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Textos Para Revisão - Número 14

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Mensagem por Rodrigo! Ter Set 22, 2009 1:57 pm

Acho que podemos começar, não?
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Mensagem por Nano Falcão Qua Set 23, 2009 8:13 am

REVISADO


AS NOITES NO BAR DO LIMBO
PROFISSÕES À PERIGO

Por Nano Falcão

As caras no bar do limbo sempre mudam. Alguns dos que saem daqui voltam diferentes, outros mudam aqui mesmo. Tudo depende do que as pessoas no mundo real pensam deles. Eu tenho a maior curiosidade de saber como James Bond se pareceria se viesse aqui. Talvez com o Sean Connery. Só espero que não seja com o Pierce Brosnan, aqueles humanos filisteus.
Mas os que ainda me choca são os rostos conhecidos. Por rostos conhecidos não quero dizer pessoas conhecidas. Rostos emprestados seria uma expressão melhor.
- O que é que você está encarando? – Falou o sujeito desconfiado na minha frente que bebericava gim com tônica.
- Hã... Nada. – Tentei disfarçar.
- Olha,se você é gay, já vou dizendo que não é minha praia...
- Calma, nada disso. Também não é a minha.
- Não leva a mal, é que tem gente por aqui que é tão...
- Entendo o que quero dizer. Querem tentar de tudo.
- Justamente, esse negócio de não haver conseqüências. De um dia ser gay e no outro não ser nada disso, jamais ter sido.
- O que acontece no limbo, fica no limbo. Aqui, até o Homem-Animal comeu carne.
- Pois então. E daí, porque estava me encarando?
- Você sabe.
- Sei? – Ele tentou fingir que não sabia do que eu estava falando.
- Ora, claro.
- Diga.
- Você é a cara do Richard Dean Anderson.
- Eu não sou ele, ele engoliu o drinque meio contrariado.
- Sim, eu sei. Você só usa a cara do Dean Anderson, mas você é o MacGyver.
- Ora, você sabe quem eu sou? – Ele se animou um pouco.
- Como não deveria saber? Todo mundo conhece o MacGyver.
- Isso foi nos anos 80 cara. Agora eu sou uma relíquia.
- Que papo é esse?
- Olhe pra mim. Estou esquecido, na geladeira. No limbo.
- Sim, mas é um bom sinal. Sinal que você pode sair.
- Sair? Mas até o Richard Dean Anderson, o cara que me interpreta, está com um pé na cova. Eu já era!
- Ora, você pode voltar na pele de outra pessoa.
- Você acha?
- Claro, já vi isso acontecer várias vezes, semana passada a Turma do Esquadrão Classe A acabou de sair daqui.
- Como?
- Eles vão ganhar um filme, pelo que disseram.
- Mas os atores?
- Novos atores, novos rostos.
- Você acha que isso pode acontecer comigo?
- Tudo é possível, Mac, você devia saber.
- É, bem, é que eu sou novo nessas coisas... Quer dizer, não faço idéia de quanto tempo estou aqui, mas me sinto novo, sabe?
- Sei, tem gente que entra e saída daqui há uns mil anos...
- Tipo?
- Tá olhando aquele cara ali na mesa a esquerda?
- Aquele que está conversando com o National Kid? Claro.
- O nome dele é Sansão.
- Não me diga? O próprio?
- Ele mesmo.
- Pensei que figuras religiosas não se aplicavam. Aquele papo que precisa que as pessoas acreditem para um deus ou santo existir...
- Ele não é nenhum dos dois, ele é um dos lendários heróis de Israel. Um mito, até onde sabemos.
- E ele está aqui desde que sua história foi contada?
- Ah, não. Ele volta e meia ganha um filme, ou uma aparição na televisão. Ele já teve até gibi nos Estados Unidos. Uma vez ele entrou no braço contra o Superman.
- Uau.
- Poisé. Nada mal pra quem veste um saiote de pele de carneiro, né?
- Au! – A mulher do lado de Sansão gritou, com um tapinha do companheiro.
- Eu já disse pra você não tocar no meu cabelo sua...
- Desculpa, querido, desculpa. – Ela beijou a mão do brutamonte.
- Pô, cara, precisava bater na mulher? – MacGyver se levantou da cadeira, indignado.
- Calma, querido. Sansão não fez por mal. Depois do que sua ex fez, ele é meio irritadiço com o cabelo, entende...
- ah, então você não é a Dalila...
- Dalila? Se fosse a Dalila eu a esganava! – Ele bateu na mesa.
- Então...? Você é...?
- Permita-me apresentar: Eu me chamo Druuna...
- Druuna?
- Quadrinhos? Franceses? Eróticos? – Ela ia acrescentando interrogações com alguma esperança de ser reconhecida.
- Hã... Sinto muito...
- Dru, faz tempo que eu não te via por aqui. Quando voltou? – A cumprimentei.
- Teve uma edição especial recentemente, mas ficou só nisso. – Ela disse cabisbaixa.
- O que você precisa é um filme. – Acrescentou National Kid. – Meus fãs estão fazendo abaixo assinado para um remake. Eu logo devo estar saindo daqui.
- O coitado fala isso desde 1969 – Cochichei para MacGyver.
- Mas Druuna... – Voltei a conversa. – Você e o... Sansão? Desde quando?
- Ora, por que não? Ele é forte, viril, grande, másculo... E circuncidado. Não se fazem mais judeus como o Sansão aqui.
- Tudo que a mocinha precisava era de um homem de verdade. O que anda faltando aqui no limbo. Pederastas! Mas eles receberão o castigo do Senhor! Como em Sodoma e Gomorra!
- Amém – ergui o copo, me forçando para não rir. – E você Sansão, planos de sair daqui?
- Ouvi falar de um desenho da Dreamworks. Já virei desenho antes, é divertido. Só espero que não me desenhem tão magrinho e que eu não tenha um amigo macaco de novo. Eu odeio macacos, eles atiram cocô em você. Mas preferia uma série. Filmes não duram. Em breve estarei aqui novamente.
- E eu estarei esperando por você, querido.
- Ah! – Ele riu. – E enquanto isso? Eu sei como funciona esse lugar, mulher. Quando eu voltar, não haverá mais nada entre nós. Você provavelmente vai dar pra aquele exibido do Flash Gordon. Eu sei que ele está de olho em você.
- Veja o lado bom, Sansão. Essa pelo menos não irá lhe custar “os olhos da cara”.
E essa eu deixo pra rir somente quem entendeu... Boa noite, e até a próxima. Tim-Tim.
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Mensagem por Agente Dias Sex Set 25, 2009 12:01 am

Conto – Admiração da Imaginação.

(Agente Dias)

“As rosas, quando geram no solo suas raízes, creio que seja o momento que faça a terra ser romântica e, mesmo que ela seja arrancada, aquele encantamento não some, pois fica no ar e alimenta novamente o solo na chuva.“

Por acaso pensei nisso quando estava na calçada da sua casa te esperando, enquanto olhava as rosas em seu jardim. Nem senti o tempo passar, mas não iria fazer diferença, pois estava sem relógio. Eu sabia que quanto te via, o tempo parava pra também te olhar. Então não era preciso.

Você abre a porta depois de não sei quanto tempo mas, pela regra feminina, vou deixar doze horas, no mínimo. Mas pra que pensar em regras? Se quando você aparece não existe regra pra nada? Sei lá... Você me deixa meio sem noção das coisas.

Você estava de vermelho; com um vestido vermelho pra ser mais exato. Estava linda. Eu te chamei e troquei o seu nome - olha a besteira que fiz! Mulheres odeiam isso! Eu havia te chamado de Rosa, sendo que se chamava Lorrany. Daí, entendi o porquê de eu ter sido romântico antes: você estava em contato com o solo. Você na verdade, nem me ouviu; mas se ouviu, não deu atenção. Mas também, quem dá atenção a um estranho? É, um estranho... Você não me conhecia. Mas eu te conheci. Não como queria, mas te conhecia. As dúvidas sobre você sempre viam à noite... Dúvidas normais, sabe? Sorte minha que Deus deixou uma anjinha para saná-las.

Eu sabia que você sairia por aquela porta, e não era pra me ver. Mas não sabia pra onde iria... Eu poderia ter sabido, mas preferi não. Não antes de você aceitar que eu pudesse exclusivamente ler o diário do seu dia-a-dia.

Mas sabe o que me deixou mais encantado? Era tarde, o sol ainda estava de pé e quando te olho ao passar por mim, vejo sua pele e me lembro da noite. Não aquela noite sombria e fria que a dor conhece, mas aquela noite de estrelas carregadas de esperança por um dia melhor e vigiada por uma lua ciumenta. Na verdade acho que a noite sempre é fria e sombria, só pensei mesmo nas outras coisas quando te olhei.

Você foi embora. Caminhando com uma pessoa de aparência masculina de quase 3 metros de altura. Aquilo me faz perder o chão. Fico pensando comigo: como poderia um sentimento doce ficar amargo e azedo por segundos? Mas logo percebo que eu estava deixando a alma antagonista estragar a cena da história montada pelo o meu coração. Mas, por sorte, o meu espírito protagonista entrou em ação e me faz ver asas enormes nas costas daquele ser de 3 metros de altura. Dei um leve riso sem graça e olho pro céu, perguntando a Deus se Ele podia esquecer o cruel adjetivo que eu havia escolhido pra que anjo. Foi a minha vez de ir embora. Fui feliz em saber que alguém te guardava do frio, da dor, da fome, da sede. Só torcia pra aquele anjo não ser ciumento como o Deus dele é.
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Mensagem por Agente Dias Sex Set 25, 2009 1:26 am

Fanfic – O Justiceiro, em: Bode Expiatório.

(Agente Dias)

Diário de Guerra do Justiceiro: Bar Saideira, Manhattan.

É onde eu estou agora! Apenas à paisana. Observando três homens que estão no balcão ao meu lado mais à frente.

