos olhos do guerreiro no chão, mas era mais um ataque ofensivo do fantasma. Pois, com um dos olhos ele tirava o sorriso, o humor, a esperança, a força, o ânimo e até a fé que o guerreiro tinha em seu Rei... e com o outro olho ele lança pra dentro do guerreiro o medo, muito frio, muito calor, tristeza e a certeza da derrota.

O guerreiro vai quase se entregando. Ele perde a visão, mas não à vontade de chorar. Mas bem ao fundo ele ouve vozes de fora da casa de pessoas gritando pela sua recuperação e vitória. Ele dá um leve riso, mas não pode responder.

Aquela atitude fez o fantasma ficar desatento por poucos segundos e esse tempo foi o suficiente pro espírito do guerreiro trazer a memória dele uma história contada pelo seu Rei. A história era de um jovem guerreiro que venceu um gigante com apenas uma pedra. Então, o guerreiro sente o sopro da esperança que saia por de baixo da porta... ele tenta com as mãos quebrar o chão e arrancar uma pedra.

O gigante percebendo uma possível reação coloca mais força em seus ataques e o guerreiro com o pouco de esperança vai tentando lutar. Isso pode durar dias. Nada ainda é certo. Mas para a bruxa da sorte a lógica seria os sentimentos vencerem, mas o Rei ordena que a sorte cale a boca. Então, só depende do próprio guerreiro e de suas habilidades. -

“Só venceremos os sentimentos da alma, se a nossa própria alma aprender com o espírito que o coração só quer apenas ser feliz.” (Brenno Dias)
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FARRAZINE # 12 - TEXTOS PARA REVISÃO Empty Re: FARRAZINE # 12 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Kio Qui maio 28, 2009 12:51 pm

Texto: Jaques
Diag. Snuck
Revisão = Ricardo
1 página





Viciados na Faca

Jaqueline Scognamiglio

Apreciar um musical requer uma sensibilidade que, pra ser bem sincera, eu não tenho. São raros os filmes desse gênero que realmente despertam algo em mim. Com exceção de dois ou três que me interessam mais pela estética que por qualquer outro motivo, musicais não me parecem muito eficazes quando se trata de descrever o descontrole e a sordidez humana. E esse é um tema que me interessa muito.
No entanto, há pouco tempo tive o prazer de assistir a um dos musicais mais insanos e incríveis já feitos: Repo: The Genetic Opera. Em um futuro não muito distante (2056 para ser mais exato), uma epidemia de falência de orgãos causa a morte de milhões de pessoas, transformando o planeta em um cemitério gigante. Em meio ao caos surge a companhia Geneco, especializada em transplantes de órgãos, facilitando as formas de pagamento dos "produtos" para que todos possam ter direito a uma segunda chance. Mas, obviamente, toda transformação tem seu preço. E para Geneco, dívidas devem ser pagas com a vida. Caso algum cliente não pague por seus novos órgãos, o temível RepoMan é enviado para "repossuí-los".
Em um mundo onde a transformação física acarreta também uma transformação de personalidade e a oportunidade de uma nova vida, a facilidade com que se assume diferentes facetas dentro de um universo sem lei (e aqui podemos traçar um paralelo com a própria internet) faz com que grande parte da população se torne viciada em cirurgias (não só plásticas), como uma tentativa, ou melhor, uma necessidade de se encaixar no quadro disforme, doente e desesperador que se forma diante de seus olhos.
Um universo neo-gótico povoado por exageros, assassinatos sancionados pela lei e milhões de viciados em analgésicos, contribuindo para o aumento do tráfico de drogas, constroem uma imagem assustadoramente similar à nossa realidade, uma espécie de hipérbole da sociedade em que vivemos hoje, a qual nos obriga a assumir diferentes identidades devido à enorme quantidade de informação e possibilidades a que somos expostos.
Ao contrário, porém, da minha visão otimista da coisa, já que sempre fui defensora do acesso total às informações, The Genetic Opera (que por sinal foi produzida pelo “Deus do JRock”, Yoshiki, ex-líder do X-Japan *detalhe importantíssimo para minha pessoa*) apresenta um olhar bastante sombrio sobre nosso futuro, escancarando a tendência humana à vaidade e ao descontrole, a ponto de nos alienar diante das facilidades do mundo moderno, explicitando, assim, *olha a ironia* exatamente aquilo que é constante alvo de críticas quando o assunto é a intensa onda de informações: o vazio pelo exagero.
Esse filme, a meu ver, retrata como nenhum outro o momento em que nos encontramos: um show de horrores divertidíssimo.... e mesmo que você finja que se importa com as coisas horrendas lá fora.... nós sabemos que você só se importa com aquela pessoa que te olha através do espelho todas as manhãs e nós sabemos que você deseja intimamente poder mudar...não o mundo....mas a si mesmo.
Só espero que o terrível RepoMan não venha nos buscar um dia desses... porque...convenhamos...não parece meio óbvio que já estamos todos viciados na faca? De uma maneira ou de outra?


Última edição por Kio em Qui maio 28, 2009 8:26 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Ricardo Andrade Qui maio 28, 2009 7:09 pm

70 Anos Este Mês

- Este deve ser o caso mais surpreendente que já enfrentamos, Batman!
- A surpresa é um luxo a que não podemos nos dar, Robin. Considere sempre todas as possibilidades.
- Até as impossíveis??
- Especialmente estas. Vamos ao caso. Recapitule, Robin.
- Certo. Capturamos um homem na Batcaverna...
- Como ele chegou aqui?
- Não sabemos. As câmeras mostram-no vindo de um canto da tela. Num momento, ele não está aqui; no outro, está.
- Teleporte. Quem é ele?
- Não conhecemos. Não fala coisa com coisa.
- Truque antigo. Prossiga.
- Ele estava com material iconográfico e literário...
- Direto ao ponto, Robin. Histórias em quadrinhos.
- Sim, e também textos analíticos sobre elas.
- Particularidade.
- Elas são sobre nós.
- Incomum, mas dificilmente inédito. Já houve histórias em quadrinhos sobre nós. Curioso, mas enfadonho. Foco, Robin. Qual é a particularidade?
- As histórias trazem informações secretas sobre nós.
- Exato. Exemplifique.
- Nossas identidades secretas!
- E as de diversos de nossos colegas e inimigos. E imagens acuradas da Batcaverna e da Mansão Wayne. E reproduções de conversas. Como essas informações podem ter sido obtidas? Hipótese.
- Espionagem.
- A primeira hipótese que se impõe. Agora, explique por que ela é improvável.
- Hum... Porque isso exigiria uma vigilância ininterrupta, em toda parte, completamente indetectável!
- Correto. E a Batcaverna e a Mansão Wayne estão protegidas por tecnologia thanagariana, sugestões do Sr. Milagre e escudos místicos de Zatanna. E nós, os alvos, temos mentes treinadas para perceber certos padrões. A hipótese não se sustenta. E por outro motivo, também.
- Qual?
- Nossas identidades secretas valeriam milhões. Lex Luthor tornaria rico quem quer que lhe desse a identidade secreta do Superman. Por que alguém conseguiria estas informações, e faria historinhas? Não é lógico.
- Bem, o Coringa não precisa de um motivo lógico para fazer uma coisa assim...
- O Coringa não tem essa paciência. Algumas dessas revistas foram publicadas há anos. Se tivesse tido acesso a esse conhecimento, o Coringa já o teria usado.
- Sim, mas essas revistas foram publicadas onde? Não temos informação de que tenha sido em qualquer parte deste... Ei!
- Espere. Eu sei o que você vai dizer. Deixe isso de lado, por hora. Vamos seguir esta linha de raciocínio até o final. Método, Robin. Formule outra hipótese.
- Traição. Alguém próximo teria acesso a estas informações, e poderia, hipoteticamente, nos trair.
- Pelos eventos descritos nas revistas, há somente três suspeitos.
- Quem?
- Eu, você e Alfred.
- Mas isso é impensável!
- Nada é impensável, Robin.
- Você acha realmente que eu ou Alfred...?!
- Nada é impensável, Robin. Qualquer de nós, inclusive eu, poderia ter a mente dominada, por exemplo. Lidamos com hipóteses aqui. A emoção contamina o raciocínio. Controle-se, Robin.
- Desculpe.
- De qualquer modo, esta tese leva ao mesmo beco sem saída. Quem faria histórias em quadrinhos com estas informações? Alguma outra hipótese?
- Diversas, ainda mais fantasiosas. Nenhuma que escape ao “beco sem saída”.
- Antes de lidar com o que você ia dizer, analisemos o material.
- Certo. Histórias em quadrinhos, com dados secretos sobre nós...
- E representações precisas de eventos e locais. Mas o que elas têm de impreciso é ainda mais intrigante. Veja essa revista, a mais antiga...
- “Detective Comics”, nº 27.
- Ela relata atividades do Batman em... maio de 1939.
- 70 anos este mês! Não havia um Batman nessa época. Você teria nascido em... 1919!
- Elas cobrem o período de 1939 até hoje. Todo esse tempo com um Batman.
- Vários homens usando a máscara?
- Não. É sempre Bruce Wayne.
- Mas como?! Que idade esse “Batman” teria, hoje? 90 anos?!
- Na verdade, segundo esta revista atual, a minha.
- Isso é absurdo! O personagem não envelhece, por 70 anos?! Quem engoliria isso?!
- Houve adaptações sucessivas. O... “personagem” foi alterado para refletir diferentes épocas. Vários Batmóveis. Uniformes “modernizados”. Na verdade, só um ponto se mantém, recorrentemente representado.
- Qual?
- A morte de meus pais.
- Oh.
- Veja. Aqui... e aqui... e aqui. Os desenhos são diferentes, mas a precisão dos fatos é perturbadora. Este caso, em especial, me incomoda.
- Por quê?
- Esta história se passa em um suposto futuro, mas retrata a morte deles com um detalhe que eu nunca comentei com ninguém, e que me atormenta até hoje. Veja esta cena, com o colar de pérolas de minha mãe. Como ele se enrola na mão com que Joe Chill empunha a arma. Veja como o colar se arrebenta quando a arma dispara.
- Oh... Batman, eu...
- Foi exatamente assim. E ninguém além de mim sabia.
- Joe Chill...?
- Morto há anos. Escondeu o quanto pôde que matou meus pais. Não contou a ninguém.
- Mas...
- Alguém pode ter lido a minha mente.
- Para fazer histórias em quadrinhos?!
- Improvável. Diga o que ia dizer, naquele momento.
- Ah... sim. As revistas aparentam ter sido mesmo publicadas, e não preparadas para parecerem assim. Mas não há registro da publicação.
- Conclusão?
- Pode não ter sido neste mundo.
- O que nos leva aos universos paralelos com que já lidamos. Na verdade, a maioria das “versões” nas revistas – mesmo as mais ridículas – parece corresponder a alguma de nossas contrapartes de outros universos. Já vimos várias delas.
- Mesmo? Eu não...
- Nós os vimos em pessoa, Robin, e alguns destes desenhos são muito ruins, ou pouco realistas. Pode ser difícil reconhecer neles os Batmen que conhecemos, mas a essência está aqui. É uma hipótese a ser verificada.
- Certo! Vou testar estas revistas e...
- Não é necessário. Eu já fiz isso.
- O quê? Mas...
- Elas vibram em um comprimento de onda completamente diferente de qualquer coisa em nosso universo. O homem vibra da mesma forma.
- Quer dizer...
- Eles vêm de outro universo. O mesmo universo.
- Você sabia. Desde o começo.
- Sim.
- E me fez passar por tudo isso...
- Nada substitui o processo, Robin. Você teve a experiência de deduzir a solução. Será útil no futuro.
- Sendo de outro universo, as revistas não representam ameaça. E agora?
- Agora, vamos entender como o nosso hóspede veio parar aqui.
- Batman... Você parece... abalado.
- Não é nada. É só que... se há um mundo em que não existem um Batman e um Robin reais, e a minha... tragédia pessoal é recriada para satisfazer o gosto de alguns leitores... eu não gosto deste lugar. Mas quero entendê-lo. Vamos, Robin. Nosso amigo nos deve algumas respostas.

