Central dos Apagatti
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

+5
snuckbinks
Agente Dias
Mainardi
Ricardo Andrade
Kio
9 participantes

Página 2 de 3 Anterior  1, 2, 3  Seguinte

Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Kio Qui Set 03, 2009 10:05 am

Texto: Vino
2 páginas

STAR WARGHS PARTE 2

O que você faria se, depois de ser sugado para outro tempo e espaço, um cara de preto com uma lâmpada fluorescente vermelha viesse pra cima de você, abanando aquela coisa como se fosse um taco de golfe e respirando como uma chaleira no cio?
(respiração)
Desviei como podia, e senti aquela lâmpada queimando o ar no local onde estava meu pescoço, um segundo antes. A viúva drag-queen estava a fim de me matar, aparentemente. E eu sabia que não ia desviar daquela espada de luz pra sempre. Foi quando ouvi a voz áspera da velhota:
- Sinta o poder do seu ódio. Use o lado negro.
E estendeu uma daquelas lanternas, a uns três metros de onde eu estava.
Poderia muito bem estar na Lua. Não tinha como eu alcançar: entre eu e a vovó estava o Bombeiro Negro, abanando a espada como se estivesse sendo atacado por um enxame de abelhas, e eu mal conseguindo escapar de seus ataques. Aí aconteceu: estendi a mão na direção da lanterna da velha, e senti alguma coisa... uma... uma força que nunca havia sentido antes. Assobiei com a mente. E a lanterna pulou para a minha mão, obediente como um cachorrinho. Um daqueles que fazem truques e trazem a bola de volta pra você.
Nem foi cedo. No mesmo instante em que a lanterna tocou a minha mão – e ligou automática, acho – seu feixe de luz aparou um golpe mortal da lanterna vermelha. E depois outro. E outro. Aí eu caí pra trás e tive que rolar pra evitar um ataque. Tava suando que nem um urso polar que entrasse numa sauna, por engano, e o robozão nem parecia cansado. Enquanto eu olhava, em relances rápidos, para as paredes espelhadas buscando por alguma saída, só o que conseguia eram vislumbres de meu próprio rosto, assustado. Eu estava a segundos de morrer, e sabia disso. Um ataque dele me jogou contra a parede, e a lâmina da minha espada deslizou para dentro de um espelho enorme.
E saiu do outro lado, em um ângulo perfeito de 90º.
Eu não tinha pensado nisso antes, mas espelhos refletem luz. E aquelas lâminas pareciam feitas exatamente disso. Imediatamente, consegui me desvencilhar e, quando o cascudão de capa chegou perto de mim mais uma vez, ataquei a parede.
Ele não esperava isso. A lâmina saiu do espelho e por pouco não arrancou o braço dele fora. E aí eu pude ver que era mesmo um robô. Onde a luz acertou apareceram circuitos, metal, uma coisa que parecia muito pouco com sangue e fagulhas. Aproveitei pra retomar o fôlego, enquanto escutava aquela respiração regular, mecânica.
(respiração)
Aí ele atacou de novo. Eu estava de costas para o espelho, de maneira que ele tinha que se conter, se não quisesse seus ataques projetados diretamente de volta contra ele, ao mesmo tempo que evitava os meus. A boa notícia era que ele parecia um pouco mais lento por causa da ferida no braço. Devia ser por causa do fluido que tinha vazado. (Eu não sei consertar uma TV mas quero explicar os efeitos de uma perfuração com lâmina de luz no desempenho de um ciborgue.)
Enfim. Mesmo tendo conseguido ferir o Cabeção, estava na cara que eu iria acabar perdendo a luta – e a cabeça. Mas ele estava com dificuldade pra atacar, então fez uma coisa que me impressionou: ergueu a mão dele em um gesto rápido e a lanterna quase voou das minhas mãos. Consegui segurar, e desviei rápido de outro ataque, que fez a lâmina dele voltar pelo espelho e acertar a capa preta. Tudo o que eu tinha feito até então só tinha servido pra deixar ele puto. A velhota dava risadas da poltrona dela.
O bombeiro do mal fez outro gesto rápido e, de repente, um pedaço de metal se destacou do teto e veio na minha direção. Consegui desviar, mas o espelho se estilhaçou e caiu pra todo o canto. O pedaço de metal continuou a voar pela sala, quebrando os espelhos. Tava na cara que ele tinha ficado de saco cheio da brincadeira de espelhos, e foi essa a minha grande sorte. Ataquei com tudo o que tinha. Não o besourão preto, mas o chão, cheio de cacos de espelho, aos pés dele.
Não tinha como ele desviar ou aparar meu ataque. Foi como se eu disparasse uma rajada de metralhadora contra ele. A luz ricocheteou nos cacos e voltou bem em cima do vampirão de capacete, que foi jogado pra trás, cheio de cortes e furos. Eu não podia perder essa chance: ataquei ele, diretamente, e consegui decepar a mão que segurava a luminária vermelha.
Não adiantou: a espada vermelha saltou pra mão que ele ainda tinha, e ele veio pra cima de mim de novo. Eu ataquei o chão. Ele desviou. Não parecia saber direito o que fazer: se ele se defendia dos cacos, eu podia atacar ele diretamente, e vice-versa. Claro, sabia que era incrivelmente superior a mim no manejo da lâmpada fluorescente, mas isso não adiantava muito. E ele ficou furioso. Frustrado. Eu senti isso. De alguma maneira eu senti isso, e me fez recordar de quando, séculos atrás, eu tinha feito a lanterna pular pra minha mão. O mesmo truque que ele tinha feito pra quebrar o espelho, será que eu conseguiria? Não precisava arrancar um motor da parede como ele tinha feito... só fazer um caco de vidro flutuar.
Queria ter visto a cara dele quando a luminária em sua mão subitamente se dobrou em um ângulo agudo e decepou seu outro braço. O momento de confusão foi o suficiente para eu chegar perto e girar minha lanterna em um arco longo, decepando suas pernas e mandando-o pro chão. E, acredite se quiser, isso não foi o fim dele. Parecia aquele filme do Monty Phyton.
Os cacos de vidro que cobriam o chão se ergueram no ar, em torno de nós, e eu sabia que em instantes eu seria retalhado. Mas mantive a presença de espírito, me preparei pra arrancar a cabeça dele, e perguntei:
- Sabe o que eu fiz quando encontrei um homem sem braços ou pernas em uma praia, quando estava meio bêbado?
Ele não respondeu. Só fez aquele som regular.
(respiração)
Eu continuei:
- Eu arrastei ele pra água e disse: “Vai, tartaruga, volta pra sua casa.”
E aí ataquei.
Queria que ele ficasse confuso, e funcionou. Não por causa da piada, descobri depois. Ele não sabia o que era uma tartaruga. Mas o caso é que meu braço se deteve no meio do ataque. A velhota estava perto de nós, sorrindo. Falou para o robozão:
- Basta. Ele se provou digno de ser treinado Sith.
E foi assim que o meu treinamento começou.
Kio
Kio
Editor aposentado
Editor aposentado

Mensagens : 1599
Data de inscrição : 29/12/2008
Idade : 52

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Kio Qui Set 03, 2009 10:06 am

Texto: Vino
1 página

Camila

Camila. Deitada na cama, rodeada de bugigangas: bichinhos de pelúcia, celular, revistas, esmaltes. Esfameada de carinhos e de pertences. Camila, menina-moça, dezessete anos na experiência e vinte e tantos no corpo.Sonhadora. Juízo de passarinho. Bobinha, bobinha.
Camila quer sapatos. Quer roupas. Quer uma noite na cidade. Camila quer viver.
Quer seu sonho de princesa, quer a lua bonita, quer que façam por ela o impossível e que a amem para todo o sempre, amém. Agora se revira sobre os lençóis, pensando em um certo par de olhos verdes, que normalmente vêm em um certo carro esporte. Os olhos verdes são só sorrisos na direção de Camila. São gentis e engraçados. Mas também são cheios de anseios que a carne tenra – mas intocada – de Camila não quer responder. Os olhos verdes vêm acompanhados de mil mãos que a menina mal consegue manter distantes. Se o pai soubesse...
Aqui ela ri. O que o pai faria, se soubesse? Mas o pai não sabe. Segredo guardado no peito e com as melhores amigas, apenas, o par de olhos verdes está seguro. Por enquanto.
Noite passada, no calor do meio do verão, Camila e o par de olhos verdes no banco traseiro do carro, os corpos suados lutando, invisíveis no lugar ermo. Um lutava pra se aproximar, outro pra se manter distante.
- Deixa.
- Não.
- Só um pouquinho.
- Não, já disse.
Nova investida, que a virtude de Camila suporta sem ceder, mas por um fio. Depois, ofegantes, os olhos verdes se amuam. Precisa de meia hora pra voltarem à disposição normal. E aí voltam ao ataque:
- Deixa.
- Não.
- Só um pouquinho.
O embate continua, sem sucesso dos olhos verdes. É a proverbial força irresistível que se choca contra o objeto irremovível. Até que o encontro acaba. Camila chega em casa de carona. Dá adeus aos olhos verdes. Antes de se separarem por aquela noite, ouve a proposta, acompanhada de um sorriso:
- Se deixar eu te compro aquele par de sapatos caros de que cê me falou.
Camila ficou de pensar. Lá no íntimo, já tomou a decisão. E se ri. Todas as mulheres são princesas. Mas Camila já não é mais menina.
Kio
Kio
Editor aposentado
Editor aposentado

Mensagens : 1599
Data de inscrição : 29/12/2008
Idade : 52

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por jluismith Qui Set 03, 2009 12:58 pm

Duas coisas:

Obrigado Ricardo pela revisão e pelos elogios Very Happy

E puta merda, Vino, muito bom, cara.
jluismith
jluismith
Apagati CRTL+ALT+DEL

Mensagens : 225
Data de inscrição : 19/01/2009

http://justwrappedupinbooks.wordpress.com

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por InVinoVeritas Qui Set 03, 2009 6:32 pm

Opa, valeu, JL. Esse texto aqui (abaixo) enviei pro Kio, mas ele, graciosamente, perguntou se eu não queria aumentar uns parágrafos que acabei tendo que cortar. Mas acho que ficou legal assim e, como não tenho os parágrafos que faltam comigo (salvei em outro canto), melhor deixar. Gostei do texto.

