Baú de Copy and Pastes
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Baú de Copy and Pastes
Podia jurar que tinha um tópico assim, mas não achei =/
Bem, comecemos:
Fonte: [url=Link]http://blogs.estadao.com.br/alexandre-matias/[/url]
Quem quiser que conte outra
Bem, comecemos:
Neil Gaiman e a pirataria
18 de agosto de 201015h22
Por Alexandre Matias
O que um dos escritores de ficção mais populares do mundo, o inglês Neil Gaiman, acha da pirataria?:
“Isso realmente não me incomoda.
Obviamente eu preferia estar em um mundo em que as pessoas pudessem ter sua dose dos meus quadrinhos por meios mais legítimos e que isso de vez em quando pagasse o meu jantar.
Dado que não há canais legítimos lá fora, acho que seria muito ingênuo da minha parte me opor.
(…)
Ontem no almoço, Zoe Heller, grande autora e muito inteligente, veio até mim e disse: “Alguém me deu esse livro e são uma pessoas que acham que os livros devem circular e quando você termina de ler deve dá-los a alguém. E não sei o que pensar disso, porque de certa forma eu sobrevivo das pessoas comprarem novos livros.”
E eu disse: Zoe, nenhum de nós descobriu seus escritores favoritos comprando seus livros. Não é como isso acontece. Vocês aqui. Você provavelmente tem um escritor favorito. E a resposta é que vocês descobriram seu escritor favorito quando alguém disse: “Tome, eu acabei de ler esse livro, é bom e você vai gostar”. Ou você pegou o livro da prateleira de alguém e disse: “Isso parece interessante. Posso pegar emprestado?” Ou você encontrou na biblioteca. Ou alguém esqueceu no trem.
É assim que as pessoas descobrem seus escritores favoritos.
Não o descobrem entrando numa livraria e dizendo: “Vou comprar este livro novo de capa dura!”
Acaba sempre acontecendo que novos autores e autores famosos começam sendo descobertos acidentalmente quando você tropeça neles.
E são como aquela primeira dose de heroína e sem perceber você está descendo a rua para comprar tudo o que aquele cara já escreveu.
E até onde me interessa, qualquer maneira de fazer os livros circularem é legítima. Eu amo o fato das pessoas estarem dando livros que de outra forma ficariam esquecidos em uma prateleira.
E certamente eu não acho que algum desses leitores seja uma venda perdida. Porque da minha perspectiva o inimigo não é a idéia de que as pessoas estão lendo livros de graça. Ou lendo na internet de graça.
Da minha perspectiva o inimigo é as pessoas não lerem.
Qualquer pessoa lendo algo de graça da internet ainda faz parte da minha tribo.
A tribo das pessoas que lêem.
E se eles passarem adiante por fazerem parte dessa tribo eles querem esses livros para si.
Eles vão querer os livros de verdade. Eles vão querer comprar as versões de capa dura. Eles vão querê-los. Porque eu quero. E isso é uma coisa boa."
Transcrição de uma entrevista feita quando o autor veio à Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty, de 2008, pinçada pelo blog E-books Grátis.
Fonte: [url=Link]http://blogs.estadao.com.br/alexandre-matias/[/url]
Quem quiser que conte outra
Festival de Horror apresenta 69 animações
Do Cineclick
Acho que até dá para colocar no blogue... mas eu nao tenho acesso lá...
Nesta sexta (17/9), Animaldiçoados - Festival Internacional de Animação de Horror teve início.
Vampiro, mula sem cabeça, zumbi e outros seres sobrenaturais assombram os 69 filmes de animação, brasileiros e estrangeiros, de longa, média, curta e micro metragem selecionados para o Animaldiçoados, o primeiro festival internacional de animação de horror do Brasil.