- Ah. Vocês ainda estão aí?
- Quê?
- Achei que vocês já teriam desaparecido.
- Eu disse que ele não falava coisa com coisa.
- Você nos deve algumas explicações.
- Ah, claro. Eu vivo fazendo isso. Eu sou Ricardo Andrade, e escrevo para o FARRAZINE. Estava pesquisando para escrever uma matéria sobre os seus 70 anos e, não sei como, vim parar aqui. Mas tenho algumas teorias.
- Teorias?
- Sim. Teoria A: eu estou sonhando. Nada disso é real. Porém, meus sonhos nunca são tão organizados. Além disso... a Angelina Jolie já chegou?
- Angelina?
- Como eu pensava. Não é um sonho. Vamos à teoria B: eu enlouqueci de vez. Eu nunca fui exatamente um exemplo de sanidade. Porém, eu penso que, se minha loucura envolvesse o Batman, EU seria o Batman.
- Você?
- Eu evitaria alguns erros constrangedores.
- Erros?!
- Fala sério! Alguém realmente acredita que Jordan ia acertar aquele soco? Sem o anel? Batman passa a vida a evitar socos de lutadores melhores.
- Bem...
- Robin.
- Desculpe.
- Teoria C: é mais um surto psicótico, dos que tenho sofrido desde que o Prof. Xavier...
- Quem?
- Outra editora. Você não conhece. Não fui mais o mesmo depois do que ele fez.
- O que ele fez?
- Espirrou. Mas esses surtos nunca duram muito tempo, e eu já estou aqui há um tempão. Teoria D: vocês são mesmo Batman e Robin. He, he...
- He, he...
- Robin.
- Desculpe.
- Teoria E, a mais provável: isso é uma pegadinha do pessoal da Redação. Valeu, galera. Podem parar.
- Escute...
- Você, mais alto, deve ser o Kio. Ou o Vino. Pelo capuz, é careca. Vino. E você, menor, é o Zaa? De qualquer modo, tirem essas roupas ridículas, não parecem nada com as verdadeiras.
- Mas...
- Vocês estão parecendo uns gayzinhos.
- ...
- ...
- ...ah, sim. He, he... Era a D, então? Eu devia ter imaginado. Foi uma escolha muito infeliz de palavras, né? Pois é. Ainda dá tempo de pedir desculpas?

RICARDO ANDRADE teve fraturas ósseas a nível subatômico, mas o fato de que seus ossos são numerados está ajudando muito na recuperação.
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FARRAZINE # 12 - TEXTOS PARA REVISÃO Empty Re: FARRAZINE # 12 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Ricardo Andrade Qui maio 28, 2009 7:13 pm

Queridos revisores e diagramadores, eu postei de novo o "70 Anos Este Mês" porque observei que os itálicos que eu tinha posto no meu original não tinham sido copiados para a versão postada. A propósito, eu visualizo tudo escrito com aquela fonte de quadrinhos; não que eu esteja sugerindo que ela seja usada no texto diagramado, acho que vai ficar esquisito. Mas o fato é que os itálicos estão onde, eu entendo, estariam aquelas letras maiúsculas, em negrito e itálico, que eles sempre usam para enfatizar o que eles acham que deve ser enfatizado. Assim, façam do jeito que acharem melhor, levando em conta as ênfases...
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Mensagem por Ricardo Andrade Qui maio 28, 2009 7:16 pm

O Improsseguível Revisor Fantasma, a Maravilha Mascarada, pegou o texto do Agente e o texto da Jaques para revisar!

Atualiza aí, Kio!
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Mensagem por Kio Sáb maio 30, 2009 8:07 pm

Texto: cpt_knight
Diag. Snuck
3 páginas


LUAR SOBRE AS ESTEPES

Inverno de 1943. A investida alemã no fronte oriental tinha falhado. O Exército Vermelho, como uma onda, vem pressionando as tropas do Wehrmacht.
Um pelotão de reconhecimento de Engenharia recebeu a missão de monitorar uma via de acesso que levava a um importante cruzamento rodo-ferroviário. Prepararam uma série de posições defensivas desde um pequeno vale até um pequeno vilarejo russo, com meia dúzia de casebres abandonados, perdido nas estepes.
O clima glacial tingia toda aquela região de branco. Não existia viva alma , humana ou não, naquelas paragens - uma total desolação. Esperando o inimigo havia quase uma semana, tentavam manter suas armas em condições de uso, tentavam não morrer congelados, tentavam não pensar no que viria pela frente. Todos eram veteranos, já tinham combatido em vários frentes, em várias batalhas. Formavam um grupo coeso, eficiente. Letal.
No início de uma manhã, os russos apareceram. Um batalhão, aproximadamente. Apenas a ponta de lança de uma força imensamente maior. A informação foi enviada para o escalão superior e, como resposta, o pelotão recebeu a missão de retardá-los por um dia. Era uma sentença de morte – mas ninguém disse uma palavra. Iriam cumprir seu dever. O tenente começou emitir ordens.
Quando a vanguarda da tropa russa estava ao alcance da artilharia alemã, foi solicitado o apoio de fogo. Em alguns minutos, o céu desabou sobre os vermelhos. No entanto, os canhões inimigos também começaram a atuar, bombardeando as posições alemãs. Explosões, fogo, estrondo. O chão se levantava a cada impacto das granadas de artilharia, num jorro de pedras, aço, carne e sangue. O inferno na Terra.
Após o término das explosões, os dois lados começaram a se reorganizar. Quando os soldados vermelhos voltaram a iniciar seu movimento, as posições de metralhadoras e de morteiros, habilmente camufladas pelos alemães começaram a atirar. A batalha começara. O terreno foi disputado palmo a palmo. O pelotão alemão fez os russos pagarem muito caro por aquele pedaço da terra de ninguém, mas seu avanço era inexorável.
No final da tarde, os russos se aproximavam do vilarejo e a última cartada do pelotão era um campo de minas terrestres bem organizado. Da brava tropa alemã, só restavam quatro combatentes – um sargento, o cabo enfermeiro e dois soldados. Todos com algum tipo de ferimento. Reunidos no último casebre do vilarejo, procuravam uma saída:
- O que fazemos agora, sargento?
- Não temos muitas opções. Quando os vermelhos passarem pelo campo minado, vão vasculhar as casas. E não há muito o que vasculhar. Estamos sem munição, nossa resistência seria patética. Ou morremos aqui, ou tentamos atingir a floresta, a trezentos metros ao sul, passando pelo campo coberto de neve. O que faria de nós alvos fáceis... a menos que consigamos alguma distração.
Um dos soldados, ao tentar se escorar num canto do casebre para descansar, é tragado por um buraco disfarçado no chão por uma espécie de tapete. Os outros se aproximam para ajudá-lo. Ele tinha caído no que parece ser um pequeno esconderijo:
- Tudo bem com você – pergunta o cabo.
- Sim, estou bem. E, pessoal, não estamos sozinhos.
O soldado sai do buraco trazendo pelos braços uma jovem camponesa. Ela consegue se desvencilhar e corre para um canto do casebre. Com olhos vidrados, o rosto com uma palidez cadavérica, agindo como um animal acuado, ela começou a balbuciar incessantemente uma frase, no que parecia ser um dialeto russo arcaico. E, aos poucos, aumentou a voz até começar a repetir a mesma frase aos gritos.
- Parece que ela está pedindo para que a matemos, Sargento – disse o cabo.
O sargento pensa por um instante. Em seguida, saca sua Luger e atira na menina, na altura do estômago. Diante dos olhares espantados dos demais, ele diz, num tom que mais servia para justificar a si mesmo seu ato vil, do que para explicar sua ação para seus subordinados:
- Ela ia denunciar nossa posição. E, talvez, ela seja a chave para nossa fuga.
E então comanda rapidamente para que os dois soldados reúnam o máximo de granadas e minas que puderem. Juntamente com o cabo, colocam a jovem numa cama que estava no cômodo. E ordena para que o cabo lhe aplique morfina.
- Como assim, sargento...
- Ela tem que agüentar até que os vermelhos a achem. Eles devem querer cuidar de uma compatriota ferida...
- Você vai usá-la como isca de uma armadilha?
- Usaremos um acionador de descompressão. Assim que eles a retirarem da cama, tudo vai pelos ares. Conseguimos distração suficiente para manteremos os russos ocupados, enquanto atingimos a floresta.
- Mas, sargento...
- Prefere morrer ou ser capturado?
Eles agem como planejado. Terminam ao cair da noite e começam sua evasão. O cabo ia a frente, seguido dos dois soldados. O sargento fechava a fila. Se tudo desse certo, se os russo caíssem na armadilha deles, eles teriam uma chance de atingir a floresta e escapar. Muitas senões, nenhuma opção.
Assim que a noite cai, os alemães iniciam sua fuga. Tinham percorrido uns cinqüenta metros, quando uma coisa inusitada acontece – as nuvens que há semanas encobrem os céus começam a se abrir e uma enorme lua cheia aparece, iluminado toda a região, enchendo a noite de uma claridade sobrenatural. Os alemães começam a maldizer sua falta de sorte quando ouvem uma forte explosão. Todos olham para trás. A armadilha fora acionada.
- Ou os russos estão mais perto do que pensamos ou a menina levantou sozinha – disse o sargento.
- Impossível, sargento. Ela mal estava respirando e a morfina que eu apliquei já a havia sedado...
Mas algo chamou a atenção dos alemães. Do meio dos escombros da casa destruída, surge um vulto. Com um salto improvável, ele alcança o meio da estrada que corta a cidade. Surge, banhada pelo luar fantasmagórico, uma criatura enorme, esguia, aparentemente coberta de pêlos, com braços e pernas estranhamente alongados.
Os russos, que já haviam atingido os limites do vilarejo, a avistam também e começam a atirar. A enorme figura apesar de ser atingida, não cai. Ela rosna e solta um uivo terrível, prolongado, que preenche o ar. De repente, mais vultos começam a surgir, como por encanto, ninguém saberia dizer de onde. Eles também começam a uivar e todas se lançam em direção as tropas russas, iniciando um massacre inconcebível.
Todas, com exceção da primeira criatura. Ela se volta para os alemães, que naqueles infindáveis segundos observavam a tudo, incrédulos. E começa a vir em sua direção. Eles começam a correr. O cabo ouve os gritos e os tiros que vem da cidade cessarem. Em seguida, reconhece o som da submetralhadora do sargento disparar duas curtas rajadas e silenciar. Em seguida, ouve o grito de um dos soldados.
Ainda que o medo grite para que não olhe para trás e corra com todas suas forças, o cabo se vira a tempo de ver a cabeça do segundo soldado ser arrancada com um único golpe. Tenta avançar mais, quando sente garras atingindo suas costas, rasgando ossos e carne.
É arremessado alguns metros a frente. Ao cair já não sente suas pernas. Mal consegue se virar quando a criatura para sobre ele. Mortificado, ele observa uma figura humanóide, coberta de pelos acinzentados, com uma face lupina, em todo seu terror.
Sente ser erguido pelo pescoço sem esforço algum. O mostro o segura em frente ao seu focinho e o observa com seus olhos negros. E como se algo invadisse sua mente contra sua vontade, o cabo acredita ouvir uma voz dizendo - deveriam ter me matado. Em seguida, um outro uivo, mais horripilante que o primeiro, é lançado na noite.
E, antes do fim, a última lembrança que acomete o cabo é de uma pequena placa de madeira, jogada às margens da estrada que levava ao vilarejo, com uma inscrição em russo que, nesse derradeiro momento, passou, sinistramente, a ter sentido. Uma placa cuja inscrição dizia: covil de lobos.
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FARRAZINE # 12 - TEXTOS PARA REVISÃO Empty Re: FARRAZINE # 12 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Kio Seg Jun 01, 2009 9:03 am