O começo da tormenta foi a constatação de erros no mapa da América Latina em um livro didático adotado pelo MEC, em março deste ano. Aparentemente, onde lia-se “Paraguai” deveria ler-se “Uruguai”. Nosso vizinho Paraguai também estava incluído dentro da Bolívia, e por alguma razão o Equador havia desaparecido. O cartógrafo devia estar gostando de uma paraguaia. A sogra seria equatoriana.

A coisa não deixa de ter certa graça, e evoluiu da maneira que essas coisas geralmente evoluem: o governo responsabilizou a empresa, que pôs a culpa no professor, que provavelmente, como o elo mais fraco da corrente, deve ter sido mandado pras cucuias. 500.000 livros foram recolhidos. Noticiado o problema, olhos se emprenharam em focar os respectivos culpados. O que, que se saiba, nunca solucionou um problema.

No mês seguinte houve nova comoção, dessa vez envolvendo os quadrinhos. A Secretaria Estadual da Educação de São Paulo distribuiu a escolas um livro recheado com pérolas como "chupa rola", "cu" e "chupava ela todinha". O livro “Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol”, coletânea de quadrinhos sobre futebol, faria parte do programa Ler e Escrever. Nele, os estudantes podem usar o material na biblioteca, na aula ou levar para casa. A obra, voltada para o público adolescente (segundo a editora, Via Lettera, responsável pela publicação) foi distribuída para ser usada como material de apoio por alunos da terceira série do ensino fundamental.

Não joguemos a primeira pedra: a molecada deve ter se divertido, palavrões ou não. Talvez até por causa deles. De acordo com o cartunista Caco Galhardo, um dos autores do livro, o motivo pelo qual a obra acabou parando com alunos da terceira série é óbvio: “o cara que escolheu não leu o livro”. Os 1.216 exemplares foram recolhidos, provavelmente uma que outra cabeça rolou nos bastidores.

Em fins de maio, em Santa Catarina, foram recolhidos mais de 130 mil exemplares do livro "Aventuras Provisórias", do catarinense Cristóvão Tezza. A razão foi uma cena de sexo que constava no romance, e que foi considerada imprópria por professores que entraram em contato com a obra. Depois da polêmica levantada, foram comentados o vocabulário “chulo” empregado na novela. O autor lamentou que o livro, de 142 páginas, tenha sido lido como se fosse um hai-kai de três linhas sobre sexo, e tocou sua vida. A Secretaria da Educação de Santa Catarina anunciou que os livros recolhidos seriam redistribuídos a bibliotecas e salas de aula com alunos adultos.

Junho chegou, como costuma acontecer. E, em meados do mês, consta que, no distante município de União da Vitória, região sul do Paraná, um vereador e diretor de escola denominado Jair Brugnago (PSDB), mandou recolher das prateleiras de sua escola as obras Amor à Brasileira (coletânea de contos), e Contrato com Deus e Outras Histórias de Cortiço, de Will Eisner.

Os títulos foram enviados pelo Ministério da Educação, por meio do Programa Nacional das Bibliotecas Escolares (PNBE), às escolas públicas de todo país. Elas fazem parte de uma lista selecionada e analisada por uma comissão de professores universitários da área selecionados pelo MEC. Em São Paulo, o conteúdo de Um Contrato com Deus já havia sido questionado por educadores paulistas por conter cenas de violência, sexo, estupro e pedofilia. Mas o Ministério da Educação havia se negado a recolher a obra e apenas orientara os bibliotecários a terem cuidado ao emprestar o livro. Dizem que morde.

Também em junho, no município do Rio de Janeiro, uma gravura de mais de 400 anos arrepiava os cabelos de pais e professores. Os alunos do quarto ano do ensino fundamental encontraram, em seu livro didático, uma imagem de 1592, do francês Theodore de Bry, que mostrava índios praticando o empalamento. Cumpre, por mera diversão, uma descrição do processo: introduz-se uma estaca no ânus do inimigo (a menos que se queira fazer isso a um amigo) e o atravessa com ela, até que a ponta saia pela boca. A imagem, juntamente com a denúncia, apareceu no jornal "O Dia", e a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, resolveu recolher o livro de história onde ela aparecia. A imagem, não a secretária.

Mais pra fins do mês a chuva engrossou: o Rio Grande do Sul, que é conhecido como um estado progressista e aparentemente não queria ficar pra trás nessa onda, orientou que as escolas estaduais retirassem do acervo três obras em quadrinhos de Will Eisner: “Um Contrato com Deus e Outras Histórias de Cortiço”, “O Sonhador” e “O Nome do Jogo”. Na avaliação da Secretaria Estadual da Educação, os títulos apresentam conteúdo inadequado aos estudantes do ensino médio, público a que foram destinados. As obras integraram a lista de mais de 20 títulos em quadrinhos que compuseram a lista deste ano do PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola). Os álbuns – e outros livros selecionados – são enviados diretamente a escolas de todo o país para criar acervos de bibliotecas. Os títulos de Eisner são para o ensino médio. A secretária de Educação do RS, Mariza Abreu, disse considerar os títulos inadequados ao uso em escolas públicas, junto a adolescentes.

O MEC, por sua vez, divulgou nota informando que os livros haviam sido avaliados pela Universidade Federal de Minas Gerais, que eram livros da biblioteca escolar, cuja cessão deve ser intermediada pelo professor ou pelo bibliotecário e destina-se à comunidade escolar: dirigentes, professores, pais e estudantes. Não eram livros didáticos. Aliás, o programa distribui livros para as bibliotecas sem intermediação das secretarias estaduais e municipais desde 1997, sem oposição. E eu acredito: se por acaso o MEC quiser entregar conteúdo imoral em minha casa, de graça, eu aceito. Mas eu já tenho idade pra isso.

Este artigo buscou reunir informações sobre casos de censura a obras didáticas ou literárias que vêm acontecendo no país, e assim possibilitar ao leitor manter um olho aberto a um assunto que merece ser observado com cuidado. Quem quiser opiniões a respeito está convidado a desenvolvê-las. Desafiado, aliás.
InVinoVeritas
InVinoVeritas
Apagati CRTL+ALT+DEL

Mensagens : 306
Data de inscrição : 17/12/2008
Idade : 46

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Ricardo Andrade Qui Set 03, 2009 7:50 pm

O indefensável Revisor Fantasma pegou os outros textos que estavam aqui e que ainda não tinham sido revisados! Go, Revisor Fantasma, go!
Ricardo Andrade
Ricardo Andrade
não fez nada. Já estava assim quando ele chegou

Mensagens : 511
Data de inscrição : 11/01/2009
Idade : 57
Localização : Campinas

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Ricardo Andrade Sáb Set 05, 2009 2:25 pm

Agente Dias escreveu:
Ricardo Andrade escreveu:O Inviolável Revisor Fantasma já postou o conto "Vampirismo ou Solidão", do Agente, na área Sem Comentários:
https://apgatti.forumeiros.com/sem-comentarios-f3/textos-revisados-para-o-13-t177.htm#3778

Go, Revisor Fantasma, go! Kio, atualiza aí.

Agente, eu acho que esse conto foi a melhor coisa sua que eu li até hoje... Parabéns!

Obrigado pela correção e obrigado pelas palavras de elogio.
Espero poder escrever textos melhores a cada edição. Wink

O Impiedoso Revisor Fantasma acaba de postar a versão revisada do outro texto do Agente, sobre as histórias bíblicas em quadrinhos... A propósito, eu percebi, depois de postar (já tinha notado antes, só que esqueci...), que os negritos e outras intervenções do autor, que passaram pro Word, quando eu copiei, não passam automaticamente de volta, quando eu copio o texto aqui pro fórum...

Isso atrapalha muito a vida do diagramador?... E, em caso afirmativo, será que o(s) autor(es) (sim, no plural, porque isso acontece com todos os textos...) podem dar uma olhadinha no texto revisado e fazer as correções?

Ou qual é o jeito melhor de se fazer isso (pergunto eu, temendo a resposta óbvia, que é o Inquebrantável Revisor Fantasma copiar o texto pro forum e depois fazer as alterações de negritos e itálicos, etc., manualmente... coisa que eu não terei tempo de fazer agora! Rs... mas prometo fazer depois, se for o decidido...)

E outra bola dentro, Agente... Ótima matéria, ótimo tema, Rob Liefeld é cristão devoto?? Nunca suporia...
Ricardo Andrade
Ricardo Andrade
não fez nada. Já estava assim quando ele chegou

Mensagens : 511
Data de inscrição : 11/01/2009
Idade : 57
Localização : Campinas

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por jluismith Sáb Set 05, 2009 2:39 pm

Na verdade muita gente acha que o Liefield é exatamente o contrário disso... Laughing
jluismith
jluismith
Apagati CRTL+ALT+DEL

Mensagens : 225
Data de inscrição : 19/01/2009

http://justwrappedupinbooks.wordpress.com

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Kio Sáb Set 05, 2009 4:34 pm

Ricardo, quando não há muitos negritos ou itálicos, dá pra eu fazer sem perder muito tempo.

Mas num texto como o do Filipera, por exemplo, com vários negritos, é melhor passar o arquivo do word por e-mail, além de postar aqui.
Kio
Kio
Editor aposentado
Editor aposentado

Mensagens : 1599
Data de inscrição : 29/12/2008
Idade : 52

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Ricardo Andrade Sáb Set 05, 2009 6:23 pm

Entendo... Vou te mandar o arquivo de Word em que eu concentrei todas as revisões.

