Textos revisados para o 12
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Textos revisados para o 12
O Guerreiro e o Fantasma da Lembrança
“Sinto meus sentimentos como pedra em meu peito, mas sempre me vêm aquelas lembranças, como água, que tanto batem e, com isso, acabo no final de tudo só tendo areia em meu peito.” (Brenno Dias)
Um jovem guerreiro chega em seu quarto, depois de um dia cheio de batalhas. Mas seu quarto está frio e, quando fecha, as cortinas da porta se tornam pedras, trancando o caminho. Ele não poderia mais sair. Seu coração começa a gelar e, automaticamente, ele larga a sua lança de batalha no chão. Seus olhos não saem de uma certa direção... o alvo daquele olhar, já úmido pelas lágrimas, era um livro que havia sido aberto. Nada havia sido feito por ele para que aquele livro tivesse sido aberto... nada de dialetos místicos, nada de chave mágica e nada de alisar a capa para ser aberto; enfim, nada foi feito.
O problema, na verdade, não era o livro simplesmente ter sido aberto, mas sim o fantasma que saíra daquelas páginas. Algumas páginas traziam histórias ruins para o coração daquele guerreiro. Com isso, o fantasma não pensa duas vezes e intimida o guerreiro. Fazendo-o lembrar da dor de que nem mesmo a melhor armadura ou amuleto poderiam livrá-lo.
O jovem caiu de joelhos ao chão, percebendo, logo em seguida, que sua sombra não estava mais ao seu lado. Ele a procura, com uma grande dificuldade. Ele a encontra ao lado do fantasma. O inacreditável ele acabava de ver... a sua sombra estava sangrando! O fantasma sente aquele cheiro de sangue e logo absorve a sombra do guerreiro. Ele grita de dor e cai por completo no chão, mas não para de olhar para o fantasma. O fantasma acaba de crescer o dobro do tamanho anterior e, apenas com os braços, tampa as janelas e a porta, deixando-o sem esperança.
Naquele momento, as páginas ruins daquele livro começam a ser folheadas pela alma do guerreiro, fazendo seu coração reler e viver cada letra. A dor e tristeza não deixavam o seu espírito interromper a ação da alma.
O gigante fantasma começa a olhar fixamente nos olhos do guerreiro no chão; era mais um ataque ofensivo dele. Pois, com um dos olhos, ele tirava o sorriso, o humor, a esperança, a força, o ânimo, e até a fé que o guerreiro tinha em seu Rei... e, com o outro olho, ele lança pra dentro do guerreiro o medo, muito frio, muito calor, tristeza e a certeza da derrota.
O guerreiro vai quase se entregando. Ele perde a visão, mas não a vontade de chorar. Mas, bem ao fundo, ele ouve vozes de fora da casa, de pessoas gritando pela sua recuperação e vitória. Ele dá um leve riso, mas não pode responder.
Aquela atitude fez o fantasma ficar desatento, por poucos segundos, e esse tempo foi o suficiente para o espírito do guerreiro trazer à sua memória uma história contada pelo seu Rei. A história era de um jovem guerreiro que vencera um gigante com apenas uma pedra. Então, o guerreiro sente o sopro da esperança que saía por debaixo da porta... ele tenta, com as mãos, quebrar o chão e arrancar uma pedra.
O gigante, percebendo uma possível reação, coloca mais força em seus ataques, e o guerreiro, com o pouco de esperança, vai tentando lutar. Isso pode durar dias. Nada ainda é certo. Mas para a bruxa da sorte, a lógica seria os sentimentos vencerem; mas o Rei ordena que a sorte cale a boca. Então, só depende do próprio guerreiro e de suas habilidades.
“Só venceremos os sentimentos da alma se a nossa própria alma aprender com o espírito que o coração quer apenas ser feliz.” (Brenno Dias)
“Sinto meus sentimentos como pedra em meu peito, mas sempre me vêm aquelas lembranças, como água, que tanto batem e, com isso, acabo no final de tudo só tendo areia em meu peito.” (Brenno Dias)
Um jovem guerreiro chega em seu quarto, depois de um dia cheio de batalhas. Mas seu quarto está frio e, quando fecha, as cortinas da porta se tornam pedras, trancando o caminho. Ele não poderia mais sair. Seu coração começa a gelar e, automaticamente, ele larga a sua lança de batalha no chão. Seus olhos não saem de uma certa direção... o alvo daquele olhar, já úmido pelas lágrimas, era um livro que havia sido aberto. Nada havia sido feito por ele para que aquele livro tivesse sido aberto... nada de dialetos místicos, nada de chave mágica e nada de alisar a capa para ser aberto; enfim, nada foi feito.
O problema, na verdade, não era o livro simplesmente ter sido aberto, mas sim o fantasma que saíra daquelas páginas. Algumas páginas traziam histórias ruins para o coração daquele guerreiro. Com isso, o fantasma não pensa duas vezes e intimida o guerreiro. Fazendo-o lembrar da dor de que nem mesmo a melhor armadura ou amuleto poderiam livrá-lo.
O jovem caiu de joelhos ao chão, percebendo, logo em seguida, que sua sombra não estava mais ao seu lado. Ele a procura, com uma grande dificuldade. Ele a encontra ao lado do fantasma. O inacreditável ele acabava de ver... a sua sombra estava sangrando! O fantasma sente aquele cheiro de sangue e logo absorve a sombra do guerreiro. Ele grita de dor e cai por completo no chão, mas não para de olhar para o fantasma. O fantasma acaba de crescer o dobro do tamanho anterior e, apenas com os braços, tampa as janelas e a porta, deixando-o sem esperança.
Naquele momento, as páginas ruins daquele livro começam a ser folheadas pela alma do guerreiro, fazendo seu coração reler e viver cada letra. A dor e tristeza não deixavam o seu espírito interromper a ação da alma.
O gigante fantasma começa a olhar fixamente nos olhos do guerreiro no chão; era mais um ataque ofensivo dele. Pois, com um dos olhos, ele tirava o sorriso, o humor, a esperança, a força, o ânimo, e até a fé que o guerreiro tinha em seu Rei... e, com o outro olho, ele lança pra dentro do guerreiro o medo, muito frio, muito calor, tristeza e a certeza da derrota.
O guerreiro vai quase se entregando. Ele perde a visão, mas não a vontade de chorar. Mas, bem ao fundo, ele ouve vozes de fora da casa, de pessoas gritando pela sua recuperação e vitória. Ele dá um leve riso, mas não pode responder.
Aquela atitude fez o fantasma ficar desatento, por poucos segundos, e esse tempo foi o suficiente para o espírito do guerreiro trazer à sua memória uma história contada pelo seu Rei. A história era de um jovem guerreiro que vencera um gigante com apenas uma pedra. Então, o guerreiro sente o sopro da esperança que saía por debaixo da porta... ele tenta, com as mãos, quebrar o chão e arrancar uma pedra.
O gigante, percebendo uma possível reação, coloca mais força em seus ataques, e o guerreiro, com o pouco de esperança, vai tentando lutar. Isso pode durar dias. Nada ainda é certo. Mas para a bruxa da sorte, a lógica seria os sentimentos vencerem; mas o Rei ordena que a sorte cale a boca. Então, só depende do próprio guerreiro e de suas habilidades.
“Só venceremos os sentimentos da alma se a nossa própria alma aprender com o espírito que o coração quer apenas ser feliz.” (Brenno Dias)
Ricardo Andrade- não fez nada. Já estava assim quando ele chegou
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Re: Textos revisados para o 12
Esse de cima é o texto do Agente, mas eu ainda vou conversar com ele sobre umas dúvidas que tive...
Ricardo Andrade- não fez nada. Já estava assim quando ele chegou
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Viciados na Faca - Revisado
Viciados na Faca
Jaqueline Scognamiglio
Apreciar um musical requer uma sensibilidade que, pra ser bem sincera, eu não tenho. São raros os filmes desse gênero que realmente despertam algo em mim. Com exceção de dois ou três, que me interessam mais pela estética que por qualquer outro motivo, musicais não me parecem muito eficazes quando se trata de descrever o descontrole e a sordidez humana. E esse é um tema que me interessa muito.
No entanto, há pouco tempo, tive o prazer de assistir a um dos musicais mais insanos e incríveis já feitos: Repo: The Genetic Opera. Em um futuro não muito distante (2056, para ser mais exata), uma epidemia de falência de orgãos causa a morte de milhões de pessoas, transformando o planeta em um cemitério gigante. Em meio ao caos, surge a companhia Geneco, especializada em transplantes de órgãos, facilitando as formas de pagamento dos "produtos", para que todos possam ter direito a uma segunda chance. Mas, obviamente, toda transformação tem seu preço. E para a Geneco, dívidas devem ser pagas com a vida. Caso algum cliente não pague por seus novos órgãos, o temível RepoMan é enviado para "repossuí-los".
Em um mundo onde a transformação física acarreta também uma transformação de personalidade e a oportunidade de uma nova vida, a facilidade com que se assume diferentes facetas dentro de um universo sem lei (e aqui podemos traçar um paralelo com a própria Internet) faz com que grande parte da população se torne viciada em cirurgias (não só plásticas), como uma tentativa, ou melhor, uma necessidade de se encaixar no quadro disforme, doente e desesperador que se forma diante de seus olhos.
Um universo neo-gótico povoado por exageros, assassinatos sancionados pela lei e milhões de viciados em analgésicos, contribuindo para o aumento do tráfico de drogas, constroem uma imagem assustadoramente similar à nossa realidade, uma espécie de hipérbole da sociedade em que vivemos hoje, a qual nos obriga a assumir diferentes identidades devido à enorme quantidade de informação e possibilidades a que somos expostos.
Ao contrário, porém, da minha visão otimista da coisa, já que sempre fui defensora do acesso total às informações, The Genetic Opera (que, por sinal, foi produzida pelo “Deus do JRock”, Yoshiki, ex-líder do X-Japan, *detalhe importantíssimo para minha pessoa*) apresenta um olhar bastante sombrio sobre nosso futuro, escancarando a tendência humana à vaidade e ao descontrole, a ponto de nos alienar diante das facilidades do mundo moderno, explicitando, assim, *olha a ironia* exatamente aquilo que é constante alvo de críticas quando o assunto é a intensa onda de informações: o vazio pelo exagero.
Esse filme, a meu ver, retrata como nenhum outro o momento em que nos encontramos: um show de horrores divertidíssimo... e mesmo que você finja que se importa com as coisas horrendas lá fora... nós sabemos que você só se importa com aquela pessoa que te olha através do espelho todas as manhãs, e nós sabemos que você deseja intimamente poder mudar... não o mundo... mas a si mesmo.
Só espero que o terrível RepoMan não venha nos buscar um dia desses... porque... convenhamos... não parece meio óbvio que já estamos todos viciados na faca? De uma maneira ou de outra?
Jaqueline Scognamiglio
Apreciar um musical requer uma sensibilidade que, pra ser bem sincera, eu não tenho. São raros os filmes desse gênero que realmente despertam algo em mim. Com exceção de dois ou três, que me interessam mais pela estética que por qualquer outro motivo, musicais não me parecem muito eficazes quando se trata de descrever o descontrole e a sordidez humana. E esse é um tema que me interessa muito.
No entanto, há pouco tempo, tive o prazer de assistir a um dos musicais mais insanos e incríveis já feitos: Repo: The Genetic Opera. Em um futuro não muito distante (2056, para ser mais exata), uma epidemia de falência de orgãos causa a morte de milhões de pessoas, transformando o planeta em um cemitério gigante. Em meio ao caos, surge a companhia Geneco, especializada em transplantes de órgãos, facilitando as formas de pagamento dos "produtos", para que todos possam ter direito a uma segunda chance. Mas, obviamente, toda transformação tem seu preço. E para a Geneco, dívidas devem ser pagas com a vida. Caso algum cliente não pague por seus novos órgãos, o temível RepoMan é enviado para "repossuí-los".
Em um mundo onde a transformação física acarreta também uma transformação de personalidade e a oportunidade de uma nova vida, a facilidade com que se assume diferentes facetas dentro de um universo sem lei (e aqui podemos traçar um paralelo com a própria Internet) faz com que grande parte da população se torne viciada em cirurgias (não só plásticas), como uma tentativa, ou melhor, uma necessidade de se encaixar no quadro disforme, doente e desesperador que se forma diante de seus olhos.
Um universo neo-gótico povoado por exageros, assassinatos sancionados pela lei e milhões de viciados em analgésicos, contribuindo para o aumento do tráfico de drogas, constroem uma imagem assustadoramente similar à nossa realidade, uma espécie de hipérbole da sociedade em que vivemos hoje, a qual nos obriga a assumir diferentes identidades devido à enorme quantidade de informação e possibilidades a que somos expostos.
Ao contrário, porém, da minha visão otimista da coisa, já que sempre fui defensora do acesso total às informações, The Genetic Opera (que, por sinal, foi produzida pelo “Deus do JRock”, Yoshiki, ex-líder do X-Japan, *detalhe importantíssimo para minha pessoa*) apresenta um olhar bastante sombrio sobre nosso futuro, escancarando a tendência humana à vaidade e ao descontrole, a ponto de nos alienar diante das facilidades do mundo moderno, explicitando, assim, *olha a ironia* exatamente aquilo que é constante alvo de críticas quando o assunto é a intensa onda de informações: o vazio pelo exagero.
Esse filme, a meu ver, retrata como nenhum outro o momento em que nos encontramos: um show de horrores divertidíssimo... e mesmo que você finja que se importa com as coisas horrendas lá fora... nós sabemos que você só se importa com aquela pessoa que te olha através do espelho todas as manhãs, e nós sabemos que você deseja intimamente poder mudar... não o mundo... mas a si mesmo.
Só espero que o terrível RepoMan não venha nos buscar um dia desses... porque... convenhamos... não parece meio óbvio que já estamos todos viciados na faca? De uma maneira ou de outra?
Ricardo Andrade- não fez nada. Já estava assim quando ele chegou
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Re: Textos revisados para o 12
Revisor Fantasma em ação:
POR ONDE ANDA?
ANN NOCENTI
A primeira vez que ouvi falar de Ann Nocenti, ela era um personagem de uma história em quadrinhos. No número 44 da revista do Incrível Hulk, da editora Abril (Incredible Hulk 291, nos EUA), ela dá conselhos para um perturbado Bruce Banner, quando este visita os escritórios da Marvel, em Nova York.
Pois não demorou muito para eu descobrir que Ann Nocenti era real! Seu nome começou a aparecer como escritora de vários personagens da Marvel, na segunda metade da década de 80. Seu trabalho mais famoso, sem dúvida, é na série do Demolidor, onde sucedeu Frank Miller, depois do bombástico arco “A Queda de Murdock”, numa longa parceria com o artista John Romita Jr. Ann ficou cinco anos na revista, e introduziu diversos personagens, como Mary Tiphoid e Coração Negro, no elenco do personagem.
Ela também é bastante lembrada por sua genuína criação, o personagem Longshot, que mais tarde viria a fazer parte do universo dos X-Men, junto com os vilões Mojo e Espiral, também da sua autoria.
Outros personagens que escreveu incluem a Mulher-Aranha, Homem-Aranha, Colossus, Motoqueiro Fantasma, Wolverine e Doutor Estranho.
Após 16 edições de Kid Eternidade para o selo Vertigo da DC Comics, Nocenti aparentemente sumiu do mapa, durante a “crise dos quadrinhos” em meados dos anos 90. O que aconteceu?
Pois a mulher se meteu com jornalismo – em que é formada, aliás – e trabalhou em revistas de esquerda, como High Times e Prison Life Magazine, e o jornal The Nation. No início dos anos 2000, ela migrou pra TV, onde escreveu e editou várias reportagens e documentários, até que, fatalmente, agora está começando a se meter com cinema.
Nocenti co-dirigiu o curta-metragem “The Baluch”, além de produzir outro, chamado “Creep”. No meio disso tudo, também escreveu uma peça para o teatro: “Stitching”, com John Ventimiglia no papel principal.
O mais novo projeto dessa ex-escritora de quadrinhos é o roteiro do filme “Patriot Ville”, sem data de estréia marcada nos Estados Unidos, mas que deve sair este ano. Trata-se de uma comédia estrelada pelo autor Justin Long, onde há uma alguma crítica social, como em tudo que Ann escreve. O filme trata da luta do curador de um museu contra a instalação de um cassino indígena no sítio histórico onde aconteceu uma histórica batalha.
Além disso tudo, ela se dedica a trabalho voluntário nas horas vagas, como dar aulas de cinema no Haiti. Será que sobra algum tempo pra ela voltar pros quadrinhos? Bom, com a recente republicação em capa dura da saga de Longshot, quem sabe a Marvel não a convida para um revival? Fica a torcida.
POR ONDE ANDA?
ANN NOCENTI
A primeira vez que ouvi falar de Ann Nocenti, ela era um personagem de uma história em quadrinhos. No número 44 da revista do Incrível Hulk, da editora Abril (Incredible Hulk 291, nos EUA), ela dá conselhos para um perturbado Bruce Banner, quando este visita os escritórios da Marvel, em Nova York.
Pois não demorou muito para eu descobrir que Ann Nocenti era real! Seu nome começou a aparecer como escritora de vários personagens da Marvel, na segunda metade da década de 80. Seu trabalho mais famoso, sem dúvida, é na série do Demolidor, onde sucedeu Frank Miller, depois do bombástico arco “A Queda de Murdock”, numa longa parceria com o artista John Romita Jr. Ann ficou cinco anos na revista, e introduziu diversos personagens, como Mary Tiphoid e Coração Negro, no elenco do personagem.
Ela também é bastante lembrada por sua genuína criação, o personagem Longshot, que mais tarde viria a fazer parte do universo dos X-Men, junto com os vilões Mojo e Espiral, também da sua autoria.
Outros personagens que escreveu incluem a Mulher-Aranha, Homem-Aranha, Colossus, Motoqueiro Fantasma, Wolverine e Doutor Estranho.
Após 16 edições de Kid Eternidade para o selo Vertigo da DC Comics, Nocenti aparentemente sumiu do mapa, durante a “crise dos quadrinhos” em meados dos anos 90. O que aconteceu?
Pois a mulher se meteu com jornalismo – em que é formada, aliás – e trabalhou em revistas de esquerda, como High Times e Prison Life Magazine, e o jornal The Nation. No início dos anos 2000, ela migrou pra TV, onde escreveu e editou várias reportagens e documentários, até que, fatalmente, agora está começando a se meter com cinema.
Nocenti co-dirigiu o curta-metragem “The Baluch”, além de produzir outro, chamado “Creep”. No meio disso tudo, também escreveu uma peça para o teatro: “Stitching”, com John Ventimiglia no papel principal.
O mais novo projeto dessa ex-escritora de quadrinhos é o roteiro do filme “Patriot Ville”, sem data de estréia marcada nos Estados Unidos, mas que deve sair este ano. Trata-se de uma comédia estrelada pelo autor Justin Long, onde há uma alguma crítica social, como em tudo que Ann escreve. O filme trata da luta do curador de um museu contra a instalação de um cassino indígena no sítio histórico onde aconteceu uma histórica batalha.
Além disso tudo, ela se dedica a trabalho voluntário nas horas vagas, como dar aulas de cinema no Haiti. Será que sobra algum tempo pra ela voltar pros quadrinhos? Bom, com a recente republicação em capa dura da saga de Longshot, quem sabe a Marvel não a convida para um revival? Fica a torcida.
Kio- Editor aposentado
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Re: Textos revisados para o 12
Mais do Revisor Fantasma:
A GERAÇÃO PERDIDA DE STAR TREK
Antes mesmo de Kirk, McCoy, Scotty, Sulu, Uhura e Chekov juntarem-se à Frota Estelar, uma outra tripulação comandava a Enterprise
Por Nano Falcão
“Estas são as viagens da nave estelar Enterprise, em sua missão de pesquisar novos mundos, novas vidas, novas civilizações... Comandada pelo Capitão Christopher Pyke e sua primeira oficial, a Número Um...”
Espera aí. Capitão Pyke? Número Um? Quem são estes? É mais uma franquia de Jornada nas Estrelas que você deve ter perdido?
Nada disso, trata-se justamente da primeira tripulação da Enterprise. “Mas a primeira não era do Capitão Archer naquele seriado que foi um fiasco?” Não, não, estou falando dos anos 60. “Espera aí, mas essa não é a turma do Kirk?”
Antes de Jornada nas Estrelas tomar forma e transformar-se no seriado clássico que conhecemos hoje, foi um longo caminho até Gene Roddenberry convencer um estúdio a bancar a sua criação.
No início dos anos 60, a ficção científica ainda era uma novidade para a TV. Embora o gênero tenha se tornado popular na literatura, no cinema e nas histórias em quadrinhos dos anos 50, na telinha ele ainda ensaiava seus primeiros passos, com séries antológicas como Além da Imaginação e Quinta Dimensão – lembrando que estas eram de contos fechados, não um conceito regular, com os mesmos personagens e temas.
Roddenberry era fã de ficção científica e teve a idéia de uma série do tipo, a primeira realmente do gênero na televisão norte-americana. Para dar a desculpa de viagens pelo espaço e o encontro com civilizações alienígenas, veio a idéia de uma nave exploratória, no estilo das navegações do século XV e XVI: tratar-se-ia do ser humano agora desafiando outra fronteira, descobrindo novos mundos, e também colonizando estes territórios.
A nave inicialmente não se chamava Enterprise, mas sim Yorktown, e seu Capitão era Robert April. Na verdade, houve uma lista de uma dúzia de nomes “legais” pelos quais o Capitão poderia se chamar. Enquanto Roddenberry tentava convencer algum estúdio, as coisas foram mudando, e os nomes dos personagens também.
Em 1964, Roddenberry conseguiu 435 mil dólares da NBC para filmar um “piloto” – como é chamado o episódio de apresentação de uma série, que pode ou não ser aprovado pelos executivos. O dinheiro era uma verdadeira fábula para a época: a NBC tinha acabado de implantar o sistema Technicolor, e acharam que uma série de ficção científica era uma boa forma de jogar muitas cores na tela.
Para viver o papel do Capitão, Roddenberry decidiu contratar um nome de peso, o ator Jeffrey Hunter, mais conhecido por ter vivido o Jesus Cristo mais famoso da história do cinema, no filme “Rei dos Reis”. Por essas e outras, o episódio-piloto acabou custando na verdade 630 mil dólares, o mais caro da TV americana até aquele momento.
Os executivos sugeriram a Roddenberry mudar o nome da nave e do Capitão, e assim Yorktown virou ENTERPRISE, e Robert April, depois de um breve momento como Robert Winter, acabou mesmo como CHRISTOPHER PYKE.
No episódio-piloto “A Jaula”, somos apresentados à tripulação original da Enterprise: a segunda em comando era uma mulher, sem nome revelado, chamada simplesmente de “Número Um”. O médico da nave era um senhor de mais de 50 anos, Dr. Phillip Boyce, que servia como uma espécie de figura paterna para o jovem capitão. O navegador era um sul-americano jovial, José Ortegas. O engenheiro da nave era um alemão, o Sr. Schneider, também de cabelos brancos, como o Dr. Boyce. Tínhamos um oficial tático chamado Tyler. Havia um chefe de segurança, negro, o Sr. Wilson. A jovem ordenança e interesse romântico do Capitão, Colt. E, completando o elenco, um certo Sr. Spock, que tinha orelhas pontudas e era oficial de ciências...
Spock, originalmente era pra ser marciano, no tempo em que o Capitão da nave ainda era Robert April. Mas isso acabou sendo mudado já na filmagem de “A Jaula”, onde ele se tornou mesmo “Vulcano”, um planeta ainda a ser descoberto pelos humanos.
O episódio acabou sendo rejeitado pelos executivos da NBC, por ser muito “cerebral”. Eles queriam mais ação e pancadaria. E também havia o proibitivo valor de 630 mil que o filme custou: para Jornada nas Estrelas ser viável como série, teria que custar muito menos. Mas então eles tomaram uma decisão, que nem nos dias de hoje é típica da TV norte-americana: deram outra chance. Em geral, quando um piloto é rejeitado, a série nem é desenvolvida. Mas Jornada nas Estrelas é a exceção que comprova a regra.
Para tentar de novo, Roddenberry ganhou menos dinheiro: 300 mil dólares, metade da verba anterior. E os executivos pediram a cabeça da maioria dos personagens: eles não gostaram da tal “Número Um”; nos anos 60, achavam que o público não estava pronto pra ver mulheres no comando. Também não gostaram do médico Dr. Boyce, porque ele era “muito velho”, e queriam alguém mais novo para ser amigo do Capitão da nave. Em suma, limaram quase todo mundo, só ficando mesmo o Capitão Christopher Pyke e o oficial de ciências, Sr. Spock.
Mas, então, o ator Jeffrey Hunter acabou abandonando o barco, convencido pela sua esposa de que a série não tinha futuro. Para substituí-lo, Roddenberry acabou chamando outro ator canadense, que já havia trabalhado com ficção científica nas séries Além da Imaginação e Quinta Dimensão. Como mudou o ator, decidiram mudar também, de novo, o nome do Capitão, que virou James Kirk.
Spock subiu de posto, e se tornou o primeiro oficial, o segundo em comando. O novo médico da nave passou a ser o Dr. Leonard McCoy, uns dez anos mais velho que Kirk, mas não muito velho, pra poder participar das cenas de ação. No lugar de Ortegas, entrou um piloto japonês, Hikaru Sulu. E, ao invés de um alemão, o engenheiro-chefe passou a ser um escocês, Montgomery Scott. A nova ordenança do Capitão teve o papel diminuído, mas continuou existindo, agora com o nome de Janice Rand. E a esposa de Roddenberry, Majel Barret, que fazia a oficial “Número Um”, ganhou um novo papel, o da enfermeira Christine Chappel.
Apesar de não ser mais a tripulação da Enterprise, a turma do Capitão Pyke faz parte do “cânone” de Jornada nas Estrelas. Para compensar os atrasos das filmagens dos episódios da primeira temporada, Roddenberry resolveu pegar aquele episódio piloto “A Jaula” e transformá-lo noutro episódio, “A Coleção”. Afinal, o material já estava todo filmado e todo mundo considerava muito bom.
Para explicar porque os personagens eram diferentes, fizeram a ligação da Enterprise de Kirk com a de Pyke: através das lembranças de Spock, conhecemos o passado da nave. O ex-capitão agora é visto aleijado e mutilado, condenado a uma cadeira gravitacional (o futuro da cadeira de rodas). “A Coleção” tornou-se o único episódio da série clássica de Jornada nas Estrelas a ter duas partes, e acabou ganhando o prêmio Hugo & Nebula de ficção científica do ano de 1966, na categoria “teledramaturgia”.
A tripulação perdida de Star Trek foi até cogitada recentemente pra retomar a franquia. Entre as muitas idéias avaliadas pela Paramount para um novo filme estava a de retomar a tripulação de Christopher Pyke para reiniciar este universo: a decisão agradaria tanto aos fãs antigos, porque seriam mostradas as aventuras nunca antes contadas deste pessoal, como poderia ser um ponto de partida para os novos fãs, já que não necessitaria de conhecimento cronológico, por ser um prequel da série clássica.
Houve até mesmo boatos de que Tom Hanks poderia fazer o papel de Christopher Pyke, e Catherine Zeta-Jones seria a oficial Número Um. No entanto, tudo não passou de boato, e JJ Abrahms foi colocado no comando do novo filme, preferindo fazer um “Ultimate Star Trek” e trazer de volta a tripulação mais popular da Enterprise, repaginada para os novos tempos.
QUEM ERAM OS TRIPULANTES ORIGINAIS DA ENTERPRISE:
CAPITÃO CHRISTOPHER PYKE (Jeffrey Hunter): o mais jovem capitão da frota estelar, mais introspectivo e sério do que seria o Capitão Kirk.