O sangue de Takena Nagao está derramado no programa especial dedicado à filmografia do animador japonês. A suspeita de terrorismo biológico do filme Resident Evil: Degeneração e as seis visões aterrorizantes de Dante´s Inferno: Uma Animação Épica são os longas do Programa Especial Susto, que tem entrada franca mediante convite, garanta já o seu. O longa sombrio norte-americano From Inside e a história do assassino em série do longa francês Le Tueur de Montmartre fazem parte do Programa Pavor. O média metragem Kanibal Seijin, sobre alienígenas canibais que tomaram conta do planeta Terra é o filme do Programa Espanto.
A competição oficial de curtas acontece no Grito. O Programa Grito 5, em especial, traz curtas do primeiro pesadelo que faz muita criança cair da cama. As animações renascidas do inferno estão na retrospectiva de curtas - Programa Mortos-vivos. Além da exibição dos programas de filmes, votação e premiação, haverá Palestra de Cinema de Animação com inscrições gratuitas.
O festival acontece até dia 23 de setembro, em São Paulo.
Confira a programação abaixo e divirta-se no fim de semana:
17 SET (Sexta)
20h - PROGRAMA GRITO 2 (Competição de Curtas)
21h30 - PROGRAMA GRITO 1 (Competição de Curtas)
18 SET (Sábado)
20h - PROGRAMA GRITO 5 (Competição de Curtas)
21h30 - PROGRAMA PAVOR 1 (Longa Metragem "From Inside")
19 SET (Domingo)
20h - PROGRAMA ESPECIAL SANGUE DE TAKENA NAGAO (Curtas do Diretor) e PROGRAMA ESPANTO (Média Metragem)
21h30 - PROGRAMA PAVOR 2 (Longa Metragem "Le Tueur de Montmartre")
20 SET (Segunda)
20h - PROGRAMA GRITO 3 (Competição de Curtas)
21h30 - PROGRAMA GRITO 4 (Competição de Curtas)
21 SET (Terça)
20h - PROGRAMA GRITO 1 (Competição de Curtas)
21h30 - PROGRAMA GRITO 2 (Competição de Curtas)
22 SET (Quarta)
20h - PROGRAMA GRITO 4 (Competição de Curtas)
21h30 - PROGRAMA GRITO 3 (Competição de Curtas)
23 SET (Quinta)
13h - PROGRAMA ESPECIAL SUSTO 1 (Longa Metragem Resident Evil: Degeneração)
15h30 - PALESTRA DE ANIMAÇÃO (Melies - Escola de Cinema, 3D e Animação)
17h - PROGRAMA ESPECIAL SUSTO 2 (Longa Metragem Dante´s Inferno: Uma Animação Épica)
18h30 - PROGRAMA GRITO 5 (Competição de Curtas)
20h - PROGRAMA MORTOS-VIVOS (Retrospectiva de Curtas)
21h30 - PROGRAMA ESPECIAL SANGUE DE TAKENA NAGAO (Curtas do Diretor) e PROGRAMA ESPANTO (Média Metragem)
Acho que até dá para colocar no blogue... mas eu nao tenho acesso lá...
Especialistas discutem influência da web nos HQs
BRASÍLIA - Cyber quadrinhos, hiperquadrinhos ou quadrinhos virtuais? O nome ainda não está bem definido, mas começa a ser discutido e recebe mais destaque hoje, no Dia do Quadrinho Nacional. Em pleno século 21, com o avanço tecnológico, as HQs ou gibis, como são popularmente conhecidos, ganham um novo espaço: a internet.
Worney Almeira, representante da Associação de Quadrinhistas e Cartunistas do Estado de São Paulo, explica que apesar de não existir uma denominação específica, muda o suporte de produção que passa a ser eletrônico e não mais de papel. “O quadrinho sempre esteve ligado ao impresso e por isso será uma arte nova [com a internet], que ajuda muito, especialmente o pessoal alternativo, a vender suas revistas. Tem sido bom para a gente”, diz ele.
Mas antes mesmo da rede mundial dos computadores existir, o quadrinho nacional sempre buscou seu espaço. A prova disso é a própria instituição do dia 30 de janeiro como data para homenagear os profissionais brasileiros e seus personagens e que, apesar de não ser oficial, é reconhecida.
Para que o quadrinho nacional tivesse um dia, foi necessário um movimento, na década de 80, que uniu quadrinhistas como Henfil, Laerte, Paulo e Chico Caruso, como explica Worney Almeida. Eles foram contrários à ideia da editora Ebal, que em 1983, queria que a data fosse aquela em que começou a ser publicado o suplemento juvenil no Brasil, em 1934.
“O pessoal que trabalhava com quadrinho na época achou injusto, já que o suplemento foi responsável pela avalanche de publicações estrangeiras no país. Nós procuramos uma data que homenageasse o quadrinho nacional e escolhemos aquela em que, em 1869, foi publicado o primeiro quadrinho com personagem fixo e de continuidade. No caso, As aventuras de Nhô Quim ou as Impressões de uma Viagem à Corte”, pelo italiano naturalizado brasileiro Ângelo Agostini, foi um marco.
”Para o quadrinhista Alex Leal, atualmente não existe uma cultura nacional forte de quadrinhos, embora o país tenha grandes nomes. Para ele, o grande personagem de quadrinhos nacional é o Amigo da Onça, de Pericles Maranhão, publicado durante 30 anos. Ele cita também Carlos Zéfiro, responsável pelos quadrinhos eróticos, e que influenciou toda uma geração. Alex acredita que no Brasil não se conseguiu criar uma cultura forte nessa área. Ele lembra os Mangás, de origem japonesa e que já influenciam quadrinhistas brasileiros. Mas concorda com Worney ao dizer que “hoje, a internet é uma grande forma de ajudar na divulgação dos quadrinhos”.
Worney Almeida acredita que o futuro do quadrinho nacional está em pessoas que se profissionalizarão também na arte gráfica em geral e que vão continuar publicando suas revistas alternativas. “A gente não vê muita perspectiva na distribuição de revistas de grande tiragem de grandes editoras. A quantidade de revistas deve diminuir nas bancas de jornais ou livrarias, mas deve persistir esse mercado alternativo [internet] que é também de experimentação, onde há muita ficção, quadrinhos policial e até de faroeste.”
Há cerca de dez anos o quadrinho nacional se restringe ao estúdio de Mauricio de Souza, com sua Turma da Mônica, e a iniciativas independentes. “Hoje em dia não se tem mais grandes editoras que banquem novos autores ou revistas novas, cada autor se autoproduz. São revistas de boa qualidade com tiragem de mil a dois mil exemplares e a distribuição é alternativa. A profissão de quadrinhista no Brasil tem pouquíssimo espaço”, conclui Worney Almeida.
As comemorações do Dia Nacional dos Quadrinhos ocorrem com uma extensa programação em gibitecas e livrarias de todo o país, como o lançamento de publicações independentes, palestras e oficinas. Além disso, a associação de Cartunistas de São Paulo entrega no dia 5 de fevereiro o troféu Angelo Agostini aos melhores do quadrinho nacional de 2010.
Fonte: Info Abril
Re: Baú de Copy and Pastes
Rodrigo! escreveu:Podia jurar que tinha um tópico assim, mas não achei =/
Bem, comecemos:Neil Gaiman e a pirataria
18 de agosto de 201015h22
Por Alexandre Matias
O que um dos escritores de ficção mais populares do mundo, o inglês Neil Gaiman, acha da pirataria?:
“Isso realmente não me incomoda.
Obviamente eu preferia estar em um mundo em que as pessoas pudessem ter sua dose dos meus quadrinhos por meios mais legítimos e que isso de vez em quando pagasse o meu jantar.
Dado que não há canais legítimos lá fora, acho que seria muito ingênuo da minha parte me opor.
(…)
Ontem no almoço, Zoe Heller, grande autora e muito inteligente, veio até mim e disse: “Alguém me deu esse livro e são uma pessoas que acham que os livros devem circular e quando você termina de ler deve dá-los a alguém. E não sei o que pensar disso, porque de certa forma eu sobrevivo das pessoas comprarem novos livros.”
E eu disse: Zoe, nenhum de nós descobriu seus escritores favoritos comprando seus livros. Não é como isso acontece. Vocês aqui. Você provavelmente tem um escritor favorito. E a resposta é que vocês descobriram seu escritor favorito quando alguém disse: “Tome, eu acabei de ler esse livro, é bom e você vai gostar”. Ou você pegou o livro da prateleira de alguém e disse: “Isso parece interessante. Posso pegar emprestado?” Ou você encontrou na biblioteca. Ou alguém esqueceu no trem.
É assim que as pessoas descobrem seus escritores favoritos.
Não o descobrem entrando numa livraria e dizendo: “Vou comprar este livro novo de capa dura!”
Acaba sempre acontecendo que novos autores e autores famosos começam sendo descobertos acidentalmente quando você tropeça neles.
E são como aquela primeira dose de heroína e sem perceber você está descendo a rua para comprar tudo o que aquele cara já escreveu.
E até onde me interessa, qualquer maneira de fazer os livros circularem é legítima. Eu amo o fato das pessoas estarem dando livros que de outra forma ficariam esquecidos em uma prateleira.
E certamente eu não acho que algum desses leitores seja uma venda perdida. Porque da minha perspectiva o inimigo não é a idéia de que as pessoas estão lendo livros de graça. Ou lendo na internet de graça.
Da minha perspectiva o inimigo é as pessoas não lerem.
Qualquer pessoa lendo algo de graça da internet ainda faz parte da minha tribo.
A tribo das pessoas que lêem.
E se eles passarem adiante por fazerem parte dessa tribo eles querem esses livros para si.
Eles vão querer os livros de verdade. Eles vão querer comprar as versões de capa dura. Eles vão querê-los. Porque eu quero. E isso é uma coisa boa."
Transcrição de uma entrevista feita quando o autor veio à Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty, de 2008, pinçada pelo blog E-books Grátis.
Fonte: [url=Link]http://blogs.estadao.com.br/alexandre-matias/[/url]
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Bato palmas!
Boa postagem!
Alemão desenvolve formato de HQs próprio para internet
Um designer gráfico alemão lançou com êxito uma história em quadrinhos com formato próprio para a internet. Gratuita e disponível em quatro línguas, as HQs já foram lidas por mais de 370 mil pessoas.
Daniel Lieske, designer gráfico de 33 anos, é o criador de "The Wormworld Saga" (em tradução literal, "A saga do mundo dos vermes"), uma revista em quadrinhos de acesso gratuito, que está na internet há seis semanas.
Ela conta a história de Jonas, um menino órfão de mãe, que cresce no final dos anos 1970 na Alemanha. Em um verão, na casa de sua avó, ele atravessa um quadro de parede, entra em um mundo fantástico e vive grandes aventuras.
O original da história, no entanto, não é necessariamente a trama, mas sim a forma como Lieske conta a história. "Há uma série de quadrinhos na internet. Mas o especial de A saga do mundo dos vermes é o seu formato. Na maioria dos quadrinhos na internet o leitor tem que clicar para avançar de uma página para outra. Isso porque os quadrinhos se financiam por meio da publicidade, que deve ser visível a todo o momento e volta a aparecer em cada nova página", explica Lieske.
No entanto, a maneira mais natural de contar e ler algo na internet é, segundo o artista, ir lendo de cima para abaixo, quer dizer, rolando a barra vertical do navegador. O quadrinho vai, então, se desenrolando praticamente como um pergaminho diante do usuário. Este foi o formato escolhido por Lieske para a sua "novela" gráfica.
Financiamento do projeto
"Até o momento, financio o projeto graças ao meu trabalho, em tempo integral, em uma companhia que desenvolve jogos de computador. Trabalhei durante todo um ano para fazer o primeiro capítulo, usando as minhas horas livres. Atualmente é um hobby, mas algum dia espero poder viver só desse trabalho. A grande repercussão que a história teve nas seis semanas que está online me faz pensar que isso pode acontecer em um futuro não muito distante", disse o artista.
Já que ainda não pode viver da sua arte, Lieske está buscando maneiras de, pelo menos, recuperar o dinheiro investido. É dessa forma que, na página da história em quadrinhos, o leitor encontra um botão virtual pelo qual é possível realizar doações em dinheiro para o autor.
Além disso, há uma loja virtual onde é possível comprar desenhos de Lieske e, dentro de pouco tempo, será disponibilizado também um aplicativo para telefones celulares.
Saga global
Mesmo que Lieske não seja um designer tradicional de história em quadrinhos, ele tem bastante experiência no assunto. Desde criança ele já criava suas primeiras HQs, que eram vendidas no pátio de sua escola. Hoje ele segue trabalhando com o lápis na mão, porém utiliza um lápis digital e uma prancheta gráfica. O movimento das mãos e os traços são transmitidos diretamente para o computador.
O primeiro capítulo de A saga do mundo dos vermes pode ser lido em alemão, inglês, espanhol e russo. As distintas versões só são possíveis graças ao trabalho voluntário dos seus seguidores. Ele disse que a versão em espanhol foi traduzida em grande parte pela esposa, que é espanhola. Lieske tinha muito interesse que a obra tivesse uma tradução espanhola.
"Em primeiro lugar, porque há muitos falantes de espanhol no mundo. Mas também porque, desta maneira, meus parentes na Espanha, Argentina e Chile podem ler a saga em seu próprio idioma", disse. Segundo o autor, a versão espanhola está localizada, por isso, "em um lugar privilegiado na página, imediatamente após a inglesa e, inclusive, antes da versão em alemão".
Grande alcance
Daniel Lieske preferiu distribuir sua história gratuitamente na internet a publicá-la através de uma editora de HQs. Uma publicação tradicional impressa em papel teria alcançado, na melhor das hipóteses, cerca de 10.000 leitores. A versão online já foi lida, até o momento, por 370.000 usuários: um êxito muito grande com o qual o artista não contava.
Embora o gráfico se utilize de novas mídias e seu trabalho seja influenciado por jogos de computador, Lieske disse que sua principal fonte de inspiração é o cinema. Filmes como Indiana Jones, de George Lucas, e O Cristal Encantado, de Jim Henson, marcaram seu sentido estético e seu imaginário.
A saga do mundo dos vermes está concebida como uma trilogia e cada uma de suas partes contará com 15 capítulos. Enquanto tiver condições de se dedicar ao seu passatempo predileto, o autor prevê que poderá produzir quatro capítulos por ano. Isto significaria que, em uns 10 ou 15 anos, a saga estaria completa. Segundo Daniel Lieske, "um bom prognóstico".
Daniel Lieske, designer gráfico de 33 anos, é o criador de "The Wormworld Saga" (em tradução literal, "A saga do mundo dos vermes"), uma revista em quadrinhos de acesso gratuito, que está na internet há seis semanas.
Ela conta a história de Jonas, um menino órfão de mãe, que cresce no final dos anos 1970 na Alemanha. Em um verão, na casa de sua avó, ele atravessa um quadro de parede, entra em um mundo fantástico e vive grandes aventuras.
O original da história, no entanto, não é necessariamente a trama, mas sim a forma como Lieske conta a história. "Há uma série de quadrinhos na internet. Mas o especial de A saga do mundo dos vermes é o seu formato. Na maioria dos quadrinhos na internet o leitor tem que clicar para avançar de uma página para outra. Isso porque os quadrinhos se financiam por meio da publicidade, que deve ser visível a todo o momento e volta a aparecer em cada nova página", explica Lieske.
No entanto, a maneira mais natural de contar e ler algo na internet é, segundo o artista, ir lendo de cima para abaixo, quer dizer, rolando a barra vertical do navegador. O quadrinho vai, então, se desenrolando praticamente como um pergaminho diante do usuário. Este foi o formato escolhido por Lieske para a sua "novela" gráfica.
Financiamento do projeto
"Até o momento, financio o projeto graças ao meu trabalho, em tempo integral, em uma companhia que desenvolve jogos de computador. Trabalhei durante todo um ano para fazer o primeiro capítulo, usando as minhas horas livres. Atualmente é um hobby, mas algum dia espero poder viver só desse trabalho. A grande repercussão que a história teve nas seis semanas que está online me faz pensar que isso pode acontecer em um futuro não muito distante", disse o artista.
Já que ainda não pode viver da sua arte, Lieske está buscando maneiras de, pelo menos, recuperar o dinheiro investido. É dessa forma que, na página da história em quadrinhos, o leitor encontra um botão virtual pelo qual é possível realizar doações em dinheiro para o autor.
Além disso, há uma loja virtual onde é possível comprar desenhos de Lieske e, dentro de pouco tempo, será disponibilizado também um aplicativo para telefones celulares.
Saga global
Mesmo que Lieske não seja um designer tradicional de história em quadrinhos, ele tem bastante experiência no assunto. Desde criança ele já criava suas primeiras HQs, que eram vendidas no pátio de sua escola. Hoje ele segue trabalhando com o lápis na mão, porém utiliza um lápis digital e uma prancheta gráfica. O movimento das mãos e os traços são transmitidos diretamente para o computador.
O primeiro capítulo de A saga do mundo dos vermes pode ser lido em alemão, inglês, espanhol e russo. As distintas versões só são possíveis graças ao trabalho voluntário dos seus seguidores. Ele disse que a versão em espanhol foi traduzida em grande parte pela esposa, que é espanhola. Lieske tinha muito interesse que a obra tivesse uma tradução espanhola.
"Em primeiro lugar, porque há muitos falantes de espanhol no mundo. Mas também porque, desta maneira, meus parentes na Espanha, Argentina e Chile podem ler a saga em seu próprio idioma", disse. Segundo o autor, a versão espanhola está localizada, por isso, "em um lugar privilegiado na página, imediatamente após a inglesa e, inclusive, antes da versão em alemão".
Grande alcance
Daniel Lieske preferiu distribuir sua história gratuitamente na internet a publicá-la através de uma editora de HQs. Uma publicação tradicional impressa em papel teria alcançado, na melhor das hipóteses, cerca de 10.000 leitores. A versão online já foi lida, até o momento, por 370.000 usuários: um êxito muito grande com o qual o artista não contava.
Embora o gráfico se utilize de novas mídias e seu trabalho seja influenciado por jogos de computador, Lieske disse que sua principal fonte de inspiração é o cinema. Filmes como Indiana Jones, de George Lucas, e O Cristal Encantado, de Jim Henson, marcaram seu sentido estético e seu imaginário.
A saga do mundo dos vermes está concebida como uma trilogia e cada uma de suas partes contará com 15 capítulos. Enquanto tiver condições de se dedicar ao seu passatempo predileto, o autor prevê que poderá produzir quatro capítulos por ano. Isto significaria que, em uns 10 ou 15 anos, a saga estaria completa. Segundo Daniel Lieske, "um bom prognóstico".
Dilema digital
Por Alexandre Matias
Quadrinhos no século eletrônico
A encruzilhada digital é implacável. Indústrias estabelecidas no século 20 graças à cultura de massas penam, no novo século, para se adaptar a uma realidade que celebra a cultura do nicho. Mais que isso, numa cultura digital, em que tudo pode ser copiado e reproduzido sem que o autor tenha controle da distribuição, fica cada vez mais complicado gerir um negócio que lide com a produção de conteúdo feita para milhões de pessoas.
A indústria do disco sentiu isso na pele ao servir de boi de piranha digital quando assumiu o papel de primeiro antagonista da web e processou quem baixava MP3 sem pagar. Hollywood sente dolorosamente essa mudança, quando o download de filmes via torrent a obrigou a apostar em superproduções e em novas tecnologias, como as salas Imax e 3D. Emissoras de TV do mundo inteiro veem suas programações escoarem para fora da grade rumo ao YouTube.
Música, cinema e TV estão sempre nas notícias quando se fala nesse assunto, mas uma indústria que é a cara do século 20 e está quase sempre à margem dessa discussão vem penando para retomar sua importância na era digital: os quadrinhos.
E quando se fala em indústria dos quadrinhos, dois nomes se destacam: Marvel e DC, editoras que criaram o conceito de super-herói moderno. A primeira tem se mexido drasticamente para continuar relevante nos dias de hoje, principalmente longe das revistas. Seu principal feito foi se transformar em estúdio de cinema para levar seus personagens para um público que não lê páginas em papel. A Marvel também pulou no iPad na primeira hora, criando um dos aplicativos mais festejados logo que o tablet apareceu. Mas a conta ainda não fechou – e a Marvel continua em busca de alternativas para fazer suas histórias em quadrinhos sobreviverem no século 21.
Sua principal rival, a DC, começou a se mexer de verdade na semana passada, quando anunciou que iria zerar sua linha de super-heróis e recomeçar a contagem de suas revistas, todas com um novo número 1. Não é a primeira vez que a editora que inventou o Super-Homem e o Batman tenta isso. Nos anos 80, conseguiu reiniciar seu universo com a saga Crise nas Infinitas Terras, em que permitiu que seus heróis pudessem fazer sentido no fim do século passado.
O novo reinício mira no digital. Além dos novos números 1, a editora deverá publicar, digitalmente, as mesmas histórias exatamente no dia em que elas chegam às bancas. O preço deverá ser mais barato que o das versões impressas, pois a editora quer que seu novo público volte para o papel uma vez que sentir o gosto dos novos títulos online.
Mas isso pode dar bem errado, já que, assim, eles podem matar um de seus principais redutos, que são as lojas de quadrinho – como a música online fez com as tradicionais lojas de disco. A estratégia trará novos leitores se der certo. Mas se der errado, pode afugentar até os velhos. Ninguém disse que seria fácil.
Fonte: Link Estadão
Grupo de acadêmicos "invade" mundo dos super-heróis
Especialistas de diversas áreas das ciências humanas se uniram para tentar decifrar a fascinação e o poder cultural que o mundo dos quadrinhos e das superaventuras despertam nos leitores.
O resultado dessa análise multidisciplinar está em "Super-Heróis, Cultura e Sociedade", livro publicado pela editora Idéias & Letras. As abordagens examinam os super-heróis e seu universo sob aspectos culturais, sociais, psíquicos, políticos e teológicos.
"Os super-heróis chamam a atenção de crianças e adolescentes porque são capazes de divertir, estimular a criatividade e imaginação e enriquecer os valores culturais, além de estabelecer projeções de papéis sociais", examina Denise D'Aurea Tardeli, psicóloga, pedagoga e doutora em psicologia escolar e desenvolvimento humano pela USP (Universidade de São Paulo).
Os textos foram organizados por Nildo Viana e Iuri Andréas Reblin. Nildo é formado em ciências sociais, filosofia e doutor em sociologia pela UnB (Universidade de Brasília). Iuri é bacharel, mestre e doutorando em teologia pela Escola Superior de Teologia de São Leopoldo (RS).
******
"Super-Heróis, Cultura e Sociedade"
Organizadores: Nildo Viana e Iuri Andréas Reblin
Editora: Idéias & Letras
Páginas: 184
Quanto: R$ 21,75 (preço promocional*)
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha
O resultado dessa análise multidisciplinar está em "Super-Heróis, Cultura e Sociedade", livro publicado pela editora Idéias & Letras. As abordagens examinam os super-heróis e seu universo sob aspectos culturais, sociais, psíquicos, políticos e teológicos.
"Os super-heróis chamam a atenção de crianças e adolescentes porque são capazes de divertir, estimular a criatividade e imaginação e enriquecer os valores culturais, além de estabelecer projeções de papéis sociais", examina Denise D'Aurea Tardeli, psicóloga, pedagoga e doutora em psicologia escolar e desenvolvimento humano pela USP (Universidade de São Paulo).
Os textos foram organizados por Nildo Viana e Iuri Andréas Reblin. Nildo é formado em ciências sociais, filosofia e doutor em sociologia pela UnB (Universidade de Brasília). Iuri é bacharel, mestre e doutorando em teologia pela Escola Superior de Teologia de São Leopoldo (RS).
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"Super-Heróis, Cultura e Sociedade"
Organizadores: Nildo Viana e Iuri Andréas Reblin
Editora: Idéias & Letras
Páginas: 184
Quanto: R$ 21,75 (preço promocional*)
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha
A história da arte (pirateada)
Por Tatiana de Mello Dias
Livro clássico de arte é recriado na base da colaboração: o conteúdo é coletivo e a publicação, viabilizada por crowdfunding
SÃO PAULO – A artista Bia Bittencourt, 26 anos, achava o livro A História da Arte, de Ernst Gombrich, o mais chato entre todos os livros de arte. Quando uma amiga lhe fez uma proposta para recriar um livro de arte, ela não pensou duas vezes: escolheu o clássico de Gombrich, publicado nos anos 50. “A proposta era piratear um livro que fosse essencial em uma biblioteca de arte. Já que eu ia ter que recriá-lo mesmo, escolhi o mais entediante”, explica.
A amiga era a artista americana Lynn Harris, radicada em Londres e dona da editora And Publishing. Ela chamou Bia para participar do Piracy Project, projeto que tem o objetivo de criar, em Londres, uma biblioteca de livros de arte pirateados.
Mais do que apenas piratear, o projeto quer discutir métodos criativos de reprodução e a filosofia e a prática por trás da pirataria de livros.
“Piratear da maneira como esse projeto propõe vira um conceito, uma discussão sobre quem é dono de que, sobre apego”, avalia Bia. Só que o livro que a artista escolheu para refazer não é dos mais simples – o clássico do ensino de história da arte tem 688 páginas. “Eu não ia conseguir fazer sozinha nunca.”
Acostumada a lidar com produção colaborativa – ela trabalhou até o ano passado no programa Fiz, da MTV, que transmitia vídeos enviados pelos telespectadores –, Bia convidou artistas conhecidos e abriu uma chamada para receber claborações no site IdeaFixa. No chamado, ela explicou o projeto: “funzinear” o clássico de história da arte.
O único critério era que sua reprodutibilidade continuasse possível – valia mandar textos, fotos, arte, vídeo, qualquer coisa, desde que fosse possível executar uma cópia.
Bia selecionou os convidados e enviou a cada um uma cópia da página do livro a ser recriada. “A ideia inicial beirava o ‘funzine’, xerox, grampo, preto-e-braco. Mas aí eu comecei a receber música, vídeo, o pessoal foi se empenhando”, conta. Na seleção do material, entrou de tudo – até o feio ou o bizarro, que para ela são “peças importantes para o livro ser instigante”. “Senão fica monótono”, conta.
Foi tanto material que ela percebeu que, se não editasse um livro, seria um desperdício. Mas aí houve outro problema: e o dinheiro? Se a produção foi feita com base no crowdsourcing, porque não apelar também para uma maneira colaborativa de financiamento?
Bia conheceu o Movere.me, plataforma de crowdfunding, que abraçou o projeto. Ela pediu R$ 3,5 mil para viabilizar a edição de 100 cópias numeradas do livro. “Achei fantástico descentralizar cotas de patrocínio para a pessoa física. Achei esse um dos mais independentes processos de viabilização possivel.” Deu certo. Ela conseguiu até mais do que o previsto (R$ 3,9 mil foram doados por 43 pessoas).
O livro saiu e, além da edição impressa (que vem com CD encartado para as obras multimídia), há uma versão online “para ver” e outra “para roubar”, em forma de download no MediaFire.
Final feliz. Todo o trabalho foi feito em apenas três meses. No fim do processo, além da recriação, o livro História da Arte Pirata rendeu algo mais para Bia. De tanto depenar o História da Arte, ela mudou de opinião sobre o livro careta de Gombrich. Acabou se apaixonando por ele.
=====
Brilhante.
Fonte: Link Estadão
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