O Caos da Criação
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O Caos da Criação
Start para a futura e-magazine Punhado de Contos.
Não existe, para mim, tarefa mais inútil que tentar organizar as minhas coisas.
Meus papéis, meus livros, meus desenhos, minhas anotações… eu sequer consigo guardar o meu material de pintura num único lugar, tão pouco organizar as centenas de pastas que eu tenho guardadas no HD do meu computador. Tudo aqui em casa é caótico, tudo é bagunçado. E é assim que eu gosto!
Escritores, desenhistas, compositores, poetas, arquitetos, novelistas… até jornalistas! Todas estas criaturas que dedicam sua vida à criação vivem em meio ao Caos. E não poderia ser diferente. Caos remonta ao estágio inicial do Universo. Toda a Criação veio do Caos. É preciso caos para se criar algo, não Ordem. A Ordem mantém tudo como está, nos faz vislumbrar o velho perfeitamente assentado e arrumado, torcendo para que não haja nenhuma mudança que possa estragar o arranjo pré-existente. E a criação, o novo, é contra isso tudo.
Entre na casa (ou no estúdio, ou no quartinho do computador…) de qualquer artista, seja lá qual área for. Tudo estará em desordem. Se estiver arrumado, existe uma farsa: do local ou do suposto “artista”. Ou ele estava esperando visitas e, num esforço faraônico, conseguiu ajeitar tudo antes que tocassem a companhia, ou ele não passa de um falsificador barato, escondido por trás de uma mente genial anônima que ele mantém acorrentada no porão (e este sim está uma bagunça!).
Todos os criadores são desorganizados. Se Deus existe, então a casa Dele, no mais alto círculo do Paraíso, deve ser uma desordem completa. O motivo pelo qual o Universo leva milênios, milhões de anos para se modificar deve ser porque a bagunça de Deus é tão grande que até Ele conseguir achar aquele pedaço de argila em que estava trabalhando, já se passaram eras. Agora imagina este criador incansável tendo Sua concentração quebrada pelas velhas criações pedindo bênçãos e milagres enquanto Ele tenta forjar um novo planeta? Por isso que ainda não achamos vida alienígena, porque não damos tempo à Deus para que Ele crie alguma! Estamos sempre Lhe enchendo o saco:
“Deus, por favor! Faça com que eu ganhe na Mega-Sena”.
(voz de narrador onisciente em terceira pessoa) Heim? O que foi? Ah, não me atrapalha, filho! Estou ocupado com esta galáxia! Quer ganhar na Mega-Sena? Eu também quero!
“Pai do Céu, os médicos me desenganaram! Ajude-me a me livrar deste câncer”
Caceta! Esse erro de concordância me doeu a orelha! Até perdi a concentração na modelagem destes homenzinhos verdes.
“Arrrgh… Senhor! Meu filho é drogado, bandido, assassino, corrupto, aviãozinho… me ajuda, pai! Salva o meu filho!”
Mas que caralho! Me enchendo o saco justo quando eu estou terminando este buraco negro! Manda prender esse moleque aí e pronto! Tô ocupado agora!
“Nããããão!!! Deus… o Nalpam está caindo sobre minha vila…! Os aviões… as bombas! Não me deixe morrer, senhor.. não me de… arrrgggh!”
BUCETA!!! Não me atrapalha, porra! Eu estou aqui fazendo o… o… caralho, me perdi! Eu estava fazendo o… a… ah! Lembrei! Preciso anotar! Anotar antes que eu esqueça! Deixa eu ver… cadê? Será possível que não tem UMA folha de papel neste Paraíso?!?!”
Mas apesar de tudo, Deus é um cara sortudo, pois Ele não tem mãe (presumivelmente…). E por isso não existe uma pessoa super-organizada na orelha Dele gritando: “Arruma esta bagunça! Tira estes papéis de cima da mesa! Não quero farelo de borracha no chão! Olha que chiqueiro está este quarto, quero tudo arrumado hoje!” e por isso Ele pode permanecer com Sua desordem completa pela eternidade. De fato é na arrumação que os criadores se perdem. Quando há bagunça, tudo está organizado. Apesar do aparente caos nós sabemos onde estão as coisas.
…ou pensamos que sabemos.
Mesmo assim eu sinto um prazer estranho de dever cumprido (ou sendo cumprido) quando perco algumas horas tentando organizar as minhas coisas. Quando compro milhares de pastas, arquivos, envelopes e vou guardando meus desenhos um a um, separando por tipo, data e importância. Quando passo horas vendo todo o conteúdo dos quase 40 GB de arquivos de Word e Psd, organizando dentro da quase interminável cascata de janelinhas etiquetadas.
