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[Conto] Buraco Negro - Parte 6

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Mensagem por Apgrilo Seg Fev 27, 2012 2:18 am

- O que está acontecendo? - Disse Jonas, ao recobrar a consciência ainda deitado em um colchão velho.
- É garoto, você perdeu a cabeça nessa madrugada. - Disse a voz de um homem, que ele sabia que reconhecia de algum lugar, mas não lembrava de onde.
Colocou a mão na nuca e foi subindo pelo couro cabeludo até chegar a um galo formado pela pancada na parte de trás.
- Ai!
- Ainda dói? He, he, he.
Jonas ficou olhando aquele homem rindo enquanto cocava seu cabelo crespo em volta da região onde o haviam acertado horas antes.
- Eu vou confessar que achei que era piração sua ao ver o velho, mas quando me contaram que foi ele... Erh, quer dizer... O outro ele que tinha te seqüestrado, ai sim eu entendi porque você deu chilique.
Lembranças começaram a vir na sua cabeça da madrugada anterior. Não, não era pesadelo, ele tinha visto o professor, mas era outro professor.
- O profe... O profe...
Enquanto ouvia mais um riso, Jonas ouviu o som de um salto alto andando vindo até eles.
- Sai, Miguel. Vai embora! - Ordenou uma voz feminina, abanando a mão esquerda.
- Me desculpa, Jonas. O Miguel as vezes é... Enfim, você tá bem?
Ele deu uma suspirada. Se sentiu melhor depois de poucos segundos com os olhos fechados.
- Tô. Tô sim, detetive Roberta.
- Aqui, toma. - Ela estava com um copo de café na mão e o entregou.
- Obrigado. - Disse, enquanto se sentava mais confortavelmente sob o colchão velho e um pouco empoeirado. Bebeu um gole do café amargo, o que o ajudou a despertar um pouco mais.
Ele conseguiu visualizar melhor a situação: ainda estavam no armazém, raios do sol da tarde entravam sem tanta força pelas janelas, e as mesmas pessoas continuavam conversando sobre uma mesa, enquanto Miguel e outro homem vigiavam a única porta de entrada que estava aberta.
- Detetive, porque você não me disse que era o professor?
- Seria um choque para você, garoto.
- Você mentiu pra mim.
- Não, eu apenas não te disse, senão você não viria. - Já consegue se levantar? - Jonas anuiu. - Então vem comigo.
Roberta o ajudou e foram andando em direção as pessoas na mesa. Quando se colocou ao lado dos demais, a mulher falou:
- Vem aqui, filho. - Falou a senhora com autoridade, como se fosse a chefe geral.
Jonas foi se aproximando, passando pelas costas das pessoas, se colocando ao lado delas. Ele olhou para os objetos analisados na mesa, todos espalhados e sob a superfície e tomou um pequeno choque com o que viu: a cartolina suja e velha com linhas paralelas riscadas e o traçado por cima mais forte.
- Reconhece isso aqui, filho?
- Sim... Essa... Essa... - Falou titubeando, ainda nervoso. - Cartolina ele usou para me seqüestrar.
- E foi essa mesma cartolina que serviu de prova para a gente confirmar todas as outras vitimas do professor e o padrão que ele segue. Já essas aqui - Mostrou cartolinas que Jonas sabia que as reconhecia de algum lugar -, você roubou para nós do laboratório dele.
- Eu?
- Não exatamente você. O Jonas era um pouco mais velho e mais magro. E foi o único que conseguiu enganar o professor. Foi ele que permitiu que melhorasse a nossa pesquisa e desenvolvesse a nossa máquina do tempo. - A mulher mais velha bateu de leve com o dedo médio na mesa duas vezes seguidas. - Jonas, você tá melhor da cabeça, filho? - Ele anuiu. - Se lembra do que aconteceu essa madrugada?
- Sim, me lembro. Do professor...
- Cardoso! Fernando Cardoso, sim, eu mesmo. - Falou o professor quando saiu de sua mesa e começou a vir até eles. - Oi Jonas. - Chegou até a mesa e mostrou o papel que estava na sua mão, o bilhete que ele e Roberta tinham retirado da mala na noite anterior. - Ah, e muito obrigado por me trazer o resto das minhas anotações. O que a delegada se esqueceu de falar é que foi por sua causa das suas cartolinas roubadas que eu consegui terminar a minha pesquisa e desenvolver a máquina do tempo pra polícia.
- Chefe! Aqui, chegou o lanche!
Todos olharam para Miguel e o outro vigia, que carregavam alguns sacos plásticos, que foram depositados em outra mesa mais afastada, perto da entrada de um pequeno escritório onde podia-se ver pela janela uma geladeira marrom. Assim que depositou os sacos plásticos na superfície da mesa, todos vieram e puxaram algumas cadeiras para junto da mesa.
Assim que foram se sentar, surgiu outro clarão no céu, iluminando o armazém. De repente, todos foram ao chão e alguns vomitaram suco gástrico, outros café e água, e até resto de comida. Jonas foi um dos primeiros a se recompor. Ele já desconfiava, mas a partir daquele momento ele teve certeza: ninguém pertencia aquele presente ou realidade.
- Vamos, vamos logo comer, o buraco negro vai começar em breve. - Falou a chefe.
Depois de minutos, todos já tinham ido ao banheiro para tirar o gosto ruim da boca, ou bochechado com água potável de uma das várias garrafa pet da geladeira de dentro do escritório, e foram comer em silêncio.
O final da tarde foi anunciado pelos raios de sol que deixavam o armazém, e assim foi iniciada uma pequena reunião entre os policiais dentro do escritório, sendo deixados de fora Jonas, o professor mais velho e Miguel. Incomodado com a presença daqueles dois, ele ficava um pouco apreensivo naqueles minutos que duraram para ele quase uma eternidade.
Quando enfim terminada, a mulher mais velha liderou a saída do escritório e anunciou:
- Esse vai ser o plano: a gente vai seguir o que o professor combinou com você, Jonas. Você vai até o ponto de encontro e descobre o que ele queria. Pelo padrão, ele deve querer que você volte no tempo, mas vamos verificar com cuidado. A detetive vai junto, além do Miguel pra cobertura de vocês. Eu vou ficar aqui esperando a ligação de vocês com o professor e o Aloísio também - apontou para o outro policial -, pra ver se a gente descobre o que diabos o professor quer com o grande paradoxo e ver o que faremos depois.
Jonas foi seguir Roberta e Miguel para dentro do escritório, e viu a detetive e o policial abrirem um armário e retirar munição para suas armas, além de outros objetos que os iriam auxiliar, incluindo dois smartphones muito avançados. Ficaram mais alguns minutos checando tudo antes de ir para a saída, quando a chefe chegou perto deles.
- Detetive, presta atenção, se lembre do padrão. - Ela anuiu. - Aqui tem algumas anotações que o nosso professor fez, que pode te ajudar. - Roberta pegou de sua mão e colocou dentro do seu terno.
- Preparados? - Perguntou a chefe.
- Não. - Afirmou Jonas.
- Ótimo, porque nenhum de nós vai estar quando começar o buraco negro. Boa sorte.

Apgrilo
Apagatti um dois três testando

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