Eu não, o Inigualável Revisor Fantasma.
Ricardo Andrade
Ricardo Andrade
não fez nada. Já estava assim quando ele chegou

Mensagens : 511
Data de inscrição : 11/01/2009
Idade : 57
Localização : Campinas

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Ricardo Andrade Sáb Set 05, 2009 6:28 pm

A propósito, o Imperecível Revisor Fantasma também postou o texto do blues do Snuck... Ótima pedida, Snuck, falar sobre música, e ótima pedida falar sobre blues... E melhor ainda saber que será uma série que prosseguirá...
Ricardo Andrade
Ricardo Andrade
não fez nada. Já estava assim quando ele chegou

Mensagens : 511
Data de inscrição : 11/01/2009
Idade : 57
Localização : Campinas

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Ricardo Andrade Sáb Set 05, 2009 6:31 pm

Não contente com isso, o Impossível Revisor Fantasma postou o texto revisado do Marcelo Soares sobre os nerds e a referencialidade... e eu posso pensar em poucos temas tão pertinentes em nossa revista quanto esse. E muito bem escrito, muito bem descrito.

O I.R.F. também postou o outro texto do Marcelo Soares, sobre Bruce Wayne... E eu, que alguns talvez saibam que sou fã de Batman, gostei muito. Acho que teria muito a conversar com o Marcelo sobre o tema...
Ricardo Andrade
Ricardo Andrade
não fez nada. Já estava assim quando ele chegou

Mensagens : 511
Data de inscrição : 11/01/2009
Idade : 57
Localização : Campinas

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Ricardo Andrade Sáb Set 05, 2009 6:32 pm

O Indescritível Revisor Fantasma postou ainda o texto de Mighty Marcelo Mainardi, a Maravilha Maranhense (só para completar mais um M, retifique posteriormente, Mainardi) sobre o Graaaaaaaaaaaaaaaaaaaaande Raulzito. Adorei a anti-homenagem de data redonda. Mainardi, você não era desenhista? Como desenhista, está me saindo um escritor dos bons...
Ricardo Andrade
Ricardo Andrade
não fez nada. Já estava assim quando ele chegou

Mensagens : 511
Data de inscrição : 11/01/2009
Idade : 57
Localização : Campinas

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Ricardo Andrade Sáb Set 05, 2009 6:34 pm

O Irascível Revisor Fantasma também postou a excelente resenha dos Infilmáveis, por FiliPêra, que devia largar esse lance de blogue e vim ficar só com a gente. Excelente análise...
Ricardo Andrade
Ricardo Andrade
não fez nada. Já estava assim quando ele chegou

Mensagens : 511
Data de inscrição : 11/01/2009
Idade : 57
Localização : Campinas

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Ricardo Andrade Sáb Set 05, 2009 6:37 pm

O Imaculado Revisor Fantasma também postou o "Por Onde Anda" revisado do Nasty Nano Falcão, o Norteador Normando! Ótima informação, mais uma vez. Roger Stern é o cara. Será que a gente entrevista ele? Sabe que eu simplesmente TENHO o "The Death and Life of Superman", em livro? Não faço ideia de onde ele está, mas eu o TENHO... E é ótimo.
Ricardo Andrade
Ricardo Andrade
não fez nada. Já estava assim quando ele chegou

Mensagens : 511
Data de inscrição : 11/01/2009
Idade : 57
Localização : Campinas

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Ricardo Andrade Sáb Set 05, 2009 6:45 pm

O Invaticinável Revisor Fantasma também postou o "Star Warghs" do Valiant Vino, o Vencedor Vascaíno da Verdade! Vino, o que eu faço com você, além de te invejar?

A cena que não aconteceu:

"George. George? Esse lance da espada de laser. Olha, o laser parar ali, um metro depois de sair do aparelhinho, vá lá. Mas George, e se o laser encostar em um espelho? Cê sabe que ele volta, né? Tipo, esses je... jedis? Esses jedis e tal, mas qualquer um com um espelho se defende deles. E essa coisa da "força", o que que impede um desses carinhas de arrancar a espadinha da mão do outro?"

George Lucas fica um minuto parado. Rasga os papéis que tem nas mãos. Telefona pro tio e aceita o emprego no Starbucks.

30 anos depois, NINGUÉM está falando em Darth Vader, Luke Skywalker e que tais. Sorte do Lucas não ter conhecido o Vino...

O Irritável Revisor Fantasma também postou Camila, do mesmo Vino...

Ótimo, Vino. Eu quase me senti triste por ver a inocência se perder tão tolamente... Quase por ser ficção (acho), mas eu vejo isso sempre...

E teve a matéria sobre os erros das secretarias sobre os livros... Muito bom, Vino... Eu só gostaria que a posição do quadrinista tivesse sido um bocadinho mais defendida, mas sua posição foi a de simplesmente listar fatos e fazê-los falarem por si... Excelente.

Cara, como é bom trabalhar nessa revista...
Ricardo Andrade
Ricardo Andrade
não fez nada. Já estava assim quando ele chegou

Mensagens : 511
Data de inscrição : 11/01/2009
Idade : 57
Localização : Campinas

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Ricardo Andrade Sáb Set 05, 2009 6:51 pm

Não lembro se falei dos vampiros do Brontops. Se não falei, falo agora: o conto sugere um universo inteiro, com regras e eventos, mas ele não nos conta quais estes e estas são. E a gente entende igualzinho! E a gente gosta do mesmo jeito!

E mais: eu quero ler o resto dessas histórias! Brontops, você é muito bom.

Aliás, meus escritores: eu me roo de inveja de vocês. Eu queria ter escrito praticamente tudo o que escreveram nesse número. E nos outros...
Ricardo Andrade
Ricardo Andrade
não fez nada. Já estava assim quando ele chegou

Mensagens : 511
Data de inscrição : 11/01/2009
Idade : 57
Localização : Campinas

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Ricardo Andrade Seg Set 07, 2009 9:54 pm

Ah, sim. Aqui vai o Baú do Batman, Parte Dois, que eu já mandei pro Snuck... Leiam e digam o que acham, e se alguém puder revisar...

O Baú do Batman – Parte Dois

Pois era um baú, eu dizia...

Antes que houvesse Batcaverna, Batmóvel, cinto de utilidades e pencas de apetrechos maneiros, antes que os criminosos fossem todos coloridos e interessantes, antes que o uniforme fosse uma armadura com aparatos tecnológicos, Bruce Wayne guardava a roupa de morcego num baú comum, quando não a estava usando na noite de Gotham City. Como vimos no último capítulo...

Foi assim naquele lendário ano de 1939, em que até se viu a capa e o capuz casualmente jogados sobre um cabideiro ao lado da cama, como se fosse o smoking que Wayne vestira em alguma festa. Mas o baú foi o refúgio favorito do uniforme do Batman, naqueles tempos.

Não por muito tempo...

A Batcav... – ops! Batceleiro??
Já em setembro de 1939, Batman sente necessidade de instalações mais apropriadas: surge um hangar secreto para um precursor do Batplano. E em novembro de 1939 (Detective Comics 33, “The Batman Wars Against The Dirigible of Doom”), vê-se um laboratório secreto atrás de uma parede da Mansão Wayne, com um arquivo de recortes de jornal (! Aquilo junta uma barata! Batman deve ter ficado contente quando chegou o Batcomputador...) e equipamento médico.

Em outubro de 1940 (Batman 3/1, “The Strange Case of the Diabolical Puppet Master”), vemos uma passagem subterrânea, da mansão a um celeiro deserto, para Batman poder entrar em casa sem ser visto. Assim teve início a saga do Batceleiro (que nunca teve a honra de ser chamado assim).

Em fevereiro de 1941 (Det. Com. 48, “The Secret Cavern”), o celeiro é promovido a garagem do Batmóvel e, no verão de 1942 (World’s Finest 6, “The Secret of Bruce Wayne!”), ele passa a guardar também o Batplano. Que celeiro grande!

Só em agosto / setembro de 1942 (Bat. 12/2, “The Wizard of Worlds!”) é que se menciona pela primeira vez um quartel-general subterrâneo. Não é chamado de Batcaverna, mas de “hangares secretos subterrâneos”. Talvez porque fossem isso mesmo. Conectados à mansão por um elevador, eram uma combinação de oficina e garagem, que guardava dois Batmóveis e três Batplanos! Como um Batplano num buraco não serve para muita coisa, um guincho puxava até o bom e velho celeiro o Batplano que o Batman fosse usar naquela noite, ou o Batmóvel mais apropriado para a ocasião. Espessa camada de concreto reforçado separava esta área subterrânea do piso da mansão, acima. Deve ser lá que estão os cadáveres dos trabalhadores que escavaram isso tudo e construíram esta extravagância debaixo da mansão. Ou o Batman fez tudo sozinho, só com o Robin?! Nesta época, nem o Alfred tinha chegado!

Alfred, aliás, só chega em abril / maio de 1943 (Bat. 16/4, “Here Comes Alfred!”), escapando por pouco de ser peão de obra e de ser eliminado e sepultado em concreto. Mas ele acidentalmente aciona uma mola, que faz deslizar uma parede, que exibe uma “escadaria secreta”, que leva a um “hangar subterrâneo” e ao “laboratório criminológico” – afinal, transplantado lá para baixo. Provavelmente por causa dos recortes de jornal e as baratas. Alfred não é executado por sua descoberta, como se sabe (talvez por falta de concreto), e tem início entre ele e a Dupla Dinâmica uma relação de amizade que dura até hoje.

Em janeiro de 1944 (Det. Com. 83, “Accidentally on Purpose!”), o termo “batcaverna” (em inglês, “bat cave”, ou “caverna de morcego(s)”) é usado pela primeira vez, embora ainda sejam instalações subterrâneas artificiais, não uma caverna natural. Mas já tem um ginásio para o Batman manter a forma.

Em julho de 1948 (Det. Com. 137, “The Rebus Crimes!”), o “Salão de Troféus” do Batman é visto no subterrâneo (em sua primeira aparição, em 1942, descia-se escadas para alcançá-lo, mas podia-se ver a luz do sol entrando por uma janela), assim como o tal laboratório, que já andara subindo e descendo as escadas. A propósito, são escadas em espiral que aparecem ligando a mansão à Batcaverna, não o elevador que se via antes, que Deus sabe onde foi parar. As escadas deviam ser para o Batman fazer aquele exerciciozinho extra, que lhe dava aquele plus a mais na hora H. Esse Batman!...