Texto: Jluismith
3 páginas


O Garoto-Aranha

Para Steve Ditko

Se as pessoas dizem que devemos procurar Deus nos ângulos, eu respondo que então é nas aliterações que vamos provavelmente encontrar o Diabo. Isso mesmo, aliterações. Como por exemplo “caça cansada”, “ameixa amarela” ou “Pedro Prado”. É, Pedro Prado é o melhor exemplo. Algumas pessoas culparam os quadrinhos, outras culparam os tios, uns dois ou três até me culparam, mas eu sei que a culpa é das aliterações. Talvez só eu saiba, mas acho que é assim que as coisas funcionam, com cada verdade sendo clara apenas para um pessoa, o que quer dizer que só eu, um balconista de loja sei a verdade sobre a morte de Pedro Prado, enquanto, talvez, só um desses mendigos ou bêbados que abordam as pessoas na rua saiba alguma verdade importante, dessas que mudariam o mundo. Às vezes imagino pra que pergunta apenas Pedro Prado saberia a resposta. Espero que não fosse nenhuma pergunta muito importante...
Claro que as pessoas que falam só o óbvio foram as primeiras a dizer que foi tudo culpa dos quadrinhos. “Afinal, se ele não lesse aquelas malditas revistas nada daquilo teria acontecido!” Não sei se isso é verdade. Afinal, certas coisas são tão improváveis que são inevitáveis por si mesmas. É como ganhar na sena: é tão difícil acertar aqueles seis números que o fato de você ter acertado prova que ninguém além de você poderia acertar. E foi assim com o Pedro. Acho que a morte dele foi decidida antes mesmo dele nascer. É, foi isso, ele morreu em 1962, quando Stan Lee e Steve Ditko publicaram a primeira história sobre um garoto que morava com a tia e andava por aí pendurado em teias de aranha. Nesse dia o Pedro, que nem sonhava em nascer (nem sei se os pais dele já tinham nascido) morreu. Aliterações.
Eu me lembro da primeira vez que ele apareceu na loja, ainda acompanhado do Tio Benjamim, um bom cara, gostava muito do sobrinho. Eu era novato, tinha acabado de ser contratado e o patrão me mandou atender o garoto. Claro, era um moleque esquisito, muito retraído, aqueles óculos enormes, que eu nunca tinha visto uma criança usando, mas bastante esperto, parecia interessado por tudo. Levou uma edição de “Homem-Aranha” e passou a voltar ali todo mês, quase sempre com o Tio. Até a morte do Sr. Benjamim, é claro. Depois ele aparecia só de vez em quando, quase sempre eu é que passava na casa dele e largava as revistas lá na porta, com a Dona May. Mas mesmo dentro da timidez e da esquisitice dele, ele sempre foi um garoto legal, e provavelmente teria se tornado um grande homem, um cientista ou algo do tipo, não fossem os dois desastres. Aliterações. Sempre elas.
Tudo começou como uma piada. E se eu tenho alguma culpa pela morte do Pedro foi por causa disso. Mas como um balconista de comic-shop poderia resistir a fazer piada com um garoto chamado Pedro Prado, órfão, que morava com os tios Benjamim e Mayra? Qualquer um que já leu uma revista do Homem-Aranha sabe do que eu estou falando... Ainda mais naquele dia, em que ele estava todo feliz porque tinha finalmente tido coragem de conversar com a vizinha pela qual ele era apaixonado desde pequeno. Quando ele e contou que ela era ruiva e se chama Maria Julia foi demais pra mim. Passei a chamar Pedro só de “Garoto-Aranha”, e apesar da timidez ele até começou a ficar famoso na loja, afinal, coincidências assim são tudo menos comuns (senão não seriam coincidências, eu acho), e no meio de um monte de nerds esse é o tipo de coisa que até causaria inveja. E a brincadeira só aumentou quando encontramos uma revista antiga, uma das primeiras edições brasileiras, acho que ainda da RGE ou da EBAL, em que o tradutor, ainda na onda de adaptar nomes (até algumas décadas atrás o Brasil era o único país do mundo onde a namorada do Superman se chamava Mírian Lane) chamava Peter Parker de Pedro Prado, com todas as letras. Mas por mais estranha que a coincidência seja, o que sempre me deixou intrigado foi o fato de que eu, e não ele, que era apaixonado por quadrinhos e por todos aqueles personagens tivesse percebido as semelhanças. Ou talvez ele simplesmente não quisesse perceber, não sei.
Claro, no começo era engraçado. Até os tios dele brincavam com isso, serviu até pra que ele ficasse mais solto, mais descontraído. Ok, às vezes era realmente assustador, como naquela vez em que ele conheceu uma garota na loja, eles até trocaram telefones, e quando fomos ver o nome dela no papel estava escrito “Felícia” ou quando eu conheci um amigo dele, filho de um cônsul americano, chamado “Harry”. Mas só me fazia pensar que o universo pode ser muito mais idiota do que eu jamais imaginaria e ponto final. Mas até aí estava tudo bem. É fácil viver em um mundo idiota. Mas não num mundo trágico
Foi numa sexta, quando eu estava saindo da loja, que me contaram que o tio dele tinha sido assassinado. Um bandido que tinha acabado de assaltar um banco quis usar o carro do Sr. Benjamim pra fugir, mas ele resistiu. Pronto, dois tiros no peito, morreu ali mesmo. Só consegui falar com Pedro uns dias depois, já que ele não queria ver ninguém e eu sabia que não era hora de discordar. Abatido, cansado, chegou, pegou uma revista e já ia saindo quando eu me ofereci pra pagar um lanche.
“Foi tudo culpa minha, sabe?” Essa foi a primeira frase dele. “Ele estava lá me esperando, enquanto eu paquerava uma garota idiota. Foi tudo minha culpa.” Minha cabeça fritava com as coincidências, mas eu só ouvia. “Se eu não tivesse me atrasado ele não estaria lá, entende? Ele ia estar vivo agora...” Eu pensava em alguma coisa pra dizer, afinal, era óbvio que nada daquilo era culpa dele, e nem tinha como ser, aquilo tinha sido uma tragédia e se alguém era culpado talvez fosse o governo ou a violência ou mesmo o sistema capitalista de produção, mas não aquele garoto de 16 anos sentado na minha frente e me olhando através das lentes de óculos mais grossas que eu já tinha visto. “Mas agora eu sei a verdade! Quer ver?” Não fazia a mínima idéia de que verdade seria essa, mas tentei parecer satisfeito e interessado, afinal, o garoto precisava de amigos e de incentivo. Ele me levou pelas escadas até o último andar do shopping, que tinha umas sacadas enormes onde casais ficavam de bobeira ou coisa do tipo.
Ficamos em uma das sacadas. “Eu entendi tudo, sabia?” Não, eu não sabia. “Pedro Prado, órfão, sobrinho de Ben e May, garoto estudioso, tímido e apaixonado pela vizinha ruiva, Maria Julia, isso te lembra alguma coisa?” Ok, “Garoto-Aranha”, isso me lembrava o Homem-Aranha, mas e daí? “E daí?! E daí que eu tenho tudo isso! Todos os nomes, todas as características, agora a morte do meu tio, você não enxerga?” E o pior é que eu começava a enxergar. Só não imaginava aonde ele queria chegar. “Eu sou o Homem-Aranha! É, eu sou o Homem-Aranha! Tudo isso só acontece porque ele, quer dizer, eu, sou real! É isso, entendeu?” Eu tentei explicar que aquilo era só bobagem, eu poderia me chamar “Bruno Breno” e nem por isso seria o Hulk, mas ele não me ouvia. Ele só falava. “E agora eu vou te mostrar, olha só!” E pulou da sacada.
Eu já disse que vários culparam as revistas, os quadrinhos. Alguns culparam a tia, que abalada com a morte do marido não percebeu a perturbação do sobrinho. Alguns me culparam, porque fui eu que comecei com a história do “Garoto-Aranha”. Lá na loja alguns culparam a falta de aranhas radioativas no mundo real, ou a falta de senso de oportunidade dos pais dele, que se tivessem lido ao menos uma história em quadrinhos na vida saberiam que aquele nome era uma péssima idéia. Eu preferi culpar as aliterações. Talvez assim eu culpe também os quadrinhos (Clark Kent, Bruce Banner, Billy Batson, tantos outros...) talvez assim eu me culpe, talvez assim eu culpe o mendigo que sabe a verdade sobre o universo, mas não conta pra ninguém. Ou talvez assim toda a culpa seja única e exclusivamente de Pedro Prado, o Garoto-Aranha.
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Mensagem por Agente Dias Sáb Jun 06, 2009 5:19 pm

Kio! Posto aqui o material do Justiceiro no cinema ou você?
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Mensagem por Kio Sáb Jun 06, 2009 8:04 pm

Texto - Agente Dias
3 páginas - Sugestão: 1 filme em cada página

Injustiça e equívocos nos filmes do Justiceiro

-Diário de Guerra do Justiceiro no cinema:

O vigilante da Marvel Comics começou a disparar seus tiros nos cinemas em 1989 com o ator Dolph Lundgren, depois em 2004 com Tomas Jane e, mais recentemente, em 2008 com Ray Stevenson.

Mesmo com três filmes, os responsáveis pelas produções foram incapazes de fazer os leitores do Justiceiro se sentirem orgulhosos dos filmes produzidos. Eles nem chegaram ao cinema brasileiro e quando saíram no cinema dos EUA a arrecadação nas bilheterias foi uma vergonha.

Mesmo com um filme de um gênero tão clichê no cinema e ainda mais com um enredo pronto de um personagem de sucesso nas HQs, a incompetência não foi cortada dos projetos. Isso causa um medo nos fãs do vigilante urbano, pois é capaz do personagem ser eliminado dos cinemas. Se o fracasso na bilheteria ocorrido no último filme não for a gota d’água pra eliminação do Implacável no cinema, podemos ficar um bom tempo sem ver a caveira intimidando os criminosos nas telonas. Mas quem sabe a justiça não seja feita? Pois nós, fãs de Frank Castle, merecemos respeito e bons trabalhos com o personagem.

Mas é claro que alguns títulos despertaram simpatias nos fãs. Quem não gosta das frases friamente humorizadas no filme de 1989? Quem não gostou da caveira usada no filme de 2004? E quem não gostou do sangue jorrando todo o tempo no filme de 2008?
Sem dúvida despertou simpatia no público que apenas o conhecia pela TV. Afinal quem não gosta de assistir qualquer filme de ação? Pois, foi assim que cada filme do Justiceiro se passou, sendo um simples filme de ação e aventura. Em poucos momentos o próprio Justiceiro era visto, ou seja, em poucos momentos você sabia que estava vendo um filme do Justiceiro.

Mas será que a Marvel só fracassou com o Justiceiro? Não! Só espero que essa mania não atinja fatalmente as páginas das HQs. Que aliás, é algo que tem acontecido aos poucos, mas isso é assunto pra uma outra oportunidade.

Trouxemos para você, leitor, a ficha técnica de cada filme, pontos positivos e negativos e uma resumida análise geral.


The Punisher 1989

[Elenco]
Dolph Lundgren (Frank Castle / O Justiceiro)
Louis Gossett Jr. (Jake Berkowitz)
Jeroen Krabbé (Gianni Franco)
Kim Miyori (Lady Tanaka)
Bryan Marshall (Dino Moretti)
Brian Rooney (Tommy Franco)

[Direção]
Mark Goldblatt

Pontos Positivos:
-Personalidade e o humor frio do personagem, fiéis à HQ.
-Cenas de ação mostrando as habilidades de combate.
-Justiceiro reconhecendo a existência de Deus.
-Uso de informante.
-Uso de várias armas brancas e armas de fogo.
-Variação de cenas com facas.
-Esconderijo na superfície da cidade.
-Envolvimento da Yakuza.

Pontos Negativos:
-A falta da caveira no tórax.
-A falta do diário de guerra
-Castle sendo um ex-policial.
-Esposa de Castle se chamando Julie.
-Castle tendo duas filhas.
-A família Castle é assassinada na porta de casa, dentro de um carro.
-Dino Moretti sendo o assassino da família Castle.
-O ex-parceiro da policia de Frank Castle.
-Pouco uso de armamento explosivo.

Análise:
Boa história, não se prendendo apenas na vingança da morte da família. Foi uma boa ideia incluir a máfia Yakuza. Com o erro na origem, o filme fica distante das características do personagem em alguns momentos, mas logo pode ser visto o tradicional Frank Castle das HQs.
O filme começa com um erro grave, mostrando Dino Moretti, braço direito da família Franco, como assassino da família Castle, sendo que o verdadeiro acusado nas HQ’s é Bruno Costa e seus capangas, membros e aliados da família Costa. Nas HQs, sua família não foi morta dentro de um carro e sim num domingo de piquenique no Central Parque de Nova Iorque. Sua esposa se chama Maria Elizabeth e Frank tinha um casal de filhos (Lisa Barbara e Frank David “Frank Jr”). Frank Castle foi Capitão da Marinha Norte-Americana e instrutor de vários departamentos, alguns secretos, da Marinha e não um policial. Nunca teve vínculo com órgãos policiais e muito menos um melhor amigo policial.
Mais um erro grave cometido no filme é que o Justiceiro não aparece com sua tradicional caveira no tórax, já que tal símbolo é que chama a atenção dos criminosos e os intimida. Castle conversa com Deus, algo muito positivo, já que foi ex-coroinha da igreja católica. E pra finalizar, o Justiceiro usa pouco armamento explosivo, ignorando que um dos seus cursos militares foi com explosivos. Há a compensação com o excessivo uso de facas, arma preferida de Frank Castle.


The Punisher 2004


[Elenco]
Thomas Jane (Frank Castle / O Justiceiro)
Samantha Mathis (Maria Castle)
Marcus Johns (Will Castle)
John Travolta (Howard Saint)
Eddie Jemison (Micky)
Kevin Nash (Russo)

[Direção]
Jonathan Hensleigh

Pontos Positivos:
-A estampa da caveira e sua origem.
-Uso do diário de guerra.
-Interrogatórios.
-Uso de informante.
-V árias armas brancas e armas de fogo.
-Uso variado de facas.
-Uso excessivo de explosivos.
-Uso da inteligência com táticas e planos.

Pontos Negativos:
-Castle retratado como sendo agente do FBI, depois da passagem pelo exército.
-Família Castle sendo morta em Costa Rica.
-Os pais e parentes de Frank Castle também são mortos.
-Castle tem apenas um filho e se chama Will.
-Amigo na policia.
-Howard Saint (John Travolta) é o assassino da Família Castle.
-Mickey aliado à família Saint.
-Aparição do vilão Russo.
-Esconderijo num apartamento com vizinhança.