NÚMERO UM (Majel Barret): o motivo pela qual ela não tem um nome é um dos mistérios da série. Provavelmente alienígena, embora de aparência totalmente humana, é fria e extremamente lógica, não aparenta ter emoções.
DR. PHILIP BOYCE (John Hoyt): o médico da nave também é o melhor amigo, e uma espécie de figura paterna para o jovem Capitão Pyke.
TYLER (Peter Duryea): o “oficial tático” da nave, também bastante jovem.
ORDENANÇA COLT (Laurel Goodwin): tem uma paixão reprimida pelo Capitão Pyke.
SR. SPOCK (Leonard Nimoy): oficial de ciências da nave, meio humano/meio vulcano.
SR. SCHNEIDER (ator não creditado): também um senhor de idade, engenheiro chefe da nave.
SR. WILSON (ator não creditado): afro-americano, chefe de segurança da nave.
JOSÉ ORTEGAS: o personagem não aparece em “A Jaula” mas estava escalado pra aparecer no decorrer da série, caso o piloto tivesse sido aprovado.
A GERAÇÃO PERDIDA DE STAR TREK
Antes mesmo de Kirk, McCoy, Scotty, Sulu, Uhura e Chekov juntarem-se à Frota Estelar, uma outra tripulação comandava a Enterprise
Por Nano Falcão
“Estas são as viagens da nave estelar Enterprise, em sua missão de pesquisar novos mundos, novas vidas, novas civilizações... Comandada pelo Capitão Christopher Pyke e sua primeira oficial, a Número Um...”
Espera aí. Capitão Pyke? Número Um? Quem são estes? É mais uma franquia de Jornada nas Estrelas que você deve ter perdido?
Nada disso, trata-se justamente da primeira tripulação da Enterprise. “Mas a primeira não era do Capitão Archer naquele seriado que foi um fiasco?” Não, não, estou falando dos anos 60. “Espera aí, mas essa não é a turma do Kirk?”
Antes de Jornada nas Estrelas tomar forma e transformar-se no seriado clássico que conhecemos hoje, foi um longo caminho até Gene Roddenberry convencer um estúdio a bancar a sua criação.
No início dos anos 60, a ficção científica ainda era uma novidade para a TV. Embora o gênero tenha se tornado popular na literatura, no cinema e nas histórias em quadrinhos dos anos 50, na telinha ele ainda ensaiava seus primeiros passos, com séries antológicas como Além da Imaginação e Quinta Dimensão – lembrando que estas eram de contos fechados, não um conceito regular, com os mesmos personagens e temas.
Roddenberry era fã de ficção científica e teve a idéia de uma série do tipo, a primeira realmente do gênero na televisão norte-americana. Para dar a desculpa de viagens pelo espaço e o encontro com civilizações alienígenas, veio a idéia de uma nave exploratória, no estilo das navegações do século XV e XVI: tratar-se-ia do ser humano agora desafiando outra fronteira, descobrindo novos mundos, e também colonizando estes territórios.
A nave inicialmente não se chamava Enterprise, mas sim Yorktown, e seu Capitão era Robert April. Na verdade, houve uma lista de uma dúzia de nomes “legais” pelos quais o Capitão poderia se chamar. Enquanto Roddenberry tentava convencer algum estúdio, as coisas foram mudando, e os nomes dos personagens também.
Em 1964, Roddenberry conseguiu 435 mil dólares da NBC para filmar um “piloto” – como é chamado o episódio de apresentação de uma série, que pode ou não ser aprovado pelos executivos. O dinheiro era uma verdadeira fábula para a época: a NBC tinha acabado de implantar o sistema Technicolor, e acharam que uma série de ficção científica era uma boa forma de jogar muitas cores na tela.
Para viver o papel do Capitão, Roddenberry decidiu contratar um nome de peso, o ator Jeffrey Hunter, mais conhecido por ter vivido o Jesus Cristo mais famoso da história do cinema, no filme “Rei dos Reis”. Por essas e outras, o episódio-piloto acabou custando na verdade 630 mil dólares, o mais caro da TV americana até aquele momento.
Os executivos sugeriram a Roddenberry mudar o nome da nave e do Capitão, e assim Yorktown virou ENTERPRISE, e Robert April, depois de um breve momento como Robert Winter, acabou mesmo como CHRISTOPHER PYKE.
No episódio-piloto “A Jaula”, somos apresentados à tripulação original da Enterprise: a segunda em comando era uma mulher, sem nome revelado, chamada simplesmente de “Número Um”. O médico da nave era um senhor de mais de 50 anos, Dr. Phillip Boyce, que servia como uma espécie de figura paterna para o jovem capitão. O navegador era um sul-americano jovial, José Ortegas. O engenheiro da nave era um alemão, o Sr. Schneider, também de cabelos brancos, como o Dr. Boyce. Tínhamos um oficial tático chamado Tyler. Havia um chefe de segurança, negro, o Sr. Wilson. A jovem ordenança e interesse romântico do Capitão, Colt. E, completando o elenco, um certo Sr. Spock, que tinha orelhas pontudas e era oficial de ciências...
Spock, originalmente era pra ser marciano, no tempo em que o Capitão da nave ainda era Robert April. Mas isso acabou sendo mudado já na filmagem de “A Jaula”, onde ele se tornou mesmo “Vulcano”, um planeta ainda a ser descoberto pelos humanos.
O episódio acabou sendo rejeitado pelos executivos da NBC, por ser muito “cerebral”. Eles queriam mais ação e pancadaria. E também havia o proibitivo valor de 630 mil que o filme custou: para Jornada nas Estrelas ser viável como série, teria que custar muito menos. Mas então eles tomaram uma decisão, que nem nos dias de hoje é típica da TV norte-americana: deram outra chance. Em geral, quando um piloto é rejeitado, a série nem é desenvolvida. Mas Jornada nas Estrelas é a exceção que comprova a regra.
Para tentar de novo, Roddenberry ganhou menos dinheiro: 300 mil dólares, metade da verba anterior. E os executivos pediram a cabeça da maioria dos personagens: eles não gostaram da tal “Número Um”; nos anos 60, achavam que o público não estava pronto pra ver mulheres no comando. Também não gostaram do médico Dr. Boyce, porque ele era “muito velho”, e queriam alguém mais novo para ser amigo do Capitão da nave. Em suma, limaram quase todo mundo, só ficando mesmo o Capitão Christopher Pyke e o oficial de ciências, Sr. Spock.
Mas, então, o ator Jeffrey Hunter acabou abandonando o barco, convencido pela sua esposa de que a série não tinha futuro. Para substituí-lo, Roddenberry acabou chamando outro ator canadense, que já havia trabalhado com ficção científica nas séries Além da Imaginação e Quinta Dimensão. Como mudou o ator, decidiram mudar também, de novo, o nome do Capitão, que virou James Kirk.
Spock subiu de posto, e se tornou o primeiro oficial, o segundo em comando. O novo médico da nave passou a ser o Dr. Leonard McCoy, uns dez anos mais velho que Kirk, mas não muito velho, pra poder participar das cenas de ação. No lugar de Ortegas, entrou um piloto japonês, Hikaru Sulu. E, ao invés de um alemão, o engenheiro-chefe passou a ser um escocês, Montgomery Scott. A nova ordenança do Capitão teve o papel diminuído, mas continuou existindo, agora com o nome de Janice Rand. E a esposa de Roddenberry, Majel Barret, que fazia a oficial “Número Um”, ganhou um novo papel, o da enfermeira Christine Chappel.
Apesar de não ser mais a tripulação da Enterprise, a turma do Capitão Pyke faz parte do “cânone” de Jornada nas Estrelas. Para compensar os atrasos das filmagens dos episódios da primeira temporada, Roddenberry resolveu pegar aquele episódio piloto “A Jaula” e transformá-lo noutro episódio, “A Coleção”. Afinal, o material já estava todo filmado e todo mundo considerava muito bom.
Para explicar porque os personagens eram diferentes, fizeram a ligação da Enterprise de Kirk com a de Pyke: através das lembranças de Spock, conhecemos o passado da nave. O ex-capitão agora é visto aleijado e mutilado, condenado a uma cadeira gravitacional (o futuro da cadeira de rodas). “A Coleção” tornou-se o único episódio da série clássica de Jornada nas Estrelas a ter duas partes, e acabou ganhando o prêmio Hugo & Nebula de ficção científica do ano de 1966, na categoria “teledramaturgia”.
A tripulação perdida de Star Trek foi até cogitada recentemente pra retomar a franquia. Entre as muitas idéias avaliadas pela Paramount para um novo filme estava a de retomar a tripulação de Christopher Pyke para reiniciar este universo: a decisão agradaria tanto aos fãs antigos, porque seriam mostradas as aventuras nunca antes contadas deste pessoal, como poderia ser um ponto de partida para os novos fãs, já que não necessitaria de conhecimento cronológico, por ser um prequel da série clássica.
Houve até mesmo boatos de que Tom Hanks poderia fazer o papel de Christopher Pyke, e Catherine Zeta-Jones seria a oficial Número Um. No entanto, tudo não passou de boato, e JJ Abrahms foi colocado no comando do novo filme, preferindo fazer um “Ultimate Star Trek” e trazer de volta a tripulação mais popular da Enterprise, repaginada para os novos tempos.
QUEM ERAM OS TRIPULANTES ORIGINAIS DA ENTERPRISE:
CAPITÃO CHRISTOPHER PYKE (Jeffrey Hunter): o mais jovem capitão da frota estelar, mais introspectivo e sério do que seria o Capitão Kirk.
NÚMERO UM (Majel Barret): o motivo pela qual ela não tem um nome é um dos mistérios da série. Provavelmente alienígena, embora de aparência totalmente humana, é fria e extremamente lógica, não aparenta ter emoções.
DR. PHILIP BOYCE (John Hoyt): o médico da nave também é o melhor amigo, e uma espécie de figura paterna para o jovem Capitão Pyke.
TYLER (Peter Duryea): o “oficial tático” da nave, também bastante jovem.
ORDENANÇA COLT (Laurel Goodwin): tem uma paixão reprimida pelo Capitão Pyke.
SR. SPOCK (Leonard Nimoy): oficial de ciências da nave, meio humano/meio vulcano.
SR. SCHNEIDER (ator não creditado): também um senhor de idade, engenheiro chefe da nave.
SR. WILSON (ator não creditado): afro-americano, chefe de segurança da nave.
JOSÉ ORTEGAS: o personagem não aparece em “A Jaula” mas estava escalado pra aparecer no decorrer da série, caso o piloto tivesse sido aprovado.
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Re: Textos revisados para o 12
Essa é do Revisor Fantasma:
LUAR SOBRE AS ESTEPES
Inverno de 1943. A investida alemã no fronte oriental tinha falhado. O Exército Vermelho, como uma onda, vinha pressionando as tropas do Wehrmacht.
Um pelotão de reconhecimento de Engenharia recebeu a missão de monitorar uma via de acesso que levava a um importante cruzamento rodo-ferroviário. Prepararam uma série de posições defensivas desde um pequeno vale até um pequeno vilarejo russo, com meia dúzia de casebres abandonados, perdido nas estepes.
O clima glacial tingia toda aquela região de branco. Não existia viva alma, humana ou não, naquelas paragens – uma total desolação. Esperando o inimigo havia quase uma semana, tentavam manter suas armas em condições de uso, tentavam não morrer congelados, tentavam não pensar no que viria pela frente. Todos eram veteranos, já tinham combatido em vários frentes, em várias batalhas. Formavam um grupo coeso, eficiente. Letal.
No início de uma manhã, os russos apareceram. Um batalhão, aproximadamente. Apenas a ponta de lança de uma força imensamente maior. A informação foi enviada para o escalão superior e, como resposta, o pelotão recebeu a missão de retardá-los por um dia. Era uma sentença de morte – mas ninguém disse uma palavra. Iriam cumprir seu dever. O tenente começou emitir ordens.
Quando a vanguarda da tropa russa estava ao alcance da artilharia alemã, foi solicitado o apoio de fogo. Em alguns minutos, o céu desabou sobre os vermelhos. No entanto, os canhões inimigos também começaram a atuar, bombardeando as posições alemãs. Explosões, fogo, estrondo. O chão se levantava a cada impacto das granadas de artilharia, num jorro de pedras, aço, carne e sangue. O inferno na Terra.
Após o término das explosões, os dois lados começaram a se reorganizar. Quando os soldados vermelhos voltaram a iniciar seu movimento, as posições de metralhadoras e de morteiros, habilmente camufladas pelos alemães, começaram a atirar. A batalha começara. O terreno foi disputado palmo a palmo. O pelotão alemão fez os russos pagarem muito caro por aquele pedaço da terra de ninguém, mas seu avanço era inexorável.
No final da tarde, os russos se aproximavam do vilarejo, e a última cartada do pelotão era um campo de minas terrestres bem organizado. Da brava tropa alemã, só restavam quatro combatentes – um sargento, o cabo enfermeiro e dois soldados. Todos com algum tipo de ferimento. Reunidos no último casebre do vilarejo, procuravam uma saída:
- O que fazemos agora, sargento?
- Não temos muitas opções. Quando os vermelhos passarem pelo campo minado, vão vasculhar as casas. E não há muito o que vasculhar. Estamos sem munição, nossa resistência seria patética. Ou morremos aqui, ou tentamos atingir a floresta, a trezentos metros ao sul, passando pelo campo coberto de neve. O que faria de nós alvos fáceis... a menos que consigamos alguma distração.
Um dos soldados, ao tentar se escorar num canto do casebre para descansar, foi tragado por um buraco disfarçado no chão por uma espécie de tapete. Os outros se aproximaram para ajudá-lo. Ele tinha caído no que parece ser um pequeno esconderijo:
- Tudo bem com você? – perguntou o cabo.
- Sim, estou bem. E, pessoal, não estamos sozinhos.
O soldado saiu do buraco, trazendo pelos braços uma jovem camponesa. Ela conseguiu se desvencilhar e correu para um canto do casebre. Com olhos vidrados, o rosto com uma palidez cadavérica, agindo como um animal acuado, ela começou a balbuciar incessantemente uma frase, no que parecia ser um dialeto russo arcaico. E, aos poucos, aumentou a voz até começar a repetir a mesma frase aos gritos.
- Parece que ela está pedindo para que a matemos, Sargento – disse o cabo.
O sargento pensa por um instante. Em seguida, saca sua Luger e atira na menina, na altura do estômago. Diante dos olhares espantados dos demais, ele diz, num tom que mais servia para justificar a si mesmo seu ato vil, do que para explicar sua ação para seus subordinados:
- Ela ia denunciar nossa posição. E, talvez, ela seja a chave para nossa fuga.
E então comanda rapidamente para que os dois soldados reúnam o máximo de granadas e minas que puderem. Juntamente com o cabo, colocam a jovem numa cama que estava no cômodo. E ordena para que o cabo lhe aplique morfina.
- Como assim, sargento?...
- Ela tem que agüentar até que os vermelhos a achem. Eles devem querer cuidar de uma compatriota ferida...
- Você vai usá-la como isca de uma armadilha?
- Usaremos um acionador de descompressão. Assim que eles a retirarem da cama, tudo vai pelos ares. Conseguimos distração suficiente para mantermos os russos ocupados, enquanto atingimos a floresta.
- Mas, sargento...
- Prefere morrer, ou ser capturado?
Eles agiram como planejado. Terminaram ao cair da noite e começaram sua evasão. O cabo ia à frente, seguido dos dois soldados. O sargento fechava a fila. Se tudo desse certo, se os russos caíssem na armadilha deles, eles teriam uma chance de atingir a floresta e escapar. Muitos senões, nenhuma opção.
Assim que a noite caiu, os alemães iniciaram sua fuga. Tinham percorrido uns cinquenta metros, quando uma coisa inusitada aconteceu – as nuvens que, há semanas, encobriam os céus, começaram a se abrir, e uma enorme lua cheia apareceu, iluminando toda a região, enchendo a noite de uma claridade sobrenatural. Os alemães começavam a maldizer sua falta de sorte quando ouviram uma forte explosão. Todos olharam para trás. A armadilha fora acionada.
- Ou os russos estão mais perto do que pensamos, ou a menina levantou sozinha – disse o sargento.
- Impossível, sargento. Ela mal estava respirando, e a morfina que eu apliquei já a havia sedado...
Mas algo chamou a atenção dos alemães. Do meio dos escombros da casa destruída, surgiu um vulto. Com um salto improvável, ele alcançou o meio da estrada que cortava a cidade. Surgiu, banhada pelo luar fantasmagórico, uma criatura enorme, esguia, aparentemente coberta de pêlos, com braços e pernas estranhamente alongados.
Os russos, que já haviam atingido os limites do vilarejo, a avistaram também e começaram a atirar. A enorme figura, apesar de ser atingida, não caiu. Ela rosnou e soltou um uivo terrível, prolongado, que preencheu o ar. De repente, mais vultos começaram a surgir, como por encanto, ninguém saberia dizer de onde. Eles também começaram a uivar, e todos se lançaram em direção às tropas russas, iniciando um massacre inconcebível.
Todos, com exceção da primeira criatura. Ela se voltou para os alemães que, naqueles infindáveis segundos, observavam a tudo, incrédulos. E começou a vir em sua direção. Eles começaram a correr. O cabo ouviu os gritos e os tiros que vinham da cidade cessarem. Em seguida, reconheceu o som da submetralhadora do sargento a disparar duas curtas rajadas e silenciar. Em seguida, ouviu o grito de um dos soldados.
Ainda que o medo gritasse para que não olhasse para trás e corresse com todas as suas forças, o cabo se virou a tempo de ver a cabeça do segundo soldado ser arrancada com um único golpe. Tentou avançar mais, quando sentiu garras atingindo suas costas, rasgando ossos e carne.
Foi arremessado alguns metros a frente. Ao cair, já não sentia suas pernas. Mal conseguiu se virar, quando a criatura parou sobre ele. Mortificado, ele observou uma figura humanóide, coberta de pelos acinzentados, com uma face lupina, em todo seu terror.
Sentiu-se ser erguido pelo pescoço, sem esforço algum. O monstro o segurava em frente ao seu focinho, e o observava com seus olhos negros. E como se algo invadisse sua mente contra sua vontade, o cabo acreditou ouvir uma voz dizendo: “Deviam ter me matado.” Em seguida, um outro uivo, mais horripilante que o primeiro, foi lançado na noite.
E, antes do fim, a última lembrança que acomete o cabo é de uma pequena placa de madeira, jogada às margens da estrada que levava ao vilarejo, com uma inscrição em russo que, nesse derradeiro momento, passou, sinistramente, a ter sentido. Uma placa cuja inscrição dizia: “covil de lobos”.
LUAR SOBRE AS ESTEPES
Inverno de 1943. A investida alemã no fronte oriental tinha falhado. O Exército Vermelho, como uma onda, vinha pressionando as tropas do Wehrmacht.
Um pelotão de reconhecimento de Engenharia recebeu a missão de monitorar uma via de acesso que levava a um importante cruzamento rodo-ferroviário. Prepararam uma série de posições defensivas desde um pequeno vale até um pequeno vilarejo russo, com meia dúzia de casebres abandonados, perdido nas estepes.
O clima glacial tingia toda aquela região de branco. Não existia viva alma, humana ou não, naquelas paragens – uma total desolação. Esperando o inimigo havia quase uma semana, tentavam manter suas armas em condições de uso, tentavam não morrer congelados, tentavam não pensar no que viria pela frente. Todos eram veteranos, já tinham combatido em vários frentes, em várias batalhas. Formavam um grupo coeso, eficiente. Letal.
No início de uma manhã, os russos apareceram. Um batalhão, aproximadamente. Apenas a ponta de lança de uma força imensamente maior. A informação foi enviada para o escalão superior e, como resposta, o pelotão recebeu a missão de retardá-los por um dia. Era uma sentença de morte – mas ninguém disse uma palavra. Iriam cumprir seu dever. O tenente começou emitir ordens.
Quando a vanguarda da tropa russa estava ao alcance da artilharia alemã, foi solicitado o apoio de fogo. Em alguns minutos, o céu desabou sobre os vermelhos. No entanto, os canhões inimigos também começaram a atuar, bombardeando as posições alemãs. Explosões, fogo, estrondo. O chão se levantava a cada impacto das granadas de artilharia, num jorro de pedras, aço, carne e sangue. O inferno na Terra.
Após o término das explosões, os dois lados começaram a se reorganizar. Quando os soldados vermelhos voltaram a iniciar seu movimento, as posições de metralhadoras e de morteiros, habilmente camufladas pelos alemães, começaram a atirar. A batalha começara. O terreno foi disputado palmo a palmo. O pelotão alemão fez os russos pagarem muito caro por aquele pedaço da terra de ninguém, mas seu avanço era inexorável.
No final da tarde, os russos se aproximavam do vilarejo, e a última cartada do pelotão era um campo de minas terrestres bem organizado. Da brava tropa alemã, só restavam quatro combatentes – um sargento, o cabo enfermeiro e dois soldados. Todos com algum tipo de ferimento. Reunidos no último casebre do vilarejo, procuravam uma saída:
- O que fazemos agora, sargento?
- Não temos muitas opções. Quando os vermelhos passarem pelo campo minado, vão vasculhar as casas. E não há muito o que vasculhar. Estamos sem munição, nossa resistência seria patética. Ou morremos aqui, ou tentamos atingir a floresta, a trezentos metros ao sul, passando pelo campo coberto de neve. O que faria de nós alvos fáceis... a menos que consigamos alguma distração.
Um dos soldados, ao tentar se escorar num canto do casebre para descansar, foi tragado por um buraco disfarçado no chão por uma espécie de tapete. Os outros se aproximaram para ajudá-lo. Ele tinha caído no que parece ser um pequeno esconderijo:
- Tudo bem com você? – perguntou o cabo.
- Sim, estou bem. E, pessoal, não estamos sozinhos.
O soldado saiu do buraco, trazendo pelos braços uma jovem camponesa. Ela conseguiu se desvencilhar e correu para um canto do casebre. Com olhos vidrados, o rosto com uma palidez cadavérica, agindo como um animal acuado, ela começou a balbuciar incessantemente uma frase, no que parecia ser um dialeto russo arcaico. E, aos poucos, aumentou a voz até começar a repetir a mesma frase aos gritos.
- Parece que ela está pedindo para que a matemos, Sargento – disse o cabo.
O sargento pensa por um instante. Em seguida, saca sua Luger e atira na menina, na altura do estômago. Diante dos olhares espantados dos demais, ele diz, num tom que mais servia para justificar a si mesmo seu ato vil, do que para explicar sua ação para seus subordinados:
- Ela ia denunciar nossa posição. E, talvez, ela seja a chave para nossa fuga.
E então comanda rapidamente para que os dois soldados reúnam o máximo de granadas e minas que puderem. Juntamente com o cabo, colocam a jovem numa cama que estava no cômodo. E ordena para que o cabo lhe aplique morfina.
- Como assim, sargento?...
- Ela tem que agüentar até que os vermelhos a achem. Eles devem querer cuidar de uma compatriota ferida...
- Você vai usá-la como isca de uma armadilha?
- Usaremos um acionador de descompressão. Assim que eles a retirarem da cama, tudo vai pelos ares. Conseguimos distração suficiente para mantermos os russos ocupados, enquanto atingimos a floresta.
- Mas, sargento...
- Prefere morrer, ou ser capturado?
Eles agiram como planejado. Terminaram ao cair da noite e começaram sua evasão. O cabo ia à frente, seguido dos dois soldados. O sargento fechava a fila. Se tudo desse certo, se os russos caíssem na armadilha deles, eles teriam uma chance de atingir a floresta e escapar. Muitos senões, nenhuma opção.
Assim que a noite caiu, os alemães iniciaram sua fuga. Tinham percorrido uns cinquenta metros, quando uma coisa inusitada aconteceu – as nuvens que, há semanas, encobriam os céus, começaram a se abrir, e uma enorme lua cheia apareceu, iluminando toda a região, enchendo a noite de uma claridade sobrenatural. Os alemães começavam a maldizer sua falta de sorte quando ouviram uma forte explosão. Todos olharam para trás. A armadilha fora acionada.
- Ou os russos estão mais perto do que pensamos, ou a menina levantou sozinha – disse o sargento.
- Impossível, sargento. Ela mal estava respirando, e a morfina que eu apliquei já a havia sedado...
Mas algo chamou a atenção dos alemães. Do meio dos escombros da casa destruída, surgiu um vulto. Com um salto improvável, ele alcançou o meio da estrada que cortava a cidade. Surgiu, banhada pelo luar fantasmagórico, uma criatura enorme, esguia, aparentemente coberta de pêlos, com braços e pernas estranhamente alongados.
Os russos, que já haviam atingido os limites do vilarejo, a avistaram também e começaram a atirar. A enorme figura, apesar de ser atingida, não caiu. Ela rosnou e soltou um uivo terrível, prolongado, que preencheu o ar. De repente, mais vultos começaram a surgir, como por encanto, ninguém saberia dizer de onde. Eles também começaram a uivar, e todos se lançaram em direção às tropas russas, iniciando um massacre inconcebível.
Todos, com exceção da primeira criatura. Ela se voltou para os alemães que, naqueles infindáveis segundos, observavam a tudo, incrédulos. E começou a vir em sua direção. Eles começaram a correr. O cabo ouviu os gritos e os tiros que vinham da cidade cessarem. Em seguida, reconheceu o som da submetralhadora do sargento a disparar duas curtas rajadas e silenciar. Em seguida, ouviu o grito de um dos soldados.
Ainda que o medo gritasse para que não olhasse para trás e corresse com todas as suas forças, o cabo se virou a tempo de ver a cabeça do segundo soldado ser arrancada com um único golpe. Tentou avançar mais, quando sentiu garras atingindo suas costas, rasgando ossos e carne.
Foi arremessado alguns metros a frente. Ao cair, já não sentia suas pernas. Mal conseguiu se virar, quando a criatura parou sobre ele. Mortificado, ele observou uma figura humanóide, coberta de pelos acinzentados, com uma face lupina, em todo seu terror.
Sentiu-se ser erguido pelo pescoço, sem esforço algum. O monstro o segurava em frente ao seu focinho, e o observava com seus olhos negros. E como se algo invadisse sua mente contra sua vontade, o cabo acreditou ouvir uma voz dizendo: “Deviam ter me matado.” Em seguida, um outro uivo, mais horripilante que o primeiro, foi lançado na noite.
E, antes do fim, a última lembrança que acomete o cabo é de uma pequena placa de madeira, jogada às margens da estrada que levava ao vilarejo, com uma inscrição em russo que, nesse derradeiro momento, passou, sinistramente, a ter sentido. Uma placa cuja inscrição dizia: “covil de lobos”.
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Re: Textos revisados para o 12
Esse Revisor Fantasma é incansável:
O Garoto-Aranha
Para Steve Ditko
Se as pessoas dizem que devemos procurar Deus nos ângulos, eu respondo que então é nas aliterações que vamos provavelmente encontrar o Diabo. Isso mesmo, aliterações. Como, por exemplo, “caça cansada”, “ameixa amarela” ou “Pedro Prado”. É, Pedro Prado é o melhor exemplo. Algumas pessoas culparam os quadrinhos, outras culparam os tios, uns dois ou três até me culparam, mas eu sei que a culpa é das aliterações. Talvez só eu saiba, mas acho que é assim que as coisas funcionam, com cada verdade sendo clara apenas para uma pessoa, o que quer dizer que só eu, um balconista de loja, sei a verdade sobre a morte de Pedro Prado, enquanto, talvez, só um desses mendigos ou bêbados que abordam as pessoas na rua saiba alguma verdade importante, dessas que mudariam o mundo. Às vezes, imagino pra que pergunta apenas Pedro Prado saberia a resposta. Espero que não fosse nenhuma pergunta muito importante...
