FARRAZINE 12 - * P A G I N A Ç Ã O *

Bom, eu lamento que uma matéria, afinal, minha, tenha sido meio que pivô de mais um momento de discórdia entre dois caras que considero amigos. Certamente não houve intenção de minha parte, em momento algum...

Devo dizer que fiquei extremamente satisfeito com o serviço que afinal foi publicado. Ultrapassou as minhas expectativas originais em muito (lembrem que eu escrevi um texto para aparecer como texto, em duas ou três páginas, com ilustrações maneiras, e olhe lá; nunca planejei, ou ousei esperar, que ele fosse quadrinizado). Ficou excelente. Como já tive oportunidade de dizer aqui...

Devo dizer, ao mesmo tempo, e com a mesma intensidade, que lamento dolorosamente que o trabalho que DiAngello estava fazendo não tenha ficado pronto em tempo; eu vi alguns esboços (ele me mostrou, coisa que ele não gosta de fazer), e fiquei absolutamente maravilhado - e olha que ele estava indo em uma direção completamente errada! Rs... Até explico depois qual foi o ponto que evidenciei, que ele recebeu muito bem, e se dispôs a refazer tudo. Aliás, nem sei o quanto isso mesmo não atrasou as coisas muito mais do que ter-se-iam atrasado... De qualquer modo, adoraria que DiAngello, se ele quisesse, terminasse o trabalho que vinha fazendo; podemos bem publicá-lo no blog, por exemplo, além de ser um trabalho que se sustenta sozinho. Permite que seja disponibilizado aqui no forum; pode até ser um bom portifólio para vôos maiores, quem sabe... Aliás, eu gostaria mesmo que tanto as páginas "certas", terminadas, quanto as páginas "erradas", que eu apontei, fossem publicadas no blog. Isso seria material excelente, além de mostrar um pouco o "work-in-progress"...

Lamento pela discordância entre os dois. Lamento pelas palavras rudes e por elas serem tomadas a mal. Todos sabem que eu próprio já estive em posição desagradável aqui - e não, nem me interessa voltar a discutir esse assunto - e lamento ter sido alvo de inimizades. Ou ser alvo delas, nem sei. Lamento ter visto boas pessoas, bons amigos, bons profissionais, se afastarem. Não sei se voltam. Gostaria que voltassem, como profissionais e como amigos.

Não tenho a menor vontade de perder mais nenhum.

Kio escreveu:O que mais eu posso dizer, Ricardo?

"Eu te perdôo, seu idiota."

Kio escreveu:
Eu só gostaria de reforçar que, como sempre, elogios me metem medo. Quando você me eleva a condição de imprescindível, eu tremo.

Não sei se foi um elogio. É uma carga, e uma visão da realidade que, por acaso, é a que tenho... Te chamei de imprescindível porque você faz as coisas andarem; como você disse, é seu talento, e é um dos grandes, e você o tem em grande quantidade... além disso, não sei qual de nós poderia fazer o seu trabalho, se não fosse você. Eu, por exemplo, não serviria... Enfim, repito: se eu fosse abduzido por alienígenas, Vino e Nano escreveriam em meu lugar, e melhor (como já o fazem), e os exemplos seguem, na minha opinião. Nenhum de nós é prescindível, eu penso: uma revista sem o texto do Vino ou do Nano, ou a diagramação do Snuck ou do Rodrigo, e seguem os exemplos, não seria a mesma. Acho que o grupo é das melhores coisas que já vi formadas. (Por isso, acrescento, lamento ter perdido quem perdemos, e sempre lamentarei... sempre odiei subtração e divisão, adição e multiplicação sempre foram a minha... e nem me fale em raiz quadrada! Mas divago.)

Disse isso outro dia a uma pessoa, e disse-o com tal orgulho que eu próprio me arrepiei... Eu disse "eu trabalho com uns deuses...", e falei isso mostrando páginas da revista, para que se visse o que tinha sido feito com o que eu tinha escrito que, sem aquelas intervenções, seriam simplesmente letras sobre um papel, ou uma tela...

Imprescindíveis, a mer ver, todos somos. Mas você, por mero acaso, faz um trabalho que ninguém mais está fazendo. E não sei quem te substituiria. Daí o termo: imprescindível. Não é elogio... é o mesmo que dizer que eu sou careca. É uma descrição, rs...

Kio escreveu:
Porque é via de regra que o "poder" corrompe. E eu nunca, em hipótese alguma, quero ser visto como um cara acima de qualquer um de vocês.
Falo isso de coração. Posso me sentir grato, me dou o direito de reconhecer meu valor... mas não quero que me vejam como alguém que está "se achando o tal", ok?
Tenho pavor disso.

Preocupe-se menos. Primeiro, em nenhum momento eu me recordo de ter visto você querer impor seu "poder" a nós. Nem com relação aos prazos, rs... Segundo, acho que nenhum de nós te vê como acima de nós, ou qualquer um de nós como acima dos outros. Ei, não tem isso de "outros"; só tem "nós". Terceiro, o "poder" que você tem foi dado por nós, e isso é o nosso reconhecimento do seu valor... Reconheça-o, por favor, fique à vontade. A gente já tinha feito isso antes pra você mas, ei, é um país livre. É Farratown... Você não é um cara que se acha o tal, nem nós pensamos isso; mas nós pensamos que você é o tal.

Kio escreveu:
Dito isso, agradeço a você, Ricardo, por tão reconfortantes palavras. Sério. Foi coisa de quase cair no choro. Acho que, em parte, por eu estar meio bêbado enquanto escrevo isso.
Aliás, descobri que digito muito bem mesmo estando bêbado.
Mas, descartando a parte etílica, acho que quase choraria do mesmo jeito. Isso foi muito legal.

Seu bobo. Eu mesmo me emocionei ao escrever, e me emocionei mais ao ler sua resposta, e eu nem estava bêbado. Somos dois babacas chorões. E foi muito legal que você gostasse; eu temi mesmo que você tivesse ficado zangado de vez comigo, e eu nem estava tentando te irritar, dessa vez...

Kio escreveu:
Ahá... sou bobão, mas sou precavido. Disse "provavelmente" porque tinha a chance do Vino te enviar as páginas. Afinal, ele também é escritor e, como tal, mantém essa visão de preservar os originais de um texto. Achei que ele poderia te enviar. Que bom que fez isso.

É... eu sabia que podia confiar num escritor. Vino e eu temos lá nossas arestas, rs, porque somos muito parecidos onde não devemos (no gosto pela polêmica, por exemplo), mas somos ambos escritores, e acho que ambos temos uma inegável admiração pelo trabalho um do outro; e acho que essa inegável admiração só faz se retroalimentar... Tipo, "se ESSE ESCRITOR me admira, eu devo ter escrito algo até bom!" Aliás, estou em péssima companhia nessa revista. Os escritores escrevem tão bem que eu não posso me dar ao luxo de escrever nada que seja meia-boca, merda. MAs enfim, eu dizia: Eu sabia que podia confiar que Vino, meu colega escritor, ia atender aos anseios de outro escritor...

Kio escreveu:
Ahá 2... caiu teu queixo, né? Ficou 10.

De fato, caiu o queixo. Eu não sabia que Vino ia fazer aquilo de adaptar uma história existente. Eu pensei que ele fosse desenhar tudo do zero. Eu sei que Vino desenha bem (mais do que ele mesmo parece pensar). Tipo, eu estava razoavelmente tranquilizado quanto ao fato de que ia sair, ia sair quadrinizado como acabou sendo planejado; só temi que não ficasse pronto tampouco, rs... Mas o resultado ficou igual a uma revista real, como era para ter sido, de todo jeito. Nem imagino o que Vino adaptou, o que ele mudou; não fui comparar os textos. Sei que, como autor, como conhecedor do texto, eu não notei diferenças ou falhas. Isso é coisa pra caramba, ainda mais no que tange a um texto meu... rs

Kio escreveu:
Acho melhor eu ir tomar um café forte...

Adoro vocês, meu caros. Espero que o Diangello retorne logo e, com a alma desarmada, entenda o que nos motiva a continuar.

Abraço coletivo? Só não chacoalha muito senão eu vomito.

Espero que todos nós continuemos. É bom demais como está para que a gente admita menos. Eu mesmo só quero mais.

Ca-ray. Isso foi Lindo... realmente lindo achei que ia ver mais um quebra-pau conforme estou acostumado e não! Vocês me surpreenderam de novo... Amo todos vocês.

E sim: Abraço grupal!!!

Vou aproveitar o ensejo, e vou informar uma coisa ao todo mundo: não vou participar ativamente do número 13. Enquanto estive no Rio, minha vontade de escrever voltou, e quero aproveitar isso - pelo menos tentar. Quero ver se publico um livro lá na editora do meu sobrinho Quero ver se termino alguma história minha. Quero acreditar que ainda posso fazer isso - e acho que tenho meio que me concentrar nisso.

Achou que ia ver um quebra-pau? Acostumou-se a ver um quebra-pau cada vez que vira as costas?

(Pausa: confesso que a frase acima me inspirou uma piada das mais desagradáveis, que me fez rir uns instantes e ponderar sobre sua publicação, decidindo negativamente, por fim, porque o assunto é sério. Mas usem sua imaginação.)

Pois é, eu às vezes me sinto assim. Até quando eu estou no meio! Mas enfim, acho que estamos aprendendo alguma coisa, mesmo.

Bom que esteja de volta, pena que trabalhe menos no 13, bom que seja para escrever. Achei que tinha desistido de escrever, assim como desistiu de desenhar...