Análise:
Os roteiristas não aprenderam com os erros cometidos em 1989 e caíram nos mesmos erros, quanto a origem do personagem. Sendo assim, parece mais um filme qualquer de ação. Sem contar que o filme não mostra o clima sombrio e frio das HQs.
O filme começa pecando novamente na origem do personagem, mostrando Castle como agente do FBI, depois colocando toda sua família sendo morta na Costa Rica por Howard Saint e seus capangas. Castle desta vez tem um único filho chamado Will, que dá uma camisa com a estampa caveira de presente ao pai. Diferente do filme de 1989 esse amigo da policia quase não aparece no filme. Mickey é realmente um informante de Castle nas HQs, mas pertencia a família Carbone e a origem dessa “amizade” foi bem diferente. O Justiceiro nunca se esconderia ou escolheria como base um prédio com moradores, uma vez que é sabido que quem se aproxima dele sempre morre... mas esse mesmo erro já foi cometido nas HQs. O vilão Russo teve uma boa participação, mas não tem nada haver com o início de carreira de Frank Castle como Justiceiro. Algo surpreendente foi usado, que foi o diário de guerra, narrado ao longo de suas missões. O que, nesse filme, supera todos os outros é o uso de explosivos, que Castle usa muito nas HQs, sem contar o maravilhoso jeito que o Justiceiro joga Howard Saint contra a própria família.


The Punisher: War Zone 2008

[Elenco]
Ray Stevenson (Frank Castle / O Justiceiro)
Dominic West (Billy Russoti / Retalho)
Colin Salmon (Paul Budiansky)
Wayne Knight (Micro)
Dash Mihok (Martin Soap)
T.J. Storm (Maginty)

[Direção]
Lexi Alexander

Pontos Positivos:
-A família Castle morta no Central Parque.
-Os nomes e sexos dos membros da família Castle.
-A família Costa vinculada à morte da família Castle.
-Castle e seu passado religioso.
-Ambiente sombrio e frio das HQ’s do Justiceiro.
-As matanças sangrentas.
-Uso variado de armas brancas e de fogo.
-Técnicas de combate armado e desarmado.
-Esconderijo no subsolo da cidade.
-Semelhança do ator com o personagem da linha MAX, nas HQs.

Pontos Negativos:
-Aparição do Microchip.
-Aparição do Retalho.
-A caveira quase não aparece no tórax.
-Castle como apenas instrutor das forças especiais.
-Falta do diário de guerra.
-Ações robóticas do ator.
-Tratamento frio de Castle com Microchip.
-Aparição da mãe do Microchip.
-Aparição de Carlos Cruz, ajudante do Microchip.
-Aparição do Tenente Martin Soap.
-A dependência do Retalho pra se vingar do Justiceiro.
-Aparição do Looney Bin Jim, irmão do Retalho.
-O excesso de personagens.
-A falta da veiculo para locomoção.
-Uniforme de combate do Justiceiro.
-A morte do Retalho e do Microchip.

Análise:
Esse filme tinha tudo pra ser o melhor e poderia corrigir todos os erros dos outros filmes, mas não adiantou. Mesmo acertando em alguns pontos, erraram em pontos críticos, estragando toda a história do filme. Não souberam aproveitar os importantes personagens do arco do anti-herói, como o Retalho e Microchip.
Finalmente acertaram a origem do personagem, errando apenas na profissão de Frank Castle. Mas tudo isso é sublimado pelo surgimento de vários personagens, fora de suas cronologias e da origem do Retalho, como: Detetive Sop, Maginty, Pitssy, O Caneta e Paul Budiansky.
Podemos falar do Microchip, pois ele nem estava aliado ao Castle quando o mesmo conheceu Billy “Beleza” Russo (Retalho). Ele poderia ter sido inserido de outra forma no filme, até porque sua união com Castle nem foi mostrada. O personagem tem uma participação muito fraca e sua relação com Castle está bem fria, parecendo estarem quase no fim da amizade, sendo que no filme não completaram nem 10 anos de amizade. Até a mãe do Micro aparece no filme e seu aliado Carlos Cruz, é o mesmo personagem que, na HQ, é contratado por Micro pra substituir Castle, como Justiceiro. O pior de tudo é a morte de Microchip pelo Retalho pois, na HQ, Micro trai o Justiceiro e é assassinado por ele.
Sobre o ilustre vilão Retalho, sua aparição é totalmente desperdiçada, o personagem não é jogado por uma janela blindada como na HQ e sim jogado dentro de um moedor de vidro. Sem contar que ele fica dependendo do seu irmão Looney Bin Jim para se vingar do Justiceiro e é um personagem que nem existe na HQ. Retalho quase é comparado ao Coringa no filme e sua morte pelo Justiceiro no final é um fracasso pois, ao longo dos anos na HQ, ambos criaram uma relação em que eles não conseguem se matar. Voltando ao módulo geral, Castle se locomove armado e a pé pelas ruas da cidade, correndo entre civis sem causar nenhum pânico. E pra finalizar, sem a caveira no tórax e seu traje, usado no filme, nos faz pensar ser um filme da SWAT.
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Mensagem por Kio Seg Jun 08, 2009 3:15 pm

Texto: Nano
3 páginas
Diagramação: Rodrigo!

A GERAÇÃO PERDIDA DE STAR TREK
Antes mesmo de Kirk, McCoy, Scotty, Sulu, Uhura e Chekov se juntarem a Frota Estelar, uma outra tripulação comandava a Enterprise
Por Nano Falcão

“Estas são as viagens da nave estelar Enterprise, em sua missão de pesquisar novos mundos, novas vidas, novas civilizações... Comandada pelo Capitão Christopher Pyke e sua primeira oficial, a Número Um...”
Espera aí. Capitão Pyke? Número Um? Quem são estes? É mais uma franquia de Jornada nas Estrelas que você deve ter perdido?
Nada disso, se trata justamente da primeira tripulação da Enterprise. “Mas a primeira não era do Capitão Archer naquele seriado que foi um fiasco?” Não, não, estou falando dos anos 60. “Espera aí, mas essa não é a turma do Kirk?”
Antes de Jornada nas Estrelas tomar forma e se transformar no seriado clássico que conhecemos hoje, foi um longo caminho até Gene Roddenberry convencer um estúdio a bancar a sua criação.
No início dos anos 60 a ficção científica ainda era uma novidade para a TV. Embora o gênero tenha se tornado popular na literatura, no cinema e nas histórias em quadrinhos dos anos 50, na telinha ainda ensaiava seus primeiros passos com séries antológicas como Além da Imaginação e Quinta Dimensão, lembrando que estas eram de contos fechados, não um conceito regular com os mesmos personagens e temas.
Roddenberry era fã de Ficção Científica e teve a idéia de uma série do tipo, a primeira realmente do gênero na televisão norte-americana. Para dar a desculpa de viagens pelo espaço e o encontro com civilizações alienígenas, veio a idéia de uma nave exploratória, no estilo das navegações do século XV e XVI: se trataria do ser humano agora desafiando outra fronteira, descobrindo novos mundos, e também colonizando estes territórios.
A nave inicialmente não se chamava Enterprise, mas sim Yorktown e seu Capitão era Robert April. Na verdade, houve uma lista de uma dúzia de nomes “legais” pelos quais o Capitão poderia se chamar. Enquanto Roddenberry tentava convencer algum estúdio as coisas foram mudando, e os nomes dos personagens também.
Em 1964, Roddenberry conseguiu da NBC 435 mil dólares para filmar um “piloto” – como é chamado o episódio de apresentação de uma série, que pode ou não ser aprovado pelos executivos. O dinheiro era uma verdadeira fábula para a época: a NBC tinha acabado de implantar o sistema Technocolor, e acharam que uma série de ficção científica era uma boa forma de jogar muitas cores na tela.
Para viver o papel do Capitão, Roddenberry decidiu contratar um nome de peso, o ator Jeffrey Hunter, mais conhecido por ter vivido o Jesus Cristo mais famoso da história do cinema, no filme Rei dos Reis. Por essas e outras, o episódio-piloto acabou custando na verdade 630 mil dólares, o mais caro da TV americana até aquele momento.
Os executivos sugeriram a Roddenberry mudar o nome da nave e do Capitão, e assim Yorktown virou ENTERPRISE e Robert April depois de um breve momento como Robert Winter, acabou mesmo como CHRISTOPHER PYKE.
No episódio-piloto “A Jaula” somos apresentados a tripulação original da Enterprise: a segunda em comando era uma mulher, sem nome revelado, chamada simplesmente de “Número UM”. O médico da nave era um senhor de mais de 50 anos, Dr. Phillip Boyce, que servia como uma espécie de figura paterna para o jovem capitão. O navegador era um sul-americano jovial, José Ortegas. O engenheiro da nave era um alemão, o Sr. Schneider, também de cabelos brancos, como o Dr. Boyce. Tínhamos um oficial tático chamado Tyler. Havia um chefe de segurança, negro, o Sr. Wilson. A jovem ordenança e interesse romântico do Capitão, Colt. E completando o elenco, um certo Sr. Spock, que tinha orelhas pontudas e era oficial de ciências...
Spock, originalmente era pra ser marciano, no tempo em que o Capitão da nave ainda era Robert April. Mas isso acabou sendo mudado já na filmagem de “A Jaula” onde ele se tornou mesmo “Vulcano”, um planeta ainda a ser descoberto pelos humanos.
O episódio acabou sendo rejeitados pelos executivos da NBC, por ser muito “cerebral”. Eles queriam mais ação e pancadaria. E também havia o proibitivo valor de 630 mil que o filme custou: para Jornada nas Estrelas ser viável como série, teria que custar muito menos. Mas então eles tomaram uma decisão que nem nos dias de hoje é típica da TV norte-americana: deram outra chance. Em geral, quando um piloto é rejeitado, a série nem é desenvolvida. Mas Jornada nas Estrelas é a exceção que comprova a regra.
Para tentar de novo, Roddenberry ganhou menos dinheiro: 300 mil dólares, metade da verba anterior. E os executivos pediram a cabeça da maioria dos personagens: eles não gostaram da tal “Número UM”, nos anos 60 achavam que o publico não estava pronto para verem mulheres no comando. Também não gostaram do médico Dr. Boyce, porque ele era “muito velho” e queriam alguém mais novo pra ser amigo do Capitão da nave. Em suma, limaram quase todo mundo, só ficando mesmo o Capitão Christopher Pyke e o oficial de ciências, Sr. Spock.
Mas então, o ator Jeffrey Hunter acabou abandonando o barco, convencido pela sua esposa que a série não tinha futuro. Para substituí-lo, Roddenberry acabou chamando outro ator canadense, que já havia trabalhado com ficção científica nas séries Além da Imaginação e Quinta Dimensão. Como mudou o ator, decidiram mudar também, de novo, o nome do Capitão, que virou James Kirk.
Spock subiu de posto, e se tornou o primeiro oficial, o segundo em comando. O novo médico da nave passou a ser o Dr. Leonard McCoy, uns dez anos mais velho que Kirk, mas não muito velho pra poder participar das cenas de ação. No lugar de Ortegas, entrou um piloto japonês, Hikaru Sulu. E ao invés de um alemão, o engenheiro-chefe passou a ser um escocês, Montgomery Scott. A nova ordenança do Capitão teve o papel diminuído, mas continuou existindo, agora com o nome de Janice Rand. E a esposa de Roddenberry, Majel Barret, que fazia a oficial “Número Um” ganhou um novo papel, da enfermeira Christine Chappel.
Apesar de não ser mais a tripulação da Enterprise, a turma do Capitão Pyke faz parte do “cânone” de Jornada nas Estrelas. Para compensar os atrasos das filmagens dos episódios da primeira temporada, Roddenberry resolveu pegar aquele episódio piloto “A Jaula” e transformá-lo, noutro episódio “A Coleção”, afinal o material já estava todo filmado e todo mundo considerava muito bom.
Para explicar porque os personagens eram diferentes, fizeram a ligação da Enterprise de Kirk com a de Pyke: através das lembranças de Spock, conhecemos o passado da nave. O ex-capitão agora é visto aleijado e mutilado, condenado a uma cadeira gravitacional (o futuro da cadeira de rodas). A Coleção se tornou o único episódio da série clássica de Star Trek a ter duas partes, e acabou ganhando o prêmio Hugo & Nebula de ficção científica no ano de 1966, na categoria “teledramaturgia”.
A tripulação perdida de Star Trek foi até cogitada recentemente pra retomar a franquia. Entre as muitas idéias avaliadas pela Paramount para um novo filme, estava de retomar a tripulação de Christopher Pyke para reiniciar este universo: a decisão agradaria tanto os fãs antigos, porque seriam mostradas as aventuras nunca antes contadas deste pessoal, como poderia ser um ponto de partida para os novos fãs, já que não necessitaria de conhecimento cronológico, por ser um prequel da série clássica.
Houve até mesmo boatos de que Tom Hanks poderia fazer o papel de Christopher Pyke e Catherine Zeta-Jones como a oficial Número Um. No entanto, tudo não passou de boato, e JJ Abrahms foi colocado no comando do novo filme, preferindo fazer um “Ultimate Star Strek” e trazer de volta a tripulação mais popular da Enterprise, repaginada para os novos tempos.