Somente em agosto / setembro de 1948 (Bat. 48/2, “The 1,000 Secrets of the Batcave!”) é que a Batcaverna aparece como uma caverna subterrânea natural, e não como salas feitas pelo homem (e escapam do concreto algumas centenas de peões de obra, provavelmente importados do Brasil). Até se vê uma bela gruta natural, à esquerda. Ainda há um guincho puxando o Batmóvel e o Batplano até o velho celeiro. Ainda há a escada em espiral. O que Batman tem contra elevadores? Nada, parece: o elevador voltou no mês seguinte, maio de 1950 (Det. Com. 159, “Bruce Wayne – You Are Batman!”). Com uma Batcaverna cada vez maior, Batman provavelmente só não sabia mais onde o elevador ficava.

Em julho / agosto de 1953 (Wor. Fin. 65, “The Five Different Batmen!”), o celeiro é, afinal, aposentado. A princípio, ele é apenas rebaixado a saída de emergência, quando Batman e Robin passam a usar uma caverna natural como saída (“Ué!”, deve ter dito o Batman. “Quem botou essa caverna natural aqui?! E nós nunca a tínhamos visto, hein, Menino-Prodígio?”). Esta tal caverna até começou como saída de emergência, mas acabou virando principal. A vida é assim. Bye-bye, Batceleiro.

Aí, depois de tudo isso, chega março de 1954 (Det. Com. 205, “The Origin of the Bat-Cave!”), e Bruce nos conta, como diz o título, a origem da Batcaverna, com a maior cara-de-pau: no começo, diz ele, ele pretendia usar o velho celeiro como quartel-general mas, oh!, o piso cedeu, revelando uma tremenda caverna, cheia de morcegos. Bruce decidiu: “Esta caverna será meu quartel-general! Eu a chamarei de batcaverna!” Não, Bruce, chama de “Clube do Esquilinho Curioso”, dãã!! Eles mudam a história toda e querem que a gente engula! Bom, a gente engoliu, claro. Essa foi só a primeira vez, e nem tinha crise nenhuma na história. Mas tinha um belo relógio do vovô, que escondia a escada para a Batcaverna, um elemento que meio que persiste até hoje.

Dezembro de 1955 (Bat. 96/3, “The Third Alarm for Batman!”) trouxe mais um favorito: os bat-postes! Resultado de uma associação entre Batman e Robin e os bombeiros, para divulgar a semana de prevenção de incêndios. É sério.

Os anos seguintes fizeram muito bem à Batcaverna. Em julho / agosto de 1968 (Bat. 203), por exemplo, já há três níveis subterrâneos, mais uma área no interior de uma alta colina, onde ficam os hangares do Batplano e do Batcóptero. Nuvens de fumaça são expelidas para camuflar decolagens e aterrissagens. Compensando a falta de antes, agora há dois elevadores separados, ligando os diferentes níveis. Rampas para o Batmóvel, com uma porta secreta imitando rocha, que se abre por um controle no painel do carro. O rio, que sempre existiu, agora tem instalações para atracar o Batbarco. Parque aquático, playground, salão de festas, jardim de inverno e os golfinhos de Miami. Não, isso não tinha. Mas que parece que Batman estava interessado no ramo imobiliário, parece. E mandem chamar de volta os peões de obra descartáveis.

Aí, em dezembro de 1969 (Bat 217, “One Bullet Too Many!”), Dick Grayson (o primeiro Robin, se você estava desavisado) deixa a Mansão Wayne para ir para a Universidade Hudson. Batman fecha a Batcaverna e a mansão, e vai morar na cobertura do prédio da Fundação Wayne, no coração de Gotham City.

Quem passeasse ali pelos fundos da mansão, naquele dia, ouviria o velho celeiro rindo sozinho. Onde faz din, faz don...

Como se sabe, a Batcaverna eventualmente voltaria a ser o quartel-general oficial do Batman, e o é até hoje.

Batman: colecionador compulsivo?
Como vimos, foi em agosto / setembro de 1942 (Bat. 12/1, “Brothers in Crime!”) a primeira menção a um “Salão de Troféus”, que guardaria os souvenirs do combate ao crime do Batman. Àquela altura, já seriam simplesmente 897 “troféus”!

Faça as contas: Batman começou a agir em maio de 1939. Em setembro de 1942, ele completou 40 meses de atividade. 897 “troféus” em 40 meses dão uma média de 22,4 “troféus” por mês, ou pouco mais de um “troféu” por noite “útil”! O Batman é um colecionador compulsivo!

Depois, parece que ele deu uma segurada: em Det. Com. 158 (abril de 1950), a história “The Thousand and One Trophies of Batman!” (ou “Os Mil e Um Troféus do Batman!”) conta exatamente a chegada do 1000º e do 1001º “troféus” do Batman. Ou seja: após coletar 897 “troféus” em parcos 40 meses, o Batman levou sete anos e pouco (91 meses!) para pegar os 101 “troféus” faltantes para chegar aos 1001 – pouco mais de um “troféu” por mês. Batman está controlado.

Nesta história, vemos três “troféus” que assombram a Batcaverna praticamente desde que ela existe, e para os quais nunca há uma explicação. São eles: a moeda gigante, o tiranossauro em tamanho natural e um símbolo com a cara sorridente do Coringa.

“Ah, a moeda é fácil”, alguém dirá. “Só pode ser coisa do Duas-Caras!”

Errou! Errou, mané!!

Foi coisa de um certo Joe Coyne (nome que soa como “moeda”, em inglês), cruel criminoso, preso por tentar roubar uma caixa registradora que, afinal, só tinha pennies (palavra que, em inglês americano coloquial, equivale a “centavos”). Na prisão, furioso, ele repete para si mesmo: “Pennies... e coppers!” (palavra que, além de ser uma gíria para “policial”, significa “cobre”) “Copper pennies!” (ou “pennies de cobre”). Coyne resolve vingar-se dos policiais usando... moedas! OK, é ridículo. Ele sai cometendo crimes com moedas (daí a moeda gigante), e é preso por Batman e Robin. Mas a melhor parte é o cara gritar: “Eu combaterei os tiras – com pennies! Todo trabalho que eu fizer envolverá pennies! Meu símbolo do crime será pennies!” Só isso já vale. Foi em setembro / outubro de 1946, em Wor. Fin. 30, “The Penny Plunderers!”

O dinossauro apareceu em junho / julho de 1946, em Bat. 35/2, “Dinosaur Island!” Para levantar dinheiro para a caridade, Batman e Robin aceitam brincar de pique com os dinossauros mecânicos de um parque temático. Claro que um tal de Chase toma os controles dos dinossauros e a coisa fica séria. Claro que Batman e Robin o derrotam no final. Lá vai o dinossauro decorar a Batcaverna.

Viram? “Jurassic Park” já tinha rolado nas páginas de Batman!

Aliás, na parte três de “O Baú do Batman”, veremos uma série de figuras “familiares” que apareceram PRIMEIRO nas páginas do Batman... Aguardem!

Hein? A cara gigante do Coringa? Não, essa apareceu pela primeira vez exatamente na história dos mil e um troféus do Batman. Não tem uma história para ela. Foi só para ilustrar. É sério.
Ricardo Andrade
Ricardo Andrade
não fez nada. Já estava assim quando ele chegou

Mensagens : 511
Data de inscrição : 11/01/2009
Idade : 57
Localização : Campinas

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por InVinoVeritas Ter Set 08, 2009 4:34 pm

Entrevista com o Wilton... desculpem a hora. Tive que editar 3 vezes até reduzir a esse tamanho. Essa entrevista foi feita com digitação às pressas e TEM de ser revisada. Já dei uma boa olhada enquanto editava, mas tenho certeza de que deixei escapar muita coisa.

Foi, de longe, o texto que me deu mais trabalho no FARRAZINE.

*******************************************************

“Entreviste o Wilton”, eles dizem.
“Mas é o Wilton”, eu respondo. “O que é que eu vou perguntar pra ele?”
“Não nos amole e entreviste ele”, respondem.
De maneira que tinha que fazer uma entrevista com um amigo que já conhecia há um bom tempo. E simplesmente não tem jeito certo de se fazer isso.
Enfim, resolvi começar do básico: Wilton Pacheco tem 39 anos, é casado, tem um filho de doze anos e reside em Curitiba. Fez curso técnico de Desenho Industrial e é graduado em Gravura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Tirou o 1º lugar no concurso de cartaz Expoville pelo Cefet-PR, o 1 º lugar no concurso de Cartaz da Eco 1992, ensinou quadrinhos para estudantes e participou de várias mostras de arte: fotografia, gravuras, pinturas e quadrinhos. Deu cursos sobre Perspectiva, editou revistas e chegou até a ser retratista de eventos. Sempre trabalhando com arte, de alguma forma, e em produção constante. Alguns dos quadrinhos que produziu: Albaria (que o leitor conhece), Colugo, Venetinho, Revista de Olho 4, A Corda (História em Quadrinhas), Nas Nuvens (novela publicada em Portugal) e Se essa Rua Fosse Minha, 1º,. 2º. e 4º. Edições, editora Fama. Fora milhões de coisas mais.
Não deixa de impressionar, enquanto currículo. Mas o importante não está no papel: Wilton é um dos poucos e vitoriosos. Vive de sua arte. E conciliar sua expressão artística com o feijão e arroz necessários é uma coisa que muito poucos brasileiros puderam – ou tiveram a perseverança para – fazer. Além de, é claro, Wilton ter trazido Albaria para o FARRAZINE.