Claro que as pessoas que falam só o óbvio foram as primeiras a dizer que foi tudo culpa dos quadrinhos. “Afinal, se ele não lesse aquelas malditas revistas, nada daquilo teria acontecido!” Não sei se isso é verdade. Afinal, certas coisas são tão improváveis que são inevitáveis por si mesmas. É como ganhar na Sena: é tão difícil acertar aqueles seis números que o fato de você ter acertado prova que ninguém além de você poderia acertar. E foi assim com o Pedro. Acho que a morte dele foi decidida antes mesmo dele nascer. É, foi isso, ele morreu em 1962, quando Stan Lee e Steve Ditko publicaram a primeira história sobre um garoto que morava com a tia e andava por aí, pendurado em teias de aranha. Nesse dia, o Pedro, que nem sonhava em nascer (nem sei se os pais dele já tinham nascido) morreu. Aliterações.
Eu me lembro da primeira vez que ele apareceu na loja, ainda acompanhado do Tio Benjamim, um bom cara, gostava muito do sobrinho. Eu era novato, tinha acabado de ser contratado, e o patrão me mandou atender o garoto. Claro, era um moleque esquisito, muito retraído, aqueles óculos enormes, que eu nunca tinha visto uma criança usando, mas bastante esperto, parecia interessado por tudo. Levou uma edição de “Homem-Aranha” e passou a voltar ali todo mês, quase sempre com o Tio. Até a morte do Sr. Benjamim, é claro. Depois, ele aparecia só de vez em quando; quase sempre eu é que passava na casa dele e largava as revistas lá na porta, com a Dona May. Mas mesmo dentro da timidez e da esquisitice dele, ele sempre foi um garoto legal, e provavelmente teria se tornado um grande homem, um cientista ou algo do tipo, não fossem os dois desastres. Aliterações. Sempre elas.
Tudo começou como uma piada. E se eu tenho alguma culpa pela morte do Pedro foi por causa disso. Mas como um balconista de comic-shop poderia resistir a fazer piada com um garoto chamado Pedro Prado, órfão, que morava com os tios Benjamim e Mayra? Qualquer um que já leu uma revista do Homem-Aranha sabe do que eu estou falando... Ainda mais naquele dia, em que ele estava todo feliz porque tinha finalmente tido coragem de conversar com a vizinha pela qual ele era apaixonado desde pequeno. Quando ele me contou que ela era ruiva e se chama Maria Julia, foi demais pra mim. Passei a chamar Pedro só de “Garoto-Aranha” e, apesar da timidez, ele até começou a ficar famoso na loja; afinal, coincidências assim são tudo menos comuns (senão não seriam coincidências, eu acho) e, no meio de um monte de nerds, esse é o tipo de coisa que até causaria inveja. E a brincadeira só aumentou quando encontramos uma revista antiga, uma das primeiras edições brasileiras, acho que ainda da RGE ou da EBAL, em que o tradutor, ainda na onda de adaptar nomes (até algumas décadas, atrás o Brasil era o único país do mundo onde a namorada do Superman se chamava Mírian Lane) chamava Peter Parker de Pedro Prado, com todas as letras. Mas, por mais estranha que a coincidência seja, o que sempre me deixou intrigado foi o fato de que eu, e não ele, que era apaixonado por quadrinhos e por todos aqueles personagens, tivesse percebido as semelhanças. Ou talvez ele simplesmente não quisesse perceber, não sei.
Claro, no começo era engraçado. Até os tios dele brincavam com isso, serviu até pra que ele ficasse mais solto, mais descontraído. OK, às vezes era realmente assustador, como naquela vez em que ele conheceu uma garota na loja, eles até trocaram telefones e, quando fomos ver o nome dela no papel, estava escrito “Felícia”; ou quando eu conheci um amigo dele, filho de um cônsul americano, chamado “Harry”. Mas só me fazia pensar que o universo pode ser muito mais idiota do que eu jamais imaginaria, e ponto final. Mas, até aí, estava tudo bem. É fácil viver em um mundo idiota. Mas não num mundo trágico.
Foi numa sexta, quando eu estava saindo da loja, que me contaram que o tio dele tinha sido assassinado. Um bandido que tinha acabado de assaltar um banco quis usar o carro do Sr. Benjamim pra fugir, mas ele resistiu. Pronto, dois tiros no peito, morreu ali mesmo. Só consegui falar com Pedro uns dias depois, já que ele não queria ver ninguém e eu sabia que não era hora de discordar. Abatido, cansado, chegou, pegou uma revista e já ia saindo quando eu me ofereci pra pagar um lanche.
“Foi tudo culpa minha, sabe?” Essa foi a primeira frase dele. “Ele estava lá me esperando, enquanto eu paquerava uma garota idiota. Foi tudo minha culpa.” Minha cabeça fritava com as coincidências, mas eu só ouvia. “Se eu não tivesse me atrasado, ele não estaria lá, entende? Ele ia estar vivo agora...” Eu pensava em alguma coisa pra dizer, afinal, era óbvio que nada daquilo era culpa dele, e nem tinha como ser, aquilo tinha sido uma tragédia e, se alguém era culpado, talvez fosse o governo, ou a violência, ou mesmo o sistema capitalista de produção, mas não aquele garoto de 16 anos sentado na minha frente e me olhando através das lentes de óculos mais grossas que eu já tinha visto. “Mas agora eu sei a verdade! Quer ver?” Não fazia a mínima idéia de que verdade seria essa, mas tentei parecer satisfeito e interessado; afinal, o garoto precisava de amigos e de incentivo. Ele me levou pelas escadas até o último andar do shopping, que tinha umas sacadas enormes onde casais ficavam de bobeira, ou coisa do tipo.
Ficamos em uma das sacadas. “Eu entendi tudo, sabia?” Não, eu não sabia. “Pedro Prado, órfão, sobrinho de Ben e May, garoto estudioso, tímido e apaixonado pela vizinha ruiva, Maria Júlia, isso te lembra alguma coisa?” Ok, “Garoto-Aranha”, isso me lembrava o Homem-Aranha, mas e daí? “E daí?! E daí que eu tenho tudo isso! Todos os nomes, todas as características, agora a morte do meu tio, você não enxerga?” E o pior é que eu começava a enxergar. Só não imaginava aonde ele queria chegar. “Eu sou o Homem-Aranha! É, eu sou o Homem-Aranha! Tudo isso só acontece porque ele, quer dizer, eu, sou real! É isso, entendeu?” Eu tentei explicar que aquilo era só bobagem, eu poderia me chamar “Bruno Breno” e nem por isso seria o Hulk, mas ele não me ouvia. Ele só falava. “E agora eu vou te mostrar, olha só!” E pulou da sacada.
Eu já disse que vários culparam as revistas, os quadrinhos. Alguns culparam a tia que, abalada com a morte do marido, não percebeu a perturbação do sobrinho. Alguns me culparam, porque fui eu que comecei com a história do “Garoto-Aranha”. Lá na loja, alguns culparam a falta de aranhas radioativas no mundo real, ou a falta de senso de oportunidade dos pais dele que, se tivessem lido ao menos uma história em quadrinhos na vida, saberiam que aquele nome era uma péssima idéia. Eu preferi culpar as aliterações. Talvez assim eu culpe também os quadrinhos (Clark Kent, Bruce Banner, Billy Batson, tantos outros...), talvez assim eu me culpe, talvez assim eu culpe o mendigo que sabe a verdade sobre o universo, mas não conta pra ninguém. Ou talvez assim toda a culpa seja única e exclusivamente de Pedro Prado, o Garoto-Aranha.
O Garoto-Aranha
Para Steve Ditko
Se as pessoas dizem que devemos procurar Deus nos ângulos, eu respondo que então é nas aliterações que vamos provavelmente encontrar o Diabo. Isso mesmo, aliterações. Como, por exemplo, “caça cansada”, “ameixa amarela” ou “Pedro Prado”. É, Pedro Prado é o melhor exemplo. Algumas pessoas culparam os quadrinhos, outras culparam os tios, uns dois ou três até me culparam, mas eu sei que a culpa é das aliterações. Talvez só eu saiba, mas acho que é assim que as coisas funcionam, com cada verdade sendo clara apenas para uma pessoa, o que quer dizer que só eu, um balconista de loja, sei a verdade sobre a morte de Pedro Prado, enquanto, talvez, só um desses mendigos ou bêbados que abordam as pessoas na rua saiba alguma verdade importante, dessas que mudariam o mundo. Às vezes, imagino pra que pergunta apenas Pedro Prado saberia a resposta. Espero que não fosse nenhuma pergunta muito importante...
Claro que as pessoas que falam só o óbvio foram as primeiras a dizer que foi tudo culpa dos quadrinhos. “Afinal, se ele não lesse aquelas malditas revistas, nada daquilo teria acontecido!” Não sei se isso é verdade. Afinal, certas coisas são tão improváveis que são inevitáveis por si mesmas. É como ganhar na Sena: é tão difícil acertar aqueles seis números que o fato de você ter acertado prova que ninguém além de você poderia acertar. E foi assim com o Pedro. Acho que a morte dele foi decidida antes mesmo dele nascer. É, foi isso, ele morreu em 1962, quando Stan Lee e Steve Ditko publicaram a primeira história sobre um garoto que morava com a tia e andava por aí, pendurado em teias de aranha. Nesse dia, o Pedro, que nem sonhava em nascer (nem sei se os pais dele já tinham nascido) morreu. Aliterações.
Eu me lembro da primeira vez que ele apareceu na loja, ainda acompanhado do Tio Benjamim, um bom cara, gostava muito do sobrinho. Eu era novato, tinha acabado de ser contratado, e o patrão me mandou atender o garoto. Claro, era um moleque esquisito, muito retraído, aqueles óculos enormes, que eu nunca tinha visto uma criança usando, mas bastante esperto, parecia interessado por tudo. Levou uma edição de “Homem-Aranha” e passou a voltar ali todo mês, quase sempre com o Tio. Até a morte do Sr. Benjamim, é claro. Depois, ele aparecia só de vez em quando; quase sempre eu é que passava na casa dele e largava as revistas lá na porta, com a Dona May. Mas mesmo dentro da timidez e da esquisitice dele, ele sempre foi um garoto legal, e provavelmente teria se tornado um grande homem, um cientista ou algo do tipo, não fossem os dois desastres. Aliterações. Sempre elas.
Tudo começou como uma piada. E se eu tenho alguma culpa pela morte do Pedro foi por causa disso. Mas como um balconista de comic-shop poderia resistir a fazer piada com um garoto chamado Pedro Prado, órfão, que morava com os tios Benjamim e Mayra? Qualquer um que já leu uma revista do Homem-Aranha sabe do que eu estou falando... Ainda mais naquele dia, em que ele estava todo feliz porque tinha finalmente tido coragem de conversar com a vizinha pela qual ele era apaixonado desde pequeno. Quando ele me contou que ela era ruiva e se chama Maria Julia, foi demais pra mim. Passei a chamar Pedro só de “Garoto-Aranha” e, apesar da timidez, ele até começou a ficar famoso na loja; afinal, coincidências assim são tudo menos comuns (senão não seriam coincidências, eu acho) e, no meio de um monte de nerds, esse é o tipo de coisa que até causaria inveja. E a brincadeira só aumentou quando encontramos uma revista antiga, uma das primeiras edições brasileiras, acho que ainda da RGE ou da EBAL, em que o tradutor, ainda na onda de adaptar nomes (até algumas décadas, atrás o Brasil era o único país do mundo onde a namorada do Superman se chamava Mírian Lane) chamava Peter Parker de Pedro Prado, com todas as letras. Mas, por mais estranha que a coincidência seja, o que sempre me deixou intrigado foi o fato de que eu, e não ele, que era apaixonado por quadrinhos e por todos aqueles personagens, tivesse percebido as semelhanças. Ou talvez ele simplesmente não quisesse perceber, não sei.
Claro, no começo era engraçado. Até os tios dele brincavam com isso, serviu até pra que ele ficasse mais solto, mais descontraído. OK, às vezes era realmente assustador, como naquela vez em que ele conheceu uma garota na loja, eles até trocaram telefones e, quando fomos ver o nome dela no papel, estava escrito “Felícia”; ou quando eu conheci um amigo dele, filho de um cônsul americano, chamado “Harry”. Mas só me fazia pensar que o universo pode ser muito mais idiota do que eu jamais imaginaria, e ponto final. Mas, até aí, estava tudo bem. É fácil viver em um mundo idiota. Mas não num mundo trágico.
Foi numa sexta, quando eu estava saindo da loja, que me contaram que o tio dele tinha sido assassinado. Um bandido que tinha acabado de assaltar um banco quis usar o carro do Sr. Benjamim pra fugir, mas ele resistiu. Pronto, dois tiros no peito, morreu ali mesmo. Só consegui falar com Pedro uns dias depois, já que ele não queria ver ninguém e eu sabia que não era hora de discordar. Abatido, cansado, chegou, pegou uma revista e já ia saindo quando eu me ofereci pra pagar um lanche.
“Foi tudo culpa minha, sabe?” Essa foi a primeira frase dele. “Ele estava lá me esperando, enquanto eu paquerava uma garota idiota. Foi tudo minha culpa.” Minha cabeça fritava com as coincidências, mas eu só ouvia. “Se eu não tivesse me atrasado, ele não estaria lá, entende? Ele ia estar vivo agora...” Eu pensava em alguma coisa pra dizer, afinal, era óbvio que nada daquilo era culpa dele, e nem tinha como ser, aquilo tinha sido uma tragédia e, se alguém era culpado, talvez fosse o governo, ou a violência, ou mesmo o sistema capitalista de produção, mas não aquele garoto de 16 anos sentado na minha frente e me olhando através das lentes de óculos mais grossas que eu já tinha visto. “Mas agora eu sei a verdade! Quer ver?” Não fazia a mínima idéia de que verdade seria essa, mas tentei parecer satisfeito e interessado; afinal, o garoto precisava de amigos e de incentivo. Ele me levou pelas escadas até o último andar do shopping, que tinha umas sacadas enormes onde casais ficavam de bobeira, ou coisa do tipo.
Ficamos em uma das sacadas. “Eu entendi tudo, sabia?” Não, eu não sabia. “Pedro Prado, órfão, sobrinho de Ben e May, garoto estudioso, tímido e apaixonado pela vizinha ruiva, Maria Júlia, isso te lembra alguma coisa?” Ok, “Garoto-Aranha”, isso me lembrava o Homem-Aranha, mas e daí? “E daí?! E daí que eu tenho tudo isso! Todos os nomes, todas as características, agora a morte do meu tio, você não enxerga?” E o pior é que eu começava a enxergar. Só não imaginava aonde ele queria chegar. “Eu sou o Homem-Aranha! É, eu sou o Homem-Aranha! Tudo isso só acontece porque ele, quer dizer, eu, sou real! É isso, entendeu?” Eu tentei explicar que aquilo era só bobagem, eu poderia me chamar “Bruno Breno” e nem por isso seria o Hulk, mas ele não me ouvia. Ele só falava. “E agora eu vou te mostrar, olha só!” E pulou da sacada.
Eu já disse que vários culparam as revistas, os quadrinhos. Alguns culparam a tia que, abalada com a morte do marido, não percebeu a perturbação do sobrinho. Alguns me culparam, porque fui eu que comecei com a história do “Garoto-Aranha”. Lá na loja, alguns culparam a falta de aranhas radioativas no mundo real, ou a falta de senso de oportunidade dos pais dele que, se tivessem lido ao menos uma história em quadrinhos na vida, saberiam que aquele nome era uma péssima idéia. Eu preferi culpar as aliterações. Talvez assim eu culpe também os quadrinhos (Clark Kent, Bruce Banner, Billy Batson, tantos outros...), talvez assim eu me culpe, talvez assim eu culpe o mendigo que sabe a verdade sobre o universo, mas não conta pra ninguém. Ou talvez assim toda a culpa seja única e exclusivamente de Pedro Prado, o Garoto-Aranha.
Kio- Editor aposentado
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Re: Textos revisados para o 12
Seria o Revisor Fantasma um herói?
Injustiça e equívocos nos filmes do Justiceiro
- Diário de Guerra do Justiceiro no cinema:
O vigilante da Marvel Comics começou a disparar seus tiros nos cinemas em 1989, com o ator Dolph Lundgren, depois em 2004, com Thomas Jane e, mais recentemente, em 2008, com Ray Stevenson.
Mesmo com três filmes, os responsáveis pelas produções foram incapazes de fazer os leitores do Justiceiro sentirem-se orgulhosos dos filmes produzidos. Eles nem chegaram ao cinema brasileiro e, quando saíram no cinema dos EUA, a arrecadação nas bilheterias foi uma vergonha.
Mesmo com um filme de um gênero tão clichê no cinema, e ainda mais com um enredo pronto de um personagem de sucesso nas HQs, a incompetência não foi cortada dos projetos. Isso causa um medo nos fãs do vigilante urbano, pois é capaz do personagem ser eliminado dos cinemas. Se o fracasso na bilheteria ocorrido no último filme não for a gota d’água pra eliminação do Implacável no cinema, podemos ficar um bom tempo sem ver a caveira intimidando os criminosos nas telonas. Mas quem sabe a justiça não seja feita? Pois nós, fãs de Frank Castle, merecemos respeito e bons trabalhos com o personagem.
Mas é claro que alguns títulos despertaram simpatias nos fãs. Quem não gosta das frases friamente humorizadas no filme de 1989? Quem não gostou da caveira usada no filme de 2004? E quem não gostou do sangue jorrando todo o tempo no filme de 2008?
Sem dúvida, despertou simpatia no público que apenas o conhecia pela TV. Afinal, quem não gosta de assistir qualquer filme de ação? Pois, foi assim que cada filme do Justiceiro se passou, sendo um simples filme de ação e aventura. Em poucos momentos o próprio Justiceiro era visto, ou seja, em poucos momentos você sabia que estava vendo um filme do Justiceiro.
Mas será que a Marvel só fracassou com o Justiceiro? Não! Só espero que essa mania não atinja fatalmente as páginas das HQs. Que aliás, é algo que tem acontecido aos poucos, mas isso é assunto pra uma outra oportunidade.
Trouxemos para você, leitor, a ficha técnica de cada filme, pontos positivos e negativos e uma resumida análise geral.
The Punisher (1989)
[Elenco]
Dolph Lundgren (Frank Castle / O Justiceiro)
Louis Gossett Jr. (Jake Berkowitz)
Jeroen Krabbé (Gianni Franco)
Kim Miyori (Lady Tanaka)
Bryan Marshall (Dino Moretti)
Brian Rooney (Tommy Franco)
[Direção]
Mark Goldblatt
Pontos Positivos:
- Personalidade e o humor frio do personagem, fiéis à HQ.
- Cenas de ação mostrando as habilidades de combate.
- Justiceiro reconhecendo a existência de Deus.
- Uso de informante.
- Uso de várias armas brancas e armas de fogo.
- Variação de cenas com facas.
- Esconderijo na superfície da cidade.
- Envolvimento da Yakuza.
Pontos Negativos:
- A falta da caveira no tórax.
- A falta do diário de guerra
- Castle sendo um ex-policial.
- Esposa de Castle se chamando Julie.
- Castle tendo duas filhas.
- A família Castle é assassinada na porta de casa, dentro de um carro.
- Dino Moretti sendo o assassino da família Castle.
- O ex-parceiro da polícia de Frank Castle.
- Pouco uso de armamento explosivo.
Análise:
Boa história, não se prendendo apenas na vingança da morte da família. Foi uma boa ideia incluir a máfia Yakuza. Com o erro na origem, o filme fica distante das características do personagem em alguns momentos, mas logo pode ser visto o tradicional Frank Castle das HQs.
O filme começa com um erro grave, mostrando Dino Moretti, braço direito da família Franco, como assassino da família Castle, sendo que o verdadeiro acusado nas HQ’s é Bruno Costa e seus capangas, membros e aliados da família Costa. Nas HQs, sua família não foi morta dentro de um carro, e sim num domingo de piquenique, no Central Park de Nova Iorque. Sua esposa se chama Maria Elizabeth e Frank tinha um casal de filhos (Lisa Barbara e Frank David, “Frank Jr.”). Frank Castle foi capitão da Marinha norte-americana e instrutor de vários departamentos, alguns secretos, da Marinha, e não um policial. Nunca teve vínculo com órgãos policiais, e muito menos um melhor amigo policial.
Mais um erro grave cometido no filme é que o Justiceiro não aparece com sua tradicional caveira no tórax, já que tal símbolo é que chama a atenção dos criminosos e os intimida. Castle conversa com Deus, algo muito positivo, já que foi ex-coroinha da igreja católica. E, pra finalizar, o Justiceiro usa pouco armamento explosivo, ignorando que um dos seus cursos militares foi com explosivos. Há a compensação com o excessivo uso de facas, arma preferida de Frank Castle.
The Punisher (2004)
[Elenco]
Thomas Jane (Frank Castle / O Justiceiro)
Samantha Mathis (Maria Castle)
Marcus Johns (Will Castle)
John Travolta (Howard Saint)
Eddie Jemison (Micky)
Kevin Nash (Russo)
[Direção]
Jonathan Hensleigh
Pontos Positivos:
- A estampa da caveira e sua origem.
- Uso do diário de guerra.
- Interrogatórios.
- Uso de informante.
- Várias armas brancas e armas de fogo.
- Uso variado de facas.
- Uso excessivo de explosivos.
- Uso da inteligência com táticas e planos.
Pontos Negativos:
- Castle retratado como sendo agente do FBI, depois da passagem pelo exército.
- Família Castle sendo morta em Costa Rica.
- Os pais e parentes de Frank Castle também são mortos.
- Castle tem apenas um filho e se chama Will.
- Amigo na policia.
- Howard Saint (John Travolta) é o assassino da família Castle.
- Mickey aliado à família Saint.
- Aparição do vilão Russo.
- Esconderijo num apartamento com vizinhança.
Análise:
Os roteiristas não aprenderam com os erros cometidos em 1989, e caíram nos mesmos erros quanto a origem do personagem. Sendo assim, parece mais um filme qualquer de ação. Sem contar que o filme não mostra o clima sombrio e frio das HQs.
O filme começa pecando novamente na origem do personagem, mostrando Castle como agente do FBI, depois colocando toda sua família sendo morta na Costa Rica por Howard Saint e seus capangas. Desta vez, Castle tem um único filho chamado Will, que dá uma camisa com a estampa de caveira de presente ao pai. Diferente do filme de 1989, esse amigo da polícia quase não aparece no filme. Mickey é realmente um informante de Castle nas HQs, mas pertencia à família Carbone e a origem dessa “amizade” foi bem diferente. O Justiceiro nunca se esconderia ou escolheria como base um prédio com moradores, uma vez que é sabido que quem se aproxima dele sempre morre... mas esse mesmo erro já foi cometido nas HQs. O vilão Russo teve uma boa participação, mas não tem nada a ver com o início de carreira de Frank Castle como Justiceiro. Algo surpreendente foi usado, que foi o diário de guerra, narrado ao longo de suas missões. O que, nesse filme, supera todos os outros é o uso de explosivos, que Castle usa muito nas HQs, sem contar o maravilhoso jeito que o Justiceiro joga Howard Saint contra a própria família.
The Punisher: War Zone (2008)
[Elenco]
Ray Stevenson (Frank Castle / O Justiceiro)
Dominic West (Billy Russoti / Retalho)
Colin Salmon (Paul Budiansky)
Wayne Knight (Micro)
Dash Mihok (Martin Soap)
T.J. Storm (McGinty)
[Direção]
Lexi Alexander
Pontos Positivos:
- A família Castle morta no Central Park.
- Os nomes e sexos dos membros da família Castle.
- A família Costa vinculada à morte da família Castle.
- Castle e seu passado religioso.
- Ambiente sombrio e frio das HQ’s do Justiceiro.
- As matanças sangrentas.
- Uso variado de armas brancas e de fogo.
- Técnicas de combate armado e desarmado.
- Esconderijo no subsolo da cidade.
- Semelhança do ator com o personagem da linha MAX, nas HQs.
Pontos Negativos:
- Aparição do Microchip.
- Aparição do Retalho.
- A caveira quase não aparece no tórax.
- Castle como apenas instrutor das forças especiais.
- Falta do diário de guerra.
- Ações robóticas do ator.
- Tratamento frio de Castle com Microchip.
- Aparição da mãe do Microchip.
- Aparição de Carlos Cruz, ajudante do Microchip.
- Aparição do Tenente Martin Soap.
- A dependência do Retalho pra se vingar do Justiceiro.
- Aparição do Looney Bin Jim, irmão do Retalho.
- O excesso de personagens.
- A falta de veículo para locomoção.
- Uniforme de combate do Justiceiro.
- A morte do Retalho e do Microchip.
Análise:
Esse filme tinha tudo pra ser o melhor e poderia corrigir todos os erros dos outros filmes, mas não adiantou. Mesmo acertando em alguns pontos, erraram em pontos críticos, estragando toda a história do filme. Não souberam aproveitar os importantes personagens do arco do anti-herói, como o Retalho e Microchip.
Finalmente acertaram a origem do personagem, errando apenas na profissão de Frank Castle. Mas tudo isso é sublimado pelo surgimento de vários personagens fora de suas cronologias e da origem do Retalho, como: Detetive Sop, McGinty, Pitssy, O Caneta e Paul Budiansky.
Podemos falar do Microchip, pois ele nem estava aliado ao Castle quando o mesmo conheceu Billy “Beleza” Russo (Retalho). Ele poderia ter sido inserido de outra forma no filme, até porque sua união com Castle nem foi mostrada. O personagem tem uma participação muito fraca e sua relação com Castle está bem fria, parecendo estarem quase no fim da amizade, sendo que no filme não completaram nem 10 anos de relacionamento. Até a mãe do Micro aparece no filme, e seu aliado Carlos Cruz é o mesmo personagem que, na HQ, é contratado por Micro pra substituir Castle, como Justiceiro. O pior de tudo é a morte de Microchip pelo Retalho pois, na HQ, Micro trai o Justiceiro e é assassinado por ele.
Sobre o ilustre vilão Retalho, sua aparição é totalmente desperdiçada, o personagem não é jogado por uma janela blindada como na HQ, e sim jogado dentro de um moedor de vidro. Sem contar que, para vingar-se do Justiceiro, ele fica dependendo do seu irmão Looney Bin Jim, que é um personagem que nem existe na HQ. Retalho quase é comparado ao Coringa no filme, e sua morte pelo Justiceiro no final é um fracasso pois, ao longo dos anos na HQ, ambos criaram uma relação em que eles não conseguem se matar. Voltando ao módulo geral, Castle se locomove armado e a pé pelas ruas da cidade, correndo entre civis sem causar nenhum pânico. E pra finalizar, sem a caveira no tórax, seu traje, usado no filme, nos faz pensar ser um filme da SWAT.
Injustiça e equívocos nos filmes do Justiceiro
- Diário de Guerra do Justiceiro no cinema:
O vigilante da Marvel Comics começou a disparar seus tiros nos cinemas em 1989, com o ator Dolph Lundgren, depois em 2004, com Thomas Jane e, mais recentemente, em 2008, com Ray Stevenson.
Mesmo com três filmes, os responsáveis pelas produções foram incapazes de fazer os leitores do Justiceiro sentirem-se orgulhosos dos filmes produzidos. Eles nem chegaram ao cinema brasileiro e, quando saíram no cinema dos EUA, a arrecadação nas bilheterias foi uma vergonha.
Mesmo com um filme de um gênero tão clichê no cinema, e ainda mais com um enredo pronto de um personagem de sucesso nas HQs, a incompetência não foi cortada dos projetos. Isso causa um medo nos fãs do vigilante urbano, pois é capaz do personagem ser eliminado dos cinemas. Se o fracasso na bilheteria ocorrido no último filme não for a gota d’água pra eliminação do Implacável no cinema, podemos ficar um bom tempo sem ver a caveira intimidando os criminosos nas telonas. Mas quem sabe a justiça não seja feita? Pois nós, fãs de Frank Castle, merecemos respeito e bons trabalhos com o personagem.