QUEM ERAM OS TRIPULANTES ORIGINAIS DA ENTERPRISE:
CAPITÃO CHRISTOPHER PYKE (Jeffrey Hunter): O mais jovem Capitão da frota estelar, mais introspectivo e sério do que seria o Capitão Kirk.
NÚMERO UM (Majel Barret): O motivo pela qual ela não tem um nome é um dos mistérios da série. Provavelmente alienígena, embora de aparência totalmente humana, é fria e extremamente lógica, não aparenta ter emoções.
DR. PHILIP BOYCE (John Hoyt): O médico da nave também é o melhor amigo e uma espécie de figura paterna para o jovem Capitão Pyke.
TYLER (Peter Duryea): O “oficial tático” da nave, também bastante jovem.
ORDENANÇA COLT (Laurel Goodwin): Tem uma paixão reprimida pelo Capitão Pyke.
SR. SPOCK (Leonard Nimoy): Oficial de ciências da nave, meio humano/meio vulcano.
SR. SCHNEIDER (ator não creditado): Também um senhor de idade, engenheiro chefe da nave.
SR. WILSON (ator não creditado): Afro-americano, chefe de segurança da nave.
JOSÉ ORTEGAS: O personagem não aparece em “A Jaula” mas estava escalado pra aparecer no decorrer da série, caso o piloto tivesse sido aprovado.


Dicas para a diagramação: fotos dos episódios "The Cage" (A Jaula) ou "The menagerie" (A coleção), onde aparecem esses caras.
O nome dos atores eu coloquei propositadamente para que fossem procurados também.

É meu. Ninguém tasca.
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Mensagem por smackpot Ter Jun 09, 2009 10:04 am

Bunda na cadeira
Diagramação: Eu mesmo, eu acho


Todo dia eu boto a bunda nessa cadeira.
Há 25 anos eu sento exatamente aqui, olho para o lado e vejo a foto de uma praia deserta, daquelas que poderia ser o seu papel de parede no monitor. Ela está presa no mural ao meu lado. A foto está aqui há 15 anos, um amigo me deu, disse para eu olhar pra foto e me imaginar lá, “viajar sem sair do lugar”. A foto é praticamente uma adolescente debutante, uma praia virgem.
Todo dia eu digo olá para as pessoas ao meu redor, sento em frente ao meu computador, antes uma máquina de escrever, agora uma tela de LCD que me deixa cada diamais cego e mais branco. Todo dia eu prendo o meu crachá na gaveta, me queimo com café e dou risada de mim mesmo. Todos os cinco dias da semana e alguns sábados.
Não me lembro bem quando foi que parei de viver, às vezes me sinto preso a uma tirinha de jornal. Meu dia é baseado em três ou quatro quadros, primeiro tem a apresentação. Eu digo “oi”. Depois vem a piada, e por fim, a risada. Igual a tirinha do Dilbert. Deve ser isso, eu sou o Dilbert. Gatoberto é o meu chefe.
Será que essa é a vida de quem trabalha num cubículo? Essas paredes não são tão grandes, mas oprimem a minha existência. A cadeira já tomou a forma da minha bunda, não sei como as rodinhas duraram todo esse tempo.
Os rostos são familiares. Apenas quando estão aqui dentro, se os vejo fora daqui quase não os reconheço. Ver essas pessoas fora do ambiente de trabalho é como ver um animal selvagem no zoológico e depois fora dele. Alguma coisa muda na pessoa, talvez a cor, o brilho nos seus olhos, ou apenas é a roupa mais casual.
Estou preso na rotina. Sou o homem moderno da história. Eu não encontrei o meu Clube da Luta. Eu não evolui, eu apenas existo. Estou aqui por que alguém fez algo de bom no passado. Alguém mudou a história e deu um novo sentido a palavra trabalho. Alguém fez algo de bom para que eu pudesse sentar minha bunda nessa cadeira, ficar branco com o tempo, contemplar uma praia que nunca visitarei e fazer piada de mim mesmo.
Não sei quem é esse alguém. Mas eu não gosto dele.
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FARRAZINE # 12 - TEXTOS PARA REVISÃO Empty Re: FARRAZINE # 12 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Kio Sex Jun 12, 2009 10:03 pm

Entrevista Eduardo Risso
Texto: Ramón
Diag. Kio
2 páginas


Já foi dito tanta coisa boa sobre Eduardo Risso, que é muito difícil encontrar alguma coisa para escrever que ainda não foi escrita. Aí eu fico naquele impasse com esta resenha; falo sobre os quatro prêmios Eisner que ganhou, junto com Brian Azarrello, por seu trabalho em 100 balas? Será que seria demais comentar que ele nasceu em Córdoba – Argentina em 1959? Que ele trabalhou com Ricardo Barreiro, Azzarello, Carlos Trillo e etc...
Bom, creio que estou sendo redundante... a arte magnífica de Risso conquistou os fãs tanto de Marvel, como da DC, tanto de amantes de bedês ou de tirinha... De fato, as tirinhas foram uns dos seus primeiros trabalhos com desenho, ilustrando a dupla Eroticón e Satiricón para o jornal LANACIÓN de Argentina.
Quando apresentamos o desejo de entrevistá-lo para o zine, Risso respondeu quase de imediato e com muito carinho… Comentou que sentia não poder desfrutar de nossas praias no momento, e que sempre era uma alegria estar com seus amigos brasileiros. Eduardo Risso é um cara muito bacana, e ainda comentou mais coisas conosco que estão reproduzidas justo aí embaixo...

FARRAZINE - Oi Eduardo, obrigado por dedicar um pouquinho do seu tempo nesse bate-papo.. A verdade é que admiramos muito seu trabalho, e umas das coisas que gostaríamos de saber de ti é de onde vêm as referências para o seu desenho. Dá para perceber que as páginas estão repletas de sombras, o que torna a arte ainda mais atrativa aos leitores. Inclusive há um filme, chamado Desbravadores (Pathfinder - 2007) que se assemelha muito ao seu trabalho nos cómics...

Eduardo Risso - Enriquecer as estórias com bons detalhes é algo que sempre pretendo. Incomodava-me muito quando era criança e segue acontecendo ao observar erros históricos ou geográficos nos cómics desenhados por profissionais. É algo que um verdadeiro profissional não deve permitir. Hoje em dia não existem desculpas para não encontrar boas referências, exceto se resides em um país sumamente marginalizado e não te permita acesso à internet, gráfica ou fotografia.
Com as sombras é diferente. Sinto-me nu sem elas. Aprendi a usar-las por necessidade primeiro, e por prazer depois. Dão ou tiram o dramatismo de uma história dependendo de como se use.

FZ - Quais são os melhores roteiristas para você atualmente? E qual você gosta mais de todos os tempos?
Risso - Não me atreveria a dizer um em particular, desfrutei de cada aventura no seu momento. É que eu entendo os cómics como um conjunto, onde o texto se cruza com os gráficos para alimentar-se entre eles constantemente. Um bom produto final não depende só de estar bem escrito o bem desenhado, e sim a soma de ambos.

FZ - Quando surgiu seu interesse pelos quadrinhos?
Risso - Desde pequeno senti atração por eles. Não sabia ler ainda e já devorada as páginas de quadrinhos observando cada detalhe e procurando sobre o que falava a estória pela sua narração gráfica. Depois disso, veio a idéia lógica de desenhar os personagens e de adolescente a certeza que fazendo isso me sentia maravilhosamente bem.

FZ - A melhor HQ que você leu? Qual foi?
Risso - Não tenho nenhuma. Os quadrinhos para mim são como os filmes ou as novelas, sou fissurado em todos os gêneros. Como tal, ao descobrir uma nova pérola, supera minhas expectativas sobre o anterior que li, mas não tiro mérito nenhum dele por isso.

FZ - O que você acha dos prêmios Eisner dos garotos brasileiros Bá, Moon e Grampá? Qual é a impressão que você tem do trabalho deles?
Risso - Excelente! Eu desconhecia essa notícia. Eles merecem, não só porque são amigos de muito tempo, mas sim porque estão fazendo muitos trabalhos bons. Com o talento que tem, entenderam perfeitamente os códigos da profissão e estão tirando bom proveito disso. Um prêmio é algo que se mantém com mais trabalho e melhor qualidade, embora deixe uma certeza de que está indo pelo bom caminho.

FZ - Você e Brian Azzarello são os responsáveis por um dos melhores quadrinhos da atualidade (100 balas), considerado já um clássico do selo Vertigo (DC). Quando vocês se deram conta que estavam FAZENDO HISTÓRIA dentro do mercado de cómics?
Risso - Acho que no momento em que as críticas, tanto especializadas como dos leitores coincidiram em interessar-se pela HQ.

FZ - E o futuro Edu? O que gostaria de fazer? (seja dentro do mercado de cómics ou não) Quais são os seus projetos?
Risso - Tenho assinado um contrato exclusivo com a DC por três anos. Dentro desse período tenho que fazer alguns trabalhos mais nenhum muito largo. Quero descansar um pouco das séries regulares. Também quero começar um projeto com meu amigo e roteirista Carlos Trillo.

FZ - E a pergunta que não pode faltar... Pelé ou Maradona? - risos -
Risso - Ambos … a qualquer um que goste de futebol escruta vendo Messi ou Ronaldinho. O resto é folclore.

FZ - Muito obrigado Edu, e sucesso sempre!
Risso - Obrigado a vocês, um abraço!


Última edição por Kio em Seg Jun 15, 2009 7:32 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Kio Seg Jun 15, 2009 10:36 am

Texto e diagramação: Jailbird
1 página


Herói suicida
Esse artigo apresenta opiniões claramente pessoais

Edgard Scandurra, é um dos melhores guitar hero do Brasil, tocou em bandas de grande expressão
no cenário musical brasileiro (Ira! e Utraje a Rigor).
Responsável por 80% das letras que embalavam as músicas do Ira!, ele com certeza foi um dos
heróis de minha adolescência.
O que vem a seguir é um breve relato do que aconteceu comigo, numa dessas noites

“Fui até o show cultural de Edgard Scandurra, na Virada Cultural Paulista, imaginando ouvir
música de boa qualidade, algo mais rock ‘n roll.
Fiquei acordado até 2 horas da manhã, quando finalmente, Edgard subiu ao palco.
Guirarra em mãos, ele entrou atrás de uma mesa, apertou alguns botões e soltou o seu novo som,
intitulado “Benzina”. Era algo mais ou menos assim que saía das
caixas de som: PUTZ, PUTZ, PUTZ, PUTZ,
PUTZ, BOOOOM, PUTZ, PUTZ, PUTZ,
BIZZZ, BIZZ, TEC, PUTZ, PUTZ...”

Edgard, depois de ser uma referência punk, está tentando se
tornar um ícone da música eletrônica.
Particularmente, não gostei, mas, assim como
nos seus primeiros anos como músico,
ainda quando era punk, ele já enfrentava
preconceito de velhos cabeças de
dinossauro como eu.
O que era horrível e de péssimo
gosto antigamente, hoje é
algo que muitos amam...

Para mim, um herói suicida,
para outros, um herói nascendo...

Não esperem uma música punk
nesse novo projeto, mas com
certeza, uma atitude punk
desse velho lobo...
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FARRAZINE # 12 - TEXTOS PARA REVISÃO Empty Coisas da Redação 3 - para revisar

Mensagem por Rodrigo! Ter Jun 16, 2009 8:51 am

Coisas da Redação 3
Apresentando: JLuismith

“Ok, então...Eu era bem pequeno, não me lembro exatamente a idade...Devia ter uns 6/7 anos. Eu já era um leitor voraz de qualquer coisa que me caísse nas mãos, ainda que não fosse lá aqueeeela leitura. E aí um dia teve uma gincana na escola, com uns palhaços. Eu, claro, morria de medo de palhaços porque tinha visto "It" com meu pai ainda nos meus tempos de feto, desconfio. Então eu fiquei num canto, quietinho...

O palhaço ia dando prêmios nas gincanas e tal, várias crianças brincando, até que minha mãe me obrigou a participar...e lá fui eu brincar de morto-vivo com mais uma penca de crianças. As crianças foram saindo e eu fui ficando, ficando, ficando, até que ganhei. E ok, lá vem o palhaço com o prêmio, uma revista do Batman. E na época, do Batman eu só conhecia a série camp.

E bem...o resto é apenas adivinhar como uma história sobre insanidade, a Batgirl sendo aleijada e coisas do tipo influenciaram positivamente a minha mentalidade em desenvolvimento

Acho que isso explica a minha visão dos quadrinhos. Todo mundo começa com a Mônica, eu comecei com Alan Moore...

(Nada contra a Mônica, claro, óbvio e evidente)”

Texto publicado original e despretenciosamente no Fórum dos Apagatti.
Ilustração de Mainardi e cores de Wilton Pacheco.