FARRAZINE: Aparentemente, pela sua biografia, cê fez de tudo que fosse mesmo remotamente relacionado à arte. Seria justo dizer que seu maior interesse no momento são os quadrinhos?
WILTON: Sim, é justo. Sempre me interessei por quadrinhos. Tinha 11 anos e já estava fazendo quadrinhos. 14 anos e estava publicando nas tiras da gazetinha.
FARRAZINE: O mercado nacional de quadrinhos é difícil. Talvez porque geralmente as coisas venham prontas - e consequentemente mais baratas - de lá de cima. Mas o tempo não está pra peixe para a produção nacional há um tempo. Gente como o Ziraldo, famoso, passou a vida inteira tentando emplacar quadrinhos nacionais sem muito sucesso. Maurício de Souza parece ser uma exceção à regra, mas, em geral o pessoal reclama do mercado. Como cê vê essa questão? O que te chama para os quadrinhos?
WILTON: O que me chama para os quadrinhos não tem a ver com fama e fortuna. Mas com a possibilidade de comunicar minhas idéias atravéz de imagens e textos. É algo mágico desenhar uma sequência contando algo, a outra pessoa ler e entender diferente do que foi falado. E isso mesmo estando distante, sem conhecer a pessoa. Ler uma crítica de alguem que nunca te viu,nunca te conheceu, de algo que você tenha feito. Isso não é fama, não me torno famoso com isso, não vejo grana por isso. Mas traz satisfação isso.
Agora, o mercado de quadrinhos brasileiro tem tradição americana. A questão entretenimento/produto de venda sempre existiu nos EUA. E no Brasil isso é marginal, Mauricio de Souza, no inicio, tinha a Mônica, o Cebolinha, etc. Mas também tinha personagens underground do estilo dos universitários (Tina, Rolo, Pipa, Zecão...). Ziraldo tinha outra linha. Seus personagens mesmo no quadrinhos eram mais literarios culturais... saci pererê, onças... No mundo infantil e adulto ele era mais ilustrador literário, charges e crônicas políticas. Envolvido com um mundo mais jornalistico, como o Henfil. Laerte é algo mais independente. O que quero dizer com isso, é que o mercado do quadrinho no Brasil tem uma tradição diferente dos EUAs.
FARRAZINE: Tem também iniciativas como o movimento Udigrudi, Laerte, Angeli, Adão, Glauco... tiveram seu tempo, seus momentos. Os mais conhecidos artistas nacionais sempre foram vinculados à grande imprensa OU a personagens famosos da vida nacional.
WILTON: Concordo.
FARRAZINE: Teve a revista dos Trapalhões, da Xuxa, do Sérgio Mallandro, acho que até o Gugu já teve uma revistinha.
WILTON: E o Beto Carreiro também
FARRAZINE: Isso.
WILTON: Mesmo assim eram vinculados a tv. Eles eram subprodutos.
FARRAZINE: Henfil, Jaguar, Ziraldo... faziam quadrinhos, mas o principal eram as charges. Tavez com exceção de Henfil, que meio que atacava em todas as frentes. Ou seja: também era um tipo de subproduto.
WILTON: Quando digo subproduto quero dizer que é um adendo de outra coisa. Como adaptação de filme e livro para quadrinho.
FARRAZINE: Quem veio tentar romper com isso foram Laerte, Angeli, Adão e Glauco... produzindo tiras de jornais, também. Mas fizeram quadrinhos por um bom tempo.
WILTON: Teve outras gerações na ditadura militar que fizeram para entretenimento. E funcionaram por um bom tempo. O mais famoso talvez fosse o Judoka, que teve um filme como subproduto.
FARRAZINE: Sim. Mas quadrinhos, quadrinhos, nunca vingaram cá no Brás, com a única exceção de Maurício de Souza. Na edição passada do FARRAZINE ele comentou que talvez isso se tenha dado pelo approach diferente dele em relação a esse mercado. Em vez de fazer os quadrinhos mais autorais, ele encarou como um mercado e começou a produzir em massa.
WILTON: Ele arriscou um outro caminho e não abandonou a idéia. Se ziraldo tivesse feito isso com a turma do Pererê estaria até agora. Assim como a turma do Circo, Piratas do Tietê.
FARRAZINE: E, no entanto, cê está se propondo a ir contra a corrente. Apesar da falta de tradição do mercado. Se bem que há uma promessa de abertura desse mercado no momento, cê não sente isso?
WILTON: O caso é que a pessoa tem que se limitar... imagino que não teríamos coisas grandiosas do Ziraldo se ele se limitasse aos quadrinhos. Minha proposta é outra. Estou tateando um mercado novo: quadrinhos como veículo paradidático, com abertura para animação e reforço. A idéia é bem velha. Mas a forma que quero tentar não tanto. Como disse antes, nos Estados Unidos, a questão de entretenimento como produto de consumo é forte, move a economia deles de forma bem significativa. No Japão também. Com a recente crise o governo incentivou a publicação e exportação de mangá. Já no Brasil, o entretenimento como entretenimento é importado, a produção nacional tem carater de divulgação cultural. Mas de forma limitada. Penso que podemos fazer algo como foi feito no inicio da industria de entretenimento estadunidense. Existia lá o Daniel Boom, General Couster, etc.
FARRAZINE: Parece que apesar da rica literatura brasileira, os outros tipos de literatura estão estagnados. A produção de quadrinhos é mais independente que qualquer outra coisa. Até quando há publicação por uma grande editora o leitor pode saber que a produção foi independente. O autor tem que entregar tudo pronto sem ver um tostão adiantado (uma carga grande de trabalho sem retorno - a princípio - que nem todos podem se dar ao luxo de fazer).
A literatura brasileira é rica sim. O escritor brasileiro antes não conseguia viver de sua literatura. Atualmente a coisa tem mudado. Mas para poucos. Paulo Coelho achou um filão, Eduardo Bueno com seus livros também. Mas isso não é coisa da maioria. Muitos quadrinistas veteranos concordam na afirmação: "O povo brasileiro não lê".
Os novos quadrinistas tentam fazer o que vêem nos importados. Tentam ter a qualidade japonesa ou americana e ganhar igual. Mas o nosso mercado é diferente, não se adaptou a isso. Valorizamos por tradição o que vem de fora.
FARRAZINE: Super-heróis, kung-fu ou robôs gigantes, cê diz?
WILTON: Sim, mas tem que pôr nomes estrangeiros. O autor tem que ter nome estrangeiro. Claro, a coisa pode ser mudada, mas precisa de insistencia do quadrinista, ele tem que bater na mesma tecla. Jogar no mercado sempre. Até cativar e mostrar que não vai falhar.
FARRAZINE: Isso requer um investimento grande.
WILTON: Sim, tanto fisico e emocional quanto financeiro. Mas sempre existiu um outro caminho, entrar na máquina de entretenimento de fora do Brasil, e depois voltar a atenção para cá. Isso dá um curriculum que faz com que a mídia e editores do Brasil respeitem o artista.
FARRAZINE: Sim. Porque vem de fora. Falando em investimento físico, emocional e financeiro, no que você está metido agora?
WILTON: Pretendo fazer uma história sobre O Circo em Curitiba, depois uma história sobre o Descobrimento do Brasil – que é a 500 Dias. Isso é parte de um plano maior: fazer uma sequência de quadrinhos de qualidade. Que contem com emoção sobre a história do Brasil, sem pecar no conteúdo histórico. Que ajudem a conhecer nossa história, mas com mais alcance do que o que foi feito antes. Algo como a industria estadunidense fazia antes e ainda faz agora. Para isso tenho mandando e-mails para museus. Entrado em contato com um professor em Paris. Com a biblioteca da marinha de portugal. Com escritores brasileiros que escreveram sobre o tema, procurando fontes e imagens nos mais variados lugares. Essa metodologia de acumulo de imagem/informação que deixa meus projetos com tempo de execução muito longo.
FARRAZINE: O que Manara e Jorodowski estão fazendo com Borgia você está se propondo a fazer com o Descobrimento... buscando elucidar a maior quantidade de fatos históricos possível.


FARRAZINE: Fale de Albaria. Ande. Ou vou ter que pegar o alicate de novo.
WILTON: Albaria é outra coisa. Para enfrentar situações dificeis eu transformava elas em história. Por exemplo, quando eu tinha que fazer um conjunto grande de coisas para a semana seguinte, e para isso tinha que ficar madrugadas acordado. Eu me posicionavam como um aventureiro espacial, que tinha que escapar de buracos negros, explorar planetas e chegar ao objetivo final. Cada planeta era uma das coisas que eu tinha que fazer. Como eu acabava conseguindo acabar essas coisas por este método, eu ficava espantado.
FARRAZINE: Você percebe, claro, que isso o define como um cara estranho.
WILTON: Albaria era uma dessas histórias. Eu comecei a imaginar que quem criava coisas assim eram do outro mundo, um cara estranho como vc disse. Mas como seria esse mundo? Onde ele ficava? QUal a explicação fisica dessas pessoas estarem nesse mundo.
FARRAZINE: Não apenas estranho. Perturbado. Possivelmente psicótico. Talvez seja uma condição médica.
WILTON: Então escrevi sobre isso, num diario que uma mãe ciumenta da filha roubou para me acusar de drogado etc. È, o diario era uma viagem.
FARRAZINE: Alucinado, com certeza. Isso não precisa nem dizer.
WILTON: Bom, mais tarde comecei a trabalhar a uma hora de onibus da minha casa. Era muito tempo de onibus. Primeiro pensei em ler durante o trajeto. Adoro ler. Depois comecei a escrever no onibus. Depois a estudar no onibus. Depois tentei conversar com desconhecidos.
FARRAZINE: Paranóico, talvez. Megalômano.
WILTON: Dá para fazer terapia no onibus. Me sosseguei desenhando no onibus. Então pensei... todo o dia pego o onibus, duas horas desenhando.... Posso fazer uma história em quadrinho, já que consigo desenhar mais oumenos aqui. Até fiz um retrato ou outro de moças bonitas... que elas levaram agradecidas. Então comecei a desenhar a albaria.
FARRAZINE: Uma história em adrinhos feita em um ônibus em movimento.
WILTON: consegui fazer mais de trinta paginas no onibus. Tinha parte que parecia que eu estava dentro de uma britadeira. Aproveitava essas partes para fazer texturas. Outras trepidavam, eu fazia linhas que nunca conseguiria numa mesa parada.
FARRAZINE: São, obviamente, aquelas páginas que você tem que explicar aos leitores. "Isso é um gato. Aqui estão os olhos, essa linha que cai para fora do papel é a boca..."
WILTON: Foi divertido... mas depois sai do trabalho... e não tinha mais onibus para desenhar. Não terminei a história, acho que faltavam cinco paginas albarianas. Agora vou terminar.
Publiquei Albaria em forma de fanzine.Dois fanzines, de vinte e quatro paginas se não me engano cada um... 100 impressões cada. Distribuido na gibiteca e vendido na itiban. E o pessoal conseguia entender bem a imagem. Agora reeditei, mudei um pouco o texto, redesenhei uma pagina que sumiu e estou publicando de oito em oito paginas no Farrazine.
Uma história de mais de dez anos atrás... isso é curioso.
FARRAZINE: Há histórias ilustradas nas paredes das cavernas. O que há de curioso nisso?
WILTON: O curioso é que a Albaria é como uma filosofia de vida. Não tinha objetivo de ser publicado. Era primeiro para me definir no mundo... depois para eu não ficar aborrecido num onibus. Depois ganhei uma graninha para comprar cartinhas pokemon para meu filho com ele.
FARRAZINE: Conseguiram alguma boa?
InVinoVeritas
InVinoVeritas
Apagati CRTL+ALT+DEL