Dois dos três homens, são : Jacob e Caleb. Eles são primos e são árabes. Dois criminosos de terceira, apenas cegos por dinheiro.


*O Justiceiro, permanece na dele, apenas ouvindo e tomando um suco de maracujá sem açúcar.*

Os dois asiáticos são fora da lei, mexem com roubo de veículos.

O homem que está tomando um gole de cerva com eles é o Mickey Fondozzi. Eu o conheci quando ele era ex-soldado da família Carbone. Ele me ajudou a me infiltrar, me apresentando como seu primo e assim fiquei como Johnny Tower.


*Os três homens dão risadas, sem tirar nem um minuto o copo de cerveja da boca. O Justiceiro começa a comer um misto quente acompanhado ao suco.*

Depois daquele dia, Mickey se tornou meu informante. Ele não mexe mais com o crime, mas ele está antenado de um modo que me seja útil.

Mickey tem um desmanche de carros...


*Os três homens pagam o que consumem e saem do bar. O vigilante espera um tempo certo e deixa uma quantia em dinheiro sobre a mesa e também sai do bar.*

Mickey estava sumido, preciso do trabalhado dele para descobrir mais sobre um grupo de traficantes que estão hospedados em Miami. Sei que ele fará um bom trabalho.

Jacob e Caleb gostam de trabalhar com pessoas do tipo de Mickey e Mickey adora trabalhar com pessoas do tipo deles. Idiotas que são cegos por qualquer quantia acima de cem dólares.

Então apenas juntei o útil ao agradável, para encontrar o Mickey.


*Eles seguem para um beco próximo ao estabelecimento que estavam. Logo os três param perto de um carro e começam a conversar novamente.*

- Então ta fechado, Caleb?
- Claro, Fondozzi! Te entregamos amanhã mesmo e você apenas faz a sua parte.
Mickey feliz bate a mão direita no ombro esquerdo do Caleb: -Ótimo, vamos passar em um lugar esperto pra comemorar? Tem lindas garo-

[onomatopéia] SWAT!!!

*Uma lâmina surge saindo das sombras do beco. O titânio forjado em uma faca de arremesso corta o ar para acertar o pescoço de Caleb. O sujeito leva as mãos no pescoço perfurado pela lâmina e cai escorando o corpo no carro ao lado, sangrando muito. Mickey fica assustado junto com Jacob.*

O tempo deles acabou!

*Os dois assustados olham pra direção de onde veio à faca e podem observar a caveira branca resplandecer na escuridão. Jacob dá um grito de susto e leva a mão para trás da cintura, mas a Lenda Urbana percebe que ele irá sacar uma arma, então, não pensa duas vezes sacando mais rápido o seu resolver, Colt Python e fazendo assim quarto disparos.*

[onomatopéia] BAM! BAM! BAM! BAM!

A munição é de ponta oca; assim causando um dano maior do que uma munição comum. Bem maior...

*Os calibres .357 magnum ponta oca, acertam o corpo de Jacob fazendo quatro rombos mortais no criminoso que vai se tremendo e gritando a cada disparo acertado. Um dos disparos que acerta seu ombro e faz o braço ficar pendurado apenas por uma fina listra do músculo.*

Mickey fala meio agachado e assustado: EI!!!! Se ta maluco, cara?

*O vigilante sai da escuridão segurando o resolver com o punho esquerdo. Mickey observar à fumaça saindo do cano da arma e assim fica em postura resta olhando pros corpos e logo após pro Justiceiro.*

- Eles não se comportaram bem esse ano.
- Não se comportaram? Virou Papai Noel?
Precisa sempre chegando de um jeito marcante?

O bom velinho entrega felicidade, eu entre a morte.

- Onde você estava Mickey? Te procurei por toda a cidade.
Correndo de mim?
- É-É.. N-Não! Estava no casamento da minha prima na Califórnia. Só voltei pra tratar de negócios
- Eu sei! Esse foi um dos jeitos que fiz pra te achar.

*Mickey olha pros corpos, desconfiado e diz surpreso.*

- Lógico! Os caras estavam na gaveta há muito tempo.
“J” isso não vale!!!
- Desde quanto pra fazer justiça eu faço o que é valido?
- Tá... Mas aconteceu alguma coisa?

Nesta guerra algumas regras têm que ser quebradas...

- Mais ou menos!
Você esse ano se comportou muito bem, foi um bom menino, Mickey.

*O vigilante guarda seu revólver no coldre, olhando sempre nos olhos de Mickey e o mesmo também o observa, mas com respeito e medo. Mickey solta um leve riso quando o que o vigilante havia dito, mas logo tira o sorriso do rosto.*

- Vim te dar um presente.
- Presente? Faltam ainda algumas semanas pro Natal.
Mas cara to começando a gostar disso.

*Mickey volta a abrir um leve sorriso. O vigilante leva a mão dentro do casaco de couro e tira um envelope e o entrega. Mickey pega o envelope sem questionar. Assim o vigilante vira as costas e vai se afastando.*

- Ei, Frank!
- Boas festas, Mickey!
- Hum...

*Uma desconfiança surge na mente de Mickey, mas logo imagina que dentro do envelope haveria dinheiro e abre o envelope.*

Mickey, pensa: - Esse cara me dá cala frios...
Filha da pu---!!!

*O recado dizia:*

Você amanhã irá para Miami. Quero saber tudo sobre os traficantes que estão hospedados lá. Quero saber o que eles tem aqui em Nova Iorque e pelo mundo. O dossiê de cada um está no envelope. Você sabe como me deixe informado.

Assinado: Coelhinho da Páscoa.


*Uma raiva surge em Mickey e ele amassa o papel jogando no chão e grita.*

- AAAAAHHHH!!! Seu...
- Alguns endereços estão atrás do bilhete, acho melhor não perdê-lo. E não se preocupe, suas despesas estão pagas.
Não vai se tornar um mau menino, né?

*O Justiceiro não podia mais ser visto. Ele usava uma técnica ninja, fazendo a voz sair de outra direção e Mickey toma um forte susto. Já pegando o papel no chão e tentando desamassá-lo.*

- Ok! Ok!
Aliás, eu precisava mesmo de umas férias.

*Logo o silêncio fica bem claro no local. Mickey então caminha pra outro lugar.*


Última edição por Agente Dias em Sex Out 23, 2009 1:43 am, editado 3 vez(es)
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Mensagem por Agente Dias Sex Set 25, 2009 1:39 am

OBS: Se não for pedir muito... quando os textos forem corrigidos tem como mandá-lo pra mim por mp, por favor? Embarassed
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Mensagem por Agente Dias Seg Set 28, 2009 11:53 pm

Entrevista - Rai

Devo começar essa matéria dizendo que você leitor é quem ganha presente nessa edição festiva. Essa é minha primeira entrevista pros arquivos do Farrazine e estou muito feliz! Aproveito e transformo essa entrevista num presente pra vocês leitores.

Essa minha felicidade é dupla, pois o entrevistado fez parte da minha iniciativa como roteirista de HQ... O Rai (Raimundo Guimarães de Cerqueira Júnior), meu ex-professor de roteiro de HQ pelo SENAC e hoje estar entrevistando ele é uma honra. O cara tem uma bagagem show de bola por esse caminho quadrinístico, tá duvidando? Confere ai na entrevista, então:

1º: Olá, Rai! Quero lhe agradecer pelo tempo que está reservando ao Farrazine. A equipe fica muito feliz! Podemos começar com você contando um pouco sobre a sua carreira?

É um prazer estar participando e falando um pouco do meu trabalho. Agradeço a oportunidade. Eu desenho desde criança. Lia muito turma da mônica e depois mais velho tive contato com outros tipos de quadrinhos, de Asterix ao homem aranha. Li muito super-heróis nos anos 80. Publiquei minha primeira história em quadrinhos na extinta revista Porrada em 1990. Uma história de Ficção científica chamada "Recordações do Futuro" com roteiro meu e arte do Alexandre Jubran. Depois no mesmo ano publiquei uma história de humor com roteiro e artes de minha autoria chamada " Animais pré-histéricos", essa saiu numa revista chamada astrounauta. De 1994 à 1997 escrevi roteiros para Zé Carioca, Margarida, Tv. Colosso. No ano 2000 fiz alguns roteiros para o Estúdio do Maurício de Souza. Em 2001 lancei pela Escala uma revista do meu personagem Galo Costa. De 2003 até 2007, fiz roteiros e desenhos para editora globo. Roteiros e desenhos para Menino Maluquinho, Sítio do Picapau amarelo, Cocoricó, Simão e Batolomeu.

2º: Desenhar ou roteirizar... O que é você mais gosta de fazer? Pra você existe um mais fácil que o outro?

Eu gosto de fazer as duas coisas com a mesma intensidade. Mas como eu trabalhei em grandes editoras, onde tudo funciona de maneira repartida, eu era mais acionado para fazer roteiros. Até porque a carência de roteiros sempre foi muito maior. Roteirizar é mais complicado porque existe um desgaste mental muito grande no processo. Não que o desenho seja fácil, mas você pode desenhar ouvindo música, ou ouvindo o notíciário e a produção só depende das horas que você despende para desenhar e da sua rapidez. Mas com o roteiro é diferente. você pode ficar o dia todo quebrando a cabeça e não ter nenhuma idéia aproveitável. É desgantante, principalmente se você precisa produzir bastante.


3º: Você já trabalhou pela editora Abril e Globo como roteirista, certo? Em todos os quadrinhos eram pro público infantil. Apesar do mesmo público, o ambiente de trabalho nas duas também era igual? Tem como descrever pra gente?