Porquê o Hardy? Bem... O diagramador queria uma foto do J., mas não achou.
Buscou algo que tivesse haver com o texto e com o J... Embarassed
Rodrigo!
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Mensagem por Kio Dom Jun 21, 2009 1:42 pm

Texto: Nano Falcão
1 página


POR ONDE ANDA?
ANN NOCENTI

A primeira vez que ouvi falar de Ann Nocenti, ela era um personagem de uma história em quadrinhos. No número 44 da revista do Incrível Hulk, da editora Abril (Incredible Hulk 291, nos EUA), ela dá conselhos para um perturbado Bruce Banner, quando este visita os escritórios da Marvel, em Nova York.
Pois não demorou muito para eu descobrir que Ann Nocenti era real! Seu nome começou a aparecer como escritora de vários personagens da Marvel na segunda metade da década de 80. Seu trabalho mais famoso sem dúvida é na série do Demolidor, onde sucedeu Frank Miller depois do bombástico arco “A Queda de Murdock”, numa longa parceria com o artista John Romita Jr. Ann ficou cinco anos na revista, e introduziu diversos personagens como MaryTiphoid e Coração Negro, no elenco do personagem.
Ela também é bastante lembrada por sua genuína criação, o personagem Longshot, que mais tarde viria a fazer parte do universo dos X-Men, junto com os vilões Mojo e Espiral, também da sua autoria.
Outros personagens que escreveu incluem a Mulher-Aranha, Homem-Aranha, Colossus, Motoqueiro Fantasma, Wolverine e Doutor Estranho.
Após 16 edições de Kid Eternidade para o selo Vertigo da DC Comics, Nocenti aparentemente sumiu do mapa, durante a “crise dos quadrinhos” em meado dos anos 90. O que aconteceu?
Pois a mulher se meteu com jornalismo – pelo que é formada, aliás – e trabalhou em revistas de esquerda como a High Times e Prison Life Magazine, e o jornal The Nation. No início dos anos 2000, ela migrou pra TV, onde escreveu e editou várias reportagens e documentários, até que, fatalmente, agora está começando a se meter com cinema.
Nocenti co-dirigiu o curta-metragem “The Baluch”, além de produzir outro, chamado “Creep”. No meio disso tudo também escreveu uma peça para o teatro: STITCHING, com John Ventimiglia no papel principal.
O mais novo projeto dessa ex-escritora de quadrinhos é o roteiro do filme “Patriot Ville”, sem data de estréia marcada nos Estados Unidos, mas que deve sair este ano. Se trata de uma comédia estrelada pelo autor Justin Long, onde há uma alguma crítica social, como em tudo que Ann escreve. O filme trata da luta do curador de um museu contra a instalação de um cassino indígena no sítio histórico onde aconteceu uma histórica batalha.
Além disso tudo ela se dedica a trabalho voluntário nas horas vagas, como dar aulas de cinema no Haiti. Será que sobra algum tempo pra ela voltar pros quadrinhos? Bom, com a recente republicação em capa dura da saga de Longshot, quem sabe a Marvel não a convida para um revival? Fica a torcida.
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Mensagem por Ricardo Andrade Dom Jun 21, 2009 10:30 pm

Mandei o texto direto pro Snuck, por e-mail, ontem... este aqui é pra vocês verem a primeira parte de "O Baú do Batman", e para alguém revisar...

O Baú do Batman

Sim, porque, no começo, era um baú.
Mas adianto-me.

Eu sou suspeito.
Eu sou fã do Batman há muito tempo. Muito tempo mesmo. Eu lia revistas do Batman editadas pela EBAL. Compradas em bancas. Pelo meu pai, porque eu era criança. Eu sempre gostei do Batman.
E com boas razões, acho. Trata-se de um dos mais antigos super-heróis, só superado pelo Superman (1938) e, com este, um dos personagens de quadrinhos há mais tempo publicado continuamente. Na verdade, um dos personagens, ponto, que há mais tempo é veiculado continuamente. Um ícone cultural, tão reproduzido em filmes, desenhos, séries, livros, programas de rádio, que mesmo quem nem lê as revistas entende uma referência ao Batman. Mais pessoas na História têm acompanhado as aventuras do Batman do que as que jamais ouviram falar de Shakespeare. O maior detetive ficcional do mundo depois de Sherlock Holmes. Talvez depois de Sherlock Holmes.
Além disso, o Batman é um dos figurões do Universo DC, junto com Superman e Mulher-Maravilha. Mas nós sabemos quem é o Número Um.
Existem muitas razões para se gostar do Batman. Mas a melhor razão de todas, para mim, é: eu gosto do Batman. Mesmo. Acho que já deu para notar.
Quando percebemos que o Batman fazia 70 anos este ano, eu quis escrever a matéria sobre isso. Eu positivamente sonhava com isso.
Aí, vi que tudo o que eu poderia dizer já tinha sido dito mil vezes antes, e melhor. O que eu diria?
Então, tropecei num livro velho que eu comprara anos antes: a inacreditável The Encyclopedia of Comic Book Heroes, (Volume I – Batman). É sério. O autor, Michael L. Fleisher, costumava trabalhar para a Encyclopedia Britannica, e aplicou os mesmos métodos ao Batman e sua história até 1969 (o livro foi publicado em 1976, ou seja, tudo muito pré-Crise). São quase 400 páginas, em tamanho Veja, com inúmeras ilustrações. E ele escreveu mais sete volumes, só com personagens da DC Comics, que eu infelizmente não tenho. Mas aceito doações.
Esta matéria, eu confesso sem a mínima vergonha, e com muita honra, deve muito a esse livro, e à admirável Sra. Gerda Gattel que, à época, era oficialmente revisora da National Periodical Publications, Inc., que publica a DC Comics; mas, extra-oficialmente, era bibliotecária da única biblioteca do mundo que preserva TODAS as revistas com histórias do Batman, e TODAS as revistas com histórias de TODOS os personagens da DC. Fato incrível se lembrarmos que, além dos quadrinhos serem tradicionalmente vistos como lixo sem importância (eram destruídos pelos próprios editores para poupar o custo do armazenamento), quando não abertamente nocivos, eles foram tratados como lixo reciclável durante a Segunda Guerra Mundial. Consta que a própria existência da biblioteca deve-se, em parte, à visão avançada da direção da empresa, mas principalmente à obstinação da Sra. Gattel, brigando constantemente por sala, prateleiras, área de armazenamento e tempo tirado de sua função oficial para a manutenção da tal biblioteca. Onde o Sr. Fleisher fez a maior parte de sua pesquisa. Onde eu pagaria para trabalhar. Um viva à adorável Sra. Gattel.
Agora, queridos leitores, vamos abrir o Baú do Batman.
No princípio...
Tudo começou em maio de 1939, em Detective Comics 27 (“The Case of the Chemical Syndicate”). Bat-Man (como se chamava na época) combateu o terrível ALFRED STRYKER! Quem? Um executivo da Apex Chemical Company, que matou dois de seus três sócios para ser o único dono da empresa, sem ter que lhes pagar nada. Ou seja, praticamente o Inimigo Público Nº 1. Ia matando o terceiro sócio, quando o Bat-Man apareceu. Stryker não deve ter entendido nada. Tantos crimes acontecendo em Gotham City, e aquele maluco vestido de morcego resolveu cuidar dele?! Stryker acabou caindo de cabeça em um tanque de ácido convenientemente posicionado.
Stryker não deve ter entendido nada, eu disse? Nem nós. A primeira aventura do Batman não dava a menor explicação sobre quem era o cara. Somente em novembro de 1939 (Detective Comics 33), foi revelada a origem do Homem-Morcego. Àquela altura, Batman já tinha feito poucas e boas. Inclusive mudar o nome para Bat Man (em julho de 1939, Detective Comics 29), e depois para Batman. Que deve ter agradado mais, pois ficou assim até hoje.
Gotham City, eu disse? Pois, no começo, não era Gotham City. O Batman era o defensor de New York City, explicitamente nomeada! E foi assim até o início de 1940, quando o nome de Gotham (por acaso, uma alcunha de New York...) foi apresentado.
Poucas e boas, eu disse? De fato.
Em seu primeiro ano, o personagem era sinistro, impiedoso e violento como os pulps que o inspiraram. Ameaças, espancamentos e tortura faziam parte do seu repertório quotidiano. Respeito aos direitos de criminosos e suspeitos? Não me faça rir.
Ou seja, no início, Batman era mais ou menos como o Batman que conhecemos hoje...
Exceto pelo fato de que o Batman que conhecemos hoje absolutamente não mata.
Batman: assassino?
Meus amigos, parece não haver dúvida de que sim. O caso é grave.
Há o comentado caso do Monge e sua companheira Dala, vilões perigosos do início da carreira de nosso herói. Batman os matou enquanto dormiam! Mas eles não contam: eram vampiros! Batman usou balas de prata que ele mesmo fez, derretendo uma estatueta (Detective Comics 32, outubro de 1939).
Porém, já na primeira aventura, Batman despreocupadamente jogou um bandido do teto de uma casa de dois andares. Quem sabe, só machucou a perna? Não contente com isso, na edição seguinte (Detective Comics 28, junho de 1939), Batman jogou outro bandido do alto de um prédio! Não deve ter sido só a perna, dessa vez. Esse Batman...
Querem mais? Em julho de 1939, (Detective Comics 29, “The Batman Meets Dr. Death!”), Batman estrangulou Jabah, o assistente indiano do Dr. Morte, com seu laço. Aí, Batman perdeu mesmo a vergonha e, no mês seguinte (Detective Comics 30), deixou-se cair com o pé sobre o pescoço de Mikhail, outro assistente do Dr. Morte, quebrando-lhe o pescoço. O Dr. Morte deve ter começado a desconfiar que o Batman não ia com a cara de seus assistentes. Ou da sua, o que já se tinha evidenciado em Detective Comics 29, quando Batman fugira do laboratório em chamas do bom doutor, deixando-o para virar churrasco, em meio a gargalhadas enlouquecidas. Desta vez, Batman acabou não matando ninguém: Dr. Morte voltou no mês seguinte, com o rosto desfigurado pelas chamas, marrom, sem nariz e sem lábios. Como Vincent Price, em “O Abominável Dr. Phibes”.
E a vez, na primavera de 1940, (Batman 1/3), em que Batman socou o Prof. Hugo Strange através de uma janela aberta para um desfiladeiro (muito práticas as janelas que se abrem direto para desfiladeiros), e o fez cair nas águas escuras, lá embaixo? OK, nunca ninguém morre nos quadrinhos só por cair de um desfiladeiro em águas escuras, e Strange não foi exceção. Não que Batman parecesse muito preocupado com o bem-estar do vilão. Mas, depois disso, Batman entrou em seu batplano e atacou, com uma metralhadora refrigerada a água (!), os dois caminhões dirigidos pelos capangas de Strange, e que carregavam “homens-monstro” criados pelo cientista. Originalmente, estes “homens-monstro” eram doentes mentais sequestrados e usados como cobaias por Strange. Não sobrou um só capanga vivo e, dos “homens-monstro” que sobraram, Batman pendurou um pelo pescoço de seu batplano até que o serviço estivesse feito, e usou gás contra o outro, que estava no alto de um arranha-céu e acabou caindo, no melhor estilo King Kong.
Em maio de 1940 (Detective Comics 39), Batman derrubou um gigantesco ídolo verde em cima de muitos membros da Sociedade Secreta Green Dragon, que devem ter virado panqueca.
No verão de 1940 (Batman 2/2), Batman descuidadamente socou – como fez com Hugo Strange – o vilão Wolf (que era, na verdade, Adam Lamb, num caso clássico de dupla personalidade, se eu já vi um. Wolf é lobo, Lamb é cordeiro. Entenderam? Entenderam?? Enfim). O vilão caiu da mesma escada de onde caíra antes, quando sofrera apenas uma pancada na cabeça e a tal dupla personalidade. Só que, agora, Lamb quebrou o pescoço e morreu. Batman não aprende. Mas ele ficou bem chateado, pois comentou que, “pela primeira vez”, lamentava a morte de um criminoso, porque aquele podia se curar...
Só que aí, no inverno de 1941 (Batman 4/2, “Blackbeard Crew and the Yacht Society!”), para a surpresa de todos que acompanhavam a sanha assassina de Batman, ele alerta Robin para que tome cuidado com sua espada (eles estavam lutando contra um moderno pirata Barba Negra), pois eles “nunca matam, com armas de qualquer tipo”... Pois sim! Perguntem a Jabah, Mikhail, Adam Lamb... Na mesma revista, em outra história, Batman pega uma arma que um bandido deixara cair ao chão para acertar com ela o braço de outro, fazendo-o deixar a arma cair. “Só queria desarmá-lo”, comenta Batman (provavelmente para tranquilizar os outros vilões, compreensivelmente apavorados, se sabiam a respeito de Jabah, Mikhail, Adam Lamb...). Só para garantir que todo mundo entendesse o recado, o recordatório diz: “O Batman nunca leva uma arma, ou mata com uma!” Ah, tá.
Como se sabe, Batman rapidamente transformou-se, até chegar ao que é descrito nas histórias como uma aversão moral a matar e ao uso de armas. Na verdade, não há registros de Batman usando armas novamente até os anos 60; e, mesmo assim, rapidamente.
Essa, amigo leitor, foi apenas a primeira parte. Tem muito mais para remexermos no Baú do Batman.
O pior ainda está por vir. Não perca... nessa mesma bat-hora... nesse mesmo bat-canal!
Ricardo Andrade
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Mensagem por Kio Seg Jun 22, 2009 8:30 am

Texto: Agente
Diag.: Rodrigo
Arte: Diangello
1 página


Um homem tem a sua vida mudada por uma fama já tradicional em sua cidade, mas ele não botava fé. Mas desta vez a famosa violência do Rio de Janeiro aparece nua e crua pro carioca. E a sua única irmã se torna fatalmente uma vitima, assim o fazendo acreditar, até então, numa fama que era injusta de sua amada cidade.