E apesar de me divertir no processo, eu sei que é inútil. Sei que é como no mito de Sísifo rolando a pedra morro acima para, depois, jogá-la lá embaixo de novo e repetir o processo pela eternidade. Eu sei que a organização que fiz vai, na melhor das hipóteses, durar uma semana. Depois de sete dias mais uma vez eu estarei perdida no meio dos meus desenhos, meus caderninhos de anotações e minhas pastas sem saber no que mexer primeiro. Sei que, apesar de haver uns 20 lápis em casa, vou levar quase uma hora para achar um deles.
Mas apesar de tudo eu estou feliz, pois no meio do meu caos eu sempre reencontro algo que atiça a idéia de um novo projeto que vai me entusiasmar por algum tempo.
E este novo projeto chama-se Punhado de Contos.
Não é tão novo, na verdade. Quem acompanha o Quadrinhos Gonzo já deve ter visto o anúncio que eu fiz do meu novo blog Punhado de Contos há uns meses atrás. A idéia veio depois de eu encontrar alguns velhos contos baseados em RPGs medievais que eu escrevi há muitos anos, quando este jogo me fascinava (e que, até hoje, eu NUNCA consegui jogar uma partida, pois sempre dava alguma coisa errada com o meu futuro grupo!). O material que eu encontrei era bom, precisando apenas de um tapa ou dois. E por isso criei o Punhado de Contos, impondo à mim o desafio de, toda a semana, publicar e ilustrar um conto diferente.
… não tive fôlego para manter o ritmo por mais de dois meses.
Desde então o blog ficou esquecido. Mas algum tempo depois tive uma idéia de transformar o “Punhado de Contos” num título para uma e-magazine. Uma revista on-line com contos diversos! Com uma periodicidade de três meses ou mais. Batizei esta idéia de “Projeto PdC”, quem acompanha o meu Twiter deve ter visto eu falando sobre ele.
… mas o projeto caiu pelas tamancas de novo!
Após bastante tempo sem atualizar nada, decidi, no dia 20 de setembro (mais precisamente hoje) em retomar o “Projeto PdC” com mais propriedade. E com uma pegada diferente: eu iria, todos os dias, atualizar publicamente o status da revista como meio de me dar um “empurrão” extra para que a porcaria da revista saísse (pois se existe outra coisa que nós, criadores, padecemos além da desordem é a nossa facilidade em desistir de projetos). Então eu faria de “Punhado de Contos” um plano com um “Making Off” em tempo real rolando, enquanto a revista não fica pronta. Um “Diário de Desenvolvimento Gonzo”!
Tive esta idéia enquanto caminhava hoje pela chuva, sem nenhum propósito além do prazer de me molhar (eu gosto de tomar chuva! Já disse isso numa matéria gonzo passada). É uma maneira de atualizar o meu antigo blog que, convenhamos, tem um título bonito demais para ser desperdiçado!
Então é isso, galera feliz que reluz! Se quiserem acompanhar a “fazeção” da nossa futura e-magazine “Punhado de Contos”, acessem o blog regularmente, pois TODOS OS DIAS eu irei fazer uma atualização do status. Nem que seja um: “Porra… não fiz nada para a revista hoje! Preguiçosa do caralho que eu sou!” Afinal desempregados têm muito tempo livre para estas coisas. Alias o desemprego é o grande Éden dos criadores (e também o grande Inferno, pois a sensação de culpa de estar desempregado não nos deixa trabalhar direito…).
Então cliquem no blog http://punhadodecontos.wordpress.com , leiam os contos antigos e divirtam-se com esta pequena epopéia que começa agora. Não sei se eu vou me divertir no processo, mas tenho certeza que VOCÊS vão!
P.S: e não se preocupem! Não irei abandonar o Quadrinhos Gonzo! Prometo! (e espero cumprir a promessa…)
Não existe, para mim, tarefa mais inútil que tentar organizar as minhas coisas.
Meus papéis, meus livros, meus desenhos, minhas anotações… eu sequer consigo guardar o meu material de pintura num único lugar, tão pouco organizar as centenas de pastas que eu tenho guardadas no HD do meu computador. Tudo aqui em casa é caótico, tudo é bagunçado. E é assim que eu gosto!