São Momentos diferentes na minha vida. Na Editora Abril eu estava começando. tinha 22 anos, Vinha de uma experiência ruim no mundo dos desenhos animados e tudo pra mim era novidade. Fui muito bem recebido na editora Abril pelo Primaggio Mantovi, que era o editor chefe na época e meu amigo até hoje. O Ambiente éra muito acolhedor, conheci pessoas talentosas e amigas. Eu sempre trabalhei em casa, mas como não tinha internet na época (pelo menos eu) eu ia muitas vezes à editora e era muito bom. Enriquecia o trabalho e motivava. Fora que os personagens eram muito bons de se trabalhar, pagavasse relativamente bem, etc. Na editora Globo eu tive dois momentos: O primeiro com o Maurício de Souza. Fui muito bem recebido pela equipe e entrei com um numero muito bom de aprovações. Mas depois as aprovações ficaram mais raras e eu que precisava de dinheiro e tinha uma outra profissão de Webdesigner, pulei fora. Anos mais tarde com a entrada do Ziraldo, resolvi fazer um teste e fui aprovado. Foi uma época muito boa trabalhando com gente competente e que tinha respeito pelo nosso trabalho. As histórias vinham creditadas e era bastante trabalho, sem muitas frescuras para aprovação. Escrevi um montão de roteiros e desenhei algumas histórias da turma do Maluquinho. Eu particularmente gosto mais dos personagens do Ziraldo do que da turma da Monica e acho que isso ajudou. depois, trabalhar como o sítio do Picapau amarelo legal também. A Cecília, Luciene, Arlete e Adriana, principais responsáveis pelas edições, além das outras mulheres da equipe, são muito cuidadosas e profissionais e era muito bom trabalhar com elas. Bom, eu sempre preferi trabalhar com mulheres do que com homens.

4º: Ainda com o assunto no seu antigo trabalho vamos falar daquele papagaio caloteiro que todos conhecem, o Zé Carioca. Como era roteirizar esse carioquinha da gema? A Disney te dava algum limite? Você precisou estudar os cariocas pra fazer os roteiros?

Era muito bom. O personagem é maravihoso. O Primaggio dava bastante liberdade pra criar, mas a editora impunha algumas limitações que foram estragando um pouco.
Primeiro trocaram a roupa típica dele e colocaram um boné, uma camiseta com um z e tênis, etc. Na minha opinião uma tremenda babaquice. Deveriam ter mantido a roupa dele original. Bem perto de detonarem o estúdio eles vieram com a idéia de que o Zé deveria ser meio ecológico, defender a natureza, ensinar a jogar lixo na lixeira etc. Mas essa idéia não vingou muito. Eu nunca estudei nada da vida dos Cariocas, o meu zé falava Orra meu! como os paulistas. Nunca me preocupei com isso. O pessoal da redação que fizesse a adequação.


5º: Não só o Zé Carioca passou pela sua criatividade como também as criações de Ziraldo (Menino Maluquinho) e Mauricio de Souza (Turma da Mônica). Sabendo disso logo imaginamos que era uma responsabilidade enorme, né? Poxa, são obras de dois mitos do quadrinho nacional. Conta pra gente como era trabalhar com a obra deles.

Responsabilidade é fazer bem feito respeitando a linha editorial, cumprindo prazos e tudo mais. Se fizer isso é aprovado e recebe, senão não recebe. Eu nunca pensei nessa idéia de que eram meus ídolos, etc. Até porque nunca foram de verdade. Eu comecei a gostar mais do Ziraldo depois que comecei a escrever e ouvir algumas entrevistas dele, li seus livros depois de adulto e fiquei muito fã dele. O Maurício foi o processo inverso, fui perdendo o interesse à medida que fui conhecendo. Ainda gosto da turma da Monica e tenho respeito pelo profissional, mas não o tenho como ídolo ou coisa assim. O Zé Carioca a mesma coisa. Eu nunca tinha lido nenhuma história dele até que me propuseram fazer um teste na Ed. Abril.

6º: Os personagens Galo Costa e o Gato Dumas são suas criações. Pode apresentá-los pra gente? E onde o leitor pode encontrá-los?

O Galo eu criei na época que desenhava o Zé Carioca. Estava muito influenciado por pássaros. É um detetive pobretão que resolve casos que ninguém normal aceitaria. Apesar do estilo do desenho é um personagem mais voltado para o público adulto. O Dumas é um personagem baseado num gato que eu tinha. Ele é meio maluco e vive "viajando". Acha que é gente e gosta de inventar moda. Publiquei as tiras dele num jornal de bairro da zona Oeste.

O galo tem um site: www.galocosta.com.br

O Dumas, vou recolocar as tiras na internet em breve.


7º: Novamente você escrevendo pro público jovem e mexendo com o humor. Esse é o seu público e gênero favorito? Já escreveu sobre outros assuntos ou pretende?

Minha idéia inicial era fazer histórias de terror. ficção científica e humor negro. Porque na época tinham algumas revistas que publicavam esse tipo de material. Mas aí veio o Collor, que ganhou do Lula e Ferrou todo mundo. Eu precisava trabalhar e só tinha quadrinhos infantis. Foi a saida pra trabalhar com quadrinhos aqui no Brasil. Mas, como o Carl Barks também fazia , minha histórias foram escritas pensando em adultos. Principalmente as do Zé Carioca. Eu sempre usei temáticas mais adultas feitas de maneira mais leve e simplificada, não tinha nenhuma preocupação com escrever pra crianças. simplesmente escrevia o que vinha na telha. É claro, com bom senso e um mínimo de adequação com o público.

8º: O que tem feito atualmente?

Sou professor do Senac de desenho, quadrinhos, Caricatura e Cartoom, tenho um curso de roteiro no Senac que ministro à distância e apesar de não ter tido o crédito, eu criei o curso e as ilustrações também. Faço caricaturas em festas e eventos pra tirar um dinheirinho extra, criei um site do meu personagem Galo Costa e estou envolvido em alguns projetos pessoais de quadrinhos, eventualmente ainda faço alguns roteiros para a editora globo. Os Ultimos foram dois roteiros sobre o Corinthians (Timão!!!) pra turma do Ziraldo e 1 do Flamengo.

9º: Temos aqui uma curiosidade: Dizem que um dos motivos para a Mônica ter saído da Abril é que havia um "acordo" pra que as revistas Disney fossem sempre os quadrinhos de maior circulação no Brasil... Só depois que a Mônica foi pra Globo é que o Maurício de Souza conseguiu ser o maior vendedor de quadrinhos do Brasil. Você presenciou esse fechamento ou sabe alguma coisa sobre isso?

Não sei. Parece mito baseado em verdades distorcidas. Mas uma coisa é certa: Nesses meios de decissão a podridão é nauseabunda.

10º: Sabe dizer pra gente que fim teve os personagens Horácio e Clarabela, da Wall Disney?

Não tenho idéia. Mas eram tão inespressíveis que nem fazem falta.

11º: Agora tocando naquele assunto que já se tornou lei. O que você acha da atual situação dos quadrinhos brasileiros? Tem chance de algum dia a gente ser reconhecido como somos no futebol?

Veja bem como os brasileiros tratam o futebol: Perdem os craques pra times estrangeiros porque lá eles são melhor reconhecidos e ganham mais.

Os brasileiros não reconhecem os craques da história e alguns depois que ficaram velhos morreram na pobreza (Os craques e os brasileiros também).

Os campos onde acontecem os jogos aqui no Brasil são lastimáveis, as condições de trabalho são péssimas e exploram o sonho de alguns jovens em troca de dinheiro. Alguns (poucos) jogadores ganham bem e os clubes ganham mais e não fazem nada de útil (para o futebol) com o dinheiro. As mulheres sao discriminadas. O torcedor é desrespeitado em todos os sentidos.

A qualidade dos jogos é patética, os craques voltam quando estão Gordos e velhos, quando os clubes de fora não querem mais. e mesmo assim são considerados os melhores do Brasil (Ronaldo, Adriano). E ainda por cima temos que aguentar o Galvão narrando os jogos.

Agora se o futebol, que é a paixão nacional, é reconhecido dessa forma, imagina os quadrinhos!


12º: O personagem Bob Esponja já tem uns 10 anos e acham que dificilmente irá se repetir um personagem que consiga agradar adultos e crianças de todas as faixas etárias. Parece que as empresas de marketing e de pesquisa estão produzindo "desenhos" pra cada faixa etária em separado. Crianças de quatro e de sete anos assistem desenhos diferentes. Será que não teremos mais referências culturais em comum? Sei que o assunto foge um pouco da HQ, mas já que mexe com o público infantil gostaríamos de saber se concorda com isso.

Cada vez mais as "coisas pra crianças" tem a supersivão de pisicólogos e pedagogos.
Pega mal colocar o bichinho do desenho fumando, como se fazia com o Tom e Jerry. Algumas coisas, eu como pai, acho necessárias e outras exageradas. Mas é uma tendência de fato. Não tenho como prever porque essas coisa mudam muito, junto com a sociedade e as relações humanas. Mas se esse tipo de coisa for deixar o mundo melhor, mais justo, sem guerras e explorações, que façam todas as mudanças que os desenhos necessitem. Mas, sinceramente, analisando de forma simplista, acho que há boas intenções e hipocrisias de braços dados.

Abração à todos do Farrazine e um especial abraço pro meu amigo e talentoso ex-aluno Brenno Dias.


Obrigado, professor! Com certeza hoje o Farrazine cresce um pouco mais com essa sua atenção. Bastante sucesso e que Deus abênçoe o senhor e a sua família.
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Mensagem por Agente Dias Seg Set 28, 2009 11:54 pm

Agente Dias escreveu:Entrevista - Rai

Devo começar essa matéria dizendo que você leitor é quem ganha presente nessa edição festiva. Essa é minha primeira entrevista pros arquivos do Farrazine e estou muito feliz! Aproveito e transformo essa entrevista num presente pra vocês leitores.

Essa minha felicidade é dupla, pois o entrevistado fez parte da minha iniciativa como roteirista de HQ... O Rai (Raimundo Guimarães de Cerqueira Júnior), meu ex-professor de roteiro de HQ pelo SENAC e hoje estar entrevistando ele é uma honra. O cara tem uma bagagem show de bola por esse caminho quadrinístico, tá duvidando? Confere ai na entrevista, então:

1º: Olá, Rai! Quero lhe agradecer pelo tempo que está reservando ao Farrazine. A equipe fica muito feliz! Podemos começar com você contando um pouco sobre a sua carreira?

É um prazer estar participando e falando um pouco do meu trabalho. Agradeço a oportunidade. Eu desenho desde criança. Lia muito turma da mônica e depois mais velho tive contato com outros tipos de quadrinhos, de Asterix ao homem aranha. Li muito super-heróis nos anos 80. Publiquei minha primeira história em quadrinhos na extinta revista Porrada em 1990. Uma história de Ficção científica chamada "Recordações do Futuro" com roteiro meu e arte do Alexandre Jubran. Depois no mesmo ano publiquei uma história de humor com roteiro e artes de minha autoria chamada " Animais pré-histéricos", essa saiu numa revista chamada astrounauta. De 1994 à 1997 escrevi roteiros para Zé Carioca, Margarida, Tv. Colosso. No ano 2000 fiz alguns roteiros para o Estúdio do Maurício de Souza. Em 2001 lancei pela Escala uma revista do meu personagem Galo Costa. De 2003 até 2007, fiz roteiros e desenhos para editora globo. Roteiros e desenhos para Menino Maluquinho, Sítio do Picapau amarelo, Cocoricó, Simão e Batolomeu.

2º: Desenhar ou roteirizar... O que é você mais gosta de fazer? Pra você existe um mais fácil que o outro?

Eu gosto de fazer as duas coisas com a mesma intensidade. Mas como eu trabalhei em grandes editoras, onde tudo funciona de maneira repartida, eu era mais acionado para fazer roteiros. Até porque a carência de roteiros sempre foi muito maior. Roteirizar é mais complicado porque existe um desgaste mental muito grande no processo. Não que o desenho seja fácil, mas você pode desenhar ouvindo música, ou ouvindo o notíciário e a produção só depende das horas que você despende para desenhar e da sua rapidez. Mas com o roteiro é diferente. você pode ficar o dia todo quebrando a cabeça e não ter nenhuma idéia aproveitável. É desgantante, principalmente se você precisa produzir bastante.


3º: Você já trabalhou pela editora Abril e Globo como roteirista, certo? Em todos os quadrinhos eram pro público infantil. Apesar do mesmo público, o ambiente de trabalho nas duas também era igual? Tem como descrever pra gente?

São Momentos diferentes na minha vida. Na Editora Abril eu estava começando. tinha 22 anos, Vinha de uma experiência ruim no mundo dos desenhos animados e tudo pra mim era novidade. Fui muito bem recebido na editora Abril pelo Primaggio Mantovi, que era o editor chefe na época e meu amigo até hoje. O Ambiente éra muito acolhedor, conheci pessoas talentosas e amigas. Eu sempre trabalhei em casa, mas como não tinha internet na época (pelo menos eu) eu ia muitas vezes à editora e era muito bom. Enriquecia o trabalho e motivava. Fora que os personagens eram muito bons de se trabalhar, pagavasse relativamente bem, etc. Na editora Globo eu tive dois momentos: O primeiro com o Maurício de Souza. Fui muito bem recebido pela equipe e entrei com um numero muito bom de aprovações. Mas depois as aprovações ficaram mais raras e eu que precisava de dinheiro e tinha uma outra profissão de Webdesigner, pulei fora. Anos mais tarde com a entrada do Ziraldo, resolvi fazer um teste e fui aprovado. Foi uma época muito boa trabalhando com gente competente e que tinha respeito pelo nosso trabalho. As histórias vinham creditadas e era bastante trabalho, sem muitas frescuras para aprovação. Escrevi um montão de roteiros e desenhei algumas histórias da turma do Maluquinho. Eu particularmente gosto mais dos personagens do Ziraldo do que da turma da Monica e acho que isso ajudou. depois, trabalhar como o sítio do Picapau amarelo legal também. A Cecília, Luciene, Arlete e Adriana, principais responsáveis pelas edições, além das outras mulheres da equipe, são muito cuidadosas e profissionais e era muito bom trabalhar com elas. Bom, eu sempre preferi trabalhar com mulheres do que com homens.

4º: Ainda com o assunto no seu antigo trabalho vamos falar daquele papagaio caloteiro que todos conhecem, o Zé Carioca. Como era roteirizar esse carioquinha da gema? A Disney te dava algum limite? Você precisou estudar os cariocas pra fazer os roteiros?

Era muito bom. O personagem é maravihoso. O Primaggio dava bastante liberdade pra criar, mas a editora impunha algumas limitações que foram estragando um pouco.
Primeiro trocaram a roupa típica dele e colocaram um boné, uma camiseta com um z e tênis, etc. Na minha opinião uma tremenda babaquice. Deveriam ter mantido a roupa dele original. Bem perto de detonarem o estúdio eles vieram com a idéia de que o Zé deveria ser meio ecológico, defender a natureza, ensinar a jogar lixo na lixeira etc. Mas essa idéia não vingou muito. Eu nunca estudei nada da vida dos Cariocas, o meu zé falava Orra meu! como os paulistas. Nunca me preocupei com isso. O pessoal da redação que fizesse a adequação.


5º: Não só o Zé Carioca passou pela sua criatividade como também as criações de Ziraldo (Menino Maluquinho) e Mauricio de Souza (Turma da Mônica). Sabendo disso logo imaginamos que era uma responsabilidade enorme, né? Poxa, são obras de dois mitos do quadrinho nacional. Conta pra gente como era trabalhar com a obra deles.

Responsabilidade é fazer bem feito respeitando a linha editorial, cumprindo prazos e tudo mais. Se fizer isso é aprovado e recebe, senão não recebe. Eu nunca pensei nessa idéia de que eram meus ídolos, etc. Até porque nunca foram de verdade. Eu comecei a gostar mais do Ziraldo depois que comecei a escrever e ouvir algumas entrevistas dele, li seus livros depois de adulto e fiquei muito fã dele. O Maurício foi o processo inverso, fui perdendo o interesse à medida que fui conhecendo. Ainda gosto da turma da Monica e tenho respeito pelo profissional, mas não o tenho como ídolo ou coisa assim. O Zé Carioca a mesma coisa. Eu nunca tinha lido nenhuma história dele até que me propuseram fazer um teste na Ed. Abril.

6º: Os personagens Galo Costa e o Gato Dumas são suas criações. Pode apresentá-los pra gente? E onde o leitor pode encontrá-los?

O Galo eu criei na época que desenhava o Zé Carioca. Estava muito influenciado por pássaros. É um detetive pobretão que resolve casos que ninguém normal aceitaria. Apesar do estilo do desenho é um personagem mais voltado para o público adulto. O Dumas é um personagem baseado num gato que eu tinha. Ele é meio maluco e vive "viajando". Acha que é gente e gosta de inventar moda. Publiquei as tiras dele num jornal de bairro da zona Oeste.

O galo tem um site: www.galocosta.com.br

O Dumas, vou recolocar as tiras na internet em breve.


7º: Novamente você escrevendo pro público jovem e mexendo com o humor. Esse é o seu público e gênero favorito? Já escreveu sobre outros assuntos ou pretende?

Minha idéia inicial era fazer histórias de terror. ficção científica e humor negro. Porque na época tinham algumas revistas que publicavam esse tipo de material. Mas aí veio o Collor, que ganhou do Lula e Ferrou todo mundo. Eu precisava trabalhar e só tinha quadrinhos infantis. Foi a saida pra trabalhar com quadrinhos aqui no Brasil. Mas, como o Carl Barks também fazia , minha histórias foram escritas pensando em adultos. Principalmente as do Zé Carioca. Eu sempre usei temáticas mais adultas feitas de maneira mais leve e simplificada, não tinha nenhuma preocupação com escrever pra crianças. simplesmente escrevia o que vinha na telha. É claro, com bom senso e um mínimo de adequação com o público.

8º: O que tem feito atualmente?

Sou professor do Senac de desenho, quadrinhos, Caricatura e Cartoom, tenho um curso de roteiro no Senac que ministro à distância e apesar de não ter tido o crédito, eu criei o curso e as ilustrações também. Faço caricaturas em festas e eventos pra tirar um dinheirinho extra, criei um site do meu personagem Galo Costa e estou envolvido em alguns projetos pessoais de quadrinhos, eventualmente ainda faço alguns roteiros para a editora globo. Os Ultimos foram dois roteiros sobre o Corinthians (Timão!!!) pra turma do Ziraldo e 1 do Flamengo.

9º: Temos aqui uma curiosidade: Dizem que um dos motivos para a Mônica ter saído da Abril é que havia um "acordo" pra que as revistas Disney fossem sempre os quadrinhos de maior circulação no Brasil... Só depois que a Mônica foi pra Globo é que o Maurício de Souza conseguiu ser o maior vendedor de quadrinhos do Brasil. Você presenciou esse fechamento ou sabe alguma coisa sobre isso?

Não sei. Parece mito baseado em verdades distorcidas. Mas uma coisa é certa: Nesses meios de decissão a podridão é nauseabunda.

10º: Sabe dizer pra gente que fim teve os personagens Horácio e Clarabela, da Wall Disney?

Não tenho idéia. Mas eram tão inespressíveis que nem fazem falta.

11º: Agora tocando naquele assunto que já se tornou lei. O que você acha da atual situação dos quadrinhos brasileiros? Tem chance de algum dia a gente ser reconhecido como somos no futebol?

Veja bem como os brasileiros tratam o futebol: Perdem os craques pra times estrangeiros porque lá eles são melhor reconhecidos e ganham mais.

Os brasileiros não reconhecem os craques da história e alguns depois que ficaram velhos morreram na pobreza (Os craques e os brasileiros também).

Os campos onde acontecem os jogos aqui no Brasil são lastimáveis, as condições de trabalho são péssimas e exploram o sonho de alguns jovens em troca de dinheiro. Alguns (poucos) jogadores ganham bem e os clubes ganham mais e não fazem nada de útil (para o futebol) com o dinheiro. As mulheres sao discriminadas. O torcedor é desrespeitado em todos os sentidos.

A qualidade dos jogos é patética, os craques voltam quando estão Gordos e velhos, quando os clubes de fora não querem mais. e mesmo assim são considerados os melhores do Brasil (Ronaldo, Adriano). E ainda por cima temos que aguentar o Galvão narrando os jogos.

Agora se o futebol, que é a paixão nacional, é reconhecido dessa forma, imagina os quadrinhos!


12º: O personagem Bob Esponja já tem uns 10 anos e acham que dificilmente irá se repetir um personagem que consiga agradar adultos e crianças de todas as faixas etárias. Parece que as empresas de marketing e de pesquisa estão produzindo "desenhos" pra cada faixa etária em separado. Crianças de quatro e de sete anos assistem desenhos diferentes. Será que não teremos mais referências culturais em comum? Sei que o assunto foge um pouco da HQ, mas já que mexe com o público infantil gostaríamos de saber se concorda com isso.

Cada vez mais as "coisas pra crianças" tem a supersivão de pisicólogos e pedagogos.
Pega mal colocar o bichinho do desenho fumando, como se fazia com o Tom e Jerry. Algumas coisas, eu como pai, acho necessárias e outras exageradas. Mas é uma tendência de fato. Não tenho como prever porque essas coisa mudam muito, junto com a sociedade e as relações humanas. Mas se esse tipo de coisa for deixar o mundo melhor, mais justo, sem guerras e explorações, que façam todas as mudanças que os desenhos necessitem. Mas, sinceramente, analisando de forma simplista, acho que há boas intenções e hipocrisias de braços dados.

Abração à todos do Farrazine e um especial abraço pro meu amigo e talentoso ex-aluno Brenno Dias.


Obrigado, professor! Com certeza hoje o Farrazine cresce um pouco mais com essa sua atenção. Bastante sucesso e que Deus abênçoe o senhor e a sua família.

Vê cê está bom... ^^
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Mensagem por Rodrigo! Ter Set 29, 2009 11:31 am

Excelente entrevista! Parabéns, Agente! Escuta, ele não mandou alguns originais para ilustrar a matéria? (rsrs... piadinha, OK?)

Parabéns de novo!
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Mensagem por Agente Dias Qua Set 30, 2009 12:06 am

Hehehehe!
Ainda bem que não entendi. Embarassed

Obrigado, Soldado!
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Mensagem por Agente Dias Qua Set 30, 2009 12:34 pm

Texto: Agente Dias
3 páginas
Atenção diagramador: creio ser conveniente colocar a capa dos livros citados.



Socorro!!! (Roteiro de HQ)
Conteúdos pra fazer a imaginação ser real.


(Agente Dias)

Ai! Você que sonha em escrever histórias em quadrinho, vê se eu estou certo: Quando você termina de ler uma HQ você pensa assim: “Caramba! Fazer um gibi deve ser divertido... Desenhar é show de bola, mas não sei desenhar nem um coração no bilhete pra namorada(o). Posso até comprar revistas e livros pra aprender a desenhar, e tal, mas nem uma luva feita pelo Stark programada pra isso me salvaria. Bem, mas eu gosto de escrever, mas escrever roteiro não é o mesmo que escrever as cartinhas pra namorada(o) ou as narrações pra mesa de RPG. E é nessa hora que eu queria que existisse as tais revistinhas e livros de auto-ajuda.” Não é assim que você pensa? Não deve pensar ao pé da letra, mas é por ai.

O autor desse guia já seguiu por esses pensamentos, até encontrar um curso que o ajudasse e é um bom recurso por sinal, mas falaremos disso depois. Mas mesmo estando num curso, você precisa de apostilas como em qualquer outro curso. Mas onde encontrar? Não se tem em qualquer canto como de desenhos. Pois é... o autor na época só achou um e salvou a vida dele. Mas não queremos que você comece com pouco recurso como ele, queremos que você já tenha idéias de quais ferramentas você pode começar. Lembrando que esse guia não vai te ajudar a criar roteiro pra HQ, vai te ajudar a seguir esse caminho de aprendizagem, ok?

Você deve estar ansioso e pronto pra procurar os manuais pela internet ou até mesmo pra ver se é verdade essa matéria, né? Então, prepare ai os sites de livrarias ou papel pra anotar, e procurar em sebos e principalmente prepare a carteira.

Livros e Revista

GUIA OFICIAL DA DC COMICS – DESENHO E ROTEIRO:
- Esse guia é o mais caro da lista de livros. Mas vale a pena esse livros! Ele que salvou o autor no curso. Livros escritos pelo roteirista Dennis O’neil e pelo desenhista Klaus Janson, ou seja, o livro é bom mesmo. O Livro de roteiro te ajuda até a montar trama pra vários formatos da HQ, como: Mini-séries, Graphic Novels, Maxiséries e Séries Contínuas.
Não se engane deixando de lado o livro de desenho, ok? Como diz o mestre Scott McCloud, um roteirista precisa ter um mínimo de noção de desenho pra ter um bom diálogo com o desenhista e assim não acabar criando enquadramentos impossíveis. Devo alertá-lo que no livro de desenho tem um assunto muito importante também pro roteirista que é mais detalhado lá do que no livro de roteiro, que é o enquadramento. Pra finalizar, apesar de útil o Box é extremamente luxuoso e com um material de primeira.

Preço: 139,00 reais
Páginas: 283 os dois livros
Editora: Opera Graphica

DESVENDANDO OS QUADRINHOS E DESENHANDO QUADRINHOS – Scott McCloud:
- Esses livros são geniais e salgados também no valor. Scott McCloud junta em seus livros um ensino que educa os dois talentos de uma HQ, que é: o roteiro e o desenho... educa tanto na pratica como na teoria da HQ. Não estranhe as várias páginas sobre prática de desenho, ou até mesmo com um dos títulos, pode ler sem medo de estar perdendo tempo. Com certeza vai te dar uma visão útil sobre esse outro lado da arte e você fará bons trabalhos. O Livro Desenhando Quadrinhos tem uma coisa muito legal que não têm no primeiro livro, que é lista de exercícios. Quero avisá-lo que se deve ler primeiro o Desvendando e depois o Desenhando, ok? Se mudar a ordem você vai ficar sem entender algumas coisas que estão no Desenhando.

Preço: Média de 60,00 reais, cada um.
Páginas: 217 (Desvendando) e 266 (Desenhando)
Editora: M. Books

ROTEIRO PARA HISTÓRIA EM QUADRINHO – Gian Danton:
- O Autor Gian Danton trata claramente em seu livro os mecanismos de criar um roteiro. Abordando bem a história da HQ e as ferramentas pra montar um roteiro, como: enquadramentos, ângulos, como montar a trama etc. O livro é bem prático e direto. Dica: Não ignore livros de poucas páginas!

Preço: Média de 40,00 reais.
Páginas: 75
Editora: Popmídia

A PALAVRA EM AÇÃO – Marcelo Marat:
- Esse livro é bem parecido com o livro do Gian Danton, mas o que falta em um se completa no outro, olhando na questão de conteúdo. Olhando pelo material esse livro sai mais em conta, pois é mais barato e tem mais páginas. Porém, são livros de poucas páginas e com conteúdo plausível. Aconselhamos ler esses dois livros seguidos. Não tem um favorito, ambos são bons.

Preço: 14,00 reais
Páginas: 99
Editora: Marca da Fantasia

QUADRINHOS E ARTE SEQUENCIAL – Will Eisner:
- Esse livro é uma aula dado pelo Will Eisner. Aqui você não só fica sabendo ainda mais a escrever uma HQ , você fica também sabendo ainda mais o que é uma HQ e isso é muito importante. Aproveita que você não pôde estar em um de seus cursos e pega esse livro.

Preço: 50,00 reais
Páginas: 158
Editora: Martins Fontes

OS SEGREDOS DOS ROTEIROS DA DISNEY:
- Você é fã da Marvel Comics? Que tal aproveitar a onda dessa nova aliança deles e já ir pescando o estilo da turma do Mickey?
Esse livro parece de cara que só abordar o lado do cinema, mas não é! Na verdade só o fato dele ter o objetivo de esclarecer o ato de criar roteiro, já serve pro que você pretende... cinema, teatro ou HQ! Então fica tranquilo. Ele aborda tudo que um escritor precisa pra sua trama: construir personagens, recriar textos e etc.
Esse livro é escrito pelo próprio roteirista da Disney, o Jason Surrel. Se prepare pra mexer bastante com a magia da criação, dividida em três ingredientes mágicos: inspiração, transpiração e clímax.

Preço: 35,90 reais
Páginas: 228
Editora: Panda Books

COMO DESENVOLVER ROTEIRO PARA MANGÁ – Alexandre Nagado:
- Esse exemplar é uma revista e focada pro mangá, como diz o título. A revista é bem básica, mas toca em alguns pontos alertando a diferença entre o Comics e o Mangá. Ela aborda a narrativa, dinâmica e personagem. Essa revista é bem antiga e não sei se ainda pode ser encontrada. Comentei dela por aqui, pois talvez pelos sebos da vida ou internet possa ser encontrada (Como aconteceu com o autor). Boa sorte!

Preço: 3,90
Páginas: 32
Editora: Canãa

MANUAL DO ROTEIRO e ROTEIRO: OS FUNDAMENTOS DO ROTEIRISMO – Syd Field:
- Esses livros têm em suas descrições uma opinião declarada a favor do cinema, mas a sua estrutura é ensinar a roteirizar e como eu disse antes: seja roteiro para o que for, o clímax de criação é o mesmo, apenas o mecanismo que muda. Tenho certeza nisso por que o "Manual" é mencionado como indicação no livro de roteiros da DC. Foi observando isso que o autor passou a olhar sem discriminação os livros de roteiro pra cinema, televisão e teatro. Mas claro que alguns não trazem informações úteis pros quadrinhos. Então cuidado! Esse livro "Fundamentos" é apenas a ampliação e a atualização do "Manual", mas é claro que seu preço é maior e isso pode pesar na escolha dos dois.

Preço: 40,90 (Manual), 55,00 (Fundamentos)
Páginas: 244 (Manual), 332 (Fundamentos)
Editora: Syd Field (Manual), Arte e Letra (Fundamentos)

COMO CRIAR PERSONAGENS INESQUECÍVEIS – Linda Seger:
- Está ai um livro que aborda: cinema, televisão, teatro e propaganda, mas que também é fundamental pra HQ. Afinal, você não cria personagem na HQ? Então, está ai uma ferramenta pra te ajudar bastante nisso.
Esse foi o primeiro livro que o autor comprou de roteiro sem ter em sua descrição uma visão pros quadrinhos. Esse livro trás um assunto que todos os outros livros de roteiro pra HQ abordam “criar personagens”. Com certeza pode te ajudar e muito.

Preço: 39,90
Páginas: 236
Editora: Bossa Nova

Cursos

Senac (SP) – Roteiro de História em Quadrinhos (a distância)
Impacto Quadrinhos (SP) – Roteiro

- Não poderíamos esquecer-nos de alertá-lo sobre alguns cursos pra essa área. São poucos sim, mas com certeza ajudam. Esses cursos são fáceis de serem encontrados pela internet com informações mais completas, trazendo preços e tudo mais... Boa aula!!!

Você nem imaginava isso tudo de livro, né? Nem a gente! São onze livros pra você se aprofundar ainda mais nesse dom de criação. Tem mais livros por ai, quem sabe não façamos a segunda parte desse guia, trazendo novidades pro universo de roteirizar... Então, comece a rezar pro editor aprovar a parte 2. hehehe.

Espero que tenhamos ajudado e boas idéias!!!


Última edição por Agente Dias em Qua Out 07, 2009 1:00 am, editado 3 vez(es)
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Mensagem por Agente Dias Qua Set 30, 2009 12:36 pm

Bem... acho que adiantei bastante todas as minhas matérias. Razz
Agora posso voltar a ficar ocupado com outras tarefas. ^^
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Mensagem por Jacaranda Qui Out 01, 2009 10:20 am

Texto: Jacarandá
1 página


Eis o conto que escrevi - ainda falta acertar umas coisinhas (nem sei quantos caracteres deu...)

O Trabalho Irrita o Homem (e os gatos também)!

Enrodilhar-se no lugar mais macio e quentinho que encontrar e ali ficar até o Juízo Final. Este é o grande objetivo da vida de um gato. E, sinceramente, é o meu objetivo também! E se duvidar, de todas as outras pessoas deste mundo.
O único motivo pelo qual as pessoas trabalham tanto é, para no futuro, não terem mais que trabalhar. Por mais que o profissional ame o seu trabalho ele, um dia, vai querer largar aquilo. Não porque acaba desgostando do que faz, de jeito nenhum. Mas há um momento em que, por mais que ame a literatura, todo escritor gostaria que seus livros se escrevessem sozinhos...
Todo atleta gostaria que seu corpo se mantivesse em forma para sempre...
Toda cozinheira gostaria que os pratos deliciosos que faz ficassem prontos sem a ajuda dela...
Todo publicitário gostaria que suas peças ficassem prontas antes do deadline...
Todo advogado gostaria de ferrar os outros sem ter que conferir pela 10985° vez o código penal...
As pessoas trabalham feito mulas para, enfim desfrutarem da paz que merecem. Mas veja só: muitos, quando se aposentam, ficam completamente caducos! Trabalharam tanto que não sabem mais como ficar sem fazer nada. Ficam procurando coisas para fazer. Vovozinhas fazem tricôs mais rápido do que qualquer máquina têxtil. Vovozinhos adoram mexer em calhas e consertar coisas que não sabem como funcionam.
E, acima de tudo, trabalhamos para poder nos gabar um dia, principalmente aos mais novos: “Eu levantava às cinco da manhã todos os dias para ir trabalhar!”; “No meu tempo não tinha internet, nós tínhamos que correr atrás da notícia na raça mesmo!”; “Windows? Frescura! Na minha época eu só programava com zeros e uns!”.
Falam para se mostrarem superiores, provarem que podem encarar qualquer coisa a hora que for preciso (ou pelo menos podiam). “Na sua idade eu criava galinhas, ordenhava vacas, fazia minha própria manteiga e entregava o briefing antes do galo cantar!”. E sentem-se ultrajados quando perguntam como foi o seu dia e você responde: “De manhã, acordei às onze horas, almocei, fiz a siesta e passei a tarde inteira jogando Nintendo”.
Chamam você de vagabundo (como se resgatar a princesa Peach não fosse trabalhoso...), de preguiçoso. Caluniam os jovens de vida boa, dizendo que jamais sentirão a satisfação do trabalho. Mas a bem da verdade é que, se o trabalho tivesse lhes trazido tanta satisfação assim, jamais teriam se aposentado e não ficariam se queixando das peripécias pelas quais passaram.
No entanto, haverá uma hora que nós também teremos que dar duro, MUITO duro! Mais do que já pensamos dar hoje em dia. Por isso escolhemos a profissão que mais amamos para, no final da vida, perceber que NÃO HÁ profissão que você ame: todo trabalho é um porre.
E até o Juízo Final, nossos gatos domésticos mimados serão os únicos que verdadeiramente alcançarão a iluminação divina. Pois eles, ao contrário de todos os outros seres vivos, sempre conseguirão atingir seu objetivo: enrodilhar-se no lugar mais macio e quentinho que encontrar e ali ficar... sem se preocupar com o despertador ou com o colesterol acumulado nas veias se você não levantar seu traseiro gordo da cama e praticar algum exercício.
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Textos Para Revisão - Número 14 Empty ERRATA: Socorro!!! (Roteiro de HQ)

Mensagem por Agente Dias Sáb Out 03, 2009 9:19 pm

Edit Kio: Já troquei na matéria postada anteriormente, pra evitar confusão. Textos Para Revisão - Número 14 Icon_smile

MANUAL DO ROTEIRO e ROTEIRO: OS FUNDAMENTOS DO ROTEIRISMO – Syd Field:
- Esses livros têm em suas descrições uma opinião declarada a favor do cinema, mas a sua estrutura é ensinar a roteirizar e como eu disse antes: seja roteiro para o que for, o clímax de criação é o mesmo, apenas o mecanismo que muda. Tenho certeza nisso por que o "Manual" é mencionado como indicação no livro de roteiros da DC. Foi observando isso que o autor passou a olhar sem discriminação os livros de roteiro pra cinema, televisão e teatro. Mas claro que alguns não trazem informações úteis pros quadrinhos. Então cuidado! Esse livro "Fundamentos" é apenas a ampliação e a atualização do "Manual", mas é claro que seu preço é maior e isso pode pesar na escolha dos dois.

Preço: 40,90 (Manual), 55,00 (Fundamentos)
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Você nem imaginava isso tudo de livro, né? Nem a gente! São onze livros pra você se aprofundar ainda mais nesse dom de criação. Tem mais livros por ai, quem sabe não façamos a segunda parte desse guia, trazendo novidades pro universo de roteirizar... Então, comece a rezar pro editor aprovar a parte 2. hehehe.

Espero que tenhamos ajudado e boas idéias!!!

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Mensagem por Agente Dias Qua Out 07, 2009 12:49 am

Nossa... arrebentou com a minha vista. cyclops
Pode apagar esse meu post de correção se quiser.

afro
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Mensagem por Kio Qua Out 07, 2009 9:08 am

REVISADO


Texto e diag.: Kio
2 páginas


MEMORIAL DO FARRAZINE

“Parece que foi ontem”.
É uma frase clichê, eu sei. Comecei esse texto dessa maneira pra dizer que... bem... não é o caso aqui, não pra mim. Neste mês de novembro, completamos dois anos publicando o FARRAZINE. Ao longo desse tempo foram 15 edições (contando com esta “em suas mãos” e o Especial de Natal – 2008).
Se você é um leitor antigo, sabe que a revista partiu da união de vários aficionados em histórias em quadrinhos e cultura nerd, que frequentam (ou frequentavam) o F.A.R.R.A. (Fórum de Agrupamento dos Revolucionários da Rapadura Açucarada).Após seis edições, a revista tornou-se independente do Fórum, mas mantemos os laços de amizade e, principalmente, a gratidão pelo berço tão acolhedor.
Passado todo esse tempo, recordo do entusiasmo do lançamento da edição nº 1, da sensação de crescimento com a primeira entrevista com um profissional renomado na área de quadrinhos, da tristeza com a saída de amigos do quadro de participantes e de tantas emoções fortes que vivenciei. Como eu disse, não parece que foi ontem, tamanha a história que esses dois anos trazem.
Esse Memorial não é apenas um registro de nossa história, é além de tudo, uma forma de agradecer àqueles que colaboraram direta ou indiretamente para que a revista existisse.
Na lista abaixo, estão relacionados os nomes desses colaboradores e a edição em que participaram pela primeira vez, sendo que os destacados em negrito formam a equipe atual. Completando a lista, estão relacionadas as HQs, os entrevistados especiais e os personagens da nossa cidade fictícia – Farratown.
Agradeço a todos que têm nos acompanhado nessa verdadeira aventura que é o FARRAZINE. Fique conosco e divirta-se.


Última edição por Kio em Qui Out 22, 2009 11:53 am, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Agente Dias Qua Out 07, 2009 11:15 am

Show!
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Textos Para Revisão - Número 14 Empty Re: Textos Para Revisão - Número 14

Mensagem por Rodrigo! Qua Out 07, 2009 11:41 am

K-io, excelente!
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Mensagem por jluismith Qui Out 08, 2009 12:53 pm

Excelente mesmo, fato Very Happy
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Mensagem por InVinoVeritas Ter Out 13, 2009 11:52 am

Star Warghs, parte III

Darth Sidious (era o nome da velhota... não é que era homem?) já estava me treinando como sith há uns três meses. Eu estava ficando muito bom no uso da Força. Podia, do meu quarto, abrir a porta da geladeira e pegar uma cerveja pra mim, o que era desencorajado. Darth Vader (era o nome do Bombeiro Negro) era caladão, ficava na dele. Respirando.

(hrrrmmm... hffmmmm...)

As lutas com sabre de luz não eram particularmente difíceis, uma vez que a espada inteira pesava a mesma coisa que o cabo. Na verdade, o que importava era a velocidade dos seus movimentos. Maaas... embora eu nunca tenha sido o epítome da boa forma, sempre pude contar com aquilo entre minhas orelhas, e dei um jeito de me equiparar a ambos – Sidious e Vader – com um estratagema simples: em vez de treinar movimentos complexos e fortes, treinei o pulso: a espada pesava quase nada, e uma finta de pulso é muito mais rápida que um golpe com o braço inteiro. Claro, os golpes dos meus opositores eram mais fortes. Mas eu era rápido o suficiente para impedi-los. A verdade é que eles tinham dificuldades em encaixar golpes, porque eu simplesmente apontava o sabre na direção deles e apertava o botão que estendia a lâmina. O sabre que eu recebi podia estender a lâmina até dois metros e vinte.

Belo dia Darth Sidious comentou que era a hora de minha prova de fé. A prova de fogo de todo Sith, explicou, era matar a pessoa por quem mais se importasse. E era hora de eu fazer isso. A patroa estava num futuro distante. Não existia, ainda. Assim toda a minha família e amigos, a galera do zine... ninguém por ali. A a pessoa de quem eu mais gostava...

Ergui a espada, prestes a desferir o golpe, mas Darth Sidious me impediu com um grito:
- Você mesmo não, idiota! Tem que ser outra pessoa!
Aí eu pulei pra cima dele com a espada. Ele era meu mestre, ué. E uma das únicas pessoas que eu conhecia ali.

Depois de alguma negociação ele resolveu desistir dessa história de matar quem eu mais amava. As coisas estavam boas. A comida não era ruim. E as lutas com os sabres me distraíam. Estava a anos-luz e séculos de casa. Precisava de alguma coisa pra fazer - por que não ser um lorde do mal?

Outras coisas estavam acontecendo fora da nave onde eu treinava. A gente via aqueles baratões brancos, clones de um sei-lá-o-quê mercenário, passando de lá pra cá e de volta pra lá, carregados de coisas. Inúmeros transportes, relacionados em listas enormes, iam para uma localidade secreta...

Eu sabia que havia alguma coisa estranha no ar, mas não sabia o quê. Simplesmente tentava me concentrar, no meio da correria, e desenvolver a Força o máximo possível. Havia uma janela no meu quarto. Eu me concentrava horas a fio em sentir aquilo que procurava. E, um dia, achei: dei um empurrão com a força e, distante da nave onde eu estava, um clarão violáceo apareceu no espaço. Eu tinha conseguido. Mal podia esperar para mostrar ao meu mestre. Tinha encontrado uma maneira completamente nova de usar a Força.

Uma semana depois ele chegou todo alvoroçado, e comentou que ia me levar até o lugar onde o projeto secreto, esse, estava sendo desenvolvido. Entramos no módulo de viagem, depois voamos até a turbina (que era mantida separada do módulo) e, depois de engatarmos, voamos até a tal localidade misteriosa. Eu tive que olhar para o outro lado na hora que Darth Sidious digitou as coordenadas. Depois de dar partida, ele falou:
- Tem mais uma coisa sobre o Lado Negro que você precisa saber.
- Sim?
- Só pode haver dois Sith.
- Ok.
Andamos em silêncio mais um pouco. Aí ele não agüentou:
- Você não vai perguntar nada?
- Tenho certeza de que o senhor tem suas razões para querer se aposentar.
- Eu não, imbecil! – rosnou ele. – Estou me referindo a você e o Vader. Um de vocês dois tem que ir embora. Já aconteceu antes, um exército Sith: o Lado Negro da força fica diluído demais. Não: um de vocês tem que ir.
- O senhor quer dizer, um de nós, não? Somos três Sith.
O resto da viagem foi silencioso.

Aí chegamos no local em que estavam construindo o que parecia ser a maior webcam do universo, uma bola de vôlei do tamanho de uma lua, com um buraco no meio. Ainda estava pela metade.
- Contemple a Estrela da Morte – disse Darth Sidious, com um sorriso sombrio.
- Parece uma Lua da Morte. Com um buracão no meio.
- Você é muito impertinente. Espere só até ver o que essa arma faz.
Quando entramos, Vader estava lá para nos receber. Darth Sidous e eu. (Ainda não havia escolhido meu nome sith. O mestre não queria deixar eu me chamar Darth Fedegoso, como eu queria, e eu não queria ser chamado Darth Ominous, como ele sugerira). Vader nos levou à ponte de comando. De lá, mostrou a tela: havia três planetas perfeitamente visíveis, não sei que tipo de acordo gravitacional eles tinham. Mas aquilo com certeza era incomum. Então Vader anunciou que iria demostrar a arma, e deu a ordem.

Fiquei bobo: em instantes luzes começaram a brilhar e uma contagem começou. Depois vi uma cena assombrosa: um feixe gigantesco de energia cruzou a tela e acertou em cheio o planeta mais próximo. A seguir houve uma explosão, e o planeta inteiro foi reduzido a destroços flutuando pelo espaço. Darth Sidious sorria.
- Viu isso, Darth Ominous? Uma arma capaz de aniquilar um planeta inteiro.
- Mestre, por favor, observe o planeta mais próximo – eu disse. E me concentrei.
A parte difícil era localizar o que eu precisava: dois átomos de hidrogênio no núcleo do planeta. O processo é semelhante a voar usando a força, ou usar a força pra localizar as chaves – coisa que eu fazia bastante. Depois de localizar os átomos, o resto foi fácil. Você entende: mover um átomo com a mente é muito mais fácil que mover uma cadeira. Basta que você saiba onde o átomo está. E mover as partículas desse átomo... pfff... brincadeira de criança. A Força tinha muito mais potencial que aqueles dois imaginavam. Bastava saber onde olhar.

Em algum lugar no núcleo daquele planeta, dois átomos de hidrogênio repentinamente se fundiram em um átomo de deutério... e o planeta já não era mais. Rompeu de dentro pra fora, espalhando asteróides. Eu sorria para meu mestre. Ele e Vader estavam quietos, olhando aquilo.
- Co... co... como?
- Usei a Força, mestre. Um dia ensino o senhor a fazer isso.
Cheguei pra perto dele, coloquei a mão em seu ombro, e comentei, olhando o espaço:
- Então... tem algum plano para o Império depois que o senhor se aposentar?

Acho que foi aí que ele começou a pensar em me mandar de volta. Duas semanas depois, eu estava de novo na máquina do tempo. Engraçado que, quando cheguei aqui, não detectei uma parcela significativa da Força. É como se tivesse desaparecido. Claro, ainda posso mover pequenos objetos. Átomos são pequenos objetos. Até pensei em montar um plano de dominação mundial, mas aí deu doença na família, depois choveu...


Última edição por InVinoVeritas em Ter Out 13, 2009 12:04 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por InVinoVeritas Ter Out 13, 2009 12:00 pm

Conto Urbano

Sílvio Andrade tinha um emprego, um carro, uma casa, uma família e uma obsessão. Há quem diga que algumas dessas coisas são incompatíveis, há quem diga que são intercambiáves. Mas a verdade é que pareciam conviver bem nele.

Em dias de semana ele voltaria de seu emprego na agência dos Correios (era carteiro), sol despencando pelo céu, beijaria a mulher e os filhos, depois iria para o pátio de sua casa, que era o seu chão: as poucas árvores no fundo, a ameaça de mato querendo romper o piso rude, de cimento bruto, e as gaiolas. Dezenas de gaiolas com seus canários, seus periquitos, seus passarinhos. Ali checaria se todos os pequenos tinham comida, água fresca, o que precisassem. Depois de checar conscenciosamente o estado de cada um de seus queridos passarinhos, sentaria em uma cadeira, com um café forte – ou uma cachacinha com limão e mel, uma especialidade da casa – e se disporia a ouvir, horas a fio, a algaravia de trinados trazida pelo entardecer.

Nos finais de semana a orquestra tocava de modo diverso: acordava tarde, nove horas, na média, tomava um café com açúcar e um pão barrado de manteiga, já de pé, no pátio, ensombrecido pelo sono mal cosido e demasiado para seu uso, e logo punha de fora a churrasqueira de latão para assar umas bobagens: um leitãozinho dormido no tempero em ocasiões especialíssimas, mas de uso apenas umas linguiças com pão, para celebrar a vida em família. Depois do almoço, era dormitar – também no pátio – ouvindo a sinfonia canora e cuidando de seus subordinados hierárquicos.

A um canário da terra, veterano de gaiola, chamava “coronel”, por ser antigo e ousado, relíquia do tempo em que ainda apreciava brigas de canários. Depois nomeou o cardeal de “capelão”, o sabiá de “Sargento Garganta”. Uma catorrita foi agraciada com o cargo de “tenente”, mas andava merecendo uma promoção. E, no brincar cotidiano de inventar postos e até números de chamada para os “soldados” – uma multidão de periquitos coloridos e tagarelas – Sílvio Andrade se perdia e se encontrava. Às vezes, com os lábios, se dispunha a imitar os trinados do batalhão, para estimulá-los a cantar. E, nesses momentos, seu rosto se iluminava.

Havia quem pensasse que Sílvio tinha miolo de passarinho. Que o andar sob o sol havia derretido uma parte de sua massa, ou que as tardes no pátio lhe haviam infundido de uma qualidade especial, carenada, que só se realizava na companhia de suas tropas. O homem era um bípede implume, afinal de contas. Sílvio bem podia ser mais “plume” que o normal.

Um dia a mulher viu-o passar para a sala, sorriso dos lábios e olhar perdido no espaço. Sentou-se, só e solene, como se houvesse cumprido a finalidade de sua existência. E ali ficou, nem sugestão de pátio. A TV desligada. Tarde caiu, noite subiu. Finalmente a mulher e os filhos atentaram para o que estava incomodando, despercebido, nas beiradas da consciência: não havia o canto dos passarinhos.

Chegando no pátio, encontraram duas dezenas de gaiolas abertas, vazias. Sílvio sorria.
A vizinhança falou em stress e em colapso nervoso; a molecada falou em ficar lelé da silva. Foi só o olho da esposa que captou uma verdade talvez mais profunda, ainda que mais ingênua: em algum ponto daquele dia fatídico, Sílvio havia enfim aprendido passarês. Dizem que é a língua da liberdade.
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Mensagem por snuckbinks Sáb Out 17, 2009 1:16 pm

Entrevista com Alzir Alvez:

1 - Li que assim como assim como muitos dos grandes artistas, você é ilustrador desde criança. Como vc considera essa fase importante na gênese de grandes talentos?

2 - O trabalho de quem você tem acompanhado e por que não dizer que te dá aquela inspiração?

3 - Por que escolheu colorir hqs, quando a maioria das pessoas corre atrás de uma vaga como desenhista?

4 - De que maneira alcançou o mercado de quadrinhos internacional?

5 - Embora existam outros países onde a indústria de quadrinhos é forte, o que ocorre que as pessoas parecem se interessar mais pelo mercado norte-americano?

6 - Tem algumas dicas pra nossos leitores que buscam uma vaga lá fora?

7 - Quais os projetos que tem participado?

8 - Li em teu blog, que você trabalha com tua esposa, como se dá esse entrosamento?

9 - Sobre Quadrinhos Nacionais, o que seria uma solução. E onde o pessoal tem errado?


::::::::::::::::::::::


Gostaria mais idéias!
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Mensagem por Murilo - MAP Sáb Out 17, 2009 5:22 pm

por pintar, pergunte alog relacionado se ainda há espaços para aqueles que pintam apenas a mao ou se é fundamental saber trabalhar com pintura digital,

talvez algo tb d como funciona o mercado para aqueles que mexem com cor, se eh tao concorrido qnt o d desenhistas, a dificuldade d arrumar trabalho, coisas do tipo,

n pensei em mais nda,
>.<
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Textos Para Revisão - Número 14 Empty Milo Manara

Mensagem por Rodrigo! Dom Out 18, 2009 12:02 am

Demorou mas saiu. Não sei quantos caracteres tem, mas como vou ser eu a diagramar, garanto que ter uma página =D

Milo Manara... Você já deve ter ouvido falar dele, esse velho italiano pervertido.

...

O cara que desenha as mulheres mais gostosas dos quadrinhos? Ah. AGORA você ligou o nome à pessoa, não?

Ele deve ter feito parte da sua infância - eu sei que fez da minha.

Há no Rio de Janeiro uma livraria excelente, a Leonardo da Vinci. Especializada em livros importados. Caríssima. Quando estava no 2º Grau, nós – os que curtiam quadrinhos na sala (e éramos poucos) – costumávamos passar lá depois da aula, para namorar a estante de quadrinhos europeus.

Nossa Mãe! Aquilo era o paraíso para um bando de adolescentes que só conheciam o ramerrão Marvel e DC. Foi lá que conheci Crepax, Bilal, Moebius, e que pela primeira vez vi Manara: era um edição grande, com uma capa dura verde berilo, trazendo O Clic em francês.

Foi amor à primeira vista.

Claro que fui muito – mas MUITO mesmo! – sacaneado por meu “interesse” naquele volume. Seguiram-se extensas insinuações sobre “o quê o Rodrigo fazia quando chegava em casa depois de uma visitinha na Da Vinci...” E não vou ser hipócrita e dizer que eles não tinham um pouco de razão...

Mas o que importa é que a semente caiu no lugar certo, e germinou. Sem segundas intenções.

Milo (diminutivo de Maurílio) Manara nasceu em 12 de setembro de 1945 em Luson (Itália). Depois de estudar arquitetura e pintura, estreou no mundo dos quadrinhos em 1969 com a obra Genius, um conto noir sensual e sombrio na linha de HQ’s como Kriminal e Satanik. Desde então tem sido publicado na Itália. Seu primeiro trabalho importante, The Ape, veio em 1976, para a Heavy Metal, revista cult do início dos anos 1980, que reconta a história de Sun Wukong, o deus-macaco da mitologia chinesa – com humor, arte sensual e uma série de críticas políticas. Acredite: eu já vi pedaços dela na HM. É LINDO! E tem pouco haver com a arte dele agora - é muito mais insana e solta. Se alguém quiser me dar de presente, estou aceitando...

Depois disso, ele fez muitos outros trabalhos, sendo os mais famosos a série Clic, que já citei, e que está no volume 4 (uau...) e Giuseppe Bergman, que não é exatamente erótico – para quem diz que ele só faz erotismo... Há também os álbuns produzidos com a colaboração de Frederico Fellini (Viagem à Tulum) e Hugo Pratt (Indian Summer e El Gaucho). Curiosamente, Manara é menos popular na Itália que na França, onde é considerado um dos quadrinistas mais importantes do mundo.

Manara não fez só quadrinhos. Fez também publicidade – onde participou de campanhas para Eminence, Assurances Generali, Fastweb e criou os dois storyboards para os comerciais do perfume Chanel no. 5 – também criou cenários e figurinos para teatro, ilustrações para posters de cinema (Intervista e Voce Della Luna, de F. Fellini), assim como um poster para o Festival de Cinema de Cannes. Seu trabalho inclusive tem sido adaptado por produtores de cinema, roteiristas e diretores: há a previsão de um longa metragem, uma peça e um balé dramático extraídos de Clic, e um filme de animação baseado em Butterscotch... São coisas que eu animadamente espero ver em breve!

E não me chame de pervertido... É apenas arte. Arte erótica, mas arte.

Uma Bibliografia Parcial – Tentei levantar o que havia sido lançado dele no Brasil, mas não consegui...

Borgia 1: Blood for the Pope (com Alejandro Jodorowsky)
Borgia 2: Power and Incest (com Alejandro Jodorowsky) E já existem mais dois volumes Smile
Indian Summer (com Hugo Pratt)
El Gaucho (com Hugo Pratt)
Sandman: Endless Nights (de Neil Gaiman. Acredite ou não, mas é Manara fazendo uma história de Sandman. Tudo bem que Morpheus nem aparece...)
Breakthrough (1990) (com Enki Bilal, Neil Gaiman, Dave McKean, etc)
Butterscotch (lançado aqui como "O Perfume do Invisível)
Butterscotch 2
Piranese: The Prison Planet
Memory
Gullivera
Click
Click 2
Click 3
Click 4
WWW
The Model
Women of Manara
Aphrodite: Book 1 (com Pierre Louys)
The Art of Manara
The Art of Spanking
Manara's Kama Sutra
Bolero (que é liiiiindo! Vou ver se imprimo e enquadro!)
Shorts
The Ape (com Silverio Pisu. O tal que eu quero...)
The Snowman
The Paper Man
The Golden Ass (A Metamorfose de Lucius)
The Adventures of Giuseppe Bergman:
The Great Adventure
To See the Stars: The Urban Adventures
Perchance to Dream: The Indian Adventures
An Author in Search of Six Characters: The African Adventures
Dies Irae: The African Adventures Book 2
The Odyssey of Giuseppe Bergman

E ainda tem mais... O cara produziu muuuuuito, e como ainda está vivo, vai produzir mais... Aguardemos...

======================
Edit: Pronto, Invino: melhorou assim?


Última edição por Rodrigo! em Seg Out 19, 2009 8:49 am, editado 1 vez(es)
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Textos Para Revisão - Número 14 Empty Re: Textos Para Revisão - Número 14

Mensagem por InVinoVeritas Dom Out 18, 2009 5:59 am

Rodrigo! escreveu:
Claro que fui muito – mas MUITO mesmo! – sacaneado por meu “interesse” naquele volume. Seguiram-se extensas insinuações sobre “o quê o Rodrigo fazia quando chegava em casa depois de uma visitinha na Da Vinci...” E não vou ser hipócrita e dizer que eles não tinham um pouco de razão...

Mas o que importa é que a semente caiu no lugar certo, e germinou.

Laughing Laughing Laughing Laughing Laughing Laughing Laughing
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Se o amigo continuar a se apresentar assim, não me admira que continue sendo sacaneado. Ou era intenção esse duplo sentido na "semente"???
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Textos Para Revisão - Número 14 Empty Re: Textos Para Revisão - Número 14

Mensagem por Rodrigo! Dom Out 18, 2009 9:21 am

¬¬'

Obrigado, InVino... A intenção NÃO era ser sacaneado. Eu quis dizer qeu por causa dessas idas à Leonardo da Vinci foi que meu interesse por quadrinhos nasceu, além da convivência com a galera que estudava comigo.

Tirando esse pequeno problema no texto, que mais você achou?
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