Agora com a dor da injustiça e a raiva fundida com a culpa, tomam o lugar do futebol e do samba. Ele mira sua própria justiça a onde acha ser preciso e é a própria Cidade Maravilhosa o seu alvo. Agora o detetive particular Carlos Guerra com suas habilidades marciais e seu senso investigativo, vaga pelas ruas da cidade com a sua nova vida intitulada: Justiça 40º.

Será que um só homem é capaz de por ordem numa enorme cidade, como o Rio de Janeiro? Confira em Justiça 40º.

Em Breve uma nova aventura com ginga, suor e ação no melhor estilo carioca de ser, na arte sequencial.

“O Rio tem muitas festas, muito calor e muita beleza. Mas nada de Justiça!” (Carlos Guerra)

Aguardem!!!
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Mensagem por Kio Seg Jun 22, 2009 3:40 pm

Texto: Filipe
2 páginas


Os Gênios do Papel e do Celulóide


Por FiliPêra, do Nerds Somos Nozes

Nenhuma arte pode existir sem grandes artistas. Cinema e quadrinhos não são exceção. Temos grandes diretores transformando luzes, películas e atores encenando, em obras de arte do mais alto nível. Nos quadrinhos, alguns entregam roteiros que, após serem devidamente desenhados e coloridos, deixam gente grande aguando e com lágrimas nos olhos.

Então, num exercício de imaginação digno das melhores viagens de cogumelos, vou selecionar alguns dos melhores e mais importantes roteiristas de quadrinhos e achar seus equivalentes no mundo das películas e da indústria bilionária de Hollywood. Eu ia aqui ficar listando os critérios que usei para chegar aos nomes abaixo, mas creio que para cinéfilos e devoradores de HQs vai ser desnecessário. Simplesmente aproveite a viagem sem regras que é melhor...


Alan Moore = Stanley Kubrick

Se Alan Moore fosse cineasta, ele seria exatamente um Stanley Kubrick da vida. A recíproca também é verdadeira. Os dois são ingleses completamente reclusos, às vezes sem dar as caras por muito tempo (Kubrick viveu num castelo passando até 12 anos sem fazer um filme, enquanto Moore tem raízes profundas em Northampton). Mas quando dão as caras (só Moore dá as caras, já que Kubrick morreu) lançam obras que muitas vezes mudavam nosso modo de encarar a arte, ou mesmo a vida. Também têm em comum o fato de não terem nenhuma pressa para lançarem nada, fazendo isso somente quando tinham (ou tem) a certeza de estarem com uma obra perfeita em mãos.

Esses dois ingleses pirados e amantes da arte são do tipo que pesquisam até o tamanho da avenida retratada em suas obra somente para não terem erros nas suas obras. São artistas de referências, que vão buscar o que há de melhor disponível para poderem basear ou inspirar suas obras. Os dois também, apesar daquela postura séria, de mestre de RPG level 20. Além disso são subversivos, tendo entre suas melhores obras Laranja Mecânica (o melhor de Kubrick) e V de Vingança (clássico anarquista e anti-thatcherista de Moore).

Ficou curioso para saber quem ganharia num embate entre os dois? Na minha modesta opinião nerd... Moore! Só de ter um padawan no nível de Neil Gaiman já explica tudo.


Grant Morrison = David Lynch + David Fincher

O escocês Grant Morrison se destaca pelo seu estilo, dito, hermético, com tramas aparentemente incompreensíveis, mas com um sentido absurdo no final. Mas é também possuidor de um texto ágil, com uma excelente narrativa, principalmente quando se alia ao desenhista Frank Quitely. Creio que já deu pra perceber que esse é o principal ponto em comum com o cineasta amado e odiado, David Lynch. O diretor topetudo também tem a capacidade de criar personagens marcantes e influentes. Mas, muitos o detratam dizendo ser ele possuidor de um modo de fazer cinema feito para poucos, com roteiros complicados e sem sentido – como se todo o mundo fosse obrigado a fazer obras Michael Bay... Porém, igualmente a Morrison, consegue fazer com que os quebra-cabeças fiquem devidamente montados ao final. Nem que haja dúzias de formas de monta-lo, como no seu filme de estréia, Eraserhead.

Mas Morrison consegue fazer quadrinhos melhor que os filmes de Lynch. E seu segredo é a narrativa, nunca enfadonha, como às vezes David faz questão que sejam seus filmes. É aí que surge outro mestre para balancear a equação: David Fincher. Ele possui uma narrativa de primeira e consegue extrair o melhor de seus atores, assim como Morrison extrai o melhor dos personagens que trabalha (leia Homem-Animal e Grandes Astros Superman... o único problema do careca é que ele deixa os personagens que trabalha como carros que disputam rachas: completamente desgastados. O próximo roteirista fica na mão...). Outro ponto em comum entre eles é fazerem obras desafiadoras, com conteúdo mindfucker (Os Invisíveis, de Morrison e Clube da Luta, de Fincher; por exemplo), e não patetices somente para arrancar dinheiro dos pobres leitores de comics.


Stan Lee = Steven Spielberg


Os dois são gênios absolutos e mudaram completamente a arte em que são mestres. Começaram numa época pioneira e transformadora, e tornaram personagens bobos em grandes sucessos (ET, de Spielberg, e Quarteto Fantástico, de Lee). Criaram e moldaram grandes obras que perduram até hoje no imaginário popular (Indiana Jones, Homem-Aranha). São tidos como infantis, Peter Pans que esqueceram de crescer, que recheiam sua arte de uma inocência que não existe mais.

Alguns dizem que atualmente eles já fazem parte do passado (principalmente Stan Lee), mas é inegável a inestimável contribuição deles para a arte. São pilares que seguraram décadas nas costas. Ponto!


Jack Kirby = George Lucas

Esses dois aqui de baixo fizeram dupla e ajudaram a criar as obras revolucionarias dos dois aí de cima, mas nem por isso deixaram de fazer suas próprias criações. Têm em comum também a preferência pelo fantástico, com ênfase em ficções científicas, como as principais (primeiras e melhores) aventuras do Quarteto Fantástico, por Kirby e Star Wars, de George Lucas. Mas, infelizmente, não recebem o crédito que deveriam...


Neil Gaiman = Peter Jackson

Um transformou um personagem fraco em uma das cinco melhores obras, não só dos Quadrinhos, como de todas as artes. O outro adaptou para o cinema com absoluta maestria um dos maiores ícones da literatura universal. É claro que eles são muito mais do que isso, porém jamais vão superar o poder dessas obras que são maiores até mesmo que eles. Somente duas palavras para complementar: Sandman e O Senhor dos Anéis!


Kazuo Koike + Osamu Tesuka = Akira Kurosawa

Sim, somente Akira Kurosawa para juntar dois gênios dos mangás para representa-lo. De Kazuo Koike (Lobo Solitário) ele tem a habilidade narrativa que chega a perfeição, com ângulos originais, quadros por vezes lentos, desolados, e sem desperdício de imagens; além de gostarem de contar histórias de samurais honrados e nobres. Mas só isso não resume Akira. De Osamu Tesuka ele tem o fato de criar mundos fantásticos, por vezes belos, por vezes sujos, mas todos feitos com brilhantismo e maestria. Mas, sempre, o resultado é crível, mesmo com sua própria mitologia.
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FARRAZINE # 12 - TEXTOS PARA REVISÃO Empty Re: FARRAZINE # 12 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Kio Qua Jun 24, 2009 3:41 pm

Texto e diag.: Vino
2 páginas


Star Warghs

Acho que foi o próprio Stephen Hawkins quem disse que a ausência de turistas do futuro é um excelente argumento contra a hipótese da viagem no tempo. Na realidade, esse argumento, de acordo com a minha experiência, tem dois problemas básicos: primeiro, não devíamos olhar para o futuro, mas sim para o passado. Segundo, não são os turistas que vêm pra cá, mas nós é que somos puxados pra lá. Isso impede que nós alteremos o passado e... não, não pode ser isso. Principalmente porque não tinha nada a ver com a Terra. Somos puxados para uma galáxia distante.
Inútil especular: só posso falar do que eu sei.
Eu estava reassentando a disposição de produtos secundários do escamamento normal da pele humana no mobiliário de fundamento bibliográfico da casa (espanando o pó da estante) quando algo diferente aconteceu. Foi como se o mundo se tornasse um reflexo naqueles espelhos malucos dos parques de diversão. Ou o espaço se distorceu. Uma dessas duas. Então um gato preto passou duas vezes no corredor. Déja-vu. Muito Matrix. Aí ele passou de ré. Hilário. Hilário, eu digo. Então flashes de cores diferentes, como se Deus estivesse vomitando um arco-íris em cima de mim, e de repente eu estava em outro lugar. Outro espaço, outro tempo. E isso não acontece sempre que eu espano o pó da estante, então pensei: “Puxa, isso é diferente”.
Diante de mim estava uma figura sinistra, toda de preto, com uma espécie de elmo. Duas figuras brancas estavam do seu lado, vestindo o que parecia ser armaduras plásticas e segurando armas. “Meu Deus”, pensei de imediato, “fui sugado pra dentro de um tabuleiro cósmico de xadrez”. Felizmente, não era o caso. Eu parecia estar em uma máquina, amarrado com vários fios que levavam a outras máquinas. Coisa complexa. Muito masi elaborada que o meu vídeo-cassete. A figura de preto – parecia parte do elenco de Priscila, a Rainha do Deserto durante o espetáculo, mas fora isso era legal – falou com uma voz fria e artificial, como pregos arranhando um quadro negro:
- Follow me. Hrrrhff. Phrrhuff. (Falava inglês. A respiração dele fazia barulho.)
Eu não sou uma sumidade em inglês, mas eu me viro. Vou traduzir o resto da coisa, só queria dar um clima. No entanto, não vou omitir os sons da respiração do cara de preto. Eram legais. Hrrrhff. Phrrhuff. Hrrrhff. Phrrhuff.
Caminhamos por um longo corredor de metal enquanto uma musiquinha maneira ia tocando, tons graves, cheios de sopros de metal. Tã, tã, tã. Tã rarã, ta, rarã... cheguei a me sentir mais alto. Os dois caras nas armaduras brancas iam atrás de mim, cortando minha retirada. O cara com o capacete preto de bombeiro ia na frente. Não sei se eram mesmo caras ou algum tipo de robô; a verdade é que eu podia ouvir zumbidos metálicos vindo de todos eles, mas o cara de preto parecia ser o único que respirava. Hrrrhff. Phrrhuff. Hrrrhff. Phrrhuff.
Finalmente, chegamos ao fim do corredor. Uma porta se abriu quando nos aproximamos, e os dois caras de armadura ficaram do lado de fora. Acho que aquele era um espaço reservado para o pessoal de preto, porque havia um trono lá, no meio de uma sala de paredes espelhadas, e uma figura com um capuz preto e problemas de pele ergueu uma mão esquelética e ordenou:
- Aproxime-se.
Parecia uma velha cacunda. Bom, não tinha muito mais que eu pudesse fazer. Me aproximei da velhota. Ela me encarou por um momento, como se sentisse a minha presença. Eu fiz a mesma coisa. Impressionante como ela se parecia com o Bento XVI. Então ela pareceu ficar satitisfeita com o exame:
- Bom. O lado negro é forte em você.
- Provavelmente – respondi. Vermelho e amarelo também. E todas as outras cores. Sou brasileiro, cê sabe. Essa mistura é o nosso charme.
- Eu estava me referindo ao lado negro da Força.
- Olha aqui, dona, não me envolvo com futebol, com política e nem com religião.
Demorou pra eu entender. O pouco que pude, passo pra vocês: parece que eles tinham uma guerra por ali (política), e o time da viúva idosa (se chamava Darth Sidious... nome horrendo, mas combinava com a aparência dela) estava procurando campeões que pudessem usar a Força, um tipo de poder sobrenatural (religião). Em suma, tudo aquilo com o que eu não queria me envolver. O caso é que não havia muita gente que pudesse usar essa Força, então estavam procurando pessoas através do espaço e do tempo. Eu tinha sido localizado por acidente, uma vez que a Terra era tida como um planeta tão primitivo que jamais sequer se havia cogitado um contato imediato. Mas eles haviam reconhecido em mim um talento inato pra esse tipo de coisa, um que valia a pena trazer e treinar.
- Mas antes – disse a velhota – você tem de passar por um teste final. Anakin.
- Sim, mestre.
E o Bombeiro das Trevas ligou uma lâmpada fluorescente vermelha e veio em minha direção. Respirando. Hrrrhff. Phrrhuff.

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Mensagem por Kio Qua Jun 24, 2009 3:42 pm

Texto e diag.: Vino
1 página


Quimera
Ronaldo era seguido, onde quer que fosse, por uma quimera especial. A quimera espreitava cada movimento seu, esperando a chance de, distraída a presa, insinuar-se em seu imaginário. Era paciente e metódica: rondava Ronaldo sem mostrar-se à luz, se escondendo atrás de anúncios ou propagandas, sob devaneios coloridos e lembranças associativas, confiando na distração do homem para postar-se cada vez mais próxima, aflorando à superfície quando ele menos esperasse. O nome da quimera era Um Dia Quando Tiver Muito, Muito Dinheiro.
Ronaldo pararia o que quer que estivesse fazendo para mergulhar em seu mundo de fantasia e passar dez ou doze idílicos minutos pensando no que faria quando, afinal, tivesse muito, muito dinheiro. A base era a mesma; a fantasia variava de acordo com seu humor. Às vezes dirigia-se a um retiro calmo e descansado em uma praia deserta, às vezes assentava em centros urbanos onde houvesse o que fazer: teatro, danceterias, rodas de bar e conversas chistosas. E sexo. Sexo em todas as suas formas e possibilidades, respeitando-se, obviamente, as preferências particulares. Lábios lúbricos, libidinosamente lascivos. Tecidos raros e de cores vivas cobrindo corpos nus, emprestando plasticidade às formas cobertas. E os seios. E as vaginas. Ânus piscantes e fugidios, encobertos por nádegas redondas e de impecável qualidade estética. Corpos como só a imaginação pode oferecer, especialmente a alguém com uma fachada como a de Ronaldo: magra, barba de pêlos duros espetando a face, buscando abrir caminho através da pele marcada e rugosa para florescer à luz.
De outras vezes era a construção de um ideal: uma sociedade perfeita, como calha de acontecer com as sociedades imaginárias, feitas ao gosto do cliente e dispondo, como é sabido, de Muito, Muito Dinheiro. Freqüentemente era uma ilha paradisíaca habitada apenas por pessoas do gosto de Ronaldo. Noutras vezes o demente se punha a imaginar critérios para admissão em sua sociedade, de forma a permitir apenas a entrada das pessoas certas. Talvez em uma ou outra dessas fantasias tivesse acertado em cheio e erigido a sociedade perfeita, mas isso é coisa que jamais saberemos. O caso é que, por mais que a cabeça comporte mundos e a vida seja sempre aquém do que desejamos, o preço do feijão tem a triste mania de se meter entre nós e nosso ideal, e o mundo real, sólido e caro de uso impunha-se a Ronaldo passados alguns minutos de devaneio.
Então, resignado (a vida é uma puta), tornava a seus afazeres ou cotidiano, com a mente refrescada pelas delícias vividas, mesmo que internamente. Voltava, uma vez mais, a passar o esfregão pela galeria do cinema, a seu modo outra fábrica de sonhos. Há jeitos e jeitos de enlouquecer.


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Mensagem por Ricardo Andrade Qua Jun 24, 2009 10:26 pm

Aqui, o Editorial, para revisão...

A Luta continua, Companheiros!

Mas nós ficamos por aqui.

Temos muito que fazer. Quando a Luta acabar, vocês mandam nos chamar. A gente vai. É sério.

O País chegou ao Futuro, diz o Ministro. Nós também. Não faz muito tempo, estávamos no Passado, lá na Primeira Edição. Aí, fomos indo, fomos indo e, olha só! Chegamos ao Futuro. Ou, pelo menos, era como chamávamos isso em que estamos agora, quando ainda não estávamos nisso. Agora que estamos, chamamos isso de Presente.

Foi uma Surpresa. Aliás, como devem ser todos os bons Presentes. Nós abrimos o nosso Presente. Somos gratos por ele. Estamos usando, viu?

O Futuro?

O Futuro nos importa tanto quanto aos que, 70 anos atrás, criaram aquele outro, que faz 70 anos este ano. O Futuro, já então, era Agora. Mas eles não sabiam. Eles estavam muito ocupados com o Presente – esta forma curiosa de Presente, de que compartilhamos: o Agora que já é a Próxima Edição. O Futuro, pois.

Nós não admitimos, mas nós estamos sonhando com daqui a 70 anos, também. Mas estamos ocupados demais construindo o nosso Sonho para meramente sonhá-lo.

O Futuro, Queridos Leitores, é Agora.

Mas já começa na Próxima Edição.
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Mensagem por Ricardo Andrade Qua Jun 24, 2009 10:27 pm

A propósito, eu peguei uns textos para revisar...
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Mensagem por Kio Qui Jun 25, 2009 8:13 am

Texto: Ricardo
2 páginas


Entrevista Maurício de Sousa

Foi por inveja. Confesso. Meus colegas tinham entrevistado grandes nomes internacionais dos quadrinhos, e eu só tinha conseguido entrevistar personagens de quadrinhos. Achei que devia mudar o foco.

Foi mais ou menos nessa época que a “Turma da Mônica Jovem” surgiu. Eu comprei, meus filhos adoraram; após um primeiro estranhamento, adorei também. Aí, a ideia: por que não tentar entrevistar o Mauricio de Sousa?

Fiz os contatos necessários. Para minha agradável surpresa, meus e-mails foram não só respondidos, como o foram com extrema gentileza, boa vontade, generosidade e presteza, esta maravilhosa qualidade para os ansiosos. Que eu mandasse as perguntas, disseram-me, e elas seriam passadas ao Mauricio.

Fiz. Ansiosamente, esperei.

Isso foi há uns meses. Mauricio de Sousa é um cara ocupado. Viaja muito. Além disso, está envolvido em projetos interessantíssimos (não o menor deles a celebração dos seus 50 anos de carreira, com o lançamento de uma revista especial, com 50 grandes artistas nacionais mostrando suas visões dos personagens da Turma – um furo de reportagem, cortesia do pessoal da Comic House). Por que esperar que Mauricio de Sousa fosse responder a minha entrevista?

Valeu a pena esperar. Há umas semanas, recebi um e-mail da assessoria de imprensa dele, com as respostas às minhas perguntas, que Mauricio respondeu digitando em seu celular, em pleno feriadão... Ele é o cara.

FARRAZINE – Mauricio, antes de mais nada, o FARRAZINE agradece a sua gentileza em nos conceder essa entrevista! Vamos começar com a pergunta que todo mundo sempre faz: você tinha alguma noção de que seu trabalho se tornaria praticamente a única experiência bem-sucedida e duradoura em quadrinhos no Brasil, além de um fenômeno cultural que atravessaria gerações, por mais de 40 anos?...

MAURICIO – Meu desejo era planejar bem o lançamento das historietas, montar uma equipe, e ir galgando as etapas naturais dessa atividade: história em quadrinhos para jornais, revistas, depois desenhos animados, licenciamento, filmes para cinema, parques temáticos... Só não planejei a Internet. Não sou adivinho!...
Quanto ao sucesso... ninguém planeja sucesso. Planeja-se fazer um serviço bem feito. Que, se se mantiver, vira sucesso.

FARRAZINE – Hoje, você tem uma grande equipe trabalhando com você. Como era no começo? Você escrevia, desenhava, arte-finalizava e quadrinizava tudo sozinho? A gente precisava de um cara que nem você, aqui no FARRAZINE...

MAURICIO – No começo, eu fazia tudo sozinho. Inclusive, saía para vender. Daí, decidi optar por um trabalho de equipe, não um trabalho de autor. Era a forma de enfrentar a concorrência internacional, que dominava tudo.

FARRAZINE – Uma de nossas entrevistadas recentes, Jussara Nunes (que escreve, desenha e publica uma webcomic, "Turn to Fall", há vários anos, disponível no site http://hqexperimental.blogspot.com/), nos contou que seu sonho era "trabalhar com o Mauricio de Sousa". Qual o caminho que um artista ou escritor deve seguir para realizar esse sonho?

MAURICIO – Se desejar trabalhar conosco, terá que conhecer nosso estilo, desenho, tipo de roteiro (se quiser escrever), animação em computação gráfica...
Se quiser se dedicar à produção de historietas, tem que estudar os bons autores, copiar seus desenhos, observar bem o estilo – e ler. Ler muito. Instruir-se.

FARRAZINE – Os artistas e escritores que trabalham na sua equipe lidam com um universo e personagens pré-definidos. Quanta liberdade de criação eles têm? Há espaço para um trabalho mais autoral? Algum membro de sua equipe desenvolve trabalhos paralelos na área?

MAURICIO – Nossos artistas até podem desenvolver trabalhos fora do nosso estúdio. Mas eu prefiro que eles se dediquem à Turma da Mônica. É onde encontram boas condições para crescer.

FARRAZINE – Como você vê o fato recente de fãs poderem baixar da internet as manifestações artísticas de que gostam, inclusive HQs?

MAURICIO – Por trás dessa ação, às vezes carinhosa ou curiosa, há o perigo da pirataria, da dilapidação do direito autoral. Não vejo com bons olhos.

FARRAZINE – Falando sobre a Turma da Mônica Jovem, como surgiu a idéia de deixar os personagens "crescerem" (o que era um sonho de muitos leitores...)?

MAURICIO – Era um sonho meu, também! E daí, resolvi que iria fazê-los crescer, acrescentando o toque mangá, já que o público-alvo está consumindo este tipo de material.

FARRAZINE – Por que a opção pelo mangá? Aliás, levando-se em conta que a Turma da Mônica sempre teve olhos grandes, expressivos, e traços simplificados, características deste estilo, desde muito antes que se falasse em mangá no Brasil, você não acha que foi você quem influenciou os atuais aspirantes a mangakás?

MAURICIO – Não tenho essa pretensão... embora nosso material tenha sempre sido primo-irmão do mangá japonês.

FARRAZINE – Momento da crítica: entendemos a idéia de dar um argumento tipo mangá a histórias que se decidiu desenhar nesse estilo; mas você não acha que, nesses tempos de "High School Musical", poder-se-ia tratar mais das relações e dos problemas dos adolescentes em que a turma se tornou – o que é, de certo modo, o cerne dos argumentos da Turma da Mônica original, e não foge ao universo mangá – e não enveredar pelo caminho de nos "revelar" que os pais dos meninos, que nós sempre conhecemos como pessoas comuns, muito parecidos com os pais que temos e (no meu caso, ao menos) somos, eram encarnações de antigos samurais?!

MAURICIO – Fantasias necessárias num projeto novo... Para se firmar na qualidade e na polêmica. A Turma Jovem, aos poucos, vai encontrando o caminho natural.

FARRAZINE – A Turma da Mônica Jovem seguirá uma cronologia a ser respeitada (nos moldes das HQs de super-heróis e mangás em geral, em que um evento afeta a realidade, e permanece fazendo parte do "passado" dos personagens)?

MAURICIO – Nas nossas histórias, suavemente, sempre aconteceu isso. No atual estilo “mangá brasileiro” da Turma Jovem, isso pode ser mais evidente. E vai ser.

FARRAZINE – Depois de diversas experiências bem-sucedidas com filmes de animação, você não considera seguir o caminho trilhado por outros personagens de quadrinhos e fazer um filme live-action, com atores?

MAURICIO – Há estudos pra isso. Inclusive em Hollywood! A Editora Panini está intermediando.

FARRAZINE – A Mônica original foi criança e adolescente durante um tempo em que a Mônica dos quadrinhos já era um mito. Como foi a experiência de ser a "encarnação" de uma personagem adorada por tanta gente?

MAURICIO – Eu sempre tive cuidado para separar a ficção da realidade. A Mônica [real] começou a descobrir que era a Mônica do gibi depois que entrou no primário (hoje ensino fundamental). Daí, já havia estabelecido personalidade, comportamento, sua situação no mundo. E então, não havia mais perigo de desvios de personalidade.

FARRAZINE – Mauricio, obrigado de novo. E se você, um dia, quiser desenhar uma história em quadrinhos e não tiver onde publicar, é só procurar o FARRAZINE. Pra você, a gente dá um jeito...

MAURICIO – Obrigado. Até a próxima!

“Se quiser se dedicar à produção de historietas, tem que ler muito. Instruir-se.”

“Optei por um trabalho de equipe, não um trabalho de autor.”

“Não vejo com bons olhos o hábito de “baixar” quadrinhos da Internet.”

“Há estudos para um filme live-action da Turma da Mônica. Inclusive em Hollywood!”
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