Escritores, desenhistas, compositores, poetas, arquitetos, novelistas… até jornalistas! Todas estas criaturas que dedicam sua vida à criação vivem em meio ao Caos. E não poderia ser diferente. Caos remonta ao estágio inicial do Universo. Toda a Criação veio do Caos. É preciso caos para se criar algo, não Ordem. A Ordem mantém tudo como está, nos faz vislumbrar o velho perfeitamente assentado e arrumado, torcendo para que não haja nenhuma mudança que possa estragar o arranjo pré-existente. E a criação, o novo, é contra isso tudo.
Entre na casa (ou no estúdio, ou no quartinho do computador…) de qualquer artista, seja lá qual área for. Tudo estará em desordem. Se estiver arrumado, existe uma farsa: do local ou do suposto “artista”. Ou ele estava esperando visitas e, num esforço faraônico, conseguiu ajeitar tudo antes que tocassem a companhia, ou ele não passa de um falsificador barato, escondido por trás de uma mente genial anônima que ele mantém acorrentada no porão (e este sim está uma bagunça!).
Todos os criadores são desorganizados. Se Deus existe, então a casa Dele, no mais alto círculo do Paraíso, deve ser uma desordem completa. O motivo pelo qual o Universo leva milênios, milhões de anos para se modificar deve ser porque a bagunça de Deus é tão grande que até Ele conseguir achar aquele pedaço de argila em que estava trabalhando, já se passaram eras. Agora imagina este criador incansável tendo Sua concentração quebrada pelas velhas criações pedindo bênçãos e milagres enquanto Ele tenta forjar um novo planeta? Por isso que ainda não achamos vida alienígena, porque não damos tempo à Deus para que Ele crie alguma! Estamos sempre Lhe enchendo o saco:
“Deus, por favor! Faça com que eu ganhe na Mega-Sena”.
(voz de narrador onisciente em terceira pessoa) Heim? O que foi? Ah, não me atrapalha, filho! Estou ocupado com esta galáxia! Quer ganhar na Mega-Sena? Eu também quero!
“Pai do Céu, os médicos me desenganaram! Ajude-me a me livrar deste câncer”
Caceta! Esse erro de concordância me doeu a orelha! Até perdi a concentração na modelagem destes homenzinhos verdes.
“Arrrgh… Senhor! Meu filho é drogado, bandido, assassino, corrupto, aviãozinho… me ajuda, pai! Salva o meu filho!”
Mas que caralho! Me enchendo o saco justo quando eu estou terminando este buraco negro! Manda prender esse moleque aí e pronto! Tô ocupado agora!
“Nããããão!!! Deus… o Nalpam está caindo sobre minha vila…! Os aviões… as bombas! Não me deixe morrer, senhor.. não me de… arrrgggh!”
BUCETA!!! Não me atrapalha, porra! Eu estou aqui fazendo o… o… caralho, me perdi! Eu estava fazendo o… a… ah! Lembrei! Preciso anotar! Anotar antes que eu esqueça! Deixa eu ver… cadê? Será possível que não tem UMA folha de papel neste Paraíso?!?!”
Mas apesar de tudo, Deus é um cara sortudo, pois Ele não tem mãe (presumivelmente…). E por isso não existe uma pessoa super-organizada na orelha Dele gritando: “Arruma esta bagunça! Tira estes papéis de cima da mesa! Não quero farelo de borracha no chão! Olha que chiqueiro está este quarto, quero tudo arrumado hoje!” e por isso Ele pode permanecer com Sua desordem completa pela eternidade. De fato é na arrumação que os criadores se perdem. Quando há bagunça, tudo está organizado. Apesar do aparente caos nós sabemos onde estão as coisas.
…ou pensamos que sabemos.
Mesmo assim eu sinto um prazer estranho de dever cumprido (ou sendo cumprido) quando perco algumas horas tentando organizar as minhas coisas. Quando compro milhares de pastas, arquivos, envelopes e vou guardando meus desenhos um a um, separando por tipo, data e importância. Quando passo horas vendo todo o conteúdo dos quase 40 GB de arquivos de Word e Psd, organizando dentro da quase interminável cascata de janelinhas etiquetadas.
E apesar de me divertir no processo, eu sei que é inútil. Sei que é como no mito de Sísifo rolando a pedra morro acima para, depois, jogá-la lá embaixo de novo e repetir o processo pela eternidade. Eu sei que a organização que fiz vai, na melhor das hipóteses, durar uma semana. Depois de sete dias mais uma vez eu estarei perdida no meio dos meus desenhos, meus caderninhos de anotações e minhas pastas sem saber no que mexer primeiro. Sei que, apesar de haver uns 20 lápis em casa, vou levar quase uma hora para achar um deles.