Mensagens : 306
Data de inscrição : 17/12/2008
Idade : 46

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Mainardi Ter Set 08, 2009 5:48 pm

Isso sim É UMA ENTREVISTA!
Parabéns! Nem li tudo, mas parabéns de qualquer jeito!Razz

E falando no Wilton, cadê o vivente?
...
Hã... impressão minha ou faltou alguma coisa no final?
Mainardi
Mainardi
Apagati CRTL+ALT+DEL

Mensagens : 405
Data de inscrição : 09/01/2009
Idade : 47

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Kio Qui Set 10, 2009 9:54 am

Mainardi escreveu:Isso sim É UMA ENTREVISTA!
Parabéns! Nem li tudo, mas parabéns de qualquer jeito!Razz

E falando no Wilton, cadê o vivente?
...
Hã... impressão minha ou faltou alguma coisa no final?

É assim mesmo, Marcelão. Tem a ver com a imagem do rodapé da página.
Kio
Kio
Editor aposentado
Editor aposentado

Mensagens : 1599
Data de inscrição : 29/12/2008
Idade : 52

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Rodrigo! Qui Set 10, 2009 11:20 am

Aaahnnn... Alguma boa alma já revisou o texto do Brontops? Embarassed
Rodrigo!
Rodrigo!
Apagatti Cinzento
Apagatti Cinzento

Mensagens : 1435
Data de inscrição : 20/12/2008
Idade : 52
Localização : Zona Sul... da cidade de SP =D

http://batsinal.deviantart.com/

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Kio Sex Set 11, 2009 9:24 am

Texto: Snuck
1 página

MUNDO DA LUA

Alô! Alô! Planeta Terra chamando! Alô! Esta é mais uma edição do diário de bordo de Lucas Silva e Silva, falando diretamente do mundo da lua, onde tudo pode acontecer...

Assim começa as mais loucas histórias, lá nos idos de 1991. Mundo da Lua, exibido pela Globo e na sua maioria pela TV Cultura. Esses dias, tarde da noite, estava dando aquela típica pulada nos canais da TV á cabo, e ao sintonizar um desses canais especializados em programação "nostálgica" me deparo com um epísódio de "Mundo da Lua", momentaneamente paralizado, sendo bombaredado por milhares de lembranças de minha infância, de episódios, coisas que eu sequer lembrava que tinha visto.

Pra quem não lembra ou não conhece, gira em torno de um garoto comum, que mora com os pais, a irmã, o avô e a empregada, que vive nesse mundo e muitas vezes se sente limitado por regras e situações que lhe são impostas, no entanto, um dia seu avõ lhe entrega um gravador, onde ele passa a gravar, suas idéias para romper os limites... assim ele começa cada gravação com a frase inicial desse texto.

Embora essa viagem onírica seja fruto dele, como por exemplo, no episódio onde a enfermeira diz que ele nunca mais deve dormir, há também o episódio onde o presidente sanciona uma lei, proibindo as pessoas de tomarem banho, no entanto, em um dado momento ele perde o controle sobre a situação e acaba tendo que se confrontar com as consequências das regras que ele quebrou.

Sem dúvida uma série responsável pela parte criativa que existe em muitos de nós, e é uma pena que não se tenha hoje investimento em projetos como esse, e nossas crianças tenham de assitir programas onde as personagens se preocupam em "ficar" e em alcançar fama, sinceramente tenho medo dos adultos do futuro.
Kio
Kio
Editor aposentado
Editor aposentado

Mensagens : 1599
Data de inscrição : 29/12/2008
Idade : 52

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por InVinoVeritas Seg Set 14, 2009 1:30 pm

Ricardo Andrade escreveu:Ah, sim. Aqui vai o Baú do Batman, Parte Dois, que eu já mandei pro Snuck... Leiam e digam o que acham, e se alguém puder revisar...

O Baú do Batman – Parte Dois

Pois era um baú, eu dizia...

Antes que houvesse Batcaverna, Batmóvel, cinto de utilidades e pencas de apetrechos maneiros, antes que os criminosos fossem todos coloridos e interessantes, antes que o uniforme fosse uma armadura com aparatos tecnológicos, Bruce Wayne guardava a roupa de morcego num baú comum, quando não a estava usando na noite de Gotham City. Como vimos no último capítulo...

Foi assim naquele lendário ano de 1939, em que até se viu a capa e o capuz casualmente jogados sobre um cabideiro ao lado da cama, como se fosse o smoking que Wayne vestira em alguma festa. Mas o baú foi o refúgio favorito do uniforme do Batman, naqueles tempos.

Não por muito tempo...

A Batcav... – ops! Batceleiro??
Já em setembro de 1939, Batman sente necessidade de instalações mais apropriadas: surge um hangar secreto para um precursor do Batplano. E em novembro de 1939 (Detective Comics 33, “The Batman Wars Against The Dirigible of Doom”), vê-se um laboratório secreto atrás de uma parede da Mansão Wayne, com um arquivo de recortes de jornal (Aquilo junta uma barata! Batman deve ter ficado contente quando chegou o Batcomputador...) e equipamento médico.

Em outubro de 1940 (Batman 3/1, “The Strange Case of the Diabolical Puppet Master”), vemos uma passagem subterrânea, da mansão até um celeiro deserto, para Batman poder entrar em casa sem ser visto. Assim teve início a saga do Batceleiro (que nunca teve a honra de ser chamado assim).

Em fevereiro de 1941 (Det. Com. 48, “The Secret Cavern”), o celeiro é promovido a garagem do Batmóvel e, no verão de 1942 (World’s Finest 6, “The Secret of Bruce Wayne!”), passa a guardar também o Batplano. Que celeiro grande!

Só em agosto / setembro de 1942 (Bat. 12/2, “The Wizard of Worlds!”) é que se menciona pela primeira vez um quartel-general subterrâneo. Não é chamado de Batcaverna, mas de “hangares secretos subterrâneos”. Talvez porque fossem isso mesmo: conectados à mansão por um elevador, eram uma combinação de oficina e garagem, que guardava dois Batmóveis e três Batplanos! Como um Batplano num buraco não serve para muita coisa, um guincho puxava até o bom e velho celeiro o Batplano que o Batman fosse usar naquela noite, ou o Batmóvel mais apropriado para a ocasião. Espessa camada de concreto reforçado separava esta área subterrânea do piso da mansão, acima. Deve ser lá que estão os cadáveres dos trabalhadores que escavaram isso tudo e construíram esta extravagância debaixo da mansão. Ou o Batman fez tudo sozinho, só com o Robin?! Nesta época, nem o Alfred tinha chegado!

Alfred, aliás, só chega em abril / maio de 1943 (Bat. 16/4, “Here Comes Alfred!”), escapando por pouco de ser peão de obra e de ser eliminado e sepultado em concreto. Mas ele acidentalmente aciona uma mola, que faz deslizar uma parede, que exibe uma “escadaria secreta”, que leva a um “hangar subterrâneo” e ao “laboratório criminológico” , afinal transplantado lá para baixo. Provavelmente por causa dos recortes de jornal e as baratas. Alfred não é executado por sua descoberta, como se sabe (talvez por falta de concreto), e tem início entre ele e a Dupla Dinâmica uma relação de amizade que dura até hoje.

Em janeiro de 1944 (Det. Com. 83, “Accidentally on Purpose!”), o termo “batcaverna” (em inglês, “bat cave”, ou “caverna de morcego(s)”) é usado pela primeira vez, embora ainda sejam instalações subterrâneas artificiais, não uma caverna natural. Mas já tem um ginásio para o Batman manter a forma.

Em julho de 1948 (Det. Com. 137, “The Rebus Crimes!”), o “Salão de Troféus” do Batman é visto no subterrâneo (em sua primeira aparição, em 1942, descia-se escadas para alcançá-lo, mas podia-se ver a luz do sol entrando por uma janela), assim como o tal laboratório, que já andara subindo e descendo as escadas. A propósito, são escadas em espiral que aparecem ligando a mansão à Batcaverna, não o elevador que se via antes e que só Deus sabe onde foi parar. As escadas deviam ser para o Batman fazer aquele exerciciozinho extra, que lhe dava aquele plus a mais na hora H. Esse Batman!...