Mas é claro que alguns títulos despertaram simpatias nos fãs. Quem não gosta das frases friamente humorizadas no filme de 1989? Quem não gostou da caveira usada no filme de 2004? E quem não gostou do sangue jorrando todo o tempo no filme de 2008?
Sem dúvida, despertou simpatia no público que apenas o conhecia pela TV. Afinal, quem não gosta de assistir qualquer filme de ação? Pois, foi assim que cada filme do Justiceiro se passou, sendo um simples filme de ação e aventura. Em poucos momentos o próprio Justiceiro era visto, ou seja, em poucos momentos você sabia que estava vendo um filme do Justiceiro.
Mas será que a Marvel só fracassou com o Justiceiro? Não! Só espero que essa mania não atinja fatalmente as páginas das HQs. Que aliás, é algo que tem acontecido aos poucos, mas isso é assunto pra uma outra oportunidade.
Trouxemos para você, leitor, a ficha técnica de cada filme, pontos positivos e negativos e uma resumida análise geral.
The Punisher (1989)
[Elenco]
Dolph Lundgren (Frank Castle / O Justiceiro)
Louis Gossett Jr. (Jake Berkowitz)
Jeroen Krabbé (Gianni Franco)
Kim Miyori (Lady Tanaka)
Bryan Marshall (Dino Moretti)
Brian Rooney (Tommy Franco)
[Direção]
Mark Goldblatt
Pontos Positivos:
- Personalidade e o humor frio do personagem, fiéis à HQ.
- Cenas de ação mostrando as habilidades de combate.
- Justiceiro reconhecendo a existência de Deus.
- Uso de informante.
- Uso de várias armas brancas e armas de fogo.
- Variação de cenas com facas.
- Esconderijo na superfície da cidade.
- Envolvimento da Yakuza.
Pontos Negativos:
- A falta da caveira no tórax.
- A falta do diário de guerra
- Castle sendo um ex-policial.
- Esposa de Castle se chamando Julie.
- Castle tendo duas filhas.
- A família Castle é assassinada na porta de casa, dentro de um carro.
- Dino Moretti sendo o assassino da família Castle.
- O ex-parceiro da polícia de Frank Castle.
- Pouco uso de armamento explosivo.
Análise:
Boa história, não se prendendo apenas na vingança da morte da família. Foi uma boa ideia incluir a máfia Yakuza. Com o erro na origem, o filme fica distante das características do personagem em alguns momentos, mas logo pode ser visto o tradicional Frank Castle das HQs.
O filme começa com um erro grave, mostrando Dino Moretti, braço direito da família Franco, como assassino da família Castle, sendo que o verdadeiro acusado nas HQ’s é Bruno Costa e seus capangas, membros e aliados da família Costa. Nas HQs, sua família não foi morta dentro de um carro, e sim num domingo de piquenique, no Central Park de Nova Iorque. Sua esposa se chama Maria Elizabeth e Frank tinha um casal de filhos (Lisa Barbara e Frank David, “Frank Jr.”). Frank Castle foi capitão da Marinha norte-americana e instrutor de vários departamentos, alguns secretos, da Marinha, e não um policial. Nunca teve vínculo com órgãos policiais, e muito menos um melhor amigo policial.
Mais um erro grave cometido no filme é que o Justiceiro não aparece com sua tradicional caveira no tórax, já que tal símbolo é que chama a atenção dos criminosos e os intimida. Castle conversa com Deus, algo muito positivo, já que foi ex-coroinha da igreja católica. E, pra finalizar, o Justiceiro usa pouco armamento explosivo, ignorando que um dos seus cursos militares foi com explosivos. Há a compensação com o excessivo uso de facas, arma preferida de Frank Castle.
The Punisher (2004)
[Elenco]
Thomas Jane (Frank Castle / O Justiceiro)
Samantha Mathis (Maria Castle)
Marcus Johns (Will Castle)
John Travolta (Howard Saint)
Eddie Jemison (Micky)
Kevin Nash (Russo)
[Direção]
Jonathan Hensleigh
Pontos Positivos:
- A estampa da caveira e sua origem.
- Uso do diário de guerra.
- Interrogatórios.
- Uso de informante.
- Várias armas brancas e armas de fogo.
- Uso variado de facas.
- Uso excessivo de explosivos.
- Uso da inteligência com táticas e planos.
Pontos Negativos:
- Castle retratado como sendo agente do FBI, depois da passagem pelo exército.
- Família Castle sendo morta em Costa Rica.
- Os pais e parentes de Frank Castle também são mortos.
- Castle tem apenas um filho e se chama Will.
- Amigo na policia.
- Howard Saint (John Travolta) é o assassino da família Castle.
- Mickey aliado à família Saint.
- Aparição do vilão Russo.
- Esconderijo num apartamento com vizinhança.
Análise:
Os roteiristas não aprenderam com os erros cometidos em 1989, e caíram nos mesmos erros quanto a origem do personagem. Sendo assim, parece mais um filme qualquer de ação. Sem contar que o filme não mostra o clima sombrio e frio das HQs.
O filme começa pecando novamente na origem do personagem, mostrando Castle como agente do FBI, depois colocando toda sua família sendo morta na Costa Rica por Howard Saint e seus capangas. Desta vez, Castle tem um único filho chamado Will, que dá uma camisa com a estampa de caveira de presente ao pai. Diferente do filme de 1989, esse amigo da polícia quase não aparece no filme. Mickey é realmente um informante de Castle nas HQs, mas pertencia à família Carbone e a origem dessa “amizade” foi bem diferente. O Justiceiro nunca se esconderia ou escolheria como base um prédio com moradores, uma vez que é sabido que quem se aproxima dele sempre morre... mas esse mesmo erro já foi cometido nas HQs. O vilão Russo teve uma boa participação, mas não tem nada a ver com o início de carreira de Frank Castle como Justiceiro. Algo surpreendente foi usado, que foi o diário de guerra, narrado ao longo de suas missões. O que, nesse filme, supera todos os outros é o uso de explosivos, que Castle usa muito nas HQs, sem contar o maravilhoso jeito que o Justiceiro joga Howard Saint contra a própria família.
The Punisher: War Zone (2008)
[Elenco]
Ray Stevenson (Frank Castle / O Justiceiro)
Dominic West (Billy Russoti / Retalho)
Colin Salmon (Paul Budiansky)
Wayne Knight (Micro)
Dash Mihok (Martin Soap)
T.J. Storm (McGinty)
[Direção]
Lexi Alexander
Pontos Positivos:
- A família Castle morta no Central Park.
- Os nomes e sexos dos membros da família Castle.
- A família Costa vinculada à morte da família Castle.
- Castle e seu passado religioso.
- Ambiente sombrio e frio das HQ’s do Justiceiro.
- As matanças sangrentas.
- Uso variado de armas brancas e de fogo.
- Técnicas de combate armado e desarmado.
- Esconderijo no subsolo da cidade.
- Semelhança do ator com o personagem da linha MAX, nas HQs.
Pontos Negativos:
- Aparição do Microchip.
- Aparição do Retalho.
- A caveira quase não aparece no tórax.
- Castle como apenas instrutor das forças especiais.
- Falta do diário de guerra.
- Ações robóticas do ator.
- Tratamento frio de Castle com Microchip.
- Aparição da mãe do Microchip.
- Aparição de Carlos Cruz, ajudante do Microchip.
- Aparição do Tenente Martin Soap.
- A dependência do Retalho pra se vingar do Justiceiro.
- Aparição do Looney Bin Jim, irmão do Retalho.
- O excesso de personagens.
- A falta de veículo para locomoção.
- Uniforme de combate do Justiceiro.
- A morte do Retalho e do Microchip.
Análise:
Esse filme tinha tudo pra ser o melhor e poderia corrigir todos os erros dos outros filmes, mas não adiantou. Mesmo acertando em alguns pontos, erraram em pontos críticos, estragando toda a história do filme. Não souberam aproveitar os importantes personagens do arco do anti-herói, como o Retalho e Microchip.
Finalmente acertaram a origem do personagem, errando apenas na profissão de Frank Castle. Mas tudo isso é sublimado pelo surgimento de vários personagens fora de suas cronologias e da origem do Retalho, como: Detetive Sop, McGinty, Pitssy, O Caneta e Paul Budiansky.
Podemos falar do Microchip, pois ele nem estava aliado ao Castle quando o mesmo conheceu Billy “Beleza” Russo (Retalho). Ele poderia ter sido inserido de outra forma no filme, até porque sua união com Castle nem foi mostrada. O personagem tem uma participação muito fraca e sua relação com Castle está bem fria, parecendo estarem quase no fim da amizade, sendo que no filme não completaram nem 10 anos de relacionamento. Até a mãe do Micro aparece no filme, e seu aliado Carlos Cruz é o mesmo personagem que, na HQ, é contratado por Micro pra substituir Castle, como Justiceiro. O pior de tudo é a morte de Microchip pelo Retalho pois, na HQ, Micro trai o Justiceiro e é assassinado por ele.
Sobre o ilustre vilão Retalho, sua aparição é totalmente desperdiçada, o personagem não é jogado por uma janela blindada como na HQ, e sim jogado dentro de um moedor de vidro. Sem contar que, para vingar-se do Justiceiro, ele fica dependendo do seu irmão Looney Bin Jim, que é um personagem que nem existe na HQ. Retalho quase é comparado ao Coringa no filme, e sua morte pelo Justiceiro no final é um fracasso pois, ao longo dos anos na HQ, ambos criaram uma relação em que eles não conseguem se matar. Voltando ao módulo geral, Castle se locomove armado e a pé pelas ruas da cidade, correndo entre civis sem causar nenhum pânico. E pra finalizar, sem a caveira no tórax, seu traje, usado no filme, nos faz pensar ser um filme da SWAT.
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Re: Textos revisados para o 12
Como será que o Revisor Fantasma consegue?
FARRAZINE – Oi, Eduardo, obrigado por dedicar um pouquinho do seu tempo nesse bate-papo... A verdade é que admiramos muito seu trabalho, e umas das coisas que gostaríamos de saber de ti é de onde vêm as referências para o seu desenho. Dá para perceber que as páginas estão repletas de sombras, o que torna a arte ainda mais atrativa aos leitores. Inclusive há um filme, chamado “Desbravadores” (“Pathfinder”, 2007) que se assemelha muito ao seu trabalho nos comics...
Eduardo Risso - Enriquecer as estórias com bons detalhes é algo que sempre pretendo. Incomodava-me muito, quando era criança – e segue acontecendo – ao observar erros históricos ou geográficos nos comics desenhados por profissionais. É algo que um verdadeiro profissional não deve permitir. Hoje em dia, não existem desculpas para não encontrar boas referências, exceto se resides em um país sumamente marginalizado, que não te permita acesso à Internet, gráfica ou fotografia.
Com as sombras é diferente. Sinto-me nu sem elas. Aprendi a usá-las por necessidade, primeiro, e por prazer, depois. Dão ou tiram o dramatismo de uma história, dependendo de como se use.
FZ - Quais são os melhores roteiristas para você, atualmente? E qual você gosta mais em todos os tempos?
Risso - Não me atreveria a dizer um em particular, desfrutei de cada aventura no seu momento. É que eu entendo os comics como um conjunto, onde o texto se cruza com os gráficos para alimentar-se entre eles constantemente. Um bom produto final não depende só de estar bem escrito ou bem desenhado, e sim a soma de ambos.
FZ - Quando surgiu seu interesse pelos quadrinhos?
Risso - Desde pequeno senti atração por eles. Não sabia ler ainda e já devorava as páginas de quadrinhos, observando cada detalhe e procurando sobre o que falava a história, pela sua narração gráfica. Depois disso, veio a ideia lógica de desenhar os personagens e, desde adolescente, a certeza que, fazendo isso, sentia-me maravilhosamente bem.
FZ - A melhor HQ que você leu, qual foi?
Risso - Não tenho nenhuma. Os quadrinhos para mim são como os filmes ou as novelas, sou fissurado em todos os gêneros. Como tal, ao descobrir uma nova pérola, supera minhas expectativas sobre o anterior que li, mas não tiro mérito nenhum dele por isso.
FZ - O que você acha dos prêmios Eisner dos garotos brasileiros Bá, Moon e Grampá? Qual é a impressão que você tem do trabalho deles?
Risso - Excelente! Eu desconhecia essa notícia. Eles merecem, não só porque são amigos de muito tempo, mas sim porque estão fazendo muitos trabalhos bons. Com o talento que têm, entenderam perfeitamente os códigos da profissão e estão tirando bom proveito disso. Um prêmio é algo que se mantém com mais trabalho e melhor qualidade, embora deixe uma certeza de que está indo pelo bom caminho.
FZ - Você e Brian Azzarello são os responsáveis por um dos melhores quadrinhos da atualidade (100 Balas), considerado já um clássico do selo Vertigo (DC). Quando vocês se deram conta de que estavam FAZENDO HISTÓRIA dentro do mercado de comics?
Risso - Acho que no momento em que as críticas, tanto especializadas como dos leitores, coincidiram em interessar-se pela HQ.
FZ - E o futuro Edu, o que gostaria de fazer (seja dentro do mercado de comics ou não)? Quais são os seus projetos?
Risso - Tenho assinado um contrato exclusivo com a DC por três anos. Dentro desse período, tenho que fazer alguns trabalhos, mas nenhum muito grande. Quero descansar um pouco das séries regulares. Também quero começar um projeto com meu amigo e roteirista Carlos Trillo.
FZ - E a pergunta que não pode faltar... Pelé ou Maradona? (risos)
Risso - Ambos… a qualquer um que goste de futebol escruta vendo Messi ou Ronaldinho. O resto é folclore.
FZ - Muito obrigado Edu, e sucesso sempre!
Risso - Obrigado a vocês, um abraço!
FARRAZINE – Oi, Eduardo, obrigado por dedicar um pouquinho do seu tempo nesse bate-papo... A verdade é que admiramos muito seu trabalho, e umas das coisas que gostaríamos de saber de ti é de onde vêm as referências para o seu desenho. Dá para perceber que as páginas estão repletas de sombras, o que torna a arte ainda mais atrativa aos leitores. Inclusive há um filme, chamado “Desbravadores” (“Pathfinder”, 2007) que se assemelha muito ao seu trabalho nos comics...
Eduardo Risso - Enriquecer as estórias com bons detalhes é algo que sempre pretendo. Incomodava-me muito, quando era criança – e segue acontecendo – ao observar erros históricos ou geográficos nos comics desenhados por profissionais. É algo que um verdadeiro profissional não deve permitir. Hoje em dia, não existem desculpas para não encontrar boas referências, exceto se resides em um país sumamente marginalizado, que não te permita acesso à Internet, gráfica ou fotografia.
Com as sombras é diferente. Sinto-me nu sem elas. Aprendi a usá-las por necessidade, primeiro, e por prazer, depois. Dão ou tiram o dramatismo de uma história, dependendo de como se use.
FZ - Quais são os melhores roteiristas para você, atualmente? E qual você gosta mais em todos os tempos?
Risso - Não me atreveria a dizer um em particular, desfrutei de cada aventura no seu momento. É que eu entendo os comics como um conjunto, onde o texto se cruza com os gráficos para alimentar-se entre eles constantemente. Um bom produto final não depende só de estar bem escrito ou bem desenhado, e sim a soma de ambos.
FZ - Quando surgiu seu interesse pelos quadrinhos?
Risso - Desde pequeno senti atração por eles. Não sabia ler ainda e já devorava as páginas de quadrinhos, observando cada detalhe e procurando sobre o que falava a história, pela sua narração gráfica. Depois disso, veio a ideia lógica de desenhar os personagens e, desde adolescente, a certeza que, fazendo isso, sentia-me maravilhosamente bem.
FZ - A melhor HQ que você leu, qual foi?
Risso - Não tenho nenhuma. Os quadrinhos para mim são como os filmes ou as novelas, sou fissurado em todos os gêneros. Como tal, ao descobrir uma nova pérola, supera minhas expectativas sobre o anterior que li, mas não tiro mérito nenhum dele por isso.
FZ - O que você acha dos prêmios Eisner dos garotos brasileiros Bá, Moon e Grampá? Qual é a impressão que você tem do trabalho deles?
Risso - Excelente! Eu desconhecia essa notícia. Eles merecem, não só porque são amigos de muito tempo, mas sim porque estão fazendo muitos trabalhos bons. Com o talento que têm, entenderam perfeitamente os códigos da profissão e estão tirando bom proveito disso. Um prêmio é algo que se mantém com mais trabalho e melhor qualidade, embora deixe uma certeza de que está indo pelo bom caminho.
FZ - Você e Brian Azzarello são os responsáveis por um dos melhores quadrinhos da atualidade (100 Balas), considerado já um clássico do selo Vertigo (DC). Quando vocês se deram conta de que estavam FAZENDO HISTÓRIA dentro do mercado de comics?
Risso - Acho que no momento em que as críticas, tanto especializadas como dos leitores, coincidiram em interessar-se pela HQ.
FZ - E o futuro Edu, o que gostaria de fazer (seja dentro do mercado de comics ou não)? Quais são os seus projetos?
Risso - Tenho assinado um contrato exclusivo com a DC por três anos. Dentro desse período, tenho que fazer alguns trabalhos, mas nenhum muito grande. Quero descansar um pouco das séries regulares. Também quero começar um projeto com meu amigo e roteirista Carlos Trillo.
FZ - E a pergunta que não pode faltar... Pelé ou Maradona? (risos)
Risso - Ambos… a qualquer um que goste de futebol escruta vendo Messi ou Ronaldinho. O resto é folclore.
FZ - Muito obrigado Edu, e sucesso sempre!
Risso - Obrigado a vocês, um abraço!
Kio- Editor aposentado
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Re: Textos revisados para o 12
Alguém detenha o Revisor Fantasma:
Herói Suicida
Esse artigo apresenta opiniões claramente pessoais.
Edgard Scandurra, é um dos melhores guitar heroes do Brasil, tocou em bandas de grande expressão no cenário musical brasileiro (Ira! e Utraje a Rigor).
Responsável por 80% das letras que embalavam as músicas do Ira!, ele com certeza foi um dos
heróis de minha adolescência.
O que vem a seguir é um breve relato do que aconteceu comigo, numa dessas noites.
“Fui até o show cultural de Edgard Scandurra, na Virada Cultural Paulista, imaginando ouvir
música de boa qualidade, algo mais rock ‘n roll.
Fiquei acordado até 2 horas da manhã quando, finalmente, Edgard subiu ao palco.
Guitarra em mãos, ele entrou atrás de uma mesa, apertou alguns botões e soltou o seu novo som,
intitulado “Benzina”. Era algo mais ou menos assim que saía das caixas de som:
“PUTZ, PUTZ, PUTZ, PUTZ,
PUTZ, BOOOOM, PUTZ, PUTZ, PUTZ,
BIZZZ, BIZZ, TEC, PUTZ, PUTZ...”
Edgard, depois de ser uma referência punk, está tentando tornar-se um ícone da música eletrônica.
Particularmente, não gostei mas, assim como nos seus primeiros anos como músico, ainda quando era punk, ele já enfrentava preconceito de velhos cabeças de dinossauro como eu. O que era horrível e de péssimo gosto antigamente, hoje é algo que muitos amam...
Para mim, um herói suicida; para outros, um herói nascendo...
Não esperem uma música punk nesse novo projeto, mas com certeza, uma atitude punk desse velho lobo...
Herói Suicida
Esse artigo apresenta opiniões claramente pessoais.
Edgard Scandurra, é um dos melhores guitar heroes do Brasil, tocou em bandas de grande expressão no cenário musical brasileiro (Ira! e Utraje a Rigor).
Responsável por 80% das letras que embalavam as músicas do Ira!, ele com certeza foi um dos
heróis de minha adolescência.
O que vem a seguir é um breve relato do que aconteceu comigo, numa dessas noites.
“Fui até o show cultural de Edgard Scandurra, na Virada Cultural Paulista, imaginando ouvir
música de boa qualidade, algo mais rock ‘n roll.
Fiquei acordado até 2 horas da manhã quando, finalmente, Edgard subiu ao palco.
Guitarra em mãos, ele entrou atrás de uma mesa, apertou alguns botões e soltou o seu novo som,
intitulado “Benzina”. Era algo mais ou menos assim que saía das caixas de som:
“PUTZ, PUTZ, PUTZ, PUTZ,
PUTZ, BOOOOM, PUTZ, PUTZ, PUTZ,
BIZZZ, BIZZ, TEC, PUTZ, PUTZ...”
Edgard, depois de ser uma referência punk, está tentando tornar-se um ícone da música eletrônica.
Particularmente, não gostei mas, assim como nos seus primeiros anos como músico, ainda quando era punk, ele já enfrentava preconceito de velhos cabeças de dinossauro como eu. O que era horrível e de péssimo gosto antigamente, hoje é algo que muitos amam...
Para mim, um herói suicida; para outros, um herói nascendo...
Não esperem uma música punk nesse novo projeto, mas com certeza, uma atitude punk desse velho lobo...
Kio- Editor aposentado
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Re: Textos revisados para o 12
O Revisor Fantasma não tem vida social, não?
Coisas da Redação 3
Apresentando: JLuismith
“OK, então... Eu era bem pequeno, não me lembro exatamente a idade... Devia ter uns 6, 7 anos. Eu já era um leitor voraz de qualquer coisa que me caísse nas mãos, ainda que não fosse lá aqueeeela leitura. E aí, um dia, teve uma gincana na escola, com uns palhaços. Eu, claro, morria de medo de palhaços porque tinha visto "It" com meu pai, ainda nos meus tempos de feto, desconfio. Então eu fiquei num canto, quietinho...
O palhaço ia dando prêmios nas gincanas, e tal, várias crianças brincando, até que minha mãe me obrigou a participar... e lá fui eu brincar de “morto-vivo” com mais uma penca de crianças. As crianças foram saindo e eu fui ficando, ficando, ficando, até que ganhei. E OK, lá vem o palhaço com o prêmio, uma revista do Batman. E, na época, do Batman eu só conhecia a série camp.
E, bem... o resto é apenas adivinhar como uma história sobre insanidade, a Batgirl sendo aleijada e coisas do tipo influenciaram positivamente a minha mentalidade em desenvolvimento.
Acho que isso explica a minha visão dos quadrinhos. Todo mundo começa com a Mônica, eu comecei com Alan Moore...
(Nada contra a Mônica, claro, óbvio e evidente).”
Texto publicado original e despretenciosamente no Fórum dos Apagatti.
Ilustração de Mainardi e cores de Wilton Pacheco.
[Porquê o Hardy? Bem... O diagramador queria uma foto do J., mas não achou.
Buscou algo que tivesse haver com o texto e com o J...]
Coisas da Redação 3
Apresentando: JLuismith
“OK, então... Eu era bem pequeno, não me lembro exatamente a idade... Devia ter uns 6, 7 anos. Eu já era um leitor voraz de qualquer coisa que me caísse nas mãos, ainda que não fosse lá aqueeeela leitura. E aí, um dia, teve uma gincana na escola, com uns palhaços. Eu, claro, morria de medo de palhaços porque tinha visto "It" com meu pai, ainda nos meus tempos de feto, desconfio. Então eu fiquei num canto, quietinho...
O palhaço ia dando prêmios nas gincanas, e tal, várias crianças brincando, até que minha mãe me obrigou a participar... e lá fui eu brincar de “morto-vivo” com mais uma penca de crianças. As crianças foram saindo e eu fui ficando, ficando, ficando, até que ganhei. E OK, lá vem o palhaço com o prêmio, uma revista do Batman. E, na época, do Batman eu só conhecia a série camp.
E, bem... o resto é apenas adivinhar como uma história sobre insanidade, a Batgirl sendo aleijada e coisas do tipo influenciaram positivamente a minha mentalidade em desenvolvimento.
Acho que isso explica a minha visão dos quadrinhos. Todo mundo começa com a Mônica, eu comecei com Alan Moore...
(Nada contra a Mônica, claro, óbvio e evidente).”
Texto publicado original e despretenciosamente no Fórum dos Apagatti.
Ilustração de Mainardi e cores de Wilton Pacheco.
[Porquê o Hardy? Bem... O diagramador queria uma foto do J., mas não achou.
Buscou algo que tivesse haver com o texto e com o J...]
Kio- Editor aposentado
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Re: Textos revisados para o 12
Texto longo, texto curto... nada é demais para o Revisor Fantasma.
Um homem tem a sua vida mudada por uma fama já tradicional em sua cidade, mas em que ele não botava fé. Mas, desta vez, a famosa violência do Rio de Janeiro aparece nua e crua pro carioca. E a sua única irmã se torna fatalmente uma vitima, fazendo-o, assim, acreditar, no que, até então, era uma fama que era injusta de sua amada cidade.
Agora, a dor da injustiça e a raiva fundida com a culpa tomam o lugar do futebol e do samba. Ele mira sua própria justiça aonde acha ser necessário, e é a própria Cidade Maravilhosa o seu alvo. Agora o detetive particular Carlos Guerra, com suas habilidades marciais e seu senso investigativo, vaga pelas ruas da cidade com a sua nova vida intitulada: Justiça 40º.
Será que um só homem é capaz de por ordem numa enorme cidade, como o Rio de Janeiro? Confira em Justiça 40º.
Em breve, uma nova aventura, com ginga, suor e ação, no melhor estilo carioca de ser, na arte sequencial.
“O Rio tem muitas festas, muito calor e muita beleza. Mas nada de Justiça!” (Carlos Guerra)
Aguardem!!!
Um homem tem a sua vida mudada por uma fama já tradicional em sua cidade, mas em que ele não botava fé. Mas, desta vez, a famosa violência do Rio de Janeiro aparece nua e crua pro carioca. E a sua única irmã se torna fatalmente uma vitima, fazendo-o, assim, acreditar, no que, até então, era uma fama que era injusta de sua amada cidade.
Agora, a dor da injustiça e a raiva fundida com a culpa tomam o lugar do futebol e do samba. Ele mira sua própria justiça aonde acha ser necessário, e é a própria Cidade Maravilhosa o seu alvo. Agora o detetive particular Carlos Guerra, com suas habilidades marciais e seu senso investigativo, vaga pelas ruas da cidade com a sua nova vida intitulada: Justiça 40º.
Será que um só homem é capaz de por ordem numa enorme cidade, como o Rio de Janeiro? Confira em Justiça 40º.
Em breve, uma nova aventura, com ginga, suor e ação, no melhor estilo carioca de ser, na arte sequencial.
“O Rio tem muitas festas, muito calor e muita beleza. Mas nada de Justiça!” (Carlos Guerra)
Aguardem!!!
Kio- Editor aposentado
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Re: Textos revisados para o 12
Ricardo, acertei as lacunas deste texto.
Os Gênios do Papel e do Celulóide
Por FiliPêra, do Nerds Somos Nozes
Nenhuma arte pode existir sem grandes artistas. Cinema e quadrinhos não são exceção. Temos grandes diretores transformando luzes, películas e atores encenando, em obras de arte do mais alto nível. Nos quadrinhos, alguns entregam roteiros que, após serem devidamente desenhados e coloridos, deixam gente grande aguando e com lágrimas nos olhos.
Então, num exercício de imaginação digno das melhores viagens de cogumelos, vou selecionar alguns dos melhores e mais importantes roteiristas de quadrinhos e achar seus equivalentes no mundo das películas e da indústria bilionária de Hollywood. Eu ia aqui ficar listando os critérios que usei para chegar aos nomes abaixo, mas creio que, para cinéfilos e devoradores de HQs, vai ser desnecessário. Simplesmente aproveite a viagem sem regras, que é melhor...
Alan Moore = Stanley Kubrick
Se Alan Moore fosse cineasta, ele seria exatamente um Stanley Kubrick da vida. A recíproca também é verdadeira. Os dois são ingleses completamente reclusos, às vezes sem dar as caras por muito tempo (Kubrick viveu num castelo, passando até 12 anos sem fazer um filme, enquanto Moore tem raízes profundas em Northampton). Mas quando dão as caras (só Moore dá as caras, já que Kubrick morreu), lançam obras que muitas vezes mudam (ou mudavam) nosso modo de encarar a arte, ou mesmo a vida. Também têm em comum o fato de não terem nenhuma pressa para lançarem nada, fazendo isso somente quando tinham (ou têm) a certeza de estarem com uma obra perfeita em mãos.
Esses dois ingleses pirados e amantes da arte são do tipo que pesquisa até o tamanho da avenida retratada em suas obras, somente para não terem erros nelas. São artistas de referências, que vão buscar o que há de melhor disponível para poderem basear ou inspirar suas obras. Além disso, são subversivos, tendo entre suas melhores obras Laranja Mecânica (o melhor de Kubrick) e V de Vingança (clássico anarquista e anti-thatcherista de Moore).
Ficou curioso para saber quem ganharia num embate entre os dois? Na minha modesta opinião nerd... Moore! Só de ter um padawan no nível de Neil Gaiman já explica tudo.
Grant Morrison = David Lynch + David Fincher
O escocês Grant Morrison se destaca pelo seu estilo dito hermético, com tramas aparentemente incompreensíveis, mas com um sentido absurdo no final. Mas é também possuidor de um texto ágil, com uma excelente narrativa, principalmente quando se alia ao desenhista Frank Quitely. Creio que já deu pra perceber que esse é o principal ponto em comum com o cineasta amado e odiado, David Lynch. O diretor topetudo também tem a capacidade de criar personagens marcantes e influentes. Mas, muitos o detratam dizendo ser ele possuidor de um modo de fazer cinema feito para poucos, com roteiros complicados e sem sentido – como se todo o mundo fosse obrigado a fazer “obras Michael Bay”... Porém, assim como Morrison, consegue fazer com que os quebra-cabeças fiquem devidamente montados ao final. Nem que haja dúzias de formas de montá-lo, como no seu filme de estréia, Eraserhead.
Mas Morrison consegue fazer quadrinhos melhores que os filmes de Lynch. E seu segredo é a narrativa, nunca enfadonha, como David, às vezes, faz questão que seus filmes sejam. É aí que surge outro mestre para balancear a equação: David Fincher. Ele possui uma narrativa de primeira e consegue extrair o melhor de seus atores, assim como Morrison extrai o melhor dos personagens com que trabalha (leia Homem-Animal e Grandes Astros Superman... o único problema do careca é que ele deixa os personagens com que trabalha como carros que disputam rachas: completamente desgastados. O próximo roteirista fica na mão...). Outro ponto em comum entre eles é fazerem obras desafiadoras, com conteúdo mindfucker (Os Invisíveis, de Morrison e Clube da Luta, de Fincher; por exemplo), e não patetices somente para arrancar dinheiro dos pobres leitores de comics.
Stan Lee = Steven Spielberg
Os dois são gênios absolutos e mudaram completamente a arte em que são mestres. Começaram numa época pioneira e transformadora, e tornaram personagens bobos em grandes sucessos (ET, de Spielberg, e Quarteto Fantástico, de Lee). Criaram e moldaram grandes obras que perduram até hoje no imaginário popular (Indiana Jones, Homem-Aranha). São tidos como infantis, Peter Pans que esqueceram de crescer, que recheiam sua arte de uma inocência que não existe mais.
Alguns dizem que atualmente eles já fazem parte do passado (principalmente Stan Lee), mas é inegável a inestimável contribuição deles para a arte. São pilares que seguraram décadas nas costas. Ponto!
Jack Kirby = George Lucas
Esses dois aqui de baixo fizeram dupla e ajudaram a criar as obras revolucionárias dos dois aí de cima, mas nem por isso deixaram de fazer suas próprias criações. Têm em comum também a preferência pelo fantástico, com ênfase em ficções científicas, como as principais (primeiras e melhores) aventuras do Quarteto Fantástico, por Kirby e Star Wars, de George Lucas. Mas, infelizmente, não recebem o crédito que deveriam...
Neil Gaiman = Peter Jackson
Um transformou um personagem fraco em uma das cinco melhores obras, não só dos Quadrinhos, como de todas as artes. O outro adaptou para o cinema com absoluta maestria um dos maiores ícones da literatura universal. É claro que eles são muito mais do que isso, porém jamais vão superar o poder dessas obras, que são maiores até mesmo que eles. Somente duas palavras para complementar: Sandman e O Senhor dos Anéis!
Kazuo Koike + Osamu Tesuka = Akira Kurosawa
Sim, somente Akira Kurosawa para juntar dois gênios dos mangás para representá-lo. De Kazuo Koike (Lobo Solitário), ele tem a habilidade narrativa que chega à perfeição, com ângulos originais, quadros por vezes lentos, desolados, e sem desperdício de imagens; além de gostarem de contar histórias de samurais honrados e nobres. Mas só isso não resume Akira. De Osamu Tesuka, ele tem o fato de criar mundos fantásticos, por vezes belos, por vezes sujos, mas todos feitos com brilhantismo e maestria. Mas, sempre, o resultado é crível, mesmo com sua própria mitologia.
Os Gênios do Papel e do Celulóide
Por FiliPêra, do Nerds Somos Nozes
Nenhuma arte pode existir sem grandes artistas. Cinema e quadrinhos não são exceção. Temos grandes diretores transformando luzes, películas e atores encenando, em obras de arte do mais alto nível. Nos quadrinhos, alguns entregam roteiros que, após serem devidamente desenhados e coloridos, deixam gente grande aguando e com lágrimas nos olhos.
Então, num exercício de imaginação digno das melhores viagens de cogumelos, vou selecionar alguns dos melhores e mais importantes roteiristas de quadrinhos e achar seus equivalentes no mundo das películas e da indústria bilionária de Hollywood. Eu ia aqui ficar listando os critérios que usei para chegar aos nomes abaixo, mas creio que, para cinéfilos e devoradores de HQs, vai ser desnecessário. Simplesmente aproveite a viagem sem regras, que é melhor...
Alan Moore = Stanley Kubrick
Se Alan Moore fosse cineasta, ele seria exatamente um Stanley Kubrick da vida. A recíproca também é verdadeira. Os dois são ingleses completamente reclusos, às vezes sem dar as caras por muito tempo (Kubrick viveu num castelo, passando até 12 anos sem fazer um filme, enquanto Moore tem raízes profundas em Northampton). Mas quando dão as caras (só Moore dá as caras, já que Kubrick morreu), lançam obras que muitas vezes mudam (ou mudavam) nosso modo de encarar a arte, ou mesmo a vida. Também têm em comum o fato de não terem nenhuma pressa para lançarem nada, fazendo isso somente quando tinham (ou têm) a certeza de estarem com uma obra perfeita em mãos.
Esses dois ingleses pirados e amantes da arte são do tipo que pesquisa até o tamanho da avenida retratada em suas obras, somente para não terem erros nelas. São artistas de referências, que vão buscar o que há de melhor disponível para poderem basear ou inspirar suas obras. Além disso, são subversivos, tendo entre suas melhores obras Laranja Mecânica (o melhor de Kubrick) e V de Vingança (clássico anarquista e anti-thatcherista de Moore).
Ficou curioso para saber quem ganharia num embate entre os dois? Na minha modesta opinião nerd... Moore! Só de ter um padawan no nível de Neil Gaiman já explica tudo.
Grant Morrison = David Lynch + David Fincher
O escocês Grant Morrison se destaca pelo seu estilo dito hermético, com tramas aparentemente incompreensíveis, mas com um sentido absurdo no final. Mas é também possuidor de um texto ágil, com uma excelente narrativa, principalmente quando se alia ao desenhista Frank Quitely. Creio que já deu pra perceber que esse é o principal ponto em comum com o cineasta amado e odiado, David Lynch. O diretor topetudo também tem a capacidade de criar personagens marcantes e influentes. Mas, muitos o detratam dizendo ser ele possuidor de um modo de fazer cinema feito para poucos, com roteiros complicados e sem sentido – como se todo o mundo fosse obrigado a fazer “obras Michael Bay”... Porém, assim como Morrison, consegue fazer com que os quebra-cabeças fiquem devidamente montados ao final. Nem que haja dúzias de formas de montá-lo, como no seu filme de estréia, Eraserhead.
Mas Morrison consegue fazer quadrinhos melhores que os filmes de Lynch. E seu segredo é a narrativa, nunca enfadonha, como David, às vezes, faz questão que seus filmes sejam. É aí que surge outro mestre para balancear a equação: David Fincher. Ele possui uma narrativa de primeira e consegue extrair o melhor de seus atores, assim como Morrison extrai o melhor dos personagens com que trabalha (leia Homem-Animal e Grandes Astros Superman... o único problema do careca é que ele deixa os personagens com que trabalha como carros que disputam rachas: completamente desgastados. O próximo roteirista fica na mão...). Outro ponto em comum entre eles é fazerem obras desafiadoras, com conteúdo mindfucker (Os Invisíveis, de Morrison e Clube da Luta, de Fincher; por exemplo), e não patetices somente para arrancar dinheiro dos pobres leitores de comics.
Stan Lee = Steven Spielberg
Os dois são gênios absolutos e mudaram completamente a arte em que são mestres. Começaram numa época pioneira e transformadora, e tornaram personagens bobos em grandes sucessos (ET, de Spielberg, e Quarteto Fantástico, de Lee). Criaram e moldaram grandes obras que perduram até hoje no imaginário popular (Indiana Jones, Homem-Aranha). São tidos como infantis, Peter Pans que esqueceram de crescer, que recheiam sua arte de uma inocência que não existe mais.
Alguns dizem que atualmente eles já fazem parte do passado (principalmente Stan Lee), mas é inegável a inestimável contribuição deles para a arte. São pilares que seguraram décadas nas costas. Ponto!
Jack Kirby = George Lucas
Esses dois aqui de baixo fizeram dupla e ajudaram a criar as obras revolucionárias dos dois aí de cima, mas nem por isso deixaram de fazer suas próprias criações. Têm em comum também a preferência pelo fantástico, com ênfase em ficções científicas, como as principais (primeiras e melhores) aventuras do Quarteto Fantástico, por Kirby e Star Wars, de George Lucas. Mas, infelizmente, não recebem o crédito que deveriam...
Neil Gaiman = Peter Jackson
Um transformou um personagem fraco em uma das cinco melhores obras, não só dos Quadrinhos, como de todas as artes. O outro adaptou para o cinema com absoluta maestria um dos maiores ícones da literatura universal. É claro que eles são muito mais do que isso, porém jamais vão superar o poder dessas obras, que são maiores até mesmo que eles. Somente duas palavras para complementar: Sandman e O Senhor dos Anéis!
Kazuo Koike + Osamu Tesuka = Akira Kurosawa
Sim, somente Akira Kurosawa para juntar dois gênios dos mangás para representá-lo. De Kazuo Koike (Lobo Solitário), ele tem a habilidade narrativa que chega à perfeição, com ângulos originais, quadros por vezes lentos, desolados, e sem desperdício de imagens; além de gostarem de contar histórias de samurais honrados e nobres. Mas só isso não resume Akira. De Osamu Tesuka, ele tem o fato de criar mundos fantásticos, por vezes belos, por vezes sujos, mas todos feitos com brilhantismo e maestria. Mas, sempre, o resultado é crível, mesmo com sua própria mitologia.
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Re: Textos revisados para o 12
E vamos nós com o Revisor Fantasma de novo:
Star Warghs
Acho que foi o próprio Stephen Hawkins quem disse que a ausência de turistas do futuro é um excelente argumento contra a hipótese da viagem no tempo. Na realidade, esse argumento, de acordo com a minha experiência, tem dois problemas básicos: primeiro, não devíamos olhar para o futuro, mas sim para o passado. Segundo, não são os turistas que vêm pra cá, mas nós é que somos puxados pra lá. Isso impede que nós alteremos o passado e... não, não pode ser isso. Principalmente porque não tinha nada a ver com a Terra. Somos puxados para uma galáxia distante.
Inútil especular: só posso falar do que eu sei.
Eu estava reassentando a disposição de produtos secundários do descamamento normal da pele humana no mobiliário de fundamento bibliográfico da casa (espanando o pó da estante) quando algo diferente aconteceu. Foi como se o mundo se tornasse um reflexo naqueles espelhos malucos dos parques de diversão. Ou o espaço se distorceu. Uma dessas duas. Então, um gato preto passou duas vezes no corredor. Déja-vu. Muito Matrix. Aí, ele passou de ré. Hilário. Hilário, eu digo. Então flashes de cores diferentes, como se Deus estivesse vomitando um arco-íris em cima de mim e, de repente, eu estava em outro lugar. Outro espaço, outro tempo. E isso não acontece sempre que eu espano o pó da estante, então pensei: “Puxa, isso é diferente”.
Diante de mim estava uma figura sinistra, toda de preto, com uma espécie de elmo. Duas figuras brancas estavam ao seu lado, vestindo o que parecia ser armaduras plásticas e segurando armas. “Meu Deus”, pensei de imediato, “fui sugado pra dentro de um tabuleiro cósmico de xadrez”. Felizmente, não era o caso. Eu parecia estar em uma máquina, amarrado com vários fios, que levavam a outras máquinas. Coisa complexa. Muito mais elaborada que o meu vídeo-cassete. A figura de preto – parecia parte do elenco de Priscila, a Rainha do Deserto durante o espetáculo mas, fora isso, era legal – falou com uma voz fria e artificial, como pregos arranhando um quadro negro:
- Follow me. Hrrrhff. Phrrhuff. (Falava inglês. A respiração dele fazia barulho.)
Eu não sou uma sumidade em inglês, mas eu me viro. Vou traduzir o resto da coisa, só queria dar um clima. No entanto, não vou omitir os sons da respiração do cara de preto. Eram legais. Hrrrhff. Phrrhuff. Hrrrhff. Phrrhuff.
Caminhamos por um longo corredor de metal enquanto uma musiquinha maneira ia tocando, tons graves, cheios de sopros de metal. Tã, tã, tã. Tã rarã, ta, rarã... cheguei a me sentir mais alto. Os dois caras nas armaduras brancas iam atrás de mim, cortando minha retirada. O cara com o capacete preto de bombeiro ia na frente. Não sei se eram mesmo caras ou algum tipo de robô; a verdade é que eu podia ouvir zumbidos metálicos vindo de todos eles, mas o cara de preto parecia ser o único que respirava. Hrrrhff. Phrrhuff. Hrrrhff. Phrrhuff.
Finalmente, chegamos ao fim do corredor. Uma porta se abriu quando nos aproximamos, e os dois caras de armadura ficaram do lado de fora. Acho que aquele era um espaço reservado para o pessoal de preto, porque havia um trono lá, no meio de uma sala de paredes espelhadas, e uma figura com um capuz preto e problemas de pele ergueu uma mão esquelética e ordenou:
- Aproxime-se.
Parecia uma velha corcunda. Bom, não tinha muito mais que eu pudesse fazer. Me aproximei da velhota. Ela me encarou por um momento, como se sentisse a minha presença. Eu fiz a mesma coisa. Impressionante como ela se parecia com o Bento XVI. Então ela pareceu ficar satisfeita com o exame:
- Bom. O lado negro é forte em você.
- Provavelmente – respondi. Vermelho e amarelo também. E todas as outras cores. Sou brasileiro, cê sabe. Essa mistura é o nosso charme.
- Eu estava me referindo ao lado negro da Força.
- Olha aqui, dona, não me envolvo com futebol, com política e nem com religião.
Demorou pra eu entender. O pouco que pude, passo pra vocês: parece que eles tinham uma guerra por ali (política), e o time da viúva idosa (se chamava Darth Sidious... nome horrendo, mas combinava com a aparência dela) estava procurando campeões que pudessem usar a Força, um tipo de poder sobrenatural (religião). Em suma, tudo aquilo com o que eu não queria me envolver. O caso é que não havia muita gente que pudesse usar essa Força, então estavam procurando pessoas através do espaço e do tempo. Eu tinha sido localizado por acidente, uma vez que a Terra era tida como um planeta tão primitivo que jamais sequer se havia cogitado um contato imediato. Mas eles haviam reconhecido em mim um talento inato pra esse tipo de coisa, um que valia a pena trazer e treinar.
- Mas antes – disse a velhota – você tem de passar por um teste final. Anakin.
- Sim, mestre.
E o Bombeiro das Trevas ligou uma lâmpada fluorescente vermelha e veio em minha direção. Respirando. Hrrrhff. Phrrhuff.
Star Warghs
Acho que foi o próprio Stephen Hawkins quem disse que a ausência de turistas do futuro é um excelente argumento contra a hipótese da viagem no tempo. Na realidade, esse argumento, de acordo com a minha experiência, tem dois problemas básicos: primeiro, não devíamos olhar para o futuro, mas sim para o passado. Segundo, não são os turistas que vêm pra cá, mas nós é que somos puxados pra lá. Isso impede que nós alteremos o passado e... não, não pode ser isso. Principalmente porque não tinha nada a ver com a Terra. Somos puxados para uma galáxia distante.
Inútil especular: só posso falar do que eu sei.
Eu estava reassentando a disposição de produtos secundários do descamamento normal da pele humana no mobiliário de fundamento bibliográfico da casa (espanando o pó da estante) quando algo diferente aconteceu. Foi como se o mundo se tornasse um reflexo naqueles espelhos malucos dos parques de diversão. Ou o espaço se distorceu. Uma dessas duas. Então, um gato preto passou duas vezes no corredor. Déja-vu. Muito Matrix. Aí, ele passou de ré. Hilário. Hilário, eu digo. Então flashes de cores diferentes, como se Deus estivesse vomitando um arco-íris em cima de mim e, de repente, eu estava em outro lugar. Outro espaço, outro tempo. E isso não acontece sempre que eu espano o pó da estante, então pensei: “Puxa, isso é diferente”.
Diante de mim estava uma figura sinistra, toda de preto, com uma espécie de elmo. Duas figuras brancas estavam ao seu lado, vestindo o que parecia ser armaduras plásticas e segurando armas. “Meu Deus”, pensei de imediato, “fui sugado pra dentro de um tabuleiro cósmico de xadrez”. Felizmente, não era o caso. Eu parecia estar em uma máquina, amarrado com vários fios, que levavam a outras máquinas. Coisa complexa. Muito mais elaborada que o meu vídeo-cassete. A figura de preto – parecia parte do elenco de Priscila, a Rainha do Deserto durante o espetáculo mas, fora isso, era legal – falou com uma voz fria e artificial, como pregos arranhando um quadro negro:
- Follow me. Hrrrhff. Phrrhuff. (Falava inglês. A respiração dele fazia barulho.)
Eu não sou uma sumidade em inglês, mas eu me viro. Vou traduzir o resto da coisa, só queria dar um clima. No entanto, não vou omitir os sons da respiração do cara de preto. Eram legais. Hrrrhff. Phrrhuff. Hrrrhff. Phrrhuff.
Caminhamos por um longo corredor de metal enquanto uma musiquinha maneira ia tocando, tons graves, cheios de sopros de metal. Tã, tã, tã. Tã rarã, ta, rarã... cheguei a me sentir mais alto. Os dois caras nas armaduras brancas iam atrás de mim, cortando minha retirada. O cara com o capacete preto de bombeiro ia na frente. Não sei se eram mesmo caras ou algum tipo de robô; a verdade é que eu podia ouvir zumbidos metálicos vindo de todos eles, mas o cara de preto parecia ser o único que respirava. Hrrrhff. Phrrhuff. Hrrrhff. Phrrhuff.
Finalmente, chegamos ao fim do corredor. Uma porta se abriu quando nos aproximamos, e os dois caras de armadura ficaram do lado de fora. Acho que aquele era um espaço reservado para o pessoal de preto, porque havia um trono lá, no meio de uma sala de paredes espelhadas, e uma figura com um capuz preto e problemas de pele ergueu uma mão esquelética e ordenou:
- Aproxime-se.
Parecia uma velha corcunda. Bom, não tinha muito mais que eu pudesse fazer. Me aproximei da velhota. Ela me encarou por um momento, como se sentisse a minha presença. Eu fiz a mesma coisa. Impressionante como ela se parecia com o Bento XVI. Então ela pareceu ficar satisfeita com o exame:
- Bom. O lado negro é forte em você.
- Provavelmente – respondi. Vermelho e amarelo também. E todas as outras cores. Sou brasileiro, cê sabe. Essa mistura é o nosso charme.
- Eu estava me referindo ao lado negro da Força.
- Olha aqui, dona, não me envolvo com futebol, com política e nem com religião.
Demorou pra eu entender. O pouco que pude, passo pra vocês: parece que eles tinham uma guerra por ali (política), e o time da viúva idosa (se chamava Darth Sidious... nome horrendo, mas combinava com a aparência dela) estava procurando campeões que pudessem usar a Força, um tipo de poder sobrenatural (religião). Em suma, tudo aquilo com o que eu não queria me envolver. O caso é que não havia muita gente que pudesse usar essa Força, então estavam procurando pessoas através do espaço e do tempo. Eu tinha sido localizado por acidente, uma vez que a Terra era tida como um planeta tão primitivo que jamais sequer se havia cogitado um contato imediato. Mas eles haviam reconhecido em mim um talento inato pra esse tipo de coisa, um que valia a pena trazer e treinar.
- Mas antes – disse a velhota – você tem de passar por um teste final. Anakin.
- Sim, mestre.
E o Bombeiro das Trevas ligou uma lâmpada fluorescente vermelha e veio em minha direção. Respirando. Hrrrhff. Phrrhuff.
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Re: Textos revisados para o 12
Dá-lhe Revisor Fantasma.
Quimeras
Ronaldo era seguido, onde quer que fosse, por uma quimera especial. A quimera espreitava cada movimento seu, esperando a chance de, distraída a presa, insinuar-se em seu imaginário. Era paciente e metódica: rondava Ronaldo sem mostrar-se à luz, escondendo-se atrás de anúncios ou propagandas, sob devaneios coloridos e lembranças associativas, confiando na distração do homem para postar-se cada vez mais próxima, aflorando à superfície quando ele menos esperasse. O nome da quimera era Um Dia, Quando Tiver Muito, Muito Dinheiro.
Ronaldo pararia o que quer que estivesse fazendo para mergulhar em seu mundo de fantasia e passar dez ou doze idílicos minutos pensando no que faria quando, afinal, tivesse muito, muito dinheiro. A base era a mesma; a fantasia variava de acordo com seu humor. Às vezes, dirigia-se a um retiro calmo e descansado em uma praia deserta, às vezes, assentava em centros urbanos onde houvesse o que fazer: teatro, danceterias, rodas de bar e conversas chistosas. E sexo. Sexo em todas as suas formas e possibilidades, respeitando-se, obviamente, as preferências particulares. Lábios lúbricos, libidinosamente lascivos. Tecidos raros e de cores vivas cobrindo corpos nus, emprestando plasticidade às formas cobertas. E os seios. E as vaginas. Ânus piscantes e fugidios, encobertos por nádegas redondas e de impecável qualidade estética. Corpos como só a imaginação pode oferecer, especialmente a alguém com uma fachada como a de Ronaldo: magra, barba de pêlos duros espetando a face, buscando abrir caminho através da pele marcada e rugosa para florescer à luz.
De outras vezes era a construção de um ideal: uma sociedade perfeita, como calha de acontecer com as sociedades imaginárias, feitas ao gosto do cliente e dispondo, como é sabido, de Muito, Muito Dinheiro. Frequentemente era uma ilha paradisíaca, habitada apenas por pessoas do gosto de Ronaldo. Noutras vezes, o demente se punha a imaginar critérios para admissão em sua sociedade, de forma a permitir apenas a entrada das pessoas certas. Talvez em uma ou outra dessas fantasias tivesse acertado em cheio e erigido a sociedade perfeita, mas isso é coisa que jamais saberemos. O caso é que, por mais que a cabeça comporte mundos e a vida seja sempre aquém do que desejamos, o preço do feijão tem a triste mania de se meter entre nós e nosso ideal, e o mundo real, sólido e caro de uso, impunha-se a Ronaldo passados alguns minutos de devaneio.
Então, resignado (a vida é uma puta), tornava a seus afazeres ou cotidiano, com a mente refrescada pelas delícias vividas, mesmo que internamente. Voltava, resignado, a passar o esfregão pela galeria do cinema, a seu modo outra fábrica de sonhos. Há jeitos e jeitos de enlouquecer.
Quimeras
Ronaldo era seguido, onde quer que fosse, por uma quimera especial. A quimera espreitava cada movimento seu, esperando a chance de, distraída a presa, insinuar-se em seu imaginário. Era paciente e metódica: rondava Ronaldo sem mostrar-se à luz, escondendo-se atrás de anúncios ou propagandas, sob devaneios coloridos e lembranças associativas, confiando na distração do homem para postar-se cada vez mais próxima, aflorando à superfície quando ele menos esperasse. O nome da quimera era Um Dia, Quando Tiver Muito, Muito Dinheiro.
Ronaldo pararia o que quer que estivesse fazendo para mergulhar em seu mundo de fantasia e passar dez ou doze idílicos minutos pensando no que faria quando, afinal, tivesse muito, muito dinheiro. A base era a mesma; a fantasia variava de acordo com seu humor. Às vezes, dirigia-se a um retiro calmo e descansado em uma praia deserta, às vezes, assentava em centros urbanos onde houvesse o que fazer: teatro, danceterias, rodas de bar e conversas chistosas. E sexo. Sexo em todas as suas formas e possibilidades, respeitando-se, obviamente, as preferências particulares. Lábios lúbricos, libidinosamente lascivos. Tecidos raros e de cores vivas cobrindo corpos nus, emprestando plasticidade às formas cobertas. E os seios. E as vaginas. Ânus piscantes e fugidios, encobertos por nádegas redondas e de impecável qualidade estética. Corpos como só a imaginação pode oferecer, especialmente a alguém com uma fachada como a de Ronaldo: magra, barba de pêlos duros espetando a face, buscando abrir caminho através da pele marcada e rugosa para florescer à luz.
De outras vezes era a construção de um ideal: uma sociedade perfeita, como calha de acontecer com as sociedades imaginárias, feitas ao gosto do cliente e dispondo, como é sabido, de Muito, Muito Dinheiro. Frequentemente era uma ilha paradisíaca, habitada apenas por pessoas do gosto de Ronaldo. Noutras vezes, o demente se punha a imaginar critérios para admissão em sua sociedade, de forma a permitir apenas a entrada das pessoas certas. Talvez em uma ou outra dessas fantasias tivesse acertado em cheio e erigido a sociedade perfeita, mas isso é coisa que jamais saberemos. O caso é que, por mais que a cabeça comporte mundos e a vida seja sempre aquém do que desejamos, o preço do feijão tem a triste mania de se meter entre nós e nosso ideal, e o mundo real, sólido e caro de uso, impunha-se a Ronaldo passados alguns minutos de devaneio.
Então, resignado (a vida é uma puta), tornava a seus afazeres ou cotidiano, com a mente refrescada pelas delícias vividas, mesmo que internamente. Voltava, resignado, a passar o esfregão pela galeria do cinema, a seu modo outra fábrica de sonhos. Há jeitos e jeitos de enlouquecer.
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Re: Textos revisados para o 12
Go, Revisor Fantasma, go!
Todo dia eu boto a bunda nessa cadeira.