Mas apesar de tudo eu estou feliz, pois no meio do meu caos eu sempre reencontro algo que atiça a idéia de um novo projeto que vai me entusiasmar por algum tempo.
E este novo projeto chama-se Punhado de Contos.
Não é tão novo, na verdade. Quem acompanha o Quadrinhos Gonzo já deve ter visto o anúncio que eu fiz do meu novo blog Punhado de Contos há uns meses atrás. A idéia veio depois de eu encontrar alguns velhos contos baseados em RPGs medievais que eu escrevi há muitos anos, quando este jogo me fascinava (e que, até hoje, eu NUNCA consegui jogar uma partida, pois sempre dava alguma coisa errada com o meu futuro grupo!). O material que eu encontrei era bom, precisando apenas de um tapa ou dois. E por isso criei o Punhado de Contos, impondo à mim o desafio de, toda a semana, publicar e ilustrar um conto diferente.
… não tive fôlego para manter o ritmo por mais de dois meses.
Desde então o blog ficou esquecido. Mas algum tempo depois tive uma idéia de transformar o “Punhado de Contos” num título para uma e-magazine. Uma revista on-line com contos diversos! Com uma periodicidade de três meses ou mais. Batizei esta idéia de “Projeto PdC”, quem acompanha o meu Twiter deve ter visto eu falando sobre ele.
… mas o projeto caiu pelas tamancas de novo!
Após bastante tempo sem atualizar nada, decidi, no dia 20 de setembro (mais precisamente hoje) em retomar o “Projeto PdC” com mais propriedade. E com uma pegada diferente: eu iria, todos os dias, atualizar publicamente o status da revista como meio de me dar um “empurrão” extra para que a porcaria da revista saísse (pois se existe outra coisa que nós, criadores, padecemos além da desordem é a nossa facilidade em desistir de projetos). Então eu faria de “Punhado de Contos” um plano com um “Making Off” em tempo real rolando, enquanto a revista não fica pronta. Um “Diário de Desenvolvimento Gonzo”!
Tive esta idéia enquanto caminhava hoje pela chuva, sem nenhum propósito além do prazer de me molhar (eu gosto de tomar chuva! Já disse isso numa matéria gonzo passada). É uma maneira de atualizar o meu antigo blog que, convenhamos, tem um título bonito demais para ser desperdiçado!
Então é isso, galera feliz que reluz! Se quiserem acompanhar a “fazeção” da nossa futura e-magazine “Punhado de Contos”, acessem o blog regularmente, pois TODOS OS DIAS eu irei fazer uma atualização do status. Nem que seja um: “Porra… não fiz nada para a revista hoje! Preguiçosa do caralho que eu sou!” Afinal desempregados têm muito tempo livre para estas coisas. Alias o desemprego é o grande Éden dos criadores (e também o grande Inferno, pois a sensação de culpa de estar desempregado não nos deixa trabalhar direito…).
Então cliquem no blog http://punhadodecontos.wordpress.com , leiam os contos antigos e divirtam-se com esta pequena epopéia que começa agora. Não sei se eu vou me divertir no processo, mas tenho certeza que VOCÊS vão!
P.S: e não se preocupem! Não irei abandonar o Quadrinhos Gonzo! Prometo! (e espero cumprir a promessa…)
Jacaranda- Apagati CRTL+ALT+DEL
- Mensagens : 138
Data de inscrição : 22/03/2009
Idade : 39
Localização : ABC
Re: O Caos da Criação
Tô acompanhando e achei a ideia maneiríssima.
Parabéns, Ju.
Parabéns, Ju.
Kio- Editor aposentado
- Mensagens : 1599
Data de inscrição : 29/12/2008
Idade : 52
Re: O Caos da Criação
Kio escreveu:Tô acompanhando e achei a ideia maneiríssima.
Parabéns, Ju.
Bigado! Espero lançar a primeira edição ainda este ano!
Jacaranda- Apagati CRTL+ALT+DEL
- Mensagens : 138
Data de inscrição : 22/03/2009
Idade : 39
Localização : ABC
Re: O Caos da Criação
Gostei.... muito bom mesmo parabéns! Principalemten o textosobre o CAOS!
snuckbinks- Apagati CRTL+ALT+DEL
- Mensagens : 744
Data de inscrição : 17/12/2008
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