Somente em agosto / setembro de 1948 (Bat. 48/2, “The 1,000 Secrets of the Batcave!”) é que a Batcaverna aparece como uma caverna subterrânea natural, e não como salas feitas pelo homem (e escapam do concreto algumas centenas de peões de obra, provavelmente importados do Brasil). Até se vê uma bela gruta natural, à esquerda. Ainda há um guincho puxando o Batmóvel e o Batplano até o velho celeiro. Ainda há a escada em espiral. O que Batman tem contra elevadores? Nada, parece: o elevador voltou no mês seguinte, maio de 1950 (Det. Com. 159, “Bruce Wayne – You Are Batman!”). Com uma Batcaverna cada vez maior, Batman provavelmente só não sabia mais onde o elevador ficava.

Em julho / agosto de 1953 (Wor. Fin. 65, “The Five Different Batmen!”), o celeiro é, afinal, aposentado. A princípio, ele é apenas rebaixado a saída de emergência, quando Batman e Robin passam a usar uma caverna natural como saída (“Ué!”, deve ter dito o Batman. “Quem botou essa caverna natural aqui?! E nós nunca a tínhamos visto, hein, Menino-Prodígio?”). Esta tal caverna até começou como saída de emergência, mas acabou virando principal. A vida é assim. Bye-bye, Batceleiro.

Aí, depois de tudo isso, chega março de 1954 (Det. Com. 205, “The Origin of the Bat-Cave!”), e Bruce nos conta, como diz o título, a origem da Batcaverna, com a maior cara-de-pau: no começo, diz ele, ele pretendia usar o velho celeiro como quartel-general mas, oh!, o piso cedeu, revelando uma tremenda caverna, cheia de morcegos. Bruce decidiu: “Esta caverna será meu quartel-general! Eu a chamarei de batcaverna!” Não, Bruce, chama de “Clube do Esquilinho Curioso”, dãã!! Eles mudam a história toda e querem que a gente engula! Bom, a gente engoliu, claro. Essa foi só a primeira vez, e nem tinha crise nenhuma na história. Mas tinha um belo relógio do vovô, que escondia a escada para a Batcaverna, um elemento que meio que persiste até hoje.

Dezembro de 1955 (Bat. 96/3, “The Third Alarm for Batman!”) trouxe mais um favorito: os bat-postes! Resultado de uma associação entre Batman e Robin e os bombeiros, para divulgar a semana de prevenção de incêndios. É sério.

Os anos seguintes fizeram muito bem à Batcaverna. Em julho / agosto de 1968 (Bat. 203), por exemplo, já há três níveis subterrâneos, mais uma área no interior de uma alta colina, onde ficam os hangares do Batplano e do Batcóptero. Nuvens de fumaça são expelidas para camuflar decolagens e aterrissagens. Compensando a falta de antes, agora há dois elevadores separados, ligando os diferentes níveis. Rampas para o Batmóvel, com uma porta secreta imitando rocha, que se abre por um controle no painel do carro. O rio, que sempre existiu, agora tem instalações para atracar o Batbarco. Parque aquático, playground, salão de festas, jardim de inverno e os golfinhos de Miami. Não, isso não tinha. Mas que parece que Batman estava interessado no ramo imobiliário, parece. E mandem chamar de volta os peões de obra descartáveis.

Aí, em dezembro de 1969 (Bat 217, “One Bullet Too Many!”), Dick Grayson (o primeiro Robin, se você estava desavisado) deixa a Mansão Wayne para ir para a Universidade Hudson. Batman fecha a Batcaverna e a mansão, e vai morar na cobertura do prédio da Fundação Wayne, no coração de Gotham City.

Quem passeasse ali pelos fundos da mansão, naquele dia, ouviria o velho celeiro rindo sozinho. Onde faz din, faz don...

Como se sabe, a Batcaverna eventualmente voltaria a ser o quartel-general oficial do Batman, e o é até hoje.

Batman: colecionador compulsivo?
Como vimos, foi em agosto / setembro de 1942 (Bat. 12/1, “Brothers in Crime!”) a primeira menção a um “Salão de Troféus”, que guardaria os souvenirs do combate ao crime do Batman. Àquela altura, já seriam simplesmente 897 “troféus”!

Faça as contas: Batman começou a agir em maio de 1939. Em setembro de 1942, ele completou 40 meses de atividade. 897 “troféus” em 40 meses dão uma média de 22,4 “troféus” por mês, ou pouco mais de um “troféu” por noite “útil”! O Batman é um colecionador compulsivo!

Depois, parece que ele deu uma segurada: em Det. Com. 158 (abril de 1950), a história “The Thousand and One Trophies of Batman!” (ou “Os Mil e Um Troféus do Batman!”) conta exatamente a chegada do 1000º e do 1001º “troféus” do Batman. Ou seja: após coletar 897 “troféus” em parcos 40 meses, o Batman levou sete anos e pouco (91 meses!) para pegar os 101 “troféus” faltantes para chegar aos 1001 – pouco mais de um “troféu” por mês. Batman está controlado.

Nesta história, vemos três “troféus” que assombram a Batcaverna praticamente desde que ela existe, e para os quais nunca há uma explicação. São eles: a moeda gigante, o tiranossauro em tamanho natural e um símbolo com a cara sorridente do Coringa.

“Ah, a moeda é fácil”, alguém dirá. “Só pode ser coisa do Duas-Caras!”

Errou! Errou, mané!!

Foi coisa de um certo Joe Coyne (nome que soa como “moeda”, em inglês), cruel criminoso, preso por tentar roubar uma caixa registradora que, afinal, só tinha pennies (palavra que, em inglês americano coloquial, equivale a “centavos”). Na prisão, furioso, ele repete para si mesmo: “Pennies... e coppers!” (palavra que, além de ser uma gíria para “policial”, significa “cobre”) “Copper pennies!” (ou “pennies de cobre”). Coyne resolve vingar-se dos policiais usando... moedas! OK, é ridículo. Ele sai cometendo crimes com moedas (daí a moeda gigante), e é preso por Batman e Robin. Mas a melhor parte é o cara gritar: “Eu combaterei os tiras – com pennies! Todo trabalho que eu fizer envolverá pennies! Meu símbolo do crime será pennies!” Só isso já vale. Foi em setembro / outubro de 1946, em Wor. Fin. 30, “The Penny Plunderers!”

O dinossauro apareceu em junho / julho de 1946, em Bat. 35/2, “Dinosaur Island!” Para levantar dinheiro para a caridade, Batman e Robin aceitam brincar de pique com os dinossauros mecânicos de um parque temático. Claro que um tal de Chase toma os controles dos dinossauros e a coisa fica séria. Claro que Batman e Robin o derrotam no final. Lá vai o dinossauro decorar a Batcaverna.

Viram? “Jurassic Park” já tinha rolado nas páginas de Batman!

Aliás, na parte três de “O Baú do Batman”, veremos uma série de figuras “familiares” que apareceram PRIMEIRO nas páginas do Batman... Aguardem!

Hein? A cara gigante do Coringa? Não, essa apareceu pela primeira vez exatamente na história dos mil e um troféus do Batman. Não tem uma história para ela. Foi só para ilustrar. É sério.
InVinoVeritas
InVinoVeritas
Apagati CRTL+ALT+DEL

Mensagens : 306
Data de inscrição : 17/12/2008
Idade : 46

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por InVinoVeritas Seg Set 14, 2009 1:49 pm

Kio escreveu:Texto: Brontops
3 páginas


Atenção diagramador: o texto em azul deve estar ao lado do texto em preto (alinhados hehe). São contos que correm paralelamente.

Exemplo com os primeiros parágrafos e títulos

trave na treva .................................................... no campo de trevos.
Seu lado definiu horário e o local. Surpreendeu-se ................ Nos bancos da frente, os padrinhos relembravam
com a precariedade urbana do local: um campinho ................situações similares, aconselhando métodos a
de futebol às margens de um pátio de manobras ..................realizar e erros a evitar. Puseram Wagner para
ferroviárias. O polaco explicou que os bosques mais ............. tocar no som do carro, inspiravam-se em um velho
próximos queimavam devido a incêndios descontrolados, ....... filme de guerra. O duelista desconhecia o filme e
um ambiente inadequado ao embate. Aceitou ...................... achava aquela música empolgante, porém mais
o argumento, lamentando a insensatez destes nossos tempos. ... apropriada a um desenho animado do Pernalonga do que a uma noite de duelo.


trave na treva

Seu lado definiu horário e o local. Surpreendeu-se com a precariedade urbana do lugar: um campinho de futebol às margens de um pátio de manobras ferroviárias. O polaco explicou que os bosques mais próximos queimavam devido a incêndios descontrolados, um ambiente inadequado ao embate. Aceitou o argumento, lamentando a insensatez destes nossos tempos.

Um comboio passou lentamente pelo pátio, estalando trilhos em um martelar ritmado. O duelista não precisava conferir o relógio para saber que estavam atrasados. O russo retirou sua cigarreira e começou a fumar. “Hábitos antigos”, justificou-se quase sem sotaque.

Duas estrelas feriram a escuridão, o veículo estacionou à beira do campo. Mais mato que grama cobria parciamente o terrão vermelho. O Mouro permaneceu dentro do carro, enquanto seus padrinhos - gentalha de esgoto - caminharam em direção ao círculo onde se daria o pontapé inicial da partida. Antes do polaco e do russo irem ao encontro deles, apelou-se ao duelista para que reconsiderasse.

-Não serei eu o covarde, meu prezado Vladimir. Todavia, serei piedoso se o escurinho oferecer desculpas.

Não havia lua ou estrelas, mas seus olhos de criatura da noite permitiriam acompanhar de longe o diálogo entre os padrinhos. Entretanto, o duelista voltou sua atenção para um outro comboio que passava naquele momento, por trás do muro. Era a manobra de um trem de passageiros, vazio naquele horário. Lembrou-se de uma certa primavera na Budapeste de 1945, e sentiu saudades da única pessoa a quem lhe interessaria deixar uma carta.

O russo e o polaco aproximaram-se. O semblante deles era comunicativo o suficiente. Rumaram os três para o centro do campo. O duelista viu o Mouro sair do veículo e, de forma bastante impetuosa, se adiantar a seus padrinhos.