Há 25 anos eu sento exatamente aqui, olho para o lado e vejo a foto de uma praia deserta, daquelas que poderia ser o seu papel de parede no monitor. Ela está presa no mural ao meu lado. A foto está aqui há 15 anos, um amigo me deu, disse para eu olhar pra foto e me imaginar lá, “viajar sem sair do lugar”. A foto é praticamente uma adolescente debutante, uma praia virgem.
Todo dia eu digo olá para as pessoas ao meu redor, sento em frente ao meu computador, antes uma máquina de escrever, agora uma tela de LCD que me deixa cada dia mais cego e mais branco. Todo dia eu prendo o meu crachá na gaveta, me queimo com café e dou risada de mim mesmo. Todos os cinco dias da semana e alguns sábados.
Não me lembro bem quando foi que parei de viver. Às vezes, me sinto preso a uma tirinha de jornal. Meu dia é baseado em três ou quatro quadros; primeiro tem a apresentação. Eu digo “oi”. Depois vem a piada e, por fim, a risada. Igual a tirinha do Dilbert. Deve ser isso, eu sou o Dilbert. Gatoberto é o meu chefe.
Será que essa é a vida de quem trabalha num cubículo? Essas paredes não são tão grandes, mas oprimem a minha existência. A cadeira já tomou a forma da minha bunda, não sei como as rodinhas duraram todo esse tempo.
Os rostos são familiares. Apenas quando estão aqui dentro; se os vejo fora daqui, quase não os reconheço. Ver essas pessoas fora do ambiente de trabalho é como ver um animal selvagem no zoológico, e depois fora dele. Alguma coisa muda na pessoa, talvez a cor, o brilho nos seus olhos, ou apenas é a roupa mais casual.
Estou preso na rotina. Sou o homem moderno da história. Eu não encontrei o meu Clube da Luta. Eu não evoluí, eu apenas existo. Estou aqui por que alguém fez algo de bom no passado. Alguém mudou a história e deu um novo sentido à palavra trabalho. Alguém fez algo de bom para que eu pudesse sentar minha bunda nessa cadeira, ficar branco com o tempo, contemplar uma praia que nunca visitarei e fazer piada de mim mesmo.
Não sei quem é esse alguém. Mas eu não gosto dele.
Todo dia eu boto a bunda nessa cadeira.
Há 25 anos eu sento exatamente aqui, olho para o lado e vejo a foto de uma praia deserta, daquelas que poderia ser o seu papel de parede no monitor. Ela está presa no mural ao meu lado. A foto está aqui há 15 anos, um amigo me deu, disse para eu olhar pra foto e me imaginar lá, “viajar sem sair do lugar”. A foto é praticamente uma adolescente debutante, uma praia virgem.
Todo dia eu digo olá para as pessoas ao meu redor, sento em frente ao meu computador, antes uma máquina de escrever, agora uma tela de LCD que me deixa cada dia mais cego e mais branco. Todo dia eu prendo o meu crachá na gaveta, me queimo com café e dou risada de mim mesmo. Todos os cinco dias da semana e alguns sábados.
Não me lembro bem quando foi que parei de viver. Às vezes, me sinto preso a uma tirinha de jornal. Meu dia é baseado em três ou quatro quadros; primeiro tem a apresentação. Eu digo “oi”. Depois vem a piada e, por fim, a risada. Igual a tirinha do Dilbert. Deve ser isso, eu sou o Dilbert. Gatoberto é o meu chefe.
Será que essa é a vida de quem trabalha num cubículo? Essas paredes não são tão grandes, mas oprimem a minha existência. A cadeira já tomou a forma da minha bunda, não sei como as rodinhas duraram todo esse tempo.
Os rostos são familiares. Apenas quando estão aqui dentro; se os vejo fora daqui, quase não os reconheço. Ver essas pessoas fora do ambiente de trabalho é como ver um animal selvagem no zoológico, e depois fora dele. Alguma coisa muda na pessoa, talvez a cor, o brilho nos seus olhos, ou apenas é a roupa mais casual.
Estou preso na rotina. Sou o homem moderno da história. Eu não encontrei o meu Clube da Luta. Eu não evoluí, eu apenas existo. Estou aqui por que alguém fez algo de bom no passado. Alguém mudou a história e deu um novo sentido à palavra trabalho. Alguém fez algo de bom para que eu pudesse sentar minha bunda nessa cadeira, ficar branco com o tempo, contemplar uma praia que nunca visitarei e fazer piada de mim mesmo.
Não sei quem é esse alguém. Mas eu não gosto dele.
Última edição por Kio em Seg Jul 06, 2009 9:13 pm, editado 1 vez(es)
Kio- Editor aposentado
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Re: Textos revisados para o 12
Maravilha, Kio, fui pedir lá no outro tópico que você fizesse exatamente isso que está aqui...
O Revisor Fantasma agradece.
Ocorre que nesse texto aí de cima, por estarem os dois textos no mesmo Word que eu te mandei, próximos, um pedaço da introdução do Risso ficou junto com o texto da bunda na cadeira... Espero que o diagramador não se enrole.
Outra coisa: apesar do primeiro texto desse tópico ser a revisão do texto do Agente (O Guerreiro, etc), no Word que eu te mandei tem uma nova revisão, com algumas alterações feitas em acordo com o autor. Substitui lá pra mim?
Desculpe os comentários no tópico sem comentários...
O Revisor Fantasma agradece.
Ocorre que nesse texto aí de cima, por estarem os dois textos no mesmo Word que eu te mandei, próximos, um pedaço da introdução do Risso ficou junto com o texto da bunda na cadeira... Espero que o diagramador não se enrole.
Outra coisa: apesar do primeiro texto desse tópico ser a revisão do texto do Agente (O Guerreiro, etc), no Word que eu te mandei tem uma nova revisão, com algumas alterações feitas em acordo com o autor. Substitui lá pra mim?
Desculpe os comentários no tópico sem comentários...
Ricardo Andrade- não fez nada. Já estava assim quando ele chegou
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Re: Textos revisados para o 12
70 Anos Este Mês
- Este deve ser o caso mais surpreendente que já enfrentamos, Batman!
- A surpresa é um luxo a que não podemos nos dar, Robin. Considere sempre todas as possibilidades.
- Até as impossíveis??
- Especialmente estas. Vamos ao caso. Recapitule, Robin.
- Certo. Capturamos um homem na Batcaverna...
- Como ele chegou aqui?
- Não sabemos. As câmeras mostram-no vindo de um canto da tela. Num momento, ele não está aqui; no outro, está.
- Teleporte. Quem é ele?
- Não conhecemos. Não fala coisa com coisa.
- Truque antigo. Prossiga.
- Ele estava com material iconográfico e literário...
- Direto ao ponto, Robin. Histórias em quadrinhos.
- Sim, e também textos analíticos sobre elas.
- Particularidade.
- Elas são sobre nós.
- Incomum, mas dificilmente inédito. Já houve histórias em quadrinhos sobre nós. Curioso, mas enfadonho. Foco, Robin. Qual é a particularidade?
- As histórias trazem informações secretas sobre nós.
- Exato. Exemplifique.
- Nossas identidades secretas!
- E as de diversos de nossos colegas e inimigos. E imagens acuradas da Batcaverna e da Mansão Wayne. E reproduções de conversas. Como essas informações podem ter sido obtidas? Hipótese.
- Espionagem.
- A primeira hipótese que se impõe. Agora, explique por que ela é improvável.
- Hum... Porque isso exigiria uma vigilância ininterrupta, em toda parte, completamente indetectável!
- Correto. E a Batcaverna e a Mansão Wayne estão protegidas por tecnologia thanagariana, sugestões do Sr. Milagre e escudos místicos de Zatanna. E nós, os alvos, temos mentes treinadas para perceber certos padrões. A hipótese não se sustenta. E por outro motivo, também.
- Qual?
- Nossas identidades secretas valeriam milhões. Lex Luthor tornaria rico quem quer que lhe desse a identidade secreta do Superman. Por que alguém conseguiria estas informações, e faria historinhas? Não é lógico.
- Bem, o Coringa não precisa de um motivo lógico para fazer uma coisa assim...
- O Coringa não tem essa paciência. Algumas dessas revistas foram publicadas há anos. Se tivesse tido acesso a esse conhecimento, o Coringa já o teria usado.
- Sim, mas essas revistas foram publicadas onde? Não temos informação de que tenha sido em qualquer parte deste... Ei!
- Espere. Eu sei o que você vai dizer. Deixe isso de lado, por hora. Vamos seguir esta linha de raciocínio até o final. Método, Robin. Formule outra hipótese.
- Traição. Alguém próximo teria acesso a estas informações, e poderia, hipoteticamente, nos trair.
- Pelos eventos descritos nas revistas, há somente três suspeitos.
- Quem?
- Eu, você e Alfred.
- Mas isso é impensável!
- Nada é impensável, Robin.
- Você acha realmente que eu ou Alfred...?!
- Nada é impensável, Robin. Qualquer de nós, inclusive eu, poderia ter a mente dominada, por exemplo. Lidamos com hipóteses aqui. A emoção contamina o raciocínio. Controle-se, Robin.
- Desculpe.
- De qualquer modo, esta tese leva ao mesmo beco sem saída. Quem faria histórias em quadrinhos com estas informações? Alguma outra hipótese?
- Diversas, ainda mais fantasiosas. Nenhuma que escape ao “beco sem saída”.
- Antes de lidar com o que você ia dizer, analisemos o material.
- Certo. Histórias em quadrinhos, com dados secretos sobre nós...
- E representações precisas de eventos e locais. Mas o que elas têm de impreciso é ainda mais intrigante. Veja essa revista, a mais antiga...
- “Detective Comics”, nº 27.
- Ela relata atividades do Batman em... maio de 1939.
- 70 anos este mês! Não havia um Batman nessa época. Você teria nascido em... 1919!
- Elas cobrem o período de 1939 até hoje. Todo esse tempo com um Batman.
- Vários homens usando a máscara?
- Não. É sempre Bruce Wayne.
- Mas como?! Que idade esse “Batman” teria, hoje? 90 anos?!
- Na verdade, segundo esta revista atual, a minha.
- Isso é absurdo! O personagem não envelhece, por 70 anos?! Quem engoliria isso?!
- Houve adaptações sucessivas. O... “personagem” foi alterado para refletir diferentes épocas. Vários Batmóveis. Uniformes “modernizados”. Na verdade, só um ponto se mantém, recorrentemente representado.
- Qual?
- A morte de meus pais.
- Oh.
- Veja. Aqui... e aqui... e aqui. Os desenhos são diferentes, mas a precisão dos fatos é perturbadora. Este caso, em especial, me incomoda.
- Por quê?
- Esta história se passa em um suposto futuro, mas retrata a morte deles com um detalhe que eu nunca comentei com ninguém, e que me atormenta até hoje. Veja esta cena, com o colar de pérolas de minha mãe. Como ele se enrola na mão com que Joe Chill empunha a arma. Veja como o colar se arrebenta quando a arma dispara.
- Oh... Batman, eu...
- Foi exatamente assim. E ninguém além de mim sabia.
- Joe Chill...?
- Morto há anos. Escondeu o quanto pôde que matou meus pais. Não contou a ninguém.
- Mas...
- Alguém pode ter lido a minha mente.
- Para fazer histórias em quadrinhos?!
- Improvável. Diga o que ia dizer, naquele momento.
- Ah... sim. As revistas aparentam ter sido mesmo publicadas, e não preparadas para parecerem assim. Mas não há registro da publicação.
- Conclusão?
- Pode não ter sido neste mundo.
- O que nos leva aos universos paralelos com que já lidamos. Na verdade, a maioria das “versões” nas revistas – mesmo as mais ridículas – parece corresponder a alguma de nossas contrapartes de outros universos. Já vimos várias delas.
- Mesmo? Eu não...
- Nós os vimos em pessoa, Robin, e alguns destes desenhos são muito ruins, ou pouco realistas. Pode ser difícil reconhecer neles os Batmen que conhecemos, mas a essência está aqui. É uma hipótese a ser verificada.
- Certo! Vou testar estas revistas e...
- Não é necessário. Eu já fiz isso.
- O quê? Mas...
- Elas vibram em um comprimento de onda completamente diferente de qualquer coisa em nosso universo. O homem vibra da mesma forma.
- Quer dizer...
- Eles vêm de outro universo. O mesmo universo.
- Você já sabia. Desde o começo.
- Sim.
- E me fez passar por tudo isso...
- Nada substitui o processo, Robin. Você teve a experiência de deduzir a solução. Será útil no futuro.
- Sendo de outro universo, as revistas não representam ameaça. E agora?
- Agora, vamos entender como o nosso hóspede veio parar aqui.
- Batman... Você parece... abalado.
- Não é nada. É só que... se há um mundo em que não existem um Batman e um Robin reais, e a minha... tragédia pessoal é recriada para satisfazer o gosto de alguns leitores... eu não gosto deste lugar. Mas quero entendê-lo. Vamos, Robin. Nosso amigo nos deve algumas respostas.
- Ah. Vocês ainda estão aí?
- Quê?
- Achei que vocês já teriam desaparecido.
- Eu disse que ele não falava coisa com coisa.
- Você nos deve algumas explicações.
- Ah, claro. Eu vivo fazendo isso. Eu sou Ricardo Andrade, e escrevo para o FARRAZINE. Estava pesquisando para escrever uma matéria sobre os seus 70 anos e, não sei como, vim parar aqui. Mas tenho algumas teorias.
- Teorias?
- Sim. Teoria A: eu estou sonhando. Nada disso é real. Porém, meus sonhos nunca são tão organizados. Além disso... a Angelina Jolie já chegou?
- Angelina?
- Como eu pensava. Não é um sonho. Vamos à teoria B: eu enlouqueci de vez. Eu nunca fui exatamente um exemplo de sanidade. Porém penso que, se minha loucura envolvesse o Batman, EU seria o Batman.
- Você?
- Eu evitaria alguns erros constrangedores.
- Erros?!
- Fala sério! Alguém realmente acredita que Jordan ia acertar aquele soco? Sem o anel? Batman passa a vida a evitar socos de lutadores melhores.
- Bem...
- Robin.
- Desculpe.
- Teoria C: é mais um surto psicótico, do tipo que tenho sofrido desde que o Prof. Xavier...
- Quem?
- Outra editora. Você não conhece. Não fui mais o mesmo depois do que ele fez.
- O que ele fez?
- Espirrou. Mas esses surtos nunca duram muito tempo, e eu já estou aqui há um tempão. Teoria D: vocês são mesmo Batman e Robin. He, he...
- He, he...
- Robin.
- Desculpe.
- Teoria E, a mais provável: isso é uma pegadinha do pessoal da Redação. Valeu, galera. Podem parar.
- Escute...
- Você, mais alto, deve ser o Kio. Ou o Vino. Pelo capuz, é careca. Vino. E você, menor, é o Zaa? De qualquer modo, tirem essas roupas ridículas, não parecem nada com as verdadeiras.
- Mas...
- Vocês estão parecendo uns gayzinhos.
- ...
- ...
- ...ah, sim. He, he... Era a D, então? Eu devia ter imaginado. Foi uma escolha muito infeliz de palavras, né? Pois é. Ainda dá tempo de pedir desculpas?
RICARDO ANDRADE teve fraturas ósseas a nível subatômico, mas o fato de que seus ossos são numerados está ajudando muito na recuperação.
- Este deve ser o caso mais surpreendente que já enfrentamos, Batman!
- A surpresa é um luxo a que não podemos nos dar, Robin. Considere sempre todas as possibilidades.
- Até as impossíveis??
- Especialmente estas. Vamos ao caso. Recapitule, Robin.
- Certo. Capturamos um homem na Batcaverna...
- Como ele chegou aqui?
- Não sabemos. As câmeras mostram-no vindo de um canto da tela. Num momento, ele não está aqui; no outro, está.
- Teleporte. Quem é ele?
- Não conhecemos. Não fala coisa com coisa.
- Truque antigo. Prossiga.
- Ele estava com material iconográfico e literário...
- Direto ao ponto, Robin. Histórias em quadrinhos.
- Sim, e também textos analíticos sobre elas.
- Particularidade.
- Elas são sobre nós.
- Incomum, mas dificilmente inédito. Já houve histórias em quadrinhos sobre nós. Curioso, mas enfadonho. Foco, Robin. Qual é a particularidade?
- As histórias trazem informações secretas sobre nós.
- Exato. Exemplifique.
- Nossas identidades secretas!
- E as de diversos de nossos colegas e inimigos. E imagens acuradas da Batcaverna e da Mansão Wayne. E reproduções de conversas. Como essas informações podem ter sido obtidas? Hipótese.
- Espionagem.
- A primeira hipótese que se impõe. Agora, explique por que ela é improvável.
- Hum... Porque isso exigiria uma vigilância ininterrupta, em toda parte, completamente indetectável!
- Correto. E a Batcaverna e a Mansão Wayne estão protegidas por tecnologia thanagariana, sugestões do Sr. Milagre e escudos místicos de Zatanna. E nós, os alvos, temos mentes treinadas para perceber certos padrões. A hipótese não se sustenta. E por outro motivo, também.
- Qual?
- Nossas identidades secretas valeriam milhões. Lex Luthor tornaria rico quem quer que lhe desse a identidade secreta do Superman. Por que alguém conseguiria estas informações, e faria historinhas? Não é lógico.
- Bem, o Coringa não precisa de um motivo lógico para fazer uma coisa assim...
- O Coringa não tem essa paciência. Algumas dessas revistas foram publicadas há anos. Se tivesse tido acesso a esse conhecimento, o Coringa já o teria usado.
- Sim, mas essas revistas foram publicadas onde? Não temos informação de que tenha sido em qualquer parte deste... Ei!
- Espere. Eu sei o que você vai dizer. Deixe isso de lado, por hora. Vamos seguir esta linha de raciocínio até o final. Método, Robin. Formule outra hipótese.
- Traição. Alguém próximo teria acesso a estas informações, e poderia, hipoteticamente, nos trair.
- Pelos eventos descritos nas revistas, há somente três suspeitos.
- Quem?
- Eu, você e Alfred.
- Mas isso é impensável!
- Nada é impensável, Robin.
- Você acha realmente que eu ou Alfred...?!
- Nada é impensável, Robin. Qualquer de nós, inclusive eu, poderia ter a mente dominada, por exemplo. Lidamos com hipóteses aqui. A emoção contamina o raciocínio. Controle-se, Robin.
- Desculpe.
- De qualquer modo, esta tese leva ao mesmo beco sem saída. Quem faria histórias em quadrinhos com estas informações? Alguma outra hipótese?
- Diversas, ainda mais fantasiosas. Nenhuma que escape ao “beco sem saída”.
- Antes de lidar com o que você ia dizer, analisemos o material.
- Certo. Histórias em quadrinhos, com dados secretos sobre nós...
- E representações precisas de eventos e locais. Mas o que elas têm de impreciso é ainda mais intrigante. Veja essa revista, a mais antiga...
- “Detective Comics”, nº 27.
- Ela relata atividades do Batman em... maio de 1939.
- 70 anos este mês! Não havia um Batman nessa época. Você teria nascido em... 1919!
- Elas cobrem o período de 1939 até hoje. Todo esse tempo com um Batman.
- Vários homens usando a máscara?
- Não. É sempre Bruce Wayne.
- Mas como?! Que idade esse “Batman” teria, hoje? 90 anos?!
- Na verdade, segundo esta revista atual, a minha.
- Isso é absurdo! O personagem não envelhece, por 70 anos?! Quem engoliria isso?!
- Houve adaptações sucessivas. O... “personagem” foi alterado para refletir diferentes épocas. Vários Batmóveis. Uniformes “modernizados”. Na verdade, só um ponto se mantém, recorrentemente representado.
- Qual?
- A morte de meus pais.
- Oh.
- Veja. Aqui... e aqui... e aqui. Os desenhos são diferentes, mas a precisão dos fatos é perturbadora. Este caso, em especial, me incomoda.
- Por quê?
- Esta história se passa em um suposto futuro, mas retrata a morte deles com um detalhe que eu nunca comentei com ninguém, e que me atormenta até hoje. Veja esta cena, com o colar de pérolas de minha mãe. Como ele se enrola na mão com que Joe Chill empunha a arma. Veja como o colar se arrebenta quando a arma dispara.
- Oh... Batman, eu...
- Foi exatamente assim. E ninguém além de mim sabia.
- Joe Chill...?
- Morto há anos. Escondeu o quanto pôde que matou meus pais. Não contou a ninguém.
- Mas...
- Alguém pode ter lido a minha mente.
- Para fazer histórias em quadrinhos?!
- Improvável. Diga o que ia dizer, naquele momento.
- Ah... sim. As revistas aparentam ter sido mesmo publicadas, e não preparadas para parecerem assim. Mas não há registro da publicação.
- Conclusão?
- Pode não ter sido neste mundo.
- O que nos leva aos universos paralelos com que já lidamos. Na verdade, a maioria das “versões” nas revistas – mesmo as mais ridículas – parece corresponder a alguma de nossas contrapartes de outros universos. Já vimos várias delas.
- Mesmo? Eu não...
- Nós os vimos em pessoa, Robin, e alguns destes desenhos são muito ruins, ou pouco realistas. Pode ser difícil reconhecer neles os Batmen que conhecemos, mas a essência está aqui. É uma hipótese a ser verificada.
- Certo! Vou testar estas revistas e...
- Não é necessário. Eu já fiz isso.
- O quê? Mas...
- Elas vibram em um comprimento de onda completamente diferente de qualquer coisa em nosso universo. O homem vibra da mesma forma.
- Quer dizer...
- Eles vêm de outro universo. O mesmo universo.
- Você já sabia. Desde o começo.
- Sim.
- E me fez passar por tudo isso...
- Nada substitui o processo, Robin. Você teve a experiência de deduzir a solução. Será útil no futuro.
- Sendo de outro universo, as revistas não representam ameaça. E agora?
- Agora, vamos entender como o nosso hóspede veio parar aqui.
- Batman... Você parece... abalado.
- Não é nada. É só que... se há um mundo em que não existem um Batman e um Robin reais, e a minha... tragédia pessoal é recriada para satisfazer o gosto de alguns leitores... eu não gosto deste lugar. Mas quero entendê-lo. Vamos, Robin. Nosso amigo nos deve algumas respostas.
- Ah. Vocês ainda estão aí?
- Quê?
- Achei que vocês já teriam desaparecido.
- Eu disse que ele não falava coisa com coisa.
- Você nos deve algumas explicações.
- Ah, claro. Eu vivo fazendo isso. Eu sou Ricardo Andrade, e escrevo para o FARRAZINE. Estava pesquisando para escrever uma matéria sobre os seus 70 anos e, não sei como, vim parar aqui. Mas tenho algumas teorias.
- Teorias?
- Sim. Teoria A: eu estou sonhando. Nada disso é real. Porém, meus sonhos nunca são tão organizados. Além disso... a Angelina Jolie já chegou?
- Angelina?
- Como eu pensava. Não é um sonho. Vamos à teoria B: eu enlouqueci de vez. Eu nunca fui exatamente um exemplo de sanidade. Porém penso que, se minha loucura envolvesse o Batman, EU seria o Batman.
- Você?
- Eu evitaria alguns erros constrangedores.
- Erros?!
- Fala sério! Alguém realmente acredita que Jordan ia acertar aquele soco? Sem o anel? Batman passa a vida a evitar socos de lutadores melhores.
- Bem...
- Robin.
- Desculpe.
- Teoria C: é mais um surto psicótico, do tipo que tenho sofrido desde que o Prof. Xavier...
- Quem?
- Outra editora. Você não conhece. Não fui mais o mesmo depois do que ele fez.
- O que ele fez?
- Espirrou. Mas esses surtos nunca duram muito tempo, e eu já estou aqui há um tempão. Teoria D: vocês são mesmo Batman e Robin. He, he...
- He, he...
- Robin.
- Desculpe.
- Teoria E, a mais provável: isso é uma pegadinha do pessoal da Redação. Valeu, galera. Podem parar.
- Escute...
- Você, mais alto, deve ser o Kio. Ou o Vino. Pelo capuz, é careca. Vino. E você, menor, é o Zaa? De qualquer modo, tirem essas roupas ridículas, não parecem nada com as verdadeiras.
- Mas...
- Vocês estão parecendo uns gayzinhos.
- ...
- ...
- ...ah, sim. He, he... Era a D, então? Eu devia ter imaginado. Foi uma escolha muito infeliz de palavras, né? Pois é. Ainda dá tempo de pedir desculpas?
RICARDO ANDRADE teve fraturas ósseas a nível subatômico, mas o fato de que seus ossos são numerados está ajudando muito na recuperação.
InVinoVeritas- Apagati CRTL+ALT+DEL
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Data de inscrição : 17/12/2008
Idade : 46
Re: Textos revisados para o 12
As notícias de minha morte foram severamente exageradas.
Ou não.
Concluo que isso de morrer é algo muito superestimado. É bem menos complicado e muitíssimo menos interessante do que pode parecer.
Imagino que meu caso, cujos detalhes desconheço, tenha dado nos jornais, mas não me interessava por jornais (ou periódicos de qualquer espécie, o que guarda uma certa ironia, dado o lugar em que estou – e não, não me refiro ao Inferno, mas à Redação de certa revista. O que tende a dar na mesma, no fim das contas) quando viva; não vejo por que seria diferente, agora. De resto, jornais queimam no Inferno.
Morta, acordei, como em toda manhã desde que me lembro, e não vi motivo para não ir trabalhar. Fui professora de português por 42 anos. Acordar e ir realizar uma tarefa inglória já é um hábito. Não seria impedida por uma simples morte. Na verdade, morta, sinto-me melhor: uma dorzinha aguda que se instalara sob minha omoplata esquerda simplesmente desapareceu. Recomendo a todos.
Na Redação, causei certa surpresa. Eles têm falado pouco comigo (e continuo, pois, sem saber os detalhes de meu passamento), parece que ficaram com medo de mim. Não é uma novidade: eles já tinham medo de mim, antes. Eu não me incomodo com isso. Fui professora de português, eu disse. Estou acostumada a que tenham medo de mim. Confesso que gosto da sensação.
Pediram-me (com muito jeito...) que respondesse as cartas enviadas à Redação. Foi a grande surpresa de minha persistência pós-morte: não recordo que a Redação tenha jamais recebido cartas. Não imaginava que alguém se dispusesse a ler o que esses meninos escrevem (eu não me arrisco), quanto mais escrever-lhes a respeito.
Devem ser contas. Será muito engraçado se eles tiverem planejado que eu pague suas contas; poderei usar alguns dos contatos que tenho feito no Inferno. Eles reconhecem talentos no Inferno.
Vamos a elas.
Eu vi ontem a matéria. "Folheei" a revista toda e achei muito boa. Fiquei impressionada com a quantidade de material!
Parabéns, Kio, e obrigada por dar espaço para o nosso trabalho!
Abraços,
Mafalda
www.monalisadepijamas.com.br
Não são contas. Eu quase lamento.
Esta menina, a Mafalda, é de um podcast (o que quer que isso queira dizer), o Monacast (o que quer que isso queira dizer). “Impressionada com a quantidade de material”, ela diz. Catástrofes são impressionantes. Quantidade raramente representa qualidade. Uma mocinha sensata. Gostei dela.
Fala, Kio, blz? Cara, ficou sensacional, gostamos muito do Farrazine, o formato realmente é show.
Muito bom, divulgamos no Ep. 46, que vai pro ar.
Todo mundo adorou, valeu mesmo pelo convite. Vamos disseminar por todos os lados.
Abração.
Vanassi
www.depoisdas11.com
Este rapazinho também é de um podcast (desisti de tentar entender), o Depois das 11 Podcast. “Blz” significará “bem longe do zênite”? É a definição de ocaso, como se sabe. Os meninos da Redação conseguiram a proeza de atingir o ocaso sem jamais terem passado pelo zênite. Não deixa de ser um mérito. “O formato é show”, ele diz. É retangular, não? Bastante comum, penso. Mas cada um tem o show que lhe cabe. “Vamos disseminar”, ele diz. É o que ocorre nas epidemias.
Fala Kio!
Caraaaamba, que foda que ficou, cara! Parabéns pelo trabalho! Adoramos as caricaturas!!!
Você tem versão impressa disso? Nós queremos!!!
[]s!
--
Alexandre Ottoni
Pazos & Ottoni Ltda.
www.jovemnerd.com.br
No meu tempo, este linguajar... Pensando bem, no meu tempo, acho que este linguajar ainda não fora inventado. Desaprovo, de qualquer modo. Mesmo que pareça um elogio. Aliás, acho que desaprovo exatamente por parecer um elogio. E este jovem insano ainda pede uma “versão impressa”. Derrubem-se as florestas! Imprima-se o FARRAZINE! Ainda bem que já estou morta.
Oi Caio,
Excelente revista digital.
Aqui, em João Pessoa, muitos comentam sua revista.
Lamento ela ainda não possuir uma versão impressa. Pode ter certeza de que a compraria.
O mercado necessita de revistas que tragam informação além de Marvel e DC (vide Wizmania).
A proposta de vocês me recorda a do Comic Journal.
Pode deixar que comentaremos em nosso programa.
Abraços e saúde,
Manassés Filho e Equipe ComicShow
www.comichouse.blig.com.br
Como assim, “João Pessoa”? Quem deixou que a coisa chegasse a esse ponto? Quem salvará os pobres paraibanos? Este menino também fala em “versão impressa”. Começo a me preocupar. Ele fala em “comprar”, do verbo “oferecer dinheiro em troca”. Algo deve estar me escapando. “Informação além de Marvel e DC”: folgo em ressaltar que a presente edição trata de Batman, Justiceiro e Mauricio de Sousa. Este último deve tranquilizar este mocinho, o Manassés.
"Olá, galera... Aqui é o Maycon, mais conhecido como o Jabour_rio do extinto Filecast, e agora BauPirata.com / PirataCast.
Gostaria de falar pela nossa equipe e agradecer a oportunidade que vocês nos deram de contar um pouco mais sobre o nosso mundinho, que é a podosfera...
Saibam que adoramos a entrevista, e nos surpreendemos positivamente por vocês nos juntarem com esses grandes amigos dos outros podcasts que foram entrevistados... Só tem gente grande aí, e colocar-nos no meio só faz a gente se orgulhar ainda mais do nosso trabalho...
Quero deixar aqui o meu abraço, votos sinceros de sucesso e reafirmar que se precisarem de algo é só falar... Somos parceiros e parceria é pra ajudar..."
www.baupirata.com
O mais curioso é que as pessoas agradecem... “Podosfera” não lhes parece algo que deveria ser tratado por um calista? Ah, estar morta é não mais ter que se preocupar com os próprios pés.
Olá, Marcelo Mainardi.
Muito bacana a revista. Adorei. Já baixei o pdf pra ver tudo com mais calma.
Vou mandar o link pros meus amigos!!!!! Muito obrigada pelo espaço que me dedicaram!!!
Beijos a todos da equipe!!!! E muito sucesso pra vocês!
Lilian ;-)
* \\// vida longa e próspera!!!!
Definitivamente uma gracinha, esta menina. Gostei dela também. “Lilian Mitsunaga”, um dos meus “contatos” me segreda; “alguém que não virá cá pra baixo”, ele acrescenta, com um suspiro. O Inferno é para aqueles que o fazem por merecer, repito, com orgulho. “Baixei”, ela diz, “para ver com calma”. Um furúnculo mal cuidado também demanda ser visto com calma e a devida atenção. Uma moça esperta. Gostei dela também. “Vida longa e próspera”, ela deseja. Tarde demais, eu digo.
Elisabete Barbosa
Ou não.
Concluo que isso de morrer é algo muito superestimado. É bem menos complicado e muitíssimo menos interessante do que pode parecer.
Imagino que meu caso, cujos detalhes desconheço, tenha dado nos jornais, mas não me interessava por jornais (ou periódicos de qualquer espécie, o que guarda uma certa ironia, dado o lugar em que estou – e não, não me refiro ao Inferno, mas à Redação de certa revista. O que tende a dar na mesma, no fim das contas) quando viva; não vejo por que seria diferente, agora. De resto, jornais queimam no Inferno.
Morta, acordei, como em toda manhã desde que me lembro, e não vi motivo para não ir trabalhar. Fui professora de português por 42 anos. Acordar e ir realizar uma tarefa inglória já é um hábito. Não seria impedida por uma simples morte. Na verdade, morta, sinto-me melhor: uma dorzinha aguda que se instalara sob minha omoplata esquerda simplesmente desapareceu. Recomendo a todos.
Na Redação, causei certa surpresa. Eles têm falado pouco comigo (e continuo, pois, sem saber os detalhes de meu passamento), parece que ficaram com medo de mim. Não é uma novidade: eles já tinham medo de mim, antes. Eu não me incomodo com isso. Fui professora de português, eu disse. Estou acostumada a que tenham medo de mim. Confesso que gosto da sensação.
Pediram-me (com muito jeito...) que respondesse as cartas enviadas à Redação. Foi a grande surpresa de minha persistência pós-morte: não recordo que a Redação tenha jamais recebido cartas. Não imaginava que alguém se dispusesse a ler o que esses meninos escrevem (eu não me arrisco), quanto mais escrever-lhes a respeito.
Devem ser contas. Será muito engraçado se eles tiverem planejado que eu pague suas contas; poderei usar alguns dos contatos que tenho feito no Inferno. Eles reconhecem talentos no Inferno.
Vamos a elas.
Eu vi ontem a matéria. "Folheei" a revista toda e achei muito boa. Fiquei impressionada com a quantidade de material!
Parabéns, Kio, e obrigada por dar espaço para o nosso trabalho!
Abraços,
Mafalda
www.monalisadepijamas.com.br
Não são contas. Eu quase lamento.
Esta menina, a Mafalda, é de um podcast (o que quer que isso queira dizer), o Monacast (o que quer que isso queira dizer). “Impressionada com a quantidade de material”, ela diz. Catástrofes são impressionantes. Quantidade raramente representa qualidade. Uma mocinha sensata. Gostei dela.
Fala, Kio, blz? Cara, ficou sensacional, gostamos muito do Farrazine, o formato realmente é show.
Muito bom, divulgamos no Ep. 46, que vai pro ar.
Todo mundo adorou, valeu mesmo pelo convite. Vamos disseminar por todos os lados.
Abração.
Vanassi
www.depoisdas11.com
Este rapazinho também é de um podcast (desisti de tentar entender), o Depois das 11 Podcast. “Blz” significará “bem longe do zênite”? É a definição de ocaso, como se sabe. Os meninos da Redação conseguiram a proeza de atingir o ocaso sem jamais terem passado pelo zênite. Não deixa de ser um mérito. “O formato é show”, ele diz. É retangular, não? Bastante comum, penso. Mas cada um tem o show que lhe cabe. “Vamos disseminar”, ele diz. É o que ocorre nas epidemias.
Fala Kio!
Caraaaamba, que foda que ficou, cara! Parabéns pelo trabalho! Adoramos as caricaturas!!!
Você tem versão impressa disso? Nós queremos!!!
[]s!
--
Alexandre Ottoni
Pazos & Ottoni Ltda.
www.jovemnerd.com.br
No meu tempo, este linguajar... Pensando bem, no meu tempo, acho que este linguajar ainda não fora inventado. Desaprovo, de qualquer modo. Mesmo que pareça um elogio. Aliás, acho que desaprovo exatamente por parecer um elogio. E este jovem insano ainda pede uma “versão impressa”. Derrubem-se as florestas! Imprima-se o FARRAZINE! Ainda bem que já estou morta.
Oi Caio,
Excelente revista digital.
Aqui, em João Pessoa, muitos comentam sua revista.
Lamento ela ainda não possuir uma versão impressa. Pode ter certeza de que a compraria.
O mercado necessita de revistas que tragam informação além de Marvel e DC (vide Wizmania).
A proposta de vocês me recorda a do Comic Journal.
Pode deixar que comentaremos em nosso programa.
Abraços e saúde,
Manassés Filho e Equipe ComicShow
www.comichouse.blig.com.br
Como assim, “João Pessoa”? Quem deixou que a coisa chegasse a esse ponto? Quem salvará os pobres paraibanos? Este menino também fala em “versão impressa”. Começo a me preocupar. Ele fala em “comprar”, do verbo “oferecer dinheiro em troca”. Algo deve estar me escapando. “Informação além de Marvel e DC”: folgo em ressaltar que a presente edição trata de Batman, Justiceiro e Mauricio de Sousa. Este último deve tranquilizar este mocinho, o Manassés.
"Olá, galera... Aqui é o Maycon, mais conhecido como o Jabour_rio do extinto Filecast, e agora BauPirata.com / PirataCast.
Gostaria de falar pela nossa equipe e agradecer a oportunidade que vocês nos deram de contar um pouco mais sobre o nosso mundinho, que é a podosfera...
Saibam que adoramos a entrevista, e nos surpreendemos positivamente por vocês nos juntarem com esses grandes amigos dos outros podcasts que foram entrevistados... Só tem gente grande aí, e colocar-nos no meio só faz a gente se orgulhar ainda mais do nosso trabalho...
Quero deixar aqui o meu abraço, votos sinceros de sucesso e reafirmar que se precisarem de algo é só falar... Somos parceiros e parceria é pra ajudar..."
www.baupirata.com
O mais curioso é que as pessoas agradecem... “Podosfera” não lhes parece algo que deveria ser tratado por um calista? Ah, estar morta é não mais ter que se preocupar com os próprios pés.
Olá, Marcelo Mainardi.
Muito bacana a revista. Adorei. Já baixei o pdf pra ver tudo com mais calma.
Vou mandar o link pros meus amigos!!!!! Muito obrigada pelo espaço que me dedicaram!!!
Beijos a todos da equipe!!!! E muito sucesso pra vocês!
Lilian ;-)
* \\// vida longa e próspera!!!!
Definitivamente uma gracinha, esta menina. Gostei dela também. “Lilian Mitsunaga”, um dos meus “contatos” me segreda; “alguém que não virá cá pra baixo”, ele acrescenta, com um suspiro. O Inferno é para aqueles que o fazem por merecer, repito, com orgulho. “Baixei”, ela diz, “para ver com calma”. Um furúnculo mal cuidado também demanda ser visto com calma e a devida atenção. Uma moça esperta. Gostei dela também. “Vida longa e próspera”, ela deseja. Tarde demais, eu digo.
Elisabete Barbosa
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Re: Textos revisados para o 12
Foi por inveja. Confesso. Meus colegas tinham entrevistado grandes nomes internacionais dos quadrinhos, e eu só tinha conseguido entrevistar personagens de quadrinhos. Achei que devia mudar o foco.
Foi mais ou menos nessa época que a “Turma da Mônica Jovem” surgiu. Eu comprei, meus filhos adoraram; após um primeiro estranhamento, adorei também. Aí, a idéia: por que não tentar entrevistar o Mauricio de Sousa?
Fiz os contatos necessários. Para minha agradável surpresa, meus e-mails foram não só respondidos, como o foram com extrema gentileza, boa vontade, generosidade e presteza, esta maravilhosa qualidade para os ansiosos. Que eu mandasse as perguntas, disseram-me, e elas seriam passadas ao Mauricio.
Fiz. Ansiosamente, esperei.
Isso foi há uns meses. Mauricio de Sousa é um cara ocupado. Viaja muito. Além disso, está envolvido em projetos interessantíssimos (não o menor deles a celebração dos seus 50 anos de carreira, com o lançamento de uma revista especial, com 50 grandes artistas nacionais mostrando suas visões dos personagens da Turma – um furo de reportagem, cortesia do pessoal da Comic House). Por que esperar que Mauricio de Sousa respondesse minhas perguntas?
Valeu a pena esperar. Há umas semanas recebi um e-mail da assessoria de imprensa dele, com as respostas às perguntas, que Mauricio respondeu em pleno feriadão digitando em seu celular... Ele é o cara.
FARRAZINE – Mauricio, antes de mais nada, o FARRAZINE agradece a sua gentileza em nos conceder essa entrevista! Vamos começar com a pergunta que todo mundo sempre faz: você tinha alguma noção de que seu trabalho se tornaria praticamente a única experiência bem-sucedida e duradoura em quadrinhos no Brasil, além de um fenômeno cultural que atravessaria gerações, por mais de 40 anos?...
MAURICIO – Meu desejo era planejar bem o lançamento das historietas, montar uma equipe, e ir galgando as etapas naturais dessa atividade: história em quadrinhos para jornais, revistas, depois desenhos animados, licenciamento, filmes para cinema, parques temáticos... Só não planejei a Internet. Não sou adivinho!...
Quanto ao sucesso... ninguém planeja sucesso. Planeja-se fazer um serviço bem feito. Que, se se mantiver, vira sucesso.
FARRAZINE – Hoje, você tem uma grande equipe trabalhando com você. Como era no começo? Você escrevia, desenhava, arte-finalizava e quadrinizava tudo sozinho? A gente precisava de um cara que nem você, aqui no FARRAZINE...
MAURICIO – No começo, eu fazia tudo sozinho. Inclusive, saía para vender. Daí, decidi optar por um trabalho de equipe, não um trabalho de autor. Era a forma de enfrentar a concorrência internacional, que dominava tudo.
FARRAZINE – Uma de nossas entrevistadas recentes, Jussara Nunes (que escreve, desenha e publica uma webcomic, "Turn to Fall", há vários anos, disponível no site http://hqexperimental.blogspot.com/), nos contou que seu sonho era "trabalhar com o Mauricio de Sousa". Qual o caminho que um artista ou escritor deve seguir para realizar esse sonho?
MAURICIO – Se desejar trabalhar conosco, terá que conhecer nosso estilo, desenho, tipo de roteiro (se quiser escrever), animação em computação gráfica...
Se quiser se dedicar à produção de historietas, tem que estudar os bons autores, copiar seus desenhos, observar bem o estilo – e ler. Ler muito. Instruir-se.
FARRAZINE – Os artistas e escritores que trabalham na sua equipe lidam com um universo e personagens pré-definidos. Quanta liberdade de criação eles têm? Há espaço para um trabalho mais autoral? Algum membro de sua equipe desenvolve trabalhos paralelos na área?
MAURICIO – Nossos artistas até podem desenvolver trabalhos fora do nosso estúdio. Mas eu prefiro que eles se dediquem à Turma da Mônica. É onde encontram boas condições para crescer.
FARRAZINE – Como você vê o fato recente de fãs poderem baixar da internet as manifestações artísticas de que gostam, inclusive HQs?
MAURICIO – Por trás dessa ação, às vezes carinhosa ou curiosa, há o perigo da pirataria, da dilapidação do direito autoral. Não vejo com bons olhos.
FARRAZINE – Falando sobre a Turma da Mônica Jovem, como surgiu a idéia de deixar os personagens "crescerem" (o que era um sonho de muitos leitores...)?
MAURICIO – Era um sonho meu, também! E daí, resolvi que iria fazê-los crescer, acrescentando o toque mangá, já que o público-alvo está consumindo este tipo de material.
FARRAZINE – Por que a opção pelo mangá? Aliás, levando-se em conta que a Turma da Mônica sempre teve olhos grandes, expressivos, e traços simplificados, características deste estilo, desde muito antes que se falasse em mangá no Brasil, você não acha que foi você quem influenciou os atuais aspirantes a mangakás?
MAURICIO – Não tenho essa pretensão... embora nosso material tenha sempre sido primo-irmão do mangá japonês.
FARRAZINE – Momento da crítica: entendemos a idéia de dar um argumento tipo mangá a histórias que se decidiu desenhar nesse estilo; mas você não acha que, nesses tempos de "High School Musical", poder-se-ia tratar mais das relações e dos problemas dos adolescentes em que a turma se tornou – o que é, de certo modo, o cerne dos argumentos da Turma da Mônica original, e não foge ao universo mangá – e não enveredar pelo caminho de nos "revelar" que os pais dos meninos, que nós sempre conhecemos como pessoas comuns, muito parecidos com os pais que temos e (no meu caso, ao menos) somos, eram encarnações de antigos samurais?!
MAURICIO – Fantasias necessárias num projeto novo... Para se firmar na qualidade e na polêmica. A Turma Jovem, aos poucos, vai encontrando o caminho natural.
FARRAZINE – A Turma da Mônica Jovem seguirá uma cronologia a ser respeitada (nos moldes das HQs de super-heróis e mangás em geral, em que um evento afeta a realidade, e permanece fazendo parte do "passado" dos personagens)?
MAURICIO – Nas nossas histórias, suavemente, sempre aconteceu isso. No atual estilo “mangá brasileiro” da Turma Jovem, isso pode ser mais evidente. E vai ser.
FARRAZINE – Depois de diversas experiências bem-sucedidas com filmes de animação, você não considera seguir o caminho trilhado por outros personagens de quadrinhos e fazer um filme live-action, com atores?
MAURICIO – Há estudos pra isso. Inclusive em Hollywood! A Editora Panini está intermediando.
FARRAZINE – A Mônica original foi criança e adolescente durante um tempo em que a Mônica dos quadrinhos já era um mito. Como foi a experiência de ser a "encarnação" de uma personagem adorada por tanta gente?
MAURICIO – Eu sempre tive cuidado para separar a ficção da realidade. A Mônica [real] começou a descobrir que era a Mônica do gibi depois que entrou no primário (hoje ensino fundamental). Daí, já havia estabelecido personalidade, comportamento, sua situação no mundo. E então, não havia mais perigo de desvios de personalidade.
FARRAZINE – Mauricio, obrigado de novo. E se você, um dia, quiser desenhar uma história em quadrinhos e não tiver onde publicar, é só procurar o FARRAZINE. Pra você, a gente dá um jeito...
MAURICIO – Obrigado. Até a próxima!
Foi mais ou menos nessa época que a “Turma da Mônica Jovem” surgiu. Eu comprei, meus filhos adoraram; após um primeiro estranhamento, adorei também. Aí, a idéia: por que não tentar entrevistar o Mauricio de Sousa?
Fiz os contatos necessários. Para minha agradável surpresa, meus e-mails foram não só respondidos, como o foram com extrema gentileza, boa vontade, generosidade e presteza, esta maravilhosa qualidade para os ansiosos. Que eu mandasse as perguntas, disseram-me, e elas seriam passadas ao Mauricio.
Fiz. Ansiosamente, esperei.
Isso foi há uns meses. Mauricio de Sousa é um cara ocupado. Viaja muito. Além disso, está envolvido em projetos interessantíssimos (não o menor deles a celebração dos seus 50 anos de carreira, com o lançamento de uma revista especial, com 50 grandes artistas nacionais mostrando suas visões dos personagens da Turma – um furo de reportagem, cortesia do pessoal da Comic House). Por que esperar que Mauricio de Sousa respondesse minhas perguntas?
Valeu a pena esperar. Há umas semanas recebi um e-mail da assessoria de imprensa dele, com as respostas às perguntas, que Mauricio respondeu em pleno feriadão digitando em seu celular... Ele é o cara.
FARRAZINE – Mauricio, antes de mais nada, o FARRAZINE agradece a sua gentileza em nos conceder essa entrevista! Vamos começar com a pergunta que todo mundo sempre faz: você tinha alguma noção de que seu trabalho se tornaria praticamente a única experiência bem-sucedida e duradoura em quadrinhos no Brasil, além de um fenômeno cultural que atravessaria gerações, por mais de 40 anos?...
MAURICIO – Meu desejo era planejar bem o lançamento das historietas, montar uma equipe, e ir galgando as etapas naturais dessa atividade: história em quadrinhos para jornais, revistas, depois desenhos animados, licenciamento, filmes para cinema, parques temáticos... Só não planejei a Internet. Não sou adivinho!...
Quanto ao sucesso... ninguém planeja sucesso. Planeja-se fazer um serviço bem feito. Que, se se mantiver, vira sucesso.
FARRAZINE – Hoje, você tem uma grande equipe trabalhando com você. Como era no começo? Você escrevia, desenhava, arte-finalizava e quadrinizava tudo sozinho? A gente precisava de um cara que nem você, aqui no FARRAZINE...
MAURICIO – No começo, eu fazia tudo sozinho. Inclusive, saía para vender. Daí, decidi optar por um trabalho de equipe, não um trabalho de autor. Era a forma de enfrentar a concorrência internacional, que dominava tudo.
FARRAZINE – Uma de nossas entrevistadas recentes, Jussara Nunes (que escreve, desenha e publica uma webcomic, "Turn to Fall", há vários anos, disponível no site http://hqexperimental.blogspot.com/), nos contou que seu sonho era "trabalhar com o Mauricio de Sousa". Qual o caminho que um artista ou escritor deve seguir para realizar esse sonho?
MAURICIO – Se desejar trabalhar conosco, terá que conhecer nosso estilo, desenho, tipo de roteiro (se quiser escrever), animação em computação gráfica...
Se quiser se dedicar à produção de historietas, tem que estudar os bons autores, copiar seus desenhos, observar bem o estilo – e ler. Ler muito. Instruir-se.
FARRAZINE – Os artistas e escritores que trabalham na sua equipe lidam com um universo e personagens pré-definidos. Quanta liberdade de criação eles têm? Há espaço para um trabalho mais autoral? Algum membro de sua equipe desenvolve trabalhos paralelos na área?
MAURICIO – Nossos artistas até podem desenvolver trabalhos fora do nosso estúdio. Mas eu prefiro que eles se dediquem à Turma da Mônica. É onde encontram boas condições para crescer.
FARRAZINE – Como você vê o fato recente de fãs poderem baixar da internet as manifestações artísticas de que gostam, inclusive HQs?
MAURICIO – Por trás dessa ação, às vezes carinhosa ou curiosa, há o perigo da pirataria, da dilapidação do direito autoral. Não vejo com bons olhos.
FARRAZINE – Falando sobre a Turma da Mônica Jovem, como surgiu a idéia de deixar os personagens "crescerem" (o que era um sonho de muitos leitores...)?
MAURICIO – Era um sonho meu, também! E daí, resolvi que iria fazê-los crescer, acrescentando o toque mangá, já que o público-alvo está consumindo este tipo de material.
FARRAZINE – Por que a opção pelo mangá? Aliás, levando-se em conta que a Turma da Mônica sempre teve olhos grandes, expressivos, e traços simplificados, características deste estilo, desde muito antes que se falasse em mangá no Brasil, você não acha que foi você quem influenciou os atuais aspirantes a mangakás?
MAURICIO – Não tenho essa pretensão... embora nosso material tenha sempre sido primo-irmão do mangá japonês.
FARRAZINE – Momento da crítica: entendemos a idéia de dar um argumento tipo mangá a histórias que se decidiu desenhar nesse estilo; mas você não acha que, nesses tempos de "High School Musical", poder-se-ia tratar mais das relações e dos problemas dos adolescentes em que a turma se tornou – o que é, de certo modo, o cerne dos argumentos da Turma da Mônica original, e não foge ao universo mangá – e não enveredar pelo caminho de nos "revelar" que os pais dos meninos, que nós sempre conhecemos como pessoas comuns, muito parecidos com os pais que temos e (no meu caso, ao menos) somos, eram encarnações de antigos samurais?!
MAURICIO – Fantasias necessárias num projeto novo... Para se firmar na qualidade e na polêmica. A Turma Jovem, aos poucos, vai encontrando o caminho natural.
FARRAZINE – A Turma da Mônica Jovem seguirá uma cronologia a ser respeitada (nos moldes das HQs de super-heróis e mangás em geral, em que um evento afeta a realidade, e permanece fazendo parte do "passado" dos personagens)?
MAURICIO – Nas nossas histórias, suavemente, sempre aconteceu isso. No atual estilo “mangá brasileiro” da Turma Jovem, isso pode ser mais evidente. E vai ser.
FARRAZINE – Depois de diversas experiências bem-sucedidas com filmes de animação, você não considera seguir o caminho trilhado por outros personagens de quadrinhos e fazer um filme live-action, com atores?
MAURICIO – Há estudos pra isso. Inclusive em Hollywood! A Editora Panini está intermediando.
FARRAZINE – A Mônica original foi criança e adolescente durante um tempo em que a Mônica dos quadrinhos já era um mito. Como foi a experiência de ser a "encarnação" de uma personagem adorada por tanta gente?
MAURICIO – Eu sempre tive cuidado para separar a ficção da realidade. A Mônica [real] começou a descobrir que era a Mônica do gibi depois que entrou no primário (hoje ensino fundamental). Daí, já havia estabelecido personalidade, comportamento, sua situação no mundo. E então, não havia mais perigo de desvios de personalidade.
FARRAZINE – Mauricio, obrigado de novo. E se você, um dia, quiser desenhar uma história em quadrinhos e não tiver onde publicar, é só procurar o FARRAZINE. Pra você, a gente dá um jeito...
MAURICIO – Obrigado. Até a próxima!
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Re: Textos revisados para o 12
A Luta continua, Companheiros!
Mas nós ficamos por aqui.
Temos muito que fazer. Quando a Luta acabar, vocês mandam nos chamar. A gente vai. É sério.
O País chegou ao Futuro, diz o Ministro. Nós também. Não faz muito tempo, estávamos no Passado, lá na Primeira Edição. Aí, fomos indo, fomos indo... e olha só! Chegamos ao Futuro. Ou, pelo menos, era como chamávamos isso em que estamos agora, quando ainda não estávamos nisso. Agora que estamos, chamamos isso de Presente.
Foi uma Surpresa. Aliás, como devem ser todos os bons Presentes. Nós abrimos o nosso Presente. Somos gratos por ele. Estamos usando, viu?
O Futuro?
O Futuro nos importa tanto quanto aos que, 70 anos atrás, criaram aquele outro, que faz 70 anos este ano. O Futuro, já então, era Agora. Mas eles não sabiam. Eles estavam muito ocupados com o Presente – esta forma curiosa de Presente, de que compartilhamos: o Agora que já é a Próxima Edição. O Futuro, pois.
Nós não admitimos, mas estamos sonhando com daqui a 70 anos, também. Ocupados demais construindo o nosso Sonho para meramente sonhá-lo.
O Futuro, Queridos Leitores, é Agora.
Mas já começa na Próxima Edição.
Mas nós ficamos por aqui.
Temos muito que fazer. Quando a Luta acabar, vocês mandam nos chamar. A gente vai. É sério.
O País chegou ao Futuro, diz o Ministro. Nós também. Não faz muito tempo, estávamos no Passado, lá na Primeira Edição. Aí, fomos indo, fomos indo... e olha só! Chegamos ao Futuro. Ou, pelo menos, era como chamávamos isso em que estamos agora, quando ainda não estávamos nisso. Agora que estamos, chamamos isso de Presente.
Foi uma Surpresa. Aliás, como devem ser todos os bons Presentes. Nós abrimos o nosso Presente. Somos gratos por ele. Estamos usando, viu?
O Futuro?
O Futuro nos importa tanto quanto aos que, 70 anos atrás, criaram aquele outro, que faz 70 anos este ano. O Futuro, já então, era Agora. Mas eles não sabiam. Eles estavam muito ocupados com o Presente – esta forma curiosa de Presente, de que compartilhamos: o Agora que já é a Próxima Edição. O Futuro, pois.
Nós não admitimos, mas estamos sonhando com daqui a 70 anos, também. Ocupados demais construindo o nosso Sonho para meramente sonhá-lo.
O Futuro, Queridos Leitores, é Agora.
Mas já começa na Próxima Edição.
InVinoVeritas- Apagati CRTL+ALT+DEL
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Idade : 46
Re: Textos revisados para o 12
Eu sou suspeito.
Eu sou fã do Batman há muito tempo. Muito tempo mesmo. Eu lia revistas do Batman editadas pela EBAL, compradas em bancas. Pelo meu pai, porque eu era criança. Eu sempre gostei do Batman.
E com boas razões, acho. Trata-se de um dos mais antigos super-heróis, só superado pelo Superman (1938), e, com este, um dos personagens de quadrinhos há mais tempo publicado continuamente. Na verdade, um dos personagens, ponto, que há mais tempo é veiculado continuamente. Um ícone cultural, tão reproduzido em filmes, desenhos, séries, livros, programas de rádio, que mesmo quem nem lê as revistas entende uma referência ao Batman. Mais pessoas na História têm acompanhado as aventuras do Batman do que as que jamais ouviram falar de Shakespeare. O maior detetive ficcional do mundo depois de Sherlock Holmes. Talvez depois de Sherlock Holmes.
Além disso, o Batman é um dos figurões do Universo DC, junto com Superman e Mulher-Maravilha. Mas nós sabemos quem é o Número Um.
Existem muitas razões para se gostar do Batman. Mas a melhor razão de todas, para mim, é: eu gosto do Batman. Mesmo. Acho que já deu para notar.
Quando percebemos que o Batman estava fazendo 70 anos, eu quis escrever a matéria sobre isso. Eu positivamente sonhava com isso.
Aí, vi que tudo o que eu poderia dizer já tinha sido dito mil vezes antes, e melhor. O que eu diria?
Então, tropecei num livro velho que eu comprara anos antes: a inacreditável Encyclopedia of Comic Book Heroes, (Volume I – Batman). É sério. O autor, Michael L. Fleisher, costumava trabalhar para a Enciclopédia Britânica, e aplicou os mesmos métodos ao Batman e sua história até 1969 (o livro foi publicado em 1976, ou seja, tudo muito pré-Crise). São quase 400 páginas, em tamanho Veja, com inúmeras ilustrações. E ele escreveu mais sete volumes, só com personagens da DC Comics, que eu, infelizmente, não tenho. Mas aceito doações.
Esta matéria, confesso sem a mínima vergonha e com muita honra, deve muito a esse livro, e à admirável Sra. Gerda Gattel que, à época, era oficialmente revisora da National Periodical Publications Inc., que publica a DC Comics; mas que, extra-oficialmente, era bibliotecária da única biblioteca do mundo que preserva TODAS as revistas com histórias do Batman, e TODAS as revistas com histórias de TODOS os personagens da DC. Fato incrível se lembrarmos que, além dos quadrinhos serem tradicionalmente vistos como lixo sem importância (eram destruídos pelos próprios editores para poupar o custo do armazenamento), quando não abertamente nocivos, eles foram tratados como lixo reciclável durante a Segunda Guerra Mundial. Consta que a própria existência da biblioteca deve-se, em parte, à visão avançada da direção da empresa, mas principalmente à obstinação da Sra. Gattel, brigando constantemente por sala, prateleiras, área de armazenamento e tempo tirado de sua função oficial para a manutenção da tal biblioteca. Onde o Sr. Fleisher fez a maior parte de sua pesquisa. Onde eu pagaria para trabalhar. Um viva à adorável Sra. Gattel.
Agora, queridos leitores, vamos abrir o Baú do Batman.
No princípio...
Tudo começou em maio de 1939, em Detective Comics 27 (“The Case of the Chemical Syndicate”). Bat-Man (como se chamava na época) combateu o terrível ALFRED STRYKER! Quem? Um executivo da Apex Chemical Company, que matou dois de seus três sócios para ser o único dono da empresa, sem ter de lhes pagar nada. Ou seja, praticamente o Inimigo Público Nº 1. Ia matando o terceiro sócio, quando o Bat-Man apareceu. Stryker não deve ter entendido nada. Tantos crimes acontecendo em Gotham City, e aquele maluco vestido de morcego resolveu cuidar dele?! Stryker acabou caindo de cabeça em um tanque de ácido convenientemente posicionado.
Stryker não deve ter entendido nada, eu disse? Nem nós. A primeira aventura do Batman não dava a menor explicação sobre quem era o cara. Somente em novembro de 1939 (Detective Comics 33) foi revelada a origem do Homem-Morcego. Àquela altura, Batman já tinha feito poucas e boas. Inclusive mudar o nome para Bat Man (em julho de 1939, Detective Comics 29), e depois para Batman. Que deve ter agradado mais, pois ficou assim até hoje.
Gotham City, eu disse? Desculpem. Pois no começo não era Gotham City. O Batman era o defensor de New York City, explicitamente nomeada! E foi assim até o início de 1940, quando o nome de Gotham (por acaso uma alcunha de New York...) foi apresentado.
Poucas e boas, eu disse? De fato.
Em seu primeiro ano, o personagem era sinistro, impiedoso e violento como os pulps que o inspiraram. Ameaças, espancamentos e tortura faziam parte do seu repertório quotidiano. Respeito aos direitos de criminosos e suspeitos? Não me faça rir.
Ou seja: no início, Batman era mais ou menos como o Batman que conhecemos hoje...
Exceto pelo fato de que o Batman que conhecemos hoje absolutamente não mata.
Batman: assassino?
Meus amigos, parece não haver dúvida de que sim. O caso é grave.
Há o comentado caso do Monge e sua companheira Dala, vilões perigosos do início da carreira de nosso herói. Batman os matou enquanto dormiam! Mas eles não contam: eram vampiros! Batman usou balas de prata que ele mesmo fez, derretendo uma estatueta (Detective Comics 32, outubro de 1939).
Porém, já na primeira aventura, Batman despreocupadamente jogou um bandido do teto de uma casa de dois andares. Quem sabe só machucou a perna? Não contente com isso, na edição seguinte (Detective Comics 28, junho de 1939) Batman jogou outro bandido do alto de um prédio! Não deve ter sido só a perna, dessa vez. Esse Batman...
Querem mais? Em julho de 1939, (Detective Comics 29, “The Batman Meets Dr. Death!”), Batman estrangulou Jabah, o assistente indiano do Dr. Morte, com seu laço. Aí, Batman perdeu mesmo a vergonha e, no mês seguinte (Detective Comics 30) deixou-se cair com o pé sobre o pescoço de Mikhail, outro assistente do Dr. Morte, quebrando-lhe o pescoço. O Dr. Morte deve ter começado a desconfiar que o Batman não ia com a cara de seus assistentes. Ou com a sua, o que já se tinha evidenciado em Detective Comics 29, quando Batman fugira do laboratório em chamas do bom doutor, deixando-o para virar churrasco, em meio a gargalhadas enlouquecidas. Desta vez, Batman acabou não matando ninguém: Dr. Morte voltou no mês seguinte, com o rosto desfigurado pelas chamas; marrom, sem nariz e sem lábios. Como Vincent Price, em “O Abominável Dr. Phibes”.
E a vez, na primavera de 1940 (Batman 1/3), em que Batman socou o Prof. Hugo Strange através de uma janela aberta para um desfiladeiro (muito práticas as janelas que se abrem direto para desfiladeiros) e o fez cair nas águas escuras, lá embaixo? OK, nunca ninguém morre nos quadrinhos só por cair de um desfiladeiro em águas escuras, e Strange não foi exceção. Não que Batman parecesse muito preocupado com o bem-estar do vilão. Mas, depois disso, Batman entrou em seu batplano e atacou, com uma metralhadora refrigerada a água (!), os dois caminhões dirigidos pelos capangas de Strange, e que carregavam “homens-monstro” criados pelo cientista. Originalmente, estes “homens-monstro” eram doentes mentais sequestrados e usados como cobaias por Strange. Não sobrou um só capanga vivo e, dos “homens-monstro” que sobraram, Batman pendurou um pelo pescoço de seu batplano até que o serviço estivesse feito, e usou gás contra o outro, que estava no alto de um arranha-céu e acabou caindo, no melhor estilo King Kong.
Em maio de 1940 (Detective Comics 39), Batman derrubou um gigantesco ídolo verde em cima de muitos membros da Sociedade Secreta Green Dragon, que devem ter virado panqueca.
No verão de 1940 (Batman 2/2), Batman descuidadamente socou – como fez com Hugo Strange – o vilão Wolf (que era, na verdade, Adam Lamb, num caso clássico de dupla personalidade, se eu já vi um. Wolf é lobo, Lamb é cordeiro. Entenderam? Entenderam?? Enfim). O vilão caiu da mesma escada de onde caíra antes, quando sofrera apenas uma pancada na cabeça e a tal dupla personalidade. Só que, agora, Lamb quebrou o pescoço e morreu. Batman não aprende. Mas ele ficou bem chateado, pois comentou que, “pela primeira vez”, lamentava a morte de um criminoso, porque aquele podia se curar...
Só que aí, no inverno de 1941 (Batman 4/2, “Blackbeard Crew and the Yacht Society!”), para a surpresa de todos que acompanhavam a sanha assassina de Batman, ele alerta Robin para que tome cuidado com sua espada (eles estavam lutando contra um moderno pirata Barba Negra), pois eles “nunca matam, com armas de qualquer tipo”... Pois sim! Perguntem a Jabah, Mikhail, Adam Lamb... Na mesma revista, em outra história, Batman pega uma arma que um bandido deixara cair ao chão para acertar com ela o braço de outro, fazendo-o derrubar a arma. “Só queria desarmá-lo”, comenta Batman (provavelmente para tranquilizar os outros vilões, compreensivelmente apavorados, se sabiam a respeito de Jabah, Mikhail, Adam Lamb...). Só para garantir que todo mundo entendesse o recado, o recordatório diz: “O Batman nunca leva uma arma, ou mata com uma!” Ah, tá.
Como se sabe, Batman rapidamente transformou-se, até chegar ao que é descrito nas histórias como uma aversão moral a matar e ao uso de armas. Na verdade, não há registros de Batman usando armas novamente até os anos 60; e, mesmo assim, rapidamente.
Essa, amigo leitor, foi apenas a primeira parte. Tem muito mais para remexermos no Baú do Batman.
O pior ainda está por vir. Não perca... nessa mesma bat-hora... nesse mesmo bat-canal!
Eu sou fã do Batman há muito tempo. Muito tempo mesmo. Eu lia revistas do Batman editadas pela EBAL, compradas em bancas. Pelo meu pai, porque eu era criança. Eu sempre gostei do Batman.
E com boas razões, acho. Trata-se de um dos mais antigos super-heróis, só superado pelo Superman (1938), e, com este, um dos personagens de quadrinhos há mais tempo publicado continuamente. Na verdade, um dos personagens, ponto, que há mais tempo é veiculado continuamente. Um ícone cultural, tão reproduzido em filmes, desenhos, séries, livros, programas de rádio, que mesmo quem nem lê as revistas entende uma referência ao Batman. Mais pessoas na História têm acompanhado as aventuras do Batman do que as que jamais ouviram falar de Shakespeare. O maior detetive ficcional do mundo depois de Sherlock Holmes. Talvez depois de Sherlock Holmes.
Além disso, o Batman é um dos figurões do Universo DC, junto com Superman e Mulher-Maravilha. Mas nós sabemos quem é o Número Um.
Existem muitas razões para se gostar do Batman. Mas a melhor razão de todas, para mim, é: eu gosto do Batman. Mesmo. Acho que já deu para notar.
Quando percebemos que o Batman estava fazendo 70 anos, eu quis escrever a matéria sobre isso. Eu positivamente sonhava com isso.
Aí, vi que tudo o que eu poderia dizer já tinha sido dito mil vezes antes, e melhor. O que eu diria?
Então, tropecei num livro velho que eu comprara anos antes: a inacreditável Encyclopedia of Comic Book Heroes, (Volume I – Batman). É sério. O autor, Michael L. Fleisher, costumava trabalhar para a Enciclopédia Britânica, e aplicou os mesmos métodos ao Batman e sua história até 1969 (o livro foi publicado em 1976, ou seja, tudo muito pré-Crise). São quase 400 páginas, em tamanho Veja, com inúmeras ilustrações. E ele escreveu mais sete volumes, só com personagens da DC Comics, que eu, infelizmente, não tenho. Mas aceito doações.
Esta matéria, confesso sem a mínima vergonha e com muita honra, deve muito a esse livro, e à admirável Sra. Gerda Gattel que, à época, era oficialmente revisora da National Periodical Publications Inc., que publica a DC Comics; mas que, extra-oficialmente, era bibliotecária da única biblioteca do mundo que preserva TODAS as revistas com histórias do Batman, e TODAS as revistas com histórias de TODOS os personagens da DC. Fato incrível se lembrarmos que, além dos quadrinhos serem tradicionalmente vistos como lixo sem importância (eram destruídos pelos próprios editores para poupar o custo do armazenamento), quando não abertamente nocivos, eles foram tratados como lixo reciclável durante a Segunda Guerra Mundial. Consta que a própria existência da biblioteca deve-se, em parte, à visão avançada da direção da empresa, mas principalmente à obstinação da Sra. Gattel, brigando constantemente por sala, prateleiras, área de armazenamento e tempo tirado de sua função oficial para a manutenção da tal biblioteca. Onde o Sr. Fleisher fez a maior parte de sua pesquisa. Onde eu pagaria para trabalhar. Um viva à adorável Sra. Gattel.
Agora, queridos leitores, vamos abrir o Baú do Batman.
No princípio...
Tudo começou em maio de 1939, em Detective Comics 27 (“The Case of the Chemical Syndicate”). Bat-Man (como se chamava na época) combateu o terrível ALFRED STRYKER! Quem? Um executivo da Apex Chemical Company, que matou dois de seus três sócios para ser o único dono da empresa, sem ter de lhes pagar nada. Ou seja, praticamente o Inimigo Público Nº 1. Ia matando o terceiro sócio, quando o Bat-Man apareceu. Stryker não deve ter entendido nada. Tantos crimes acontecendo em Gotham City, e aquele maluco vestido de morcego resolveu cuidar dele?! Stryker acabou caindo de cabeça em um tanque de ácido convenientemente posicionado.
Stryker não deve ter entendido nada, eu disse? Nem nós. A primeira aventura do Batman não dava a menor explicação sobre quem era o cara. Somente em novembro de 1939 (Detective Comics 33) foi revelada a origem do Homem-Morcego. Àquela altura, Batman já tinha feito poucas e boas. Inclusive mudar o nome para Bat Man (em julho de 1939, Detective Comics 29), e depois para Batman. Que deve ter agradado mais, pois ficou assim até hoje.
Gotham City, eu disse? Desculpem. Pois no começo não era Gotham City. O Batman era o defensor de New York City, explicitamente nomeada! E foi assim até o início de 1940, quando o nome de Gotham (por acaso uma alcunha de New York...) foi apresentado.
Poucas e boas, eu disse? De fato.
Em seu primeiro ano, o personagem era sinistro, impiedoso e violento como os pulps que o inspiraram. Ameaças, espancamentos e tortura faziam parte do seu repertório quotidiano. Respeito aos direitos de criminosos e suspeitos? Não me faça rir.
Ou seja: no início, Batman era mais ou menos como o Batman que conhecemos hoje...
Exceto pelo fato de que o Batman que conhecemos hoje absolutamente não mata.
Batman: assassino?
Meus amigos, parece não haver dúvida de que sim. O caso é grave.
Há o comentado caso do Monge e sua companheira Dala, vilões perigosos do início da carreira de nosso herói. Batman os matou enquanto dormiam! Mas eles não contam: eram vampiros! Batman usou balas de prata que ele mesmo fez, derretendo uma estatueta (Detective Comics 32, outubro de 1939).
Porém, já na primeira aventura, Batman despreocupadamente jogou um bandido do teto de uma casa de dois andares. Quem sabe só machucou a perna? Não contente com isso, na edição seguinte (Detective Comics 28, junho de 1939) Batman jogou outro bandido do alto de um prédio! Não deve ter sido só a perna, dessa vez. Esse Batman...
Querem mais? Em julho de 1939, (Detective Comics 29, “The Batman Meets Dr. Death!”), Batman estrangulou Jabah, o assistente indiano do Dr. Morte, com seu laço. Aí, Batman perdeu mesmo a vergonha e, no mês seguinte (Detective Comics 30) deixou-se cair com o pé sobre o pescoço de Mikhail, outro assistente do Dr. Morte, quebrando-lhe o pescoço. O Dr. Morte deve ter começado a desconfiar que o Batman não ia com a cara de seus assistentes. Ou com a sua, o que já se tinha evidenciado em Detective Comics 29, quando Batman fugira do laboratório em chamas do bom doutor, deixando-o para virar churrasco, em meio a gargalhadas enlouquecidas. Desta vez, Batman acabou não matando ninguém: Dr. Morte voltou no mês seguinte, com o rosto desfigurado pelas chamas; marrom, sem nariz e sem lábios. Como Vincent Price, em “O Abominável Dr. Phibes”.
E a vez, na primavera de 1940 (Batman 1/3), em que Batman socou o Prof. Hugo Strange através de uma janela aberta para um desfiladeiro (muito práticas as janelas que se abrem direto para desfiladeiros) e o fez cair nas águas escuras, lá embaixo? OK, nunca ninguém morre nos quadrinhos só por cair de um desfiladeiro em águas escuras, e Strange não foi exceção. Não que Batman parecesse muito preocupado com o bem-estar do vilão. Mas, depois disso, Batman entrou em seu batplano e atacou, com uma metralhadora refrigerada a água (!), os dois caminhões dirigidos pelos capangas de Strange, e que carregavam “homens-monstro” criados pelo cientista. Originalmente, estes “homens-monstro” eram doentes mentais sequestrados e usados como cobaias por Strange. Não sobrou um só capanga vivo e, dos “homens-monstro” que sobraram, Batman pendurou um pelo pescoço de seu batplano até que o serviço estivesse feito, e usou gás contra o outro, que estava no alto de um arranha-céu e acabou caindo, no melhor estilo King Kong.
Em maio de 1940 (Detective Comics 39), Batman derrubou um gigantesco ídolo verde em cima de muitos membros da Sociedade Secreta Green Dragon, que devem ter virado panqueca.
No verão de 1940 (Batman 2/2), Batman descuidadamente socou – como fez com Hugo Strange – o vilão Wolf (que era, na verdade, Adam Lamb, num caso clássico de dupla personalidade, se eu já vi um. Wolf é lobo, Lamb é cordeiro. Entenderam? Entenderam?? Enfim). O vilão caiu da mesma escada de onde caíra antes, quando sofrera apenas uma pancada na cabeça e a tal dupla personalidade. Só que, agora, Lamb quebrou o pescoço e morreu. Batman não aprende. Mas ele ficou bem chateado, pois comentou que, “pela primeira vez”, lamentava a morte de um criminoso, porque aquele podia se curar...
Só que aí, no inverno de 1941 (Batman 4/2, “Blackbeard Crew and the Yacht Society!”), para a surpresa de todos que acompanhavam a sanha assassina de Batman, ele alerta Robin para que tome cuidado com sua espada (eles estavam lutando contra um moderno pirata Barba Negra), pois eles “nunca matam, com armas de qualquer tipo”... Pois sim! Perguntem a Jabah, Mikhail, Adam Lamb... Na mesma revista, em outra história, Batman pega uma arma que um bandido deixara cair ao chão para acertar com ela o braço de outro, fazendo-o derrubar a arma. “Só queria desarmá-lo”, comenta Batman (provavelmente para tranquilizar os outros vilões, compreensivelmente apavorados, se sabiam a respeito de Jabah, Mikhail, Adam Lamb...). Só para garantir que todo mundo entendesse o recado, o recordatório diz: “O Batman nunca leva uma arma, ou mata com uma!” Ah, tá.
Como se sabe, Batman rapidamente transformou-se, até chegar ao que é descrito nas histórias como uma aversão moral a matar e ao uso de armas. Na verdade, não há registros de Batman usando armas novamente até os anos 60; e, mesmo assim, rapidamente.
Essa, amigo leitor, foi apenas a primeira parte. Tem muito mais para remexermos no Baú do Batman.
O pior ainda está por vir. Não perca... nessa mesma bat-hora... nesse mesmo bat-canal!
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Re: Textos revisados para o 12
ANOS INCRÍVEIS - 2 páginas
TEXTO e DIAGRAMAÇÃO - Snuck
REVISÃO - O Indescritível Revisor Fantasma, a Maravilha Mascarada (Agora em Quadrinhos!)!
Sabe aquele sentimento de saudade - não uma saudade ruim, de querer estar perto de alguém e não poder, mas sim uma saudade gostosa, de saber que você esteve em algum lugar ou viveu algo, e saber que foi bom, e saber que aquilo passou, e que não pode mais voltar, mas ainda assim estar feliz, pois aquilo permanecerá imutável, lá no passado? Pois é assim que eu gosto de definir nostalgia.
Para inaugurar essa seção, gostaria de falar de uma série que, pra mim, define a palavra.
WONDER YEARS
"Crescer acontece muito depressa. Um dia, você está de fraldas, e no outro já está indo embora. Mas as lembranças da infância permanecem com você durante muito tempo. Lembro-me de um lugar... uma cidade... uma casa... Como todas as outras casas... Um jardim, como todos os outros... numa rua, como todas as outras. E... depois de todos esses anos, eu continuo a me lembrar... com admiração."
Para quem não conhece, Wonder Years narra os eventos da vida de Kevin Arnold (Fred Savage), justamente a partir de seus 12 anos.
O mais bacana pra mim é que, quando pude acompanhar essa série, tinha a mesma idade do personagem e, mesmo a série baseando-se no final dos anos 60 e início de 70, conseguia me identificar com os desafios e alegrias mostrados na tela. Lembro de acompanhar os episódios com todos em minha casa, a cada dia! Posso dizer que era um momento prazeroso, um tempo bom de passar com os pais e irmãos.
A frase destacada acima é o texto de conclusão da série. Toda a série traz reflexões sobre a vida, a família. Mostra-nos como coisas simples são importantes, e devemos prestar atenção a cada momento, pois a vida passa muito depressa.
Recentemente, comecei a rever os episódios, desde o início, e me pego com os olhos cheio de lágrimas diversas vezes. Às vezes, rindo de mim mesmo, relembrando coisas parecidas às que vivi. Kevin Arnold tem um amigo inseparável, que é muito parecido a um amigo que tive na infância, e que veio a falecer. Não sei se por isso ou por outros dramas, me pego chorando várias vezes.
Mas, no fim, sempre é aquela saudade bacana que fica.
A série veio num momento crucial pra NBC, que estava quase pra fechar as portas. Foi quando Carol Black e Neal Marlense chegaram com o roteiro de "The Wonder Years". Eles decidiram gravar o piloto. [Snuck, eu cortaria a frase imediatamente anterior, porque a frase seguinte faz o serviço...] Depois do elenco escolhido e de cada detalhe da ambientação e locação estar acertado, rodaram o episódio-piloto, que nos apresenta a família Arnold, a vizinhança e todo o "American Dream", no melhor do seu "American Way of Life".
O piloto foi ao ar logo após um Super Bowl (como é conhecida a final da NFL), ou seja, o grande teste de audiência seria ali. E a série passou.
Tocando exatamente numa das feridas americanas, o drama da guerra do Vietnã. A série emplacou e mais 4 episódios foram encomendados. E depois mais uma temporada, e mesmo com os criadores da série deixando o projeto, eles conseguiram segurar a qualidade do roteiro, mantendo o mesmo elenco por 5 temporadas.
Mas algo era inevitável: os personagens cresceram, e tornaram-se adultos. A série então chegou ao fim e, assim como acontece na nossa vida, nem sempre é o fim que esperamos; e nem por isso deixa de valer.
Outro ponto forte da série é sua trilha sonora, com músicas da época da série. Vemos grandes clássicos do rock, o que não deixa de ser um mais um presente para quem assiste!
É provavél que vocês já tenham visto um episódio, ou até a série. Deixo aqui o incentivo pra quem ainda não conhece: permita-se o prazer de ver essa série, e pra quem já viu... reveja!
TEXTO e DIAGRAMAÇÃO - Snuck
REVISÃO - O Indescritível Revisor Fantasma, a Maravilha Mascarada (Agora em Quadrinhos!)!
Sabe aquele sentimento de saudade - não uma saudade ruim, de querer estar perto de alguém e não poder, mas sim uma saudade gostosa, de saber que você esteve em algum lugar ou viveu algo, e saber que foi bom, e saber que aquilo passou, e que não pode mais voltar, mas ainda assim estar feliz, pois aquilo permanecerá imutável, lá no passado? Pois é assim que eu gosto de definir nostalgia.
Para inaugurar essa seção, gostaria de falar de uma série que, pra mim, define a palavra.
WONDER YEARS
"Crescer acontece muito depressa. Um dia, você está de fraldas, e no outro já está indo embora. Mas as lembranças da infância permanecem com você durante muito tempo. Lembro-me de um lugar... uma cidade... uma casa... Como todas as outras casas... Um jardim, como todos os outros... numa rua, como todas as outras. E... depois de todos esses anos, eu continuo a me lembrar... com admiração."
Para quem não conhece, Wonder Years narra os eventos da vida de Kevin Arnold (Fred Savage), justamente a partir de seus 12 anos.
O mais bacana pra mim é que, quando pude acompanhar essa série, tinha a mesma idade do personagem e, mesmo a série baseando-se no final dos anos 60 e início de 70, conseguia me identificar com os desafios e alegrias mostrados na tela. Lembro de acompanhar os episódios com todos em minha casa, a cada dia! Posso dizer que era um momento prazeroso, um tempo bom de passar com os pais e irmãos.
A frase destacada acima é o texto de conclusão da série. Toda a série traz reflexões sobre a vida, a família. Mostra-nos como coisas simples são importantes, e devemos prestar atenção a cada momento, pois a vida passa muito depressa.
Recentemente, comecei a rever os episódios, desde o início, e me pego com os olhos cheio de lágrimas diversas vezes. Às vezes, rindo de mim mesmo, relembrando coisas parecidas às que vivi. Kevin Arnold tem um amigo inseparável, que é muito parecido a um amigo que tive na infância, e que veio a falecer. Não sei se por isso ou por outros dramas, me pego chorando várias vezes.
Mas, no fim, sempre é aquela saudade bacana que fica.
A série veio num momento crucial pra NBC, que estava quase pra fechar as portas. Foi quando Carol Black e Neal Marlense chegaram com o roteiro de "The Wonder Years". Eles decidiram gravar o piloto. [Snuck, eu cortaria a frase imediatamente anterior, porque a frase seguinte faz o serviço...] Depois do elenco escolhido e de cada detalhe da ambientação e locação estar acertado, rodaram o episódio-piloto, que nos apresenta a família Arnold, a vizinhança e todo o "American Dream", no melhor do seu "American Way of Life".
O piloto foi ao ar logo após um Super Bowl (como é conhecida a final da NFL), ou seja, o grande teste de audiência seria ali. E a série passou.
Tocando exatamente numa das feridas americanas, o drama da guerra do Vietnã. A série emplacou e mais 4 episódios foram encomendados. E depois mais uma temporada, e mesmo com os criadores da série deixando o projeto, eles conseguiram segurar a qualidade do roteiro, mantendo o mesmo elenco por 5 temporadas.
Mas algo era inevitável: os personagens cresceram, e tornaram-se adultos. A série então chegou ao fim e, assim como acontece na nossa vida, nem sempre é o fim que esperamos; e nem por isso deixa de valer.
Outro ponto forte da série é sua trilha sonora, com músicas da época da série. Vemos grandes clássicos do rock, o que não deixa de ser um mais um presente para quem assiste!
É provavél que vocês já tenham visto um episódio, ou até a série. Deixo aqui o incentivo pra quem ainda não conhece: permita-se o prazer de ver essa série, e pra quem já viu... reveja!
Ricardo Andrade- não fez nada. Já estava assim quando ele chegou
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Re: Textos revisados para o 12
Go, Revisor Fantasma, go!
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