Mas aquela atitude não enganava ninguém: o Mouro era um estúpido, um fraco, um desses cordeiros que tiveram a sorte de receber a dádiva da noite, mas sentem-se no direito de rejeitar o chamado do sangue, feito leões que decidem comer grama.

Antes que chegasse ao meio de campo, seus amigos o agarraram e o fizeram se acalmar. Polaco gracejou “Talvez os padrinhos dele possam amaciá-lo para você.”

Os amigos do adversário trouxeram uma caixa e a ofereceram para verificação. O polaco reconheceu duas rugers, pistolas de tambor. Arma de caubói. Em seguida, o russo checou a munição: balas de prata de um crucifixo mergulhadas em água benta.

-Será que estes novatos não aprenderam ainda que não somos lobos?

-Estão fazendo muitas piadinhas, cavalheiros; pretendem encobrir o medo?

Os antagonistas dispuseram-se conforme a tradição, de costas um para o outro. O duelista concentrou-se na arma em sua mão. Fazia mais de setenta anos que não precisava usar uma arma. Sentiu-se desconfortável. Talvez o russo tenha notado algo, pois aproximou-se para dizer, “Ao final desta noite, estaremos em nosso porão comemorando com o sangue de algum órfão”. Beijou-lhe a boca com lábios duros, o duelista sentiu o sabor impregnado de alcatrão e depois se retirou.

-Preparados, cavalheiros?

-Desde sempre, meus amigos, exclamou em um gesto pretensioso como todos os outros. E então, a contagem começou. Passo após passo, cada um respeitando a contagem dos padrinhos, os ímpares ditados por um dos escurinhos, os pares pelo polaco. Embora os olhos do duelista mirassem a trave a sua frente, todos os sentidos concentravam-se no que se passava atrás do duelista. O destino é inevitável somente por se passar em um lugar fora do alcance da visão.

Diante da ordem de fogo, o duelista apontou para o Mouro que ainda mirava e disparou sua arma. Mas a bala não saiu pelo cano e antes que pudesse se dar conta, sentiu o impacto no peito. Tombou para trás, caindo sobre uma parte do campo coberta por uma penugem maltratada de grama, esmagando um trevo de quatro folhas. O gosto de sangue na boca abriu-lhe o apetite e os caninos expandiram-se como em uma ereção. Mas o duelista não conseguia se mover, envenenado pela fé dissolvida no projétil alojado no peito.

Polaco e russo ajoelharam-se e o ampararam.

-E então?, perguntou o Polaco.

Antes de responder, o russo soltou a cabeça do duelista que caiu sem vontade aparente, mole como uma cabeça de recém-nascido.

-Eu lhe disse que funcionaria. E o melhor, quem sujou as mãos foi aquele estúpido calouro. O Mouro não tem idéia do que significa matar um membro da Realeza. Amanhã, sua cabeça estará valendo ouro para todas as famílias da cidade. Um dia se é Rei; em outro, Mendigo.



no campo de trevos.

Nos bancos da frente, os padrinhos relembravam situações similares, aconselhando métodos a realizar e erros a evitar. Puseram Wagner para tocar no som do carro, inspiravam-se em um velho filme de guerra. O duelista desconhecia o filme e achava aquela música empolgante, porém mais apropriada a um desenho animado do Pernalonga do que a uma noite de duelo.

Observava os grafites no contínuo muro branco: elaborados, mas desequilibrados; cotidiano, mas monstruoso. Tentando interpretar as linhas pensou em uma floresta elétrica que a tudo devora, cercando um rei/ um mendigo em um banquete.

A guarita vazia e o portão aberto facilitaram a entrada do veículo. Os faróis iluminaram uma das traves. Sua cor branca, apesar de suja, brilhava como uma fileira de dentes contra o escuro da madrugada. Os padrinhos quiseram que o duelista ficasse dentro do carro até que se fizessem os acertos finais. Um deles lembrou que haveria chance para desistir.

-Apenas se a iniciativa partir dele.

Ele evitou ver o que acontecia, fixou-se no balanço de equalizador no display. Depois, tirou o celular do bolso, ligou o aparelho e teclou uma mensagem.

Antes de a enviar, os padrinhos retornaram. Ele escondeu o aparelho rapidamente em um bolso da jaqueta. Pediram que saísse do carro, em uma voz séria.

-O Europeu não quis nem saber. Tá pedindo pra morrer. Hoje você vai dar um jeito neste filho-da-puta.

O duelista saiu do carro e percebeu a calma no caminhar do outro trio. Pareciam bastante solenes e calmos, mas já vira os três em meio a
uma chacina e conhecia aquela aparência tranquila de ninho de formigas venenosas. Decidiu que se era para ser um jogo, então ele iria entrar para o arregaço, para o tudo ou nada; apunhalaria seus ovos, separando-os ao meio.

Mas os dois o seguraram pelos braços, Pelintra murmurou para o duelista. “Tu ainda é novo na noite, irmão, não sabe que a única coisa que nos impede de ficar loucos é o Código. Tu vai derramar muito sangue pra beber e tu vai entender o que digo.”

Conforme a tradição, um lado escolhe o lugar, o outro traz as armas. Pelintra e Navalhada preferiram um duelo com armas de fogo. O duelista estranhou, mas eles defenderam que assim se faria uma menor sujeirada.

Após algumas provocações inúteis, finalmente definiram-se as regras daquele combate. Ficariam de costas um para o outro no meio do campo. Em seguida, dariam dez passos conforme o ritmo ditado pelos padrinhos, rumo as traves dispostas uma oposta a outra. Depois virariam e tentariam um disparo. Caso ambos errassem o tiro, o que nunca acontecera antes, então retornariam ao centro do campo para recarregarem as pistolas e repetirem o processo por mais uma única vez. Se falhassem novamente, então marcariam outra data.

Os amigos do adversário pareciam ser bastante próximos a ele. Enquanto Pelintra e Navalhada se afastavam rumo a lateral do campo, o ruivo permaneceu trocando ainda algumas palavras que não escutou com clareza. E então, ele também posicionou-se na outra lateral, a brasa do cigarro brilhando uma última vez até ser esmagada sob aquele pé. E então declarou:

-Podemos começar?

-Vamos terminar logo esta merda. Cada um dos padrinhos gritava um número, de uma forma um tanto ridícula, o que o fez recordar de um coral de sapos que vira uma vez em um desenho animado na televisão. Embora os olhos do duelista mirassem a trave a sua frente, todos os sentidos concentravam-se no que se passava atrás do duelista. O destino é inescapável apenas se você não souber onde ele está.

Diante da ordem de fogo, o duelista apontou sua arma, conforme aconselhado pelo Navalhada, no terceiro botão da camisa e a disparou. Acertou em cheio. O homem deu uns passos para trás, como um goleiro que encaixa no peito uma bola chutada com muita força. E aí caiu. Os padrinhos correram, cada grupo foi acudir o seu duelista. Pelintra tateou seu corpo em busca de ferimento, Navalhada já sabia que a arma do outro pipocara, mas ainda assim correra para congratulá-lo pela sorte. “Tu é cagado mesmo”.

-E agora?

-Agora, este filho da puta está fodido. O sol vai nascer logo e vai queimar este cuzão até as sombras.

Os três aproximaram-se do lado adversário, onde estava tombado o Europeu, velado por seus amigos. Cumprimentaram-se de forma contida. Entre os apertos de mão, o polaco entregou o prometido a Pelintra e Navalhada conforme negociado antes. A traição, um hábito antigo: um dia se é Mendigo e no outro, continua-se sendo.
InVinoVeritas
InVinoVeritas
Apagati CRTL+ALT+DEL

Mensagens : 306
Data de inscrição : 17/12/2008
Idade : 46

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por InVinoVeritas Seg Set 14, 2009 2:00 pm

snuckbinks escreveu:TEXTO: Snuckbinks
DIAGRAMAÇÃO: Snuckbinks
REVISÂO:

Nostalgia: Mundo da Lua

Assim começam as mais loucas histórias, lá nos idos de 1991. Mundo da Lua, exibido pela Globo e em parte pela TV Cultura. Esses dias, tarde da noite, estava dando aquela típica zapeada nos canais da TV a cabo, e, ao sintonizar um desses canais especializados em programação "nostálgica", me deparo com um epísódio de "Mundo da Lua". Momentaneamente paralisado, bombaredado por milhares de lembranças de minha infância - cenas, episódios... coisas que eu sequer lembrava de ter visto.

Pra quem não lembra ou não conhece, a série gira em torno de um garoto comum, que mora com os pais, a irmã, o avô e a empregada, que vive nesse mundo e muitas vezes se sente limitado por regras e situações que lhe são impostas; no entanto, um dia seu avô lhe entrega um gravador, onde ele passa a gravar suas idéias para romper os limites desse mundo... e, assim, a cada começo de gravação ele fala a frase inicial deste texto.

Embora essa viagem onírica seja fruto de sua imaginação, como, por exemplo, no episódio onde a enfermeira diz que ele nunca mais deve dormir (há também um episódio onde o presidente sanciona uma lei proibindo as pessoas de tomar banho), em um dado momento ele perde o controle sobre a situação e acaba tendo de enfrentar as consequências de ter quebrado essas regras.

Sem dúvida uma série responsável pela parte criativa que existe em muitos de nós, e é uma pena que não haja hoje em dia investimentos em projetos como esse, e nossas crianças tenham de assistir programas onde os personagens se preocupam em "ficar" e em alcançar fama. Sinceramente, tenho medo dos adultos do futuro.

Por Snuckbinks
InVinoVeritas
InVinoVeritas
Apagati CRTL+ALT+DEL

Mensagens : 306
Data de inscrição : 17/12/2008
Idade : 46

Ir para o topo Ir para baixo

FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO - Página 2 Empty Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO

Mensagem por Conteúdo patrocinado


Conteúdo patrocinado


Ir para o topo Ir para baixo

Página 2 de 3 Anterior  1, 2, 3  Seguinte

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos