FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
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snuckbinks
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Mainardi
Ricardo Andrade
Kio
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FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
Iniciemos os trabalhos.
Última edição por Kio em Ter Set 22, 2009 2:32 pm, editado 1 vez(es)
Kio- Editor aposentado
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Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
"Iniciemos os trabalhos." Está certinho. O Inacreditável Revisor Fantasma não detectou nenhum erro nessa frase. Bom texto. É seu mesmo?
Ricardo Andrade- não fez nada. Já estava assim quando ele chegou
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Mainardi- Apagati CRTL+ALT+DEL
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Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
Ricardo Andrade escreveu:"Iniciemos os trabalhos." Está certinho. O Inacreditável Revisor Fantasma não detectou nenhum erro nessa frase. Bom texto. É seu mesmo?
Não comenta com ninguém:
- Spoiler:
- eu copiei de um site
Kio- Editor aposentado
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Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
OK
(Conto) - Vampirismo ou Solidão?
Parece que meus sentidos estão aguçados, mas ao mesmo tempo em conflito. Sinto o gosto salgado da frieza do mar oceânico, ouço o movimento vazio do vento dos quatro cantos, mas não te vejo ao meu lado na fotografia.
Ando nas ruas medievais e modernas ao mesmo tempo. A única coisa de diferente entre elas é a ignorância do tempo que existe em ambas. As pessoas não conhecem mais o pânico e o pavor quando passo por elas. E olha que nem sei usar a ofuscação. Nem mesmo de dia o sol quer queimar minha pele. Mas a noite... Ah, prefiro não falar.
-O que está havendo? Sem você não sou mais quem sou ou sou quem nunca fui?
Então por que não me vejo no espelho? Eu me lembro que antes você contornava meu rosto, com seus delicados dedos e eu podia ver-me no reflexo. Teu sangue feminino me fazia querer te matar, te devorar e agora me faz querer te beijar sem medo da morte aparecer.
-O que está havendo? Sem você não sou mais quem sou ou sou quem nunca fui?
Agora estou numa igreja, é numa igreja! Chegou o fim da missa e nada da sagrada ação de Deus me fazer sair desse lugar. O crucifixo, não me fazia gelar e nem correr, agora me fazia ter fé pra te reencontrar. Eu não tinha medo daquela água sagrada, mas quando a usei pra me purificar e para ter força pra te reconquistar, ela me queimou. Você é o meu pecado!
-O que está havendo? Sem você não sou mais quem sou ou sou quem nunca fui?
Acabo de beber bastante vinho. Beber vinho é uma tradição na minha família. Mas eu deveria ter bebido no meu castelo, é castelo, você me chamava de seu príncipe, lembra? Saiu daquele luxuoso restaurante, sem ter controle dos meus sentidos, sentimentos e pensamentos... Na verdade eu parecia uma caixa de papelão vazia sendo empurrado pelo vento na rua. Uma forte luz vem ao meu encontro junto com um alto som, mas eu jurava que eram seus olhos e sua voz me chamando pedindo ajuda, então fui ao seu encontro. Sempre gostei de ser o seu herói. Segundos depois senti uma dor consumindo meu corpo, tudo gira e acabo revivendo aquela cena que você dizia: To indo embora. Não te amo mais! Agora sei o que é um flashback, só a conhecia pela sétima arte. Estou no chão. Alguns perguntam se eu encontrei a morte, mas eles mal sabem que eu e a morte somos íntimos... Sabe, acabei pegando essa intimidade com ela, com as diversas vezes que você saia de casa sem avisar e demorava a voltar. Não consigo mais mover nenhuma parte do meu corpo, meu coração já não batia mesmo, agora o kit está completo. Mas posso me levantar como se eu tive apenas me recuperando da ressaca, se eu voltar a sentir o seu sangue dando prazer de pulsar ao meu gelado coração.
-O que está havendo? Sem você não sou mais quem sou ou sou quem nunca fui?
(Conto) - Vampirismo ou Solidão?
Parece que meus sentidos estão aguçados, mas ao mesmo tempo em conflito. Sinto o gosto salgado da frieza do mar oceânico, ouço o movimento vazio do vento dos quatro cantos, mas não te vejo ao meu lado na fotografia.
Ando nas ruas medievais e modernas ao mesmo tempo. A única coisa de diferente entre elas é a ignorância do tempo que existe em ambas. As pessoas não conhecem mais o pânico e o pavor quando passo por elas. E olha que nem sei usar a ofuscação. Nem mesmo de dia o sol quer queimar minha pele. Mas a noite... Ah, prefiro não falar.
-O que está havendo? Sem você não sou mais quem sou ou sou quem nunca fui?
Então por que não me vejo no espelho? Eu me lembro que antes você contornava meu rosto, com seus delicados dedos e eu podia ver-me no reflexo. Teu sangue feminino me fazia querer te matar, te devorar e agora me faz querer te beijar sem medo da morte aparecer.
-O que está havendo? Sem você não sou mais quem sou ou sou quem nunca fui?
Agora estou numa igreja, é numa igreja! Chegou o fim da missa e nada da sagrada ação de Deus me fazer sair desse lugar. O crucifixo, não me fazia gelar e nem correr, agora me fazia ter fé pra te reencontrar. Eu não tinha medo daquela água sagrada, mas quando a usei pra me purificar e para ter força pra te reconquistar, ela me queimou. Você é o meu pecado!
-O que está havendo? Sem você não sou mais quem sou ou sou quem nunca fui?
Acabo de beber bastante vinho. Beber vinho é uma tradição na minha família. Mas eu deveria ter bebido no meu castelo, é castelo, você me chamava de seu príncipe, lembra? Saiu daquele luxuoso restaurante, sem ter controle dos meus sentidos, sentimentos e pensamentos... Na verdade eu parecia uma caixa de papelão vazia sendo empurrado pelo vento na rua. Uma forte luz vem ao meu encontro junto com um alto som, mas eu jurava que eram seus olhos e sua voz me chamando pedindo ajuda, então fui ao seu encontro. Sempre gostei de ser o seu herói. Segundos depois senti uma dor consumindo meu corpo, tudo gira e acabo revivendo aquela cena que você dizia: To indo embora. Não te amo mais! Agora sei o que é um flashback, só a conhecia pela sétima arte. Estou no chão. Alguns perguntam se eu encontrei a morte, mas eles mal sabem que eu e a morte somos íntimos... Sabe, acabei pegando essa intimidade com ela, com as diversas vezes que você saia de casa sem avisar e demorava a voltar. Não consigo mais mover nenhuma parte do meu corpo, meu coração já não batia mesmo, agora o kit está completo. Mas posso me levantar como se eu tive apenas me recuperando da ressaca, se eu voltar a sentir o seu sangue dando prazer de pulsar ao meu gelado coração.
-O que está havendo? Sem você não sou mais quem sou ou sou quem nunca fui?
Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
OK
Texto: Jluismith
4 páginas
37 dias
Eu sinceramente não sei como te contar isso. Provavelmente você não vai acreditar, mas eu tenho que contar para o seu bem. Espero que você entenda. Se você não entender vai me magoar bastante, mas eu também vou compreender. Começou quando eu era criança.
O nome dela era Carla. Carlinha. Eu tinha sete anos, ela oito, mas sempre brincávamos juntos no pátio. Era naquela escola perto da minha casa, eu provavelmente já te mostrei quando passamos de carro por lá. Bem, foi com ela que eu dei meu primeiro beijo. Eu sei, é engraçado, mas eu ainda me lembro bem, foi atrás da casa da tia dela, Dona Lalá, provavelmente a senhora idosa mais chata que já pisou na face da Terra...Mas agora não é hora pra pensar na Dona Lalá.
Nós nos beijamos, beijo de criança. Selinho. Mas o primeiro beijo é sempre o primeiro beijo. Passamos a nos considerar namorados, graças às piadas do pai dela, que sempre tinha sido amigo do meu. E bem, era um namorinho, passeávamos de mãos dadas, dávamos um beijinho de vez em quando, brincávamos todo dia um na casa do outro. Isso durou um mês, até o pai dela ser transferido. Eu lembro dela chorando pra me contar, o rostinho ficando vermelho, o abraço apertado. Éramos muito colados, sempre fomos, desde ser vizinhos até colegas e depois...namorar...
Minha família ajudou a empacotar a mudança junto com os pais dela e trocamos um beijo no vidro, enquanto o pai dela se preparava pra sair com o carro. Na Serra de Petrópolis eles foram jogados pra fora da pista por uma carreta. Todos saíram com ferimentos leves, menos a Carla. Carlinha. Saiu pelo vidro e bateu com a cabeça. Nem teve tempo de chegar até o hospital. Meu primeiro velório. Minha mãe ainda tem o terninho preto que eu usei.
Depois, quando eu já tinha 14, veio a Flaviana. Colega de sala, sempre falante, bem mais alta que eu. Já tinha ficado com o Gabriel, o babaca da oitava série, mas terminou com ele pra ficar comigo. Eu diria que foi a minha primeira conquista em termos de...romance, posso dizer assim. Nos beijávamos no fundo da sala durante as aulas do Professor Sobral, aquele carequinha que meu pai te apresentou outro dia. Meus primeiros amassos. Desculpa, estou dando detalhes demais, não? É que as lembranças voltam...Mas então...Um dia nós brigamos e ela foi pra casa dos avós. Passaram-se duas semanas e eu não soube dela. Não telefonei por birra, achei que ela estava me evitando.
Na semana seguinte falaram na escola que ela tinha tido um caso súbito de hepatite. A doença atacou rapidamente o fígado e ela não resistiu. Não tive coragem de ir ao enterro. Meus pais me trocaram de colégio depois disso.
Aos 17 foi a Larissa. Colega da minha irmã mais nova, se você procurar bem no mural da Cristiana acho que ainda tem uma foto dela por lá. Sempre foi doidinha em mim, mas eu só fui reparar nela quando a Teresa me deu um fora totalmente degradante na festa de Halloween do curso de inglês. Era engraçadinha, ainda que meio chata. Mas era novinha, muito bonita e carente. Admito que me aproveitei disso pra tirar a virgindade dela.
Começamos a namorar e eu vi que não ia agüentar muito tempo a garota, afinal, além de sexo eu podia ter o que com ela? E ela ficava mais e mais grudenta à cada dia que passava. Decidi terminar e fui até a casa dela. Quando cheguei lá tinha uma ambulância na porta. O pai dela tinha bebido e matado ela e a mãe, pra depois se matar. Me lembro que foi notícia no país todo. Problemas na empresa, algo assim. E ele sempre tinha sido um alcoólatra, ela passava todo aquele tempo lá em casa exatamente pra fugir dele.
Para esquecer disso meus pais me mandaram pra Espanha, visitar meus avós. Lá conheci Sofia, que foi minha professora no curso de espanhol da embaixada. Morena, elétrica, filha de bascos. Eu ia ficar só um mês lá, mas quis mais uma semana pra poder me despedir melhor dela. Um namoro de verão, desses sem compromisso, com uma mulher mais velha, que tenta te ensinar o que você não sabe e acha graça nisso.
No dia do meu embarque ela não foi se despedir. Pelos monitores de TV do aeroporto de Madri eu vi o nome dela na lista de terroristas mortos pela polícia num atentado do ETA à Barcelona. Um pouco do meu coração ficou em Madri naquele dia.
Com 20 eu fui reencontrar Luana, uma prima de segundo grau, que eu não via desde pequeno. Nos aproximamos muito, mas basicamente como amigos. Ela não era exatamente bonita e eu não me sentia preparado pra ficar com alguém de novo.
Mas um dia acabamos nos beijando, os dois bêbados. Tentamos não deixar que isso atrapalhasse a amizade nem fazer daquilo nada de mais. Ela era jogadora de handebol, fazia parte da seleção estadual até, aquela medalha no meu armário é dela, você pode reparar. E fui num jogo de handebol que aconteceu. Ela estava marcando uma garota enorme, praticamente um tanque de guerra panzer nazista, chamada Popota, me lembro até hoje. O jogo estava 17 a 17 e a Popota recebeu a bola na ponta direita da quadra. Fez o movimento de cortar para o meio e arremessou. Luana se jogou para defender, mas não se protegeu do jeito certo e a bola bateu na cabeça. Era uma bola dura e como eu disse...Popota era um monstro.
Lu caiu inconsciente ali mesmo. No hospital descobriram que uma artéria havia se rompido no cérebro. Ela entrou em coma. Acho que nem os médicos entenderam direito o que aconteceu. O pai dela ameaçou Popota de morte, mas ela deu uma surra nele e ele viu que não adiantava culpar ninguém além do destino. Uma semana depois do acidente ela ainda estava em coma e eu, chorando, disse, sentado na beira da cama, que ela sempre seria minha namorada. 37 dias depois a atividade cerebral cessou. Ela ficaria feliz de saber que os órgãos dela foram sido doados.
Tranquei a faculdade. Meus pais me mandaram pra uma espécie de clínica/spa na Bahia. Eu sentia que de alguma forma aquilo tudo era culpa minha e não queria nunca mais ficar com ninguém. Passei a temer as mulheres, pelo mal que eu podia fazer a elas. Simplesmente havia alguma coisa em mim que causava dor às pessoas que eu amava. Mas Clarice não acreditou em mim.
Ela cantava num trio e sonhava em um dia ir pra Salvador cantar num grande bloco. Era simples, divertida, tinha toda aquela calma que se supõe que uma baiana deva ter e mais um jeito de criança, uma inocência impressionante mesmo. Insistiu tanto em mim, confiou tanto em mim, que nós ficamos, com a condição de que ela nunca considerasse aquilo um namoro. E fomos ficando. Passamos 8 meses juntos, até chegar o carnaval.
Estávamos em janeiro, mas as coisas já tinham começado a ficar movimentadas por lá. Fomos pra Salvador, onde ela tinha começado a cantar num bloco pequeno, mas que já era, pelo menos em parte, a realização de um sonho pra ela. Num dia, começo de janeiro, ela dedicou, de cima do palco, uma música pra mim, durante uma festa. “Essa é pro meu namorado, Ricardo!”. Provável que você nunca tenha ouvido a música... É aquela “sou um peixinho fora da água sem você, e não demore volte logo, bem querer”. É, você nunca ouviu.
Depois disso nós brigamos, claro. Eu tinha feito ela prometer que nunca ia dizer aquilo. Mas ela sorriu e aquele sorriso me desarmou. Eu deveria saber que não ia dar certo, mas eu acreditei que poderia. Eu sou culpado por acreditar? Provavelmente sim.
Na terça-feira de carnaval daquele ano, quando ela cantava no alto do trio, alguém lançou uma garrafa de água mineral pra que ela pegasse, afinal, todos suavam absurdamente no calor da Bahia. Ela se esticou para alcançar e o fio do microfone se enrolou nos seus pés. Ela tropeçou e caiu do alto do trio, sendo logo depois esmagada pelas rodas. Você deve ter reparado que eu choro sempre que ouço “Água Mineral” ser cantada. Espero que você entenda agora.
Depois disso eu vi que teria que me afastar, definitivamente, de qualquer mulher. Fui para o monastério da ordem Franciscana, no interior de Minas. Era uma vida simples, mas tranqüila. Eu me sentia satisfeito, finalmente podia viver em paz. Ou pelo menos eu pensava assim. Até que fomos fazer uma visita a uma comunidade carente numa cidade próxima. O lugar era triste, desolado, pobre. Lá eu conheci Lucinda, a professora da única escola do lugar. Idealista, recém-formada, estava tentando melhorar a qualidade da educação das crianças e pediu ajuda aos monges. Eu, por ser o mais novo do mosteiro, além de ser articulado e gostar de crianças, fui indicado pra ajudar a professora no que ela precisasse.
Não demorou muito para que um sentimento nascesse entre nós. Mas eu fiz questão de contar a minha história toda, para que ela visse como nada de bom poderia surgir daquela idéia. Mas ela era cabeça-dura e eu, fraco e carente após três anos sem contato com nenhuma mulher, aceitei. Abandonei a ordem e fui viver com ela. Decidimos ficar logo noivos, talvez fosse apenas o namoro a causa de tudo. 3 dias antes do casamento ela fugiu com um ex-namorado. Confesso que até certo ponto eu respirei aliviado, afinal, as coisas haviam terminado bem.
Mas não terminaram, é exatamente por isso que eu estou contando isso tudo pra você agora. Eu soube ontem que Lucinda morreu dois dias depois do dia que seria o do casamento, esmagada por um porco caído de uma sacada em Caxambu. Sim, uma senhora idosa criava porcos em seu apartamento, talvez por saudades de sua vida na fazenda. Sim, porcos. É, complicado de entender.
E quando eu soube disso eu tive que te contar. Porque quer dizer que a maldição não acabou...Eu queria te dizer que só aceitei começar esse namoro porque achei que tudo já tinha passado, mas agora...Lucinda morreu porque não me deu tempo de terminar com ela, então teoricamente ainda era minha namorada. E todas as minhas namoradas morrem 37 dias depois que começam a namorar comigo, desde a Carla até hoje...E eu não quero isso pra você...Por isso que hoje, quando nós completamos 36 dias de namoro, eu vim aqui terminar tudo. Porque eu te amo e não quero que nada de ruim aconteça com você. Se eu faço isso é pra te proteger. Você entende? Eu espero que entenda...Isso dói em mim tanto ou mais do que dói em você, porque você pode achar outro cara, mas eu sei que você era minha última chance de felicidade. Mas eu vou aprender a viver sozinho.
Não vou mais poder te ver, porque não ia conseguir suportar você levando sua vida em frente, sabendo que eu nunca vou poder fazer a mesma coisa. Mas saiba que eu te amo. Seja feliz.
“E aí? Ela acreditou?”
“Não sei bem...ela estava tão chocada que mal disse uma palavra...Só foi embora...mas pelo olhar, parecia ter pena de mim...Então deve ter funcionado, eu acho.”
“Mas você forçou a barra dessa vez, você sabe...”
“Você acha?”
“Porra, Ricardo, Popota? Popota matando a menina com bolada foi dose...E aquela do trio eu não sei como você falou sem rir.”
“No começo foi fácil, mas do meio pra frente ficou complicado inventar...O porco caindo da sacada eu sinceramente não sei de onde saiu...”
“Mas sério, precisava disso tudo? Maldição dos 37 dias, inventar gente morta...”
“Queria que eu fizesse o que? Fosse sincero e dissesse que é porque ela ronca na cama? Eu sou um cavalheiro, pô!”
“É, nisso você tem razão...Mas a Popota foi sacanagem...”
“Ok, a Popota eu admito que foi forçada...”
Texto: Jluismith
4 páginas
37 dias
Eu sinceramente não sei como te contar isso. Provavelmente você não vai acreditar, mas eu tenho que contar para o seu bem. Espero que você entenda. Se você não entender vai me magoar bastante, mas eu também vou compreender. Começou quando eu era criança.
O nome dela era Carla. Carlinha. Eu tinha sete anos, ela oito, mas sempre brincávamos juntos no pátio. Era naquela escola perto da minha casa, eu provavelmente já te mostrei quando passamos de carro por lá. Bem, foi com ela que eu dei meu primeiro beijo. Eu sei, é engraçado, mas eu ainda me lembro bem, foi atrás da casa da tia dela, Dona Lalá, provavelmente a senhora idosa mais chata que já pisou na face da Terra...Mas agora não é hora pra pensar na Dona Lalá.
Nós nos beijamos, beijo de criança. Selinho. Mas o primeiro beijo é sempre o primeiro beijo. Passamos a nos considerar namorados, graças às piadas do pai dela, que sempre tinha sido amigo do meu. E bem, era um namorinho, passeávamos de mãos dadas, dávamos um beijinho de vez em quando, brincávamos todo dia um na casa do outro. Isso durou um mês, até o pai dela ser transferido. Eu lembro dela chorando pra me contar, o rostinho ficando vermelho, o abraço apertado. Éramos muito colados, sempre fomos, desde ser vizinhos até colegas e depois...namorar...
Minha família ajudou a empacotar a mudança junto com os pais dela e trocamos um beijo no vidro, enquanto o pai dela se preparava pra sair com o carro. Na Serra de Petrópolis eles foram jogados pra fora da pista por uma carreta. Todos saíram com ferimentos leves, menos a Carla. Carlinha. Saiu pelo vidro e bateu com a cabeça. Nem teve tempo de chegar até o hospital. Meu primeiro velório. Minha mãe ainda tem o terninho preto que eu usei.
Depois, quando eu já tinha 14, veio a Flaviana. Colega de sala, sempre falante, bem mais alta que eu. Já tinha ficado com o Gabriel, o babaca da oitava série, mas terminou com ele pra ficar comigo. Eu diria que foi a minha primeira conquista em termos de...romance, posso dizer assim. Nos beijávamos no fundo da sala durante as aulas do Professor Sobral, aquele carequinha que meu pai te apresentou outro dia. Meus primeiros amassos. Desculpa, estou dando detalhes demais, não? É que as lembranças voltam...Mas então...Um dia nós brigamos e ela foi pra casa dos avós. Passaram-se duas semanas e eu não soube dela. Não telefonei por birra, achei que ela estava me evitando.
Na semana seguinte falaram na escola que ela tinha tido um caso súbito de hepatite. A doença atacou rapidamente o fígado e ela não resistiu. Não tive coragem de ir ao enterro. Meus pais me trocaram de colégio depois disso.
Aos 17 foi a Larissa. Colega da minha irmã mais nova, se você procurar bem no mural da Cristiana acho que ainda tem uma foto dela por lá. Sempre foi doidinha em mim, mas eu só fui reparar nela quando a Teresa me deu um fora totalmente degradante na festa de Halloween do curso de inglês. Era engraçadinha, ainda que meio chata. Mas era novinha, muito bonita e carente. Admito que me aproveitei disso pra tirar a virgindade dela.
Começamos a namorar e eu vi que não ia agüentar muito tempo a garota, afinal, além de sexo eu podia ter o que com ela? E ela ficava mais e mais grudenta à cada dia que passava. Decidi terminar e fui até a casa dela. Quando cheguei lá tinha uma ambulância na porta. O pai dela tinha bebido e matado ela e a mãe, pra depois se matar. Me lembro que foi notícia no país todo. Problemas na empresa, algo assim. E ele sempre tinha sido um alcoólatra, ela passava todo aquele tempo lá em casa exatamente pra fugir dele.
Para esquecer disso meus pais me mandaram pra Espanha, visitar meus avós. Lá conheci Sofia, que foi minha professora no curso de espanhol da embaixada. Morena, elétrica, filha de bascos. Eu ia ficar só um mês lá, mas quis mais uma semana pra poder me despedir melhor dela. Um namoro de verão, desses sem compromisso, com uma mulher mais velha, que tenta te ensinar o que você não sabe e acha graça nisso.
No dia do meu embarque ela não foi se despedir. Pelos monitores de TV do aeroporto de Madri eu vi o nome dela na lista de terroristas mortos pela polícia num atentado do ETA à Barcelona. Um pouco do meu coração ficou em Madri naquele dia.
Com 20 eu fui reencontrar Luana, uma prima de segundo grau, que eu não via desde pequeno. Nos aproximamos muito, mas basicamente como amigos. Ela não era exatamente bonita e eu não me sentia preparado pra ficar com alguém de novo.
Mas um dia acabamos nos beijando, os dois bêbados. Tentamos não deixar que isso atrapalhasse a amizade nem fazer daquilo nada de mais. Ela era jogadora de handebol, fazia parte da seleção estadual até, aquela medalha no meu armário é dela, você pode reparar. E fui num jogo de handebol que aconteceu. Ela estava marcando uma garota enorme, praticamente um tanque de guerra panzer nazista, chamada Popota, me lembro até hoje. O jogo estava 17 a 17 e a Popota recebeu a bola na ponta direita da quadra. Fez o movimento de cortar para o meio e arremessou. Luana se jogou para defender, mas não se protegeu do jeito certo e a bola bateu na cabeça. Era uma bola dura e como eu disse...Popota era um monstro.
Lu caiu inconsciente ali mesmo. No hospital descobriram que uma artéria havia se rompido no cérebro. Ela entrou em coma. Acho que nem os médicos entenderam direito o que aconteceu. O pai dela ameaçou Popota de morte, mas ela deu uma surra nele e ele viu que não adiantava culpar ninguém além do destino. Uma semana depois do acidente ela ainda estava em coma e eu, chorando, disse, sentado na beira da cama, que ela sempre seria minha namorada. 37 dias depois a atividade cerebral cessou. Ela ficaria feliz de saber que os órgãos dela foram sido doados.
Tranquei a faculdade. Meus pais me mandaram pra uma espécie de clínica/spa na Bahia. Eu sentia que de alguma forma aquilo tudo era culpa minha e não queria nunca mais ficar com ninguém. Passei a temer as mulheres, pelo mal que eu podia fazer a elas. Simplesmente havia alguma coisa em mim que causava dor às pessoas que eu amava. Mas Clarice não acreditou em mim.
Ela cantava num trio e sonhava em um dia ir pra Salvador cantar num grande bloco. Era simples, divertida, tinha toda aquela calma que se supõe que uma baiana deva ter e mais um jeito de criança, uma inocência impressionante mesmo. Insistiu tanto em mim, confiou tanto em mim, que nós ficamos, com a condição de que ela nunca considerasse aquilo um namoro. E fomos ficando. Passamos 8 meses juntos, até chegar o carnaval.
Estávamos em janeiro, mas as coisas já tinham começado a ficar movimentadas por lá. Fomos pra Salvador, onde ela tinha começado a cantar num bloco pequeno, mas que já era, pelo menos em parte, a realização de um sonho pra ela. Num dia, começo de janeiro, ela dedicou, de cima do palco, uma música pra mim, durante uma festa. “Essa é pro meu namorado, Ricardo!”. Provável que você nunca tenha ouvido a música... É aquela “sou um peixinho fora da água sem você, e não demore volte logo, bem querer”. É, você nunca ouviu.
Depois disso nós brigamos, claro. Eu tinha feito ela prometer que nunca ia dizer aquilo. Mas ela sorriu e aquele sorriso me desarmou. Eu deveria saber que não ia dar certo, mas eu acreditei que poderia. Eu sou culpado por acreditar? Provavelmente sim.
Na terça-feira de carnaval daquele ano, quando ela cantava no alto do trio, alguém lançou uma garrafa de água mineral pra que ela pegasse, afinal, todos suavam absurdamente no calor da Bahia. Ela se esticou para alcançar e o fio do microfone se enrolou nos seus pés. Ela tropeçou e caiu do alto do trio, sendo logo depois esmagada pelas rodas. Você deve ter reparado que eu choro sempre que ouço “Água Mineral” ser cantada. Espero que você entenda agora.
Depois disso eu vi que teria que me afastar, definitivamente, de qualquer mulher. Fui para o monastério da ordem Franciscana, no interior de Minas. Era uma vida simples, mas tranqüila. Eu me sentia satisfeito, finalmente podia viver em paz. Ou pelo menos eu pensava assim. Até que fomos fazer uma visita a uma comunidade carente numa cidade próxima. O lugar era triste, desolado, pobre. Lá eu conheci Lucinda, a professora da única escola do lugar. Idealista, recém-formada, estava tentando melhorar a qualidade da educação das crianças e pediu ajuda aos monges. Eu, por ser o mais novo do mosteiro, além de ser articulado e gostar de crianças, fui indicado pra ajudar a professora no que ela precisasse.
Não demorou muito para que um sentimento nascesse entre nós. Mas eu fiz questão de contar a minha história toda, para que ela visse como nada de bom poderia surgir daquela idéia. Mas ela era cabeça-dura e eu, fraco e carente após três anos sem contato com nenhuma mulher, aceitei. Abandonei a ordem e fui viver com ela. Decidimos ficar logo noivos, talvez fosse apenas o namoro a causa de tudo. 3 dias antes do casamento ela fugiu com um ex-namorado. Confesso que até certo ponto eu respirei aliviado, afinal, as coisas haviam terminado bem.
Mas não terminaram, é exatamente por isso que eu estou contando isso tudo pra você agora. Eu soube ontem que Lucinda morreu dois dias depois do dia que seria o do casamento, esmagada por um porco caído de uma sacada em Caxambu. Sim, uma senhora idosa criava porcos em seu apartamento, talvez por saudades de sua vida na fazenda. Sim, porcos. É, complicado de entender.
E quando eu soube disso eu tive que te contar. Porque quer dizer que a maldição não acabou...Eu queria te dizer que só aceitei começar esse namoro porque achei que tudo já tinha passado, mas agora...Lucinda morreu porque não me deu tempo de terminar com ela, então teoricamente ainda era minha namorada. E todas as minhas namoradas morrem 37 dias depois que começam a namorar comigo, desde a Carla até hoje...E eu não quero isso pra você...Por isso que hoje, quando nós completamos 36 dias de namoro, eu vim aqui terminar tudo. Porque eu te amo e não quero que nada de ruim aconteça com você. Se eu faço isso é pra te proteger. Você entende? Eu espero que entenda...Isso dói em mim tanto ou mais do que dói em você, porque você pode achar outro cara, mas eu sei que você era minha última chance de felicidade. Mas eu vou aprender a viver sozinho.
Não vou mais poder te ver, porque não ia conseguir suportar você levando sua vida em frente, sabendo que eu nunca vou poder fazer a mesma coisa. Mas saiba que eu te amo. Seja feliz.
“E aí? Ela acreditou?”
“Não sei bem...ela estava tão chocada que mal disse uma palavra...Só foi embora...mas pelo olhar, parecia ter pena de mim...Então deve ter funcionado, eu acho.”
“Mas você forçou a barra dessa vez, você sabe...”
“Você acha?”
“Porra, Ricardo, Popota? Popota matando a menina com bolada foi dose...E aquela do trio eu não sei como você falou sem rir.”
“No começo foi fácil, mas do meio pra frente ficou complicado inventar...O porco caindo da sacada eu sinceramente não sei de onde saiu...”
“Mas sério, precisava disso tudo? Maldição dos 37 dias, inventar gente morta...”
“Queria que eu fizesse o que? Fosse sincero e dissesse que é porque ela ronca na cama? Eu sou um cavalheiro, pô!”
“É, nisso você tem razão...Mas a Popota foi sacanagem...”
“Ok, a Popota eu admito que foi forçada...”
Última edição por Kio em Seg Ago 31, 2009 3:07 pm, editado 1 vez(es)
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Idade : 52
Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
OK
Texto: Nano Falcão
2 páginas
AS NOITES NO BAR DO LIMBO
As noites no limbo sempre são frias. Não há estações no limbo, apenas um eterno inverno. Afinal, todos aqui estão “na geladeira”.
Centenas de personagens que um dia figuraram nas páginas coloridas de jornais e revistas, hoje esquecidos – ou nem tanto.
Antes eles lutavam contra o crime, ou tentavam dominar o mundo. Aprontavam brincadeiras ou ralhavam com as crianças. Viajavam pelo espaço ou pela selva africana. Pilotavam aviões ou navegavam pelos mares.
O que resta a fazer quando não se é mais publicado?
Os personagens da ficção vão ao bar. Até mesmo os abstêmios. Vão para conversar, trocar memórias, anedotas, contar mentiras e verdades. Afinal, não há como viver de verdade no limbo. Caso fossem resgatados, suas linhas cronológicas seriam reinventadas.
Regra número um: o que acontece no Limbo fica no Limbo.
- Ontem, comi a Lori Lemaris – confessou Doc Savage, após a 12º taça de Bourbon. – Que se foda o Superman! Homem de Aço! Hunf! Só pras negas dele. O homem de bronze aqui é tudo que uma menina precisa...
- Como é que se faz pra transar com uma sereia? – deixei escapar a questão, que não deveria fazer. Afinal, todo mundo sabe que Doc Savage é gay e conta essas lorotas pra posar de macho. Isso e falar mal do Superman, o herói que o sucedeu e o superou, e que ele considera o grande responsável por agora morar no limbo.
- Elas têm um cu. – descreve Savage. – É pequeno, é uma delícia! – gargalhou.
- O seu pinto deve ser microscópico, hein – provocou um sujeito de cabelos castanhos vestindo roupa de mergulho vermelha ao lado. – Sereias não transam. O cu delas é muito, muito pequeno pra isso, elas se reproduzem como os peixes: jogam os óvulos no mar.
- Quem é você pra duvidar de mim, hein esquisito? – Doc tentou levantar da cadeira, mas de repente percebeu que estava tão bêbado que poderia cair.
- Dane Dorance. – ele disse antes de dar outro gole na cerveja.
- Quem? – perguntei, involuntariamente.
- Dos Demônios do Mar. – ele levantou os olhos, na esperança de ser reconhecido.
- Nunca ouvi falar. – me desculpei.
- Nós somos uma equipe de mergulhadores. Enfrentamos monstros e alienígenas nas profundezas marítimas.
- Um bando de mergulhadores? – riu Savage. – Pua! De onde vocês saíram, de uma série de TV de quinta categoria?
- Dos gibis da DC Comics. – garantiu Dorance. – Ei, nós já aparecemos nos gibis do Aquaman!
- Coadjuvantes do Aquaman? – os olhos de Savage eram zombeteiros. – Mas que bando de perdedores!
- Mas respeito aí. – Anunciou um sujeito de tapa olho e quepe da marinha, sentado numa mesa ao canto com outros três amigos: um índio, um soldado da infantaria e um aeronauta.
- Se você fosse tão diferente de mim não estaria por aqui. – Sorriu Dorance.
- Não ouse me comparar com você, frutinha. – Savage já falava torto. – Eu fui o maior dos heróis das pulp fictions. Se não fosse por mim nem existira o Superman. Aquele copião. Ele roubou a minha fortaleza da solidão, roubou até o meu nome, Clark!
- Pelo menos não roubou a sua viadagem. – Dorance parecia sem paciência para os choramingos do homem de bronze. – Não, esse foi o outro cara, o Apolo.
- Eu vou enfiar a minha mão na... – mas ao levantar, Savage escorregou e caiu com o queixo no balcão e depois com a testa no chão.
- Oh... que golpe baixo... – ele murmurava.
- Deixe que eu te ajude colega. – Apareceu um sujeito loiro, de tanguinha. – O que você precisa é de uma boa chuveirada. – Ajudou o amigo a se levantar.
- Quem é o viadinho? – Dorance me perguntou.
- O Ka-zar. O senhor da selva.
- Espera aí, esse não é o Ka-Zar. – Um gárgula que nos escutava protestou. – Eu conheço o Ka-Zar, e esse aí não é ele. Eu posso estar enganado, mas o verdadeiro Ka-Zar é macho e bem casado, com a Shanna... aquela gostosa.
- Sinto te dizer, Gárgula, mas esse aí é o verdadeiro Ka-Zar. Que na verdade é uma cópia barata do Tarzan, só que loira. É com tendências sexuais, digamos, suspeitas. O Ka-Zar que você conhece, senhor da Terra Selvagem, é uma reformulação desse daí.
- Cara, o que eu mais odeio no Limbo são as versões. – Dorance fez uma careta, como para frisar a observação. – Porque as versões são consideradas pessoas diferentes e não simplesmente versões?
- Talvez porque no caso sejam pessoas diferentes mesmo. – tentei explicar. – Veja o Ka-Zar por exemplo, originalmente uma cópia descarada do Tarzan na selva africana. Nos anos 60 ele foi recriado como um cara num reino perdido de dinossauros, isso o tornou mais autêntico. E ele também parecia bem mais másculo do que esse afrescalhado aí que anda traçando o Doc Savage...
- Isso é sério? – O Gargula me olhou como se fosse censurar. – Os dois estão tendo um caso?
- O que você acha? – tentei ironizar minha voz. – Savage nunca vai admitir, seus fãs nunca vão admitir, mas a verdade é que nosso homem de bronze é meio fresco.
- Cara, nunca reparei não... – sujeito que vestia um uniforme paramilitar marrom comentou descontraidamente. Tinha acabado de chegar ao balcão, sentando lugar outrora pertencente a Savage. – Ele parece bem macho... Pra quem não o conhece pessoalmente, claro.
- Muita gente engana. – Dorance alfinetou. – Você não vê o Rawhide Kid?
- Ele assumiu finalmente, não? – tentei dar lenha a conversa.
- Alguns dizem que só assim pra sair daqui... – Comentou nosso novo convidado.
- Então vou passar a minha eternidade aqui! – O Gárgula levantou a voz. – Estou velho demais pra virar veado...
- O termo correto agora é “homossexual” ou “gay”, Gárgula. – Sorri tentando ser politicamente correto. – E você é...?
- Ele é o Predador. – Dorance apresentou.
- Também da DC Comics, imagino. – Chutei.
- Isso mesmo. – Ele respondeu. – José Delgado, ao seu dispor. Ex-namorado da Lois Lane.
- A mina do Superman? – Gargula arregalou os olhos.
- Não se surpreenda, muita gente a catou antes do escoteiro. – Riu Dorance.
- Ei! – O Predador pareceu magoado. – Também não é assim. Eu fui o rival do Superman nos anos 80...
- Mas que raio de nome é esse Predador? A DC não conseguiu pensar em algo mais criativo não? – Provoquei.
- Acho que todos os bons nomes se esgotaram. – José sorriu sem jeito. – Vai ver é por isso que me jogaram no Limbo. Maldito nome!
- Um diz que comeu a Loris Lemaris, então aparece o ex da Lois Lane. – Divaguei. – Essa noite promete.
- Como assim? – Dorance ficou curioso.
- Está vendo aquela loira, lá no canto? É Lyla Lerrol, a namorada do Superman em Kripton! – Expliquei, me levantando da cadeira. – Vamos ver se até o fim da noite eu também não entro neste seleto clube dos que traçaram uma “super” mulher!
Texto: Nano Falcão
2 páginas
AS NOITES NO BAR DO LIMBO
As noites no limbo sempre são frias. Não há estações no limbo, apenas um eterno inverno. Afinal, todos aqui estão “na geladeira”.
Centenas de personagens que um dia figuraram nas páginas coloridas de jornais e revistas, hoje esquecidos – ou nem tanto.
Antes eles lutavam contra o crime, ou tentavam dominar o mundo. Aprontavam brincadeiras ou ralhavam com as crianças. Viajavam pelo espaço ou pela selva africana. Pilotavam aviões ou navegavam pelos mares.
O que resta a fazer quando não se é mais publicado?
Os personagens da ficção vão ao bar. Até mesmo os abstêmios. Vão para conversar, trocar memórias, anedotas, contar mentiras e verdades. Afinal, não há como viver de verdade no limbo. Caso fossem resgatados, suas linhas cronológicas seriam reinventadas.
Regra número um: o que acontece no Limbo fica no Limbo.
- Ontem, comi a Lori Lemaris – confessou Doc Savage, após a 12º taça de Bourbon. – Que se foda o Superman! Homem de Aço! Hunf! Só pras negas dele. O homem de bronze aqui é tudo que uma menina precisa...
- Como é que se faz pra transar com uma sereia? – deixei escapar a questão, que não deveria fazer. Afinal, todo mundo sabe que Doc Savage é gay e conta essas lorotas pra posar de macho. Isso e falar mal do Superman, o herói que o sucedeu e o superou, e que ele considera o grande responsável por agora morar no limbo.
- Elas têm um cu. – descreve Savage. – É pequeno, é uma delícia! – gargalhou.
- O seu pinto deve ser microscópico, hein – provocou um sujeito de cabelos castanhos vestindo roupa de mergulho vermelha ao lado. – Sereias não transam. O cu delas é muito, muito pequeno pra isso, elas se reproduzem como os peixes: jogam os óvulos no mar.
- Quem é você pra duvidar de mim, hein esquisito? – Doc tentou levantar da cadeira, mas de repente percebeu que estava tão bêbado que poderia cair.
- Dane Dorance. – ele disse antes de dar outro gole na cerveja.
- Quem? – perguntei, involuntariamente.
- Dos Demônios do Mar. – ele levantou os olhos, na esperança de ser reconhecido.
- Nunca ouvi falar. – me desculpei.
- Nós somos uma equipe de mergulhadores. Enfrentamos monstros e alienígenas nas profundezas marítimas.
- Um bando de mergulhadores? – riu Savage. – Pua! De onde vocês saíram, de uma série de TV de quinta categoria?
- Dos gibis da DC Comics. – garantiu Dorance. – Ei, nós já aparecemos nos gibis do Aquaman!
- Coadjuvantes do Aquaman? – os olhos de Savage eram zombeteiros. – Mas que bando de perdedores!
- Mas respeito aí. – Anunciou um sujeito de tapa olho e quepe da marinha, sentado numa mesa ao canto com outros três amigos: um índio, um soldado da infantaria e um aeronauta.
- Se você fosse tão diferente de mim não estaria por aqui. – Sorriu Dorance.
- Não ouse me comparar com você, frutinha. – Savage já falava torto. – Eu fui o maior dos heróis das pulp fictions. Se não fosse por mim nem existira o Superman. Aquele copião. Ele roubou a minha fortaleza da solidão, roubou até o meu nome, Clark!
- Pelo menos não roubou a sua viadagem. – Dorance parecia sem paciência para os choramingos do homem de bronze. – Não, esse foi o outro cara, o Apolo.
- Eu vou enfiar a minha mão na... – mas ao levantar, Savage escorregou e caiu com o queixo no balcão e depois com a testa no chão.
- Oh... que golpe baixo... – ele murmurava.
- Deixe que eu te ajude colega. – Apareceu um sujeito loiro, de tanguinha. – O que você precisa é de uma boa chuveirada. – Ajudou o amigo a se levantar.
- Quem é o viadinho? – Dorance me perguntou.
- O Ka-zar. O senhor da selva.
- Espera aí, esse não é o Ka-Zar. – Um gárgula que nos escutava protestou. – Eu conheço o Ka-Zar, e esse aí não é ele. Eu posso estar enganado, mas o verdadeiro Ka-Zar é macho e bem casado, com a Shanna... aquela gostosa.
- Sinto te dizer, Gárgula, mas esse aí é o verdadeiro Ka-Zar. Que na verdade é uma cópia barata do Tarzan, só que loira. É com tendências sexuais, digamos, suspeitas. O Ka-Zar que você conhece, senhor da Terra Selvagem, é uma reformulação desse daí.
- Cara, o que eu mais odeio no Limbo são as versões. – Dorance fez uma careta, como para frisar a observação. – Porque as versões são consideradas pessoas diferentes e não simplesmente versões?
- Talvez porque no caso sejam pessoas diferentes mesmo. – tentei explicar. – Veja o Ka-Zar por exemplo, originalmente uma cópia descarada do Tarzan na selva africana. Nos anos 60 ele foi recriado como um cara num reino perdido de dinossauros, isso o tornou mais autêntico. E ele também parecia bem mais másculo do que esse afrescalhado aí que anda traçando o Doc Savage...
- Isso é sério? – O Gargula me olhou como se fosse censurar. – Os dois estão tendo um caso?
- O que você acha? – tentei ironizar minha voz. – Savage nunca vai admitir, seus fãs nunca vão admitir, mas a verdade é que nosso homem de bronze é meio fresco.
- Cara, nunca reparei não... – sujeito que vestia um uniforme paramilitar marrom comentou descontraidamente. Tinha acabado de chegar ao balcão, sentando lugar outrora pertencente a Savage. – Ele parece bem macho... Pra quem não o conhece pessoalmente, claro.
- Muita gente engana. – Dorance alfinetou. – Você não vê o Rawhide Kid?
- Ele assumiu finalmente, não? – tentei dar lenha a conversa.
- Alguns dizem que só assim pra sair daqui... – Comentou nosso novo convidado.
- Então vou passar a minha eternidade aqui! – O Gárgula levantou a voz. – Estou velho demais pra virar veado...
- O termo correto agora é “homossexual” ou “gay”, Gárgula. – Sorri tentando ser politicamente correto. – E você é...?
- Ele é o Predador. – Dorance apresentou.
- Também da DC Comics, imagino. – Chutei.
- Isso mesmo. – Ele respondeu. – José Delgado, ao seu dispor. Ex-namorado da Lois Lane.
- A mina do Superman? – Gargula arregalou os olhos.
- Não se surpreenda, muita gente a catou antes do escoteiro. – Riu Dorance.
- Ei! – O Predador pareceu magoado. – Também não é assim. Eu fui o rival do Superman nos anos 80...
- Mas que raio de nome é esse Predador? A DC não conseguiu pensar em algo mais criativo não? – Provoquei.
- Acho que todos os bons nomes se esgotaram. – José sorriu sem jeito. – Vai ver é por isso que me jogaram no Limbo. Maldito nome!
- Um diz que comeu a Loris Lemaris, então aparece o ex da Lois Lane. – Divaguei. – Essa noite promete.
- Como assim? – Dorance ficou curioso.
- Está vendo aquela loira, lá no canto? É Lyla Lerrol, a namorada do Superman em Kripton! – Expliquei, me levantando da cadeira. – Vamos ver se até o fim da noite eu também não entro neste seleto clube dos que traçaram uma “super” mulher!
Última edição por Kio em Seg Ago 31, 2009 3:08 pm, editado 2 vez(es)
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Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
Texto: Brontops
3 páginas
Atenção diagramador: o texto em azul deve estar ao lado do texto em preto (alinhados hehe). São contos que correm paralelamente.
Exemplo com os primeiros parágrafos e títulos
trave na treva .................................................... no campo de trevos.
Seu lado definiu horário e o local. Surpreendeu-se ................ Nos bancos da frente, os padrinhos relembravam
com a precariedade urbana do local: um campinho ................situações similares, aconselhando métodos a
de futebol às margens de um pátio de manobras ..................realizar e erros a evitar. Puseram Wagner para
ferroviárias. O polaco explicou que os bosques mais ............. tocar no som do carro, inspiravam-se em um velho
próximos queimavam devido a incêndios descontrolados, ....... filme de guerra. O duelista desconhecia o filme e
um ambiente inadequado ao embate. Aceitou ...................... achava aquela música empolgante, porém mais
o argumento, lamentando a insensatez destes nossos tempos. ... apropriada a um desenho animado do Pernalonga do que a uma noite de duelo.
3 páginas
Atenção diagramador: o texto em azul deve estar ao lado do texto em preto (alinhados hehe). São contos que correm paralelamente.
Exemplo com os primeiros parágrafos e títulos
trave na treva .................................................... no campo de trevos.
Seu lado definiu horário e o local. Surpreendeu-se ................ Nos bancos da frente, os padrinhos relembravam
com a precariedade urbana do local: um campinho ................situações similares, aconselhando métodos a
de futebol às margens de um pátio de manobras ..................realizar e erros a evitar. Puseram Wagner para
ferroviárias. O polaco explicou que os bosques mais ............. tocar no som do carro, inspiravam-se em um velho
próximos queimavam devido a incêndios descontrolados, ....... filme de guerra. O duelista desconhecia o filme e
um ambiente inadequado ao embate. Aceitou ...................... achava aquela música empolgante, porém mais
o argumento, lamentando a insensatez destes nossos tempos. ... apropriada a um desenho animado do Pernalonga do que a uma noite de duelo.
trave na treva
Seu lado definiu horário e o local. Surpreendeu-se com a precariedade urbana do local: um campinho de futebol às margens de um pátio de manobras ferroviárias. O polaco explicou que os bosques mais próximos queimavam devido a incêndios descontrolados, um ambiente inadequado ao embate. Aceitou o argumento, lamentando a insensatez destes nossos tempos.
Um comboio passou lentamente pelo pátio, estalando trilhos em um martelar ritmado. O duelista não precisava conferir o relógio para saber que estavam atrasados. O russo retirou sua cigarreira e começou a fumar. “Hábitos antigos”, justificou-se quase sem sotaque.
Duas estrelas feriram a escuridão, o veículo estacionou à beira do campo. Mais mato que grama cobria parcamente o terrão vermelho. O Mouro permaneceu dentro do carro, enquanto seus padrinhos, gentalha de esgoto, caminharam em direção ao círculo onde se daria o pontapé inicial da partida. Antes do polaco e do russo irem ao encontro deles, apelou-se ao duelista que reconsiderasse.
-Não serei eu o covarde, meu prezado Vladimir. Todavia, serei piedoso se o escurinho oferecer desculpas.
Não havia lua ou estrelas, mas seus olhos de criatura da noite permitiriam acompanhar de longe o diálogo entre os padrinhos. Entretanto, o duelista voltou sua atenção para um outro comboio que passava naquele momento por trás do muro. Era a manobra de um trem de passageiros, vazio naquele horário. Lembrou-se de uma certa primavera na Budapeste em 1945, e sentiu saudades da única pessoa a quem lhe interessaria deixar uma carta.
O russo e o polaco aproximaram-se, o semblante deles era comunicativo o suficiente. Rumaram os três para o centro do campo. O duelista viu o Mouro sair do veículo e, de forma bastante impetuosa se adiantar a seus padrinhos.
Mas aquela atitude não enganava ninguém. O Mouro era um estúpido, um fraco, um destes cordeiros que tiveram a sorte de receber a dádiva da noite, mas sentem-se no direito de rejeitar o chamado do sangue, feito leões que decidem comer grama.
Antes que chegasse ao meio de campo, seus amigos o agarraram e o fizeram se acalmar. Polaco gracejou “Talvez os padrinhos dele possam amaciá-lo para você.”
Os amigos do adversário trouxeram uma caixa e a ofereceram para verificação. O polaco reconheceu duas rugers, pistolas de tambor. Arma de caubói. Em seguida, o russo checou a munição: balas de prata de um crucifixo mergulhadas em água benta.
-Será que estes novatos não aprenderam ainda que não somos lobos?
-Estão fazendo muitas piadinhas, cavaleiros; pretendem encobrir o medo?
Os antagonistas dispuseram-se conforme a tradição, de costas um para o outro. O duelista concentrou-se na arma em sua mão. Fazia mais de setenta anos que não precisava usar uma arma. Sentiu-se desconfortável. Talvez o russo tenha notado algo, pois aproximou-se para dizer, “Ao final desta noite, estaremos em nosso porão comemorando com o sangue de algum órfão”. Beijou-lhe a boca com lábios duros, o duelista sentiu o sabor impregnado do alcatrão e depois se retirou.
-Preparados, cavaleiros?
-Desde sempre, meus amigos, exclamou em um gesto pretensioso como todos os outros. E então, a contagem começou. Passo após passo, cada um respeitando a contagem dos padrinhos, os ímpares ditados por um dos escurinhos, os pares pelo polaco. Embora os olhos do duelista mirassem a trave a sua frente, todos os sentidos concentravam-se no que se passava atrás do duelista. O destino é inevitável somente por se passar em um lugar fora do alcance da visão.
Diante da ordem de fogo, o duelista apontou para o Mouro que ainda mirava e disparou sua arma. Mas a bala não saiu pelo cano e antes que pudesse se dar conta, sentiu o impacto no peito. Tombou para trás, caindo sobre uma parte do campo coberta por uma penugem maltratada de grama, esmagando um trevo de quatro folhas. O gosto de sangue na boca abriu-lhe o apetite e os caninos expandiram-se como em uma ereção. Mas o duelista não conseguia se mover, envenenado pela fé dissolvida no projétil alojado no peito.
Polaco e russo ajoelharam-se e o ampararam.
-E então?, perguntou o Polaco.
Antes de responder, o russo soltou a cabeça do duelista que caiu sem vontade aparente, mole como uma cabeça de recém-nascido.
-Eu lhe disse que funcionaria. E o melhor, quem sujou as mãos foi aquele estúpido calouro. O Mouro não tem idéia do que significa matar um membro da Realeza. Amanhã, sua cabeça estará valendo ouro para todas as famílias da cidade. Um dia se é Rei, em outro, Mendigo.
no campo de trevos.
Nos bancos da frente, os padrinhos relembravam situações similares, aconselhando métodos a realizar e erros a evitar. Puseram Wagner para tocar no som do carro, inspiravam-se em um velho filme de guerra. O duelista desconhecia o filme e achava aquela música empolgante, porém mais apropriada a um desenho animado do Pernalonga do que a uma noite de duelo.
Observava aos grafites no contínuo muro branco que os acompanhavam: elaborados, mas desequilibrados; cotidiano, mas monstruoso. Tentando interpretar as linhas pensou em uma floresta elétrica que a tudo devora, cercando um rei/ um mendigo em um banquete.
A guarita vazia e o portão aberto facilitaram a entrada do veículo. Os faróis iluminaram uma das traves. Sua cor branca, apesar de suja, brilhava como uma fileira de dentes contra o escuro da madrugada. Os padrinhos quiseram que o duelista ficasse dentro do carro até que se fizessem os acertos finais. Um deles lembrou que haveria chance para desistir.
-Apenas se a iniciativa partir dele.
Ele evitou ver o que acontecia, fixou-se no balanço de equalizador no display. Depois, tirou o celular do bolso, ligou o aparelho e teclou uma mensagem.
Antes de a enviar, os padrinhos retornaram. Ele escondeu o aparelho rapidamente em um bolso da jaqueta. Pediram que saísse do carro, em uma voz séria.
-O Europeu não quis nem saber. Tá pedindo pra morrer. Hoje você vai dar um jeito neste filho-da-puta.
O duelista saiu do carro e percebeu a calma no caminhar do outro trio. Pareciam bastante solenes e calmos, mas já vira os três em meio a
uma chacina e conhecia aquela aparência tranquila de ninho de formigas venenosas. Decidiu que se era para ser um jogo, então ele iria entrar para o arregaço, para o tudo ou nada; apunhalaria seus ovos, separando-os ao meio.
Mas os dois o seguraram pelos braços, Pelintra murmurou para o duelista. “Tu ainda é novo na noite, irmão, não sabe que a única coisa que nos impede de ficar loucos é o Código. Tu vai derramar muito sangue pra beber e tu vai entender o que digo.”
Conforme a tradição, um lado escolhe o lugar, o outro traz as armas. Pelintra e Navalhada preferiram um duelo com armas de fogo. O duelista estranhou, mas eles defenderam que assim se faria uma menor sujeirada.
Após algumas provocações inúteis, finalmente definiram-se as regras daquele combate. Ficariam de costas um para o outro no meio do campo. Em seguida, dariam dez passos conforme o ritmo ditado pelos padrinhos, rumo as traves dispostas uma oposta a outra. Depois virariam e tentariam um disparo. Caso ambos errassem o tiro, o que nunca acontecera antes, então retornariam ao centro do campo para recarregarem as pistolas e repetirem o processo por mais uma única vez. Se falhassem novamente, então marcariam outra data.
Os amigos do adversário pareciam ser bastante próximos a ele. Enquanto Pelintra e Navalhada se afastavam rumo a lateral do campo, o ruivo permaneceu trocando ainda algumas palavras que não escutou com clareza. E então, ele também posicionou-se na outra lateral, a brasa do cigarro brilhando uma última vez até ser esmagada sob aquele pé. E então declarou:
-Podemos começar?
-Vamos terminar logo esta merda. Cada um dos padrinhos gritava um número, de uma forma um tanto ridícula, o que o fez recordar de um coral de sapos que vira uma vez em um desenho animado na televisão. Embora os olhos do duelista mirassem a trave a sua frente, todos os sentidos concentravam-se no que se passava atrás do duelista. O destino é inescapável apenas se você não souber onde ele está.
Diante da ordem de fogo, o duelista apontou sua arma, conforme aconselhado pelo Navalhada, no terceiro botão da camisa e a disparou. Acertou em cheio. O homem deu uns passos para trás, como um goleiro que encaixa no peito uma bola chutada com muita força. E aí caiu. Os padrinhos correram, cada grupo foi acudir o seu duelista. Pelintra tateou seu corpo em busca de ferimento, Navalhada já sabia que a arma do outro pipocara, mas ainda assim correra para congratulá-lo pela sorte. “Tu é cagado mesmo”.
-E agora?
-Agora, este filho da puta está fodido. O sol vai nascer logo e vai queimar este cuzão até as sombras.
Os três aproximaram-se do lado adversário, onde estava tombado o Europeu, velado por seus amigos. Cumprimentaram-se de forma contida. Entre os apertos de mão, o polaco entregou o prometido a Pelintra e Navalhada conforme negociado antes. A traição, um hábito antigo: um dia se é Mendigo e no outro, continua-se sendo.
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Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
TEXTO: Snuckbinks
DIAGRAMAÇÃO: Snuckbinks
REVISÂO:
Nostalgia: Mundo da Lua
Assim começa as mais loucas histórias, lá nos idos de 1991. Mundo da Lua, exibido pela Globo e na sua maioria pela TV Cultura. Esses dias, tarde da noite, estava dando aquela típica pulada nos canais da TV á cabo, e ao sintonizar um desses canais especializados em programação "nostálgica" me deparo com um epísódio de "Mundo da Lua", momentaneamente paralizado, sendo bombaredado por milhares de lembranças de minha infância, de episódios, coisas que eu sequer lembrava que tinha visto.
Pra quem não lembra ou não conhece, gira em torno de um garoto comum, que mora com os pais, a irmã, o avô e a empregada, que vive nesse mundo e muitas vezes se sente limitado por regras e situações que lhe são impostas, no entanto, um dia seu avõ lhe entrega um gravador, onde ele passa a gravar, suas idéias para romper os limites... assim ele começa cada gravação com a frase inicial desse texto.
Embora essa viagem onírica seja fruto dele, como por exemplo, no episódio onde a enfermeira diz que ele nunca mais deve dormir, há também o episódio onde o presidente sanciona uma lei, proibindo as pessoas de tomarem banho, no entanto, em um dado momento ele perde o controle sobre a situação e acaba tendo que se confrontar com as consequências das regras que ele quebrou.
Sem dúvida uma série responsável pela parte criativa que existe em muitos de nós, e é uma pena que não se tenha hoje investimento em projetos como esse, e nossas crianças tenham de assitir programas onde as personagens se preocupam em "ficar" e em alcançar fama, sinceramente tenho medo dos adultos do futuro.
Por Snuckbinks
DIAGRAMAÇÃO: Snuckbinks
REVISÂO:
Nostalgia: Mundo da Lua
Assim começa as mais loucas histórias, lá nos idos de 1991. Mundo da Lua, exibido pela Globo e na sua maioria pela TV Cultura. Esses dias, tarde da noite, estava dando aquela típica pulada nos canais da TV á cabo, e ao sintonizar um desses canais especializados em programação "nostálgica" me deparo com um epísódio de "Mundo da Lua", momentaneamente paralizado, sendo bombaredado por milhares de lembranças de minha infância, de episódios, coisas que eu sequer lembrava que tinha visto.
Pra quem não lembra ou não conhece, gira em torno de um garoto comum, que mora com os pais, a irmã, o avô e a empregada, que vive nesse mundo e muitas vezes se sente limitado por regras e situações que lhe são impostas, no entanto, um dia seu avõ lhe entrega um gravador, onde ele passa a gravar, suas idéias para romper os limites... assim ele começa cada gravação com a frase inicial desse texto.
Embora essa viagem onírica seja fruto dele, como por exemplo, no episódio onde a enfermeira diz que ele nunca mais deve dormir, há também o episódio onde o presidente sanciona uma lei, proibindo as pessoas de tomarem banho, no entanto, em um dado momento ele perde o controle sobre a situação e acaba tendo que se confrontar com as consequências das regras que ele quebrou.
Sem dúvida uma série responsável pela parte criativa que existe em muitos de nós, e é uma pena que não se tenha hoje investimento em projetos como esse, e nossas crianças tenham de assitir programas onde as personagens se preocupam em "ficar" e em alcançar fama, sinceramente tenho medo dos adultos do futuro.
Por Snuckbinks
snuckbinks- Apagati CRTL+ALT+DEL
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Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
Texto: Barker e OPN
2 páginas
Obs.: Aqui também seria interessante correr os dois textos (de autores diferentes) lado a lado. São duas opiniões sobre o mesmo assunto
2 páginas
Obs.: Aqui também seria interessante correr os dois textos (de autores diferentes) lado a lado. São duas opiniões sobre o mesmo assunto
Dito e Mal-Dito
Vingadores ou LJA? Marvel ou DC? Liefeld or Kirby? Abril ou Panini? Você tem suas dúvidas quanto a esses assuntos? Bom, o pessoal do Superscans (www.superscans.net) também! Por isso a partir desta edição do FARRAZINE a coluna Dito e Mal-Dito vai sempre expor duas opiniões diferentes sobre assuntos que assolam os leitores de quadrinhos. Se você quer expressar sua opinião sobre o assunto, basta mandar um email para barker.scans@gmail.com que ela pode acabar sendo publicada na próxima coluna!
O assunto de hoje é: gibis digitais (scans) ou gibis de papel?
Dito
Por Barker*
Como aprendemos a gostar de quadrinhos? Todos nós possuímos diferente histórias. Seja um tio seu que lhe comprou um gibi do Super-Homem, um amigo que lhe emprestou um gibi do Homem-Aranha ou você resolveu ler após ver seus heróis favoritos em algum desenho ou série de TV, etc. Todas histórias são diferentes, porém uma coisa todas elas têm em comum "O Gibi".
Nos últimos anos a internet brasileira tem sido invadida por websites divulgando "scans". Você não sabe o que é um "scan"? Simples: Scans foi o nome dado à um gibi (história em quadrinhos) que teve suas páginas copiadas por um scanner e compiladas em um arquivo (zip, rar, cbr, cbz e também pdf) para leitura através do computador.
Muitos destes websites traduzem e disponibilizam material inédito, aquelas séries que as editoras brasileiras não possuem plano algum de publicar. Já outros preferem publicar material inédito que as editoras brasileiras IRÃO publicar. É sobre este último grupo que irei falar a respeito.
Participo de alguns fóruns e listas de discussão de quadrinhos já faz um bom tempo e percebo que muitos leitores têm dado preferência aos scans em vez do gibis de verdade (aqueles que você compra na banca). Muitos argumentam que as editoras cobram preços abusivos e que "tem mais é que quebrar, mesmo". Ora, se as editoras quebrarem, quem vai publicar as aventuras dos seus heróis favoritos? O site de scans? Eu acho que não...E vou mais adiante: como serão criadas novas gerações de leitores se os gibis "físicos" não estarão lá para o seu amigo te emprestar uma edição do Homem-Aranha ou seu tio comprar para você aquele gibi do Super-Homem? Pois é, a matemática é simples nesse caso: sem as editoras, o número de leitores irá diminuir e será muito difícil uma nova geração de leitores ser formada. Consequência: Não haverá publico o bastante para justificar a produção de novas hsitórias.
Não podemos deixar de lado o fato que a internet, embora tenha se popularizado bastante ao longo desta década, ainda é uma ferramenta que a maioria da população mundial (e brasileira) não possui acesso.
Os sites de scans devem prestar um serviço, divulgando materiais publicados no passado (gibis da EBAL, RGE, Abril, Globo) ou aquelas séries que as editoras brasileiras já divulgaram desinteresse na publicação (Wetworks, Bloodstrike, Gotham Adventures, The Boys). Publicar séries que estão sendo publicadas no Brasil (Capitão América, Batman, etc.) é um tiro no pé.
Não defendo que estes sites devem ser fechados ou algo do tipo. Apenas sou da opinião que os sites de scans deveriam evitar fazer com que novos leitores optem pelo formato digital em vez do bom e velho gibi de papel, aquele que você pode ler deitado na cama ou sentado no banheiro.
Os sites de scans devem existir para divulgar os gibis e personagens e não para tentar substituí-los. Pense nisso!
*Barker é um sujeito que mora no fim-do-mundo (mais precisamente em Matamata - Nova Zelândia) adora filmes de terror classe Z e é conhecido como o único admirador do filme Alien vs Predador 2 e gibis do Extreme Studios. Também é criador e webdesinger do site www.superscans.net (antes conhecido como barkerscans.blogspot.com) , www.hotwallpaper.co.cc , www.comicswallpapers.net dentre algumas outras porcarias.
MAL-DITO
Por OPN*
Sabe quando te perguntam se você gosta mais do seu papai ou da sua mamãe e você não sabe o que responder? Esse foi mais ou menos meu dilema quando fui questionado sobre qual minha preferência ao ler uma História em Quadrinhos: no papel ou na tela. Vou TENTAR responder dando minha humilde opinião sobre o assunto, mas tenho certeza que vou acabar MAL-dito.
Realmente, é muito bom poder se levar um gibi pra cima e pra baixo e o CHEIRO do papel (que nos remete à infância e a outros velhos odores que por vezes nos fazem ter vontade de chorar, ao melhor estilo do Marv, em Sin City) é uma experiência que demorará muito a ser substituída. Mas efetivamente SERÁ substituída.
Digo isso porque a tendência de passarmos mais e mais tempo na frente do computador (não muito) em breve será cada vez maior e mais frequente. Claro, isso não vai ser a curto prazo, na verdade será daqui muito e muito tempo, mas a comodidade de ter TUDO que se quer ler ao alcance de um click (e de alguma pesquisa na internet) seduz demais, o papel impresso e suas limitações não podem competir. Quer um exemplo bobinho? Ler antes de dormir deveria ser um hábito de todos os brasileiros - agora ler no inverno, com as maozinhas pra fora do cobertor...? Ninguém merece. Se você estiver segurando um notebook, pronto, as mãos ficarão quentinhas enquanto você continua apreciando sua história favorita. Só aí você já vê que ler na tela tem suas vantagens: não precisa segurar o gibi; pra virar a página é um clique; pode dar zoom e ver detalhes e “entrelinhas”; não rasga se você folhear depressa; você pode carregar 300 edições (se o seu pen drive for grande o suficiente). E essa é uma ótima coisa de se ler direto no monitor: se o personagem da história diz: “eu plantei um sinalizador em você na edição 9841.654,19”, você só abre o arquivo, vai até a página e confere. Sem dúvida a maior comodidade da versão virtual é a COMODIDADE! Todas as edições no mesmo espaço é um luxo impensável (assim como era a gente pensar em ler certas coisas que JAMAIS seriam publicadas em terras tupiniquins).
E o lance da experimentação? Agora você pode comprar o gibi só depois de ter lido a história (hoje é raríssimo na relação consumidor/vendedor - e vai ficando cada vez mais raro – a pessoa comprar alguma coisa antes de experimentá-la. Com o advento dos scans, isso é possível) e pode apenas DELETAR (não só do PC, mas da memória) aquelas histórias que você simplesmente abominou. E se você não curtiu a história, não vai precisar desperdiçar seu rico e suado dinheirinho! Esse é um ponto que eu sou completamente a favor dos scans: a sobrevivência do mais forte! Muitos acreditam que os scans irão matar a revista impressa (assim como a TV iria matar o cinema!) Pois eu digo: HA! Que morram, então! A “sobrevivência do mais forte” diz que em um ambiente hostil, o menos apto é destruído. Pois eu acho que os scans acelerarão (nossa, que palavrinha) a derrocada da incompetência editorial (pra não dizer “incompetência dos escritores). Então, aí, quando houver essa brecha no entretenimento, essa falta de histórias, outros, MAIS COMPETENTES, entrarão no lugar dos que estão perpetuados naquilo que eu gosto de chamar “preferência coletiva da ignorância” e nos trarão HISTÓRIAS COM MELHOR QUALIDADE. E digo mais, com os scans você pode ler coisas que nem sequer pensava que existia. E isso é uma maravilha, com certeza seu cérebro agradecerá.
Maravilha por maravilha, eu acho ler na tela uma maravilha, requer apenas algumas adaptações... Agora... se faltar luz, aí ferrou tudo!
E tenho dit... oops, isso é lá no Superscans.
*OPN (Sigla para O Poderoso Nana) é agente da S.H.I.E.L.D. nas horas vagas, prestando um serviço aqui e ali sob comando do Coronel Nick Fury. Quando sobra um tempo escreve a coluna Tenho Dito no Superscans (www.superscans.net) – sucesso dentre os usuários do site. Além de também gostar de tomar umas biritas com um certo Deus do Trovão vez ou outra.
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Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
O Inviável Revisor Fantasma pegou todos os textos até aqui! Go, Revisor Fantasma, go!
Ricardo Andrade- não fez nada. Já estava assim quando ele chegou
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Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
Texto: Agente Dias
1 página
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Histórias Bíblicas em Quadrinhos
Ai está uma matéria pra quem curte o lado espiritual Cristão ou até mesmo pra quem pretende conhecer.
Sabemos que alguns livros da velha escritura têm contextos muito complexos e em alguns casos nos próprios livros teológicos sobre o mesmo assunto fala de visões diferentes, apesar de a bíblia ter apenas um sentido. E com isso a 7º arte entrou em cena para esclarecer alguns livros bíblicos. Quem nunca viu numa data especial passando na TV um filminho bíblico? Então, a 9º arte também está entrando no meio... É isso mesmo! As palavras inspiradas pelo Espírito Santo aos escritores do velho livro sagrado estão sendo passadas para a revista em quadrinho.
Os traços exagerados e espetaculares do mangá estão sendo os materiais pra esse espetáculo. Fazendo os passos de Jesus Cristo e de outros personagens bíblicos ficarem ainda mais fascinantes ou até mesmo fantasiados demais para alguns... Como o projeto do cristão devoto e quadrinista Rob Liefeld, chamado “Testament” que vai além da história bíblica do velho testamento, trazendo uma dimensão futurista, pondo o Rei Davi usando um snowboard enfrentando o guerreiro Golias em forma de robô Gigante. E entre outras loucuras do artista.
Não vejo à hora de encontrar um material desses em HQ, até para ver algo mais realista realmente, mas o mangá está fazendo um bom trabalho. Confira algumas obras publicadas:
A Bíblia em Mangá: Novo e Velho Testamento
A editora JBC contempla os religiosos de plantão com a arte dos autores Siku (Ajinbayo Akinsiku) e Akin Akinsiku. Siku consegue fazer uma arte bem legal juntando os dois tempos da bíblia, que se aprofunda de Gêneses a Apocalipse. O material também traz alguns extras em suas páginas, contanto com entrevistas, esboços das artes etc.
Parece que esse mangá foi o primeiro gênero em inglês e pelo visto acabou abrindo o mar, pois logo depois surge um projeto chamado Mecha Manga Bible Heroes, que conta a história de Davi, o rei de Israel e Golias, por outro autor.
Siku ainda escreveu mais um projeto que ainda não lançado no Brasil, chamado: The Manga Bible: from Genesis to Revelations. Nessa trama religiosa tem Jesus aparentemente como um samurai... Bem vamos aguardar e conferir!
True Warriors: Sansão e Elias
Duas histórias de dois famosos personagens da bíblia, Sansão o homem que tinha força em seus cabelos e Elias o profeta do fogo, nas Mãos do Deus de Israel. Formado pelos autores brasileiros paulistanos Rodrigo Ginn e Fernando Caratti.
Mangá Messias
Um dos exemplares do gênero mais vendido. Contando a história de Jesus desde o nascimento até o seu sacrifício. Essa história tem um belo roteiro de Hidenori Kumai e uma boa companhia dos traços de Kozumi Shinozawa. Essa arte além de não exagerar no estilo mangá de ser, é colorida e sua forma de leitura é igual a da HQ.
O Novo testamento é o seu foco na trama, trazendo os personagens como: Anjo Gabriel, João Batista, os doze apóstolos etc. Fora isso traz dados como mapa da Região com seus pontos históricos e dados sobre cada personagem, incluindo os Fariseus e Escribas.
Última edição por Kio em Qua Ago 19, 2009 8:23 am, editado 3 vez(es)
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Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
Texto: Snuckbinks
Diagramação: Snuckbinks
Ilustração: Dias
Blues – parte1
Certamente conhece esse estilo de música, talvez até aprecie. Mas a verdade é pouca gente conhece esse gênero musical, que como descobriremos aqui, influênciou toda a forma de se fazer música.
Para dar o pontapé inicial então na matéria tomarei emprestada a frase de abertura do filme "Cadillac Records":
"A primeira vez que uma mulher tirou a calcinha e a jogou em um palco foi por causa de um cara negro que cantava Blues, quando uma garota branca jogou sua calcinha no palco, chamaram isso de Rock'N'Roll"
E se você vive por aí curtindo seu Rock, seja lá qual variante dele lhe agrade mais, tenha certeza de que foi no Blues que ele foi tomar sua inspiração. Johnny Cash, Elvis, Buddy Holly, Rolling Stones, Beatles, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Eric Clapton, Muddy Waters, Led Zeppelin, Bob Dylan e muitos outros foram "tomar dessa mesma água".
Uma coisa é certa, foi preciso muita gente pra fazer a música que mudou o mundo.
Uma delas foi um cara chamado Robert Johnson. Nasceu e cresceu no Mississipi, vendo o irmão mais velho tocar guitarra, e observando grandes nomes do Mississipi Delta Blues, como Son House e Sonny Boy Williamson, tocar suas harmônicas em piqueniques e festas ao ar livre.
Seu som influenciou futuramente o Blues mais elétrico de Chicago, e embora seja considerado um som mais “cru”, foi ele quem inovou os acordes e diferenciou o Blues das canções que os trabalhadores cantavam nas plantações de algodão.
Robert Johnson era filho bastardo e cresceu longe de seu pai verdadeiro, casou-se cedo e perdeu sua esposa bem cedo também, por ocasião do parto de seu primeiro filho... após esses incidentes, Robert desaparece do cenário musical do delta, e retorna algum tempo depois, tocando guitarra de uma forma espetacular, solidifica-se como bluesman, e como tudo em sua vida, morre precocemente, aos 27 anos, ao tomar whisky envenenado durante um show no um bar "Tree Forks".
E se você acha que o o Ozzy era o cara do marketing, espere até ler isso. Son House ajudou a espalhar o mito de que Robert havia se encontrado com o Diabo em uma encruzilhada, e feito um pacto em troca de aprender a tocar, mito esse que o próprio Robert ajudou a propagar com a música Cross Road Blues...
Curiosamente, durante sua apresentação no "Tree Forks", testemunhas afirmam que ele caiu no chão e começou a se transformar em um cachorro, uivou até morrer.
Essa é a primeira parte de uma série de matérias que pretendo escrever sobre esse tema, portanto nos vemos na próxima edição, até lá.
Diagramação: Snuckbinks
Ilustração: Dias
Blues – parte1
Certamente conhece esse estilo de música, talvez até aprecie. Mas a verdade é pouca gente conhece esse gênero musical, que como descobriremos aqui, influênciou toda a forma de se fazer música.
Para dar o pontapé inicial então na matéria tomarei emprestada a frase de abertura do filme "Cadillac Records":
"A primeira vez que uma mulher tirou a calcinha e a jogou em um palco foi por causa de um cara negro que cantava Blues, quando uma garota branca jogou sua calcinha no palco, chamaram isso de Rock'N'Roll"
E se você vive por aí curtindo seu Rock, seja lá qual variante dele lhe agrade mais, tenha certeza de que foi no Blues que ele foi tomar sua inspiração. Johnny Cash, Elvis, Buddy Holly, Rolling Stones, Beatles, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Eric Clapton, Muddy Waters, Led Zeppelin, Bob Dylan e muitos outros foram "tomar dessa mesma água".
Uma coisa é certa, foi preciso muita gente pra fazer a música que mudou o mundo.
Uma delas foi um cara chamado Robert Johnson. Nasceu e cresceu no Mississipi, vendo o irmão mais velho tocar guitarra, e observando grandes nomes do Mississipi Delta Blues, como Son House e Sonny Boy Williamson, tocar suas harmônicas em piqueniques e festas ao ar livre.
Seu som influenciou futuramente o Blues mais elétrico de Chicago, e embora seja considerado um som mais “cru”, foi ele quem inovou os acordes e diferenciou o Blues das canções que os trabalhadores cantavam nas plantações de algodão.
Robert Johnson era filho bastardo e cresceu longe de seu pai verdadeiro, casou-se cedo e perdeu sua esposa bem cedo também, por ocasião do parto de seu primeiro filho... após esses incidentes, Robert desaparece do cenário musical do delta, e retorna algum tempo depois, tocando guitarra de uma forma espetacular, solidifica-se como bluesman, e como tudo em sua vida, morre precocemente, aos 27 anos, ao tomar whisky envenenado durante um show no um bar "Tree Forks".
E se você acha que o o Ozzy era o cara do marketing, espere até ler isso. Son House ajudou a espalhar o mito de que Robert havia se encontrado com o Diabo em uma encruzilhada, e feito um pacto em troca de aprender a tocar, mito esse que o próprio Robert ajudou a propagar com a música Cross Road Blues...
Curiosamente, durante sua apresentação no "Tree Forks", testemunhas afirmam que ele caiu no chão e começou a se transformar em um cachorro, uivou até morrer.
Essa é a primeira parte de uma série de matérias que pretendo escrever sobre esse tema, portanto nos vemos na próxima edição, até lá.
snuckbinks- Apagati CRTL+ALT+DEL
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Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
Gente, eu gostei desse texto do Agente... Fiquei curioso para ver esse material... Pena que não vou pegar nenhuma página para diagramar pro 13. Não vou. Não vou mesmo. Não não. Não me provoquem.
Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
Texto: Marcelo Soares
Para a edição # 14
O nerd e a referencialidade
Por Marcelo Soares
È mais que sabido que hoje em dia temos na sociedade uma cultura de convergência de mídias, tendências e gostos, e deva ser por isso que os nerds estão mais do que na moda (o fantástico que o diga). Mas, se pensarmos para o nerd o que é a moda, o que lhe chama tanto o interesse? Não, não falarei aqui de roupas para se usar em cosplay, nem camisas com estampas de heróis, mas sim de uma estratégia do mercado de cultura pop que vem funcionando muito bem para chamar a atenção dessa parcela de seres (anti) sociais, e que faz com que eles comprem mais e mais algo que é lançado: a auto-referencialidade, ou melhor, como os quadrinhos levaram para dentro de si a convergência midiática.
Para inicio de conversa, irei citar um exemplo de obra que com certeza 11 de 10 fãs dos quadrinhos devem conhecer e tem bem explícito esse artifício da referencialidade: Planetary, de Warren Ellis. A história trata um grupo de pessoas com poderes especiais que catalogam, como arqueólogos, a “história oculta da humanidade”, uma história com raízes fortes na cultura pop. Portanto, como disse o João Felipe do site Sobrecarga, “espere de cada aventura de Planetary citações e referências ao mundo do cinema e das histórias em quadrinhos, nas palavras do mestre Alan Moore: ‘Warren Ellis e John Cassaday fabricaram um engenhoso mecanismo com o qual podem explorar as possibilidades de nossa situação contemporânea’. Isto é, resgatar elementos do passado dando um novo encaminhamento e apontando para um possível futuro da nona arte.”
Essa sentença mostra bem o que quero discutir aqui, como nessa primeira década do século vinte e um o recurso de uma mídia fazer referência a outra, ou a si mesmo, está sendo muito utilizado para ser um atrativo a mais para quem compra. Com Planetary, e suas inúmeras citações visuais escondidas ou não, gerou enxurradas de discussões em fóruns, teorias e até um guia, fomentando a curiosidade de quem não conhecia e aumentando o interesse de quem já na primeira edição se tornou fã. Ou seja, Ellis sabiamente usou o gosto pelo saudosismo e colecionismo do passado dos leitores para prender suas atenções.
Estratégia também utilizada por Grant Morrison na sua megasaga Crise Final, que muitos alardearam ser “arrogante, presunçosa e complexa” demais, até tem sua lógica, mas, antenado com os novos tempos e leitores, Morrison criou uma verdadeira caça a símbolos escondidos, histórias esquecidas e revivals por parte dos fãs do Universo DC. Na verdade, o escritor já faz esse tipo de coisa desde seus tempos de Homem-Animal e Patrulha do Destino, só que lá era mais com personagens “sumidos”, ampliando tudo isso em CF e em sua passagem pelo Batman, alimentando a fome de um leitor de quadrinhos que vive na velocidade e interconecção de uma vida cibernética, de wikipédias e cultura participativa, um verdadeiro Leitor 2.0.
Acho que qualquer pessoa ligada com as novidades desse mundinho virtual já tinha percebido que instigar o público com a lógica de pesquisa e “caça ao tesouro” é lucrativo, os produtores de Lost que o digam. Tanto que produtos audiovisuais como a série The Bing Bang Theory e o recém-lançado filme brasileiro Apenas o Fim, usam e abusam da capacidade nerd de se interessar por coisas que fazem referência aos seus gostos, explorando bem um filão de consumo que até pouco tempo era simplesmente renegado pela mídia e o capital.
Para a edição # 14
O nerd e a referencialidade
Por Marcelo Soares
È mais que sabido que hoje em dia temos na sociedade uma cultura de convergência de mídias, tendências e gostos, e deva ser por isso que os nerds estão mais do que na moda (o fantástico que o diga). Mas, se pensarmos para o nerd o que é a moda, o que lhe chama tanto o interesse? Não, não falarei aqui de roupas para se usar em cosplay, nem camisas com estampas de heróis, mas sim de uma estratégia do mercado de cultura pop que vem funcionando muito bem para chamar a atenção dessa parcela de seres (anti) sociais, e que faz com que eles comprem mais e mais algo que é lançado: a auto-referencialidade, ou melhor, como os quadrinhos levaram para dentro de si a convergência midiática.
Para inicio de conversa, irei citar um exemplo de obra que com certeza 11 de 10 fãs dos quadrinhos devem conhecer e tem bem explícito esse artifício da referencialidade: Planetary, de Warren Ellis. A história trata um grupo de pessoas com poderes especiais que catalogam, como arqueólogos, a “história oculta da humanidade”, uma história com raízes fortes na cultura pop. Portanto, como disse o João Felipe do site Sobrecarga, “espere de cada aventura de Planetary citações e referências ao mundo do cinema e das histórias em quadrinhos, nas palavras do mestre Alan Moore: ‘Warren Ellis e John Cassaday fabricaram um engenhoso mecanismo com o qual podem explorar as possibilidades de nossa situação contemporânea’. Isto é, resgatar elementos do passado dando um novo encaminhamento e apontando para um possível futuro da nona arte.”
Essa sentença mostra bem o que quero discutir aqui, como nessa primeira década do século vinte e um o recurso de uma mídia fazer referência a outra, ou a si mesmo, está sendo muito utilizado para ser um atrativo a mais para quem compra. Com Planetary, e suas inúmeras citações visuais escondidas ou não, gerou enxurradas de discussões em fóruns, teorias e até um guia, fomentando a curiosidade de quem não conhecia e aumentando o interesse de quem já na primeira edição se tornou fã. Ou seja, Ellis sabiamente usou o gosto pelo saudosismo e colecionismo do passado dos leitores para prender suas atenções.
Estratégia também utilizada por Grant Morrison na sua megasaga Crise Final, que muitos alardearam ser “arrogante, presunçosa e complexa” demais, até tem sua lógica, mas, antenado com os novos tempos e leitores, Morrison criou uma verdadeira caça a símbolos escondidos, histórias esquecidas e revivals por parte dos fãs do Universo DC. Na verdade, o escritor já faz esse tipo de coisa desde seus tempos de Homem-Animal e Patrulha do Destino, só que lá era mais com personagens “sumidos”, ampliando tudo isso em CF e em sua passagem pelo Batman, alimentando a fome de um leitor de quadrinhos que vive na velocidade e interconecção de uma vida cibernética, de wikipédias e cultura participativa, um verdadeiro Leitor 2.0.
Acho que qualquer pessoa ligada com as novidades desse mundinho virtual já tinha percebido que instigar o público com a lógica de pesquisa e “caça ao tesouro” é lucrativo, os produtores de Lost que o digam. Tanto que produtos audiovisuais como a série The Bing Bang Theory e o recém-lançado filme brasileiro Apenas o Fim, usam e abusam da capacidade nerd de se interessar por coisas que fazem referência aos seus gostos, explorando bem um filão de consumo que até pouco tempo era simplesmente renegado pela mídia e o capital.
Última edição por Kio em Ter Ago 25, 2009 3:36 pm, editado 1 vez(es)
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Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
Texto: Marcelo Soares
Diagramação: Kio
2 páginas
Uma sombra viva
Por Marcelo Soares
Criar um personagem, seja ele de filme, livro ou quadrinhos, apesar dos Robs Liefelds da vida tentarem provar o contrário, é um trabalho árduo e minucioso. È necessário pensar uma gama de possibilidades, complexidades e motivações. Ouso dizer, que no Universo DC um personagem seja o mais complexo dentre os super-heróis da editora: Bruce Wayne.
Não sei se alguém achou estranho, mas poderiam me perguntar por que me refiro ao alterego e não ao Batman. Para mim, Wayne é a síntese de um personagem multifacetado, um garoto que viu os pais serem assassinados quando ainda era criança e nunca conseguiu superar isso, preferindo se refugiar em uma construção (o morcego) do que se levantar e tentar mudar o mundo de outra forma, afinal o cara é um multimilionário. Mas ai você me diria: “ele é um herói, se não tivesse tragédia e trauma não existiria história”, concordo, não critico o caminho escolhido para o personagem, afinal sou fã do Cavaleiro das Trevas assim como ele é. Só utilizo exemplos para mostrar que se fazer uma história não é para qualquer um. Só para constar: quantos autores sabem, de verdade, trabalhar as várias faces do “príncipe de Gotham”?
Agora falemos um pouco sobre o Batman. Logo de cara percebemos que ele é um Lone Ranger, assim como o personagem que o inspirou: Zorro. Um cara perturbado que, como dito, não soube deixar para trás a morte dos pais e se ancora em uma fantasia de combatente do crime para conseguir viver. Passa noites lutando contra si mesmo, ao socar bandidos e voar entre prédios. Talvez, por saberem que esse caminho só poderia levar um homem a destruição que introduziram o Robin, para dar uma leveza as suas histórias e uma tábua de salvação para o personagem.
Eu o vejo como um psicótico, sedento por um tipo de salvação ao “fim do túnel”, um cara que começou achando que está fazendo o certo e vai sendo consumindo aos poucos até chegar a um ponto onde surta, não muito diferente de seus vilões.
Por sinal, os vilões são também a síntese de um personagem. Um cara como o Batman tem vilões que são seu reflexo distorcido, e isso torna a história mais instigante ainda, pois, como fica o bem dentro de uma linha tão tênue como a que ele vive em sua luta diária? É necessário para um homem se autopoliciar sempre para não cruzá-la, e só esse policiamento já é um martírio constante pro quem está detrás da máscara, uma forma de deixar mais humano um ser com o pé no mitológico. Uma analogia que gosto muito de fazer é de que ele é o lado violento/sombrio da justiça, enquanto o Superman o lado ingênuo/crédulo. Eu gosto desse conceito de humanizar heróis, dia desses em uma conversa de MSN da vida discutia sobre isso: eu defendendo a humanização do Batman e meu companheiro de debate quase exaltando o lado “cool” do morcego, reflexos da overpowerização nos anos 90 do personagem.
Gosto dos personagens da DC também porque apesar de muito irreais, ele são até mais humanos que os da Marvel. Explico. Por viverem muito nesse mundo mitológico se tornam mais complexos, na Marvel é tudo muito claro desde o inicio: Homem-Aranha é um fudido, em busca de emprego, amor, cuidar da tia e ainda ser herói, é legal, mas com o tempo se torna previsível, tanto que a cada dois anos são mil reviravoltas.
Um Batman você pode trabalhar vários aspectos de algo tão louco que dá varias interpretações, como vimos ao longo de sua história. Não digo aqui que um é melhor que o outro, isso não existe apesar de grupelhos quererem discutir “sexo dos anjos” em comentários por aí, só digo que são diferentes, e são coisas como essas que tornam o mundo dos quadrinhos um lugar tão maravilhoso.
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Uma sombra viva
Por Marcelo Soares
Criar um personagem, seja ele de filme, livro ou quadrinhos, apesar dos Robs Liefelds da vida tentarem provar o contrário, é um trabalho árduo e minucioso. È necessário pensar uma gama de possibilidades, complexidades e motivações. Ouso dizer, que no Universo DC um personagem seja o mais complexo dentre os super-heróis da editora: Bruce Wayne.
Não sei se alguém achou estranho, mas poderiam me perguntar por que me refiro ao alterego e não ao Batman. Para mim, Wayne é a síntese de um personagem multifacetado, um garoto que viu os pais serem assassinados quando ainda era criança e nunca conseguiu superar isso, preferindo se refugiar em uma construção (o morcego) do que se levantar e tentar mudar o mundo de outra forma, afinal o cara é um multimilionário. Mas ai você me diria: “ele é um herói, se não tivesse tragédia e trauma não existiria história”, concordo, não critico o caminho escolhido para o personagem, afinal sou fã do Cavaleiro das Trevas assim como ele é. Só utilizo exemplos para mostrar que se fazer uma história não é para qualquer um. Só para constar: quantos autores sabem, de verdade, trabalhar as várias faces do “príncipe de Gotham”?
Agora falemos um pouco sobre o Batman. Logo de cara percebemos que ele é um Lone Ranger, assim como o personagem que o inspirou: Zorro. Um cara perturbado que, como dito, não soube deixar para trás a morte dos pais e se ancora em uma fantasia de combatente do crime para conseguir viver. Passa noites lutando contra si mesmo, ao socar bandidos e voar entre prédios. Talvez, por saberem que esse caminho só poderia levar um homem a destruição que introduziram o Robin, para dar uma leveza as suas histórias e uma tábua de salvação para o personagem.
Eu o vejo como um psicótico, sedento por um tipo de salvação ao “fim do túnel”, um cara que começou achando que está fazendo o certo e vai sendo consumindo aos poucos até chegar a um ponto onde surta, não muito diferente de seus vilões.
Por sinal, os vilões são também a síntese de um personagem. Um cara como o Batman tem vilões que são seu reflexo distorcido, e isso torna a história mais instigante ainda, pois, como fica o bem dentro de uma linha tão tênue como a que ele vive em sua luta diária? É necessário para um homem se autopoliciar sempre para não cruzá-la, e só esse policiamento já é um martírio constante pro quem está detrás da máscara, uma forma de deixar mais humano um ser com o pé no mitológico. Uma analogia que gosto muito de fazer é de que ele é o lado violento/sombrio da justiça, enquanto o Superman o lado ingênuo/crédulo. Eu gosto desse conceito de humanizar heróis, dia desses em uma conversa de MSN da vida discutia sobre isso: eu defendendo a humanização do Batman e meu companheiro de debate quase exaltando o lado “cool” do morcego, reflexos da overpowerização nos anos 90 do personagem.
Gosto dos personagens da DC também porque apesar de muito irreais, ele são até mais humanos que os da Marvel. Explico. Por viverem muito nesse mundo mitológico se tornam mais complexos, na Marvel é tudo muito claro desde o inicio: Homem-Aranha é um fudido, em busca de emprego, amor, cuidar da tia e ainda ser herói, é legal, mas com o tempo se torna previsível, tanto que a cada dois anos são mil reviravoltas.
Um Batman você pode trabalhar vários aspectos de algo tão louco que dá varias interpretações, como vimos ao longo de sua história. Não digo aqui que um é melhor que o outro, isso não existe apesar de grupelhos quererem discutir “sexo dos anjos” em comentários por aí, só digo que são diferentes, e são coisas como essas que tornam o mundo dos quadrinhos um lugar tão maravilhoso.
Última edição por Kio em Ter Ago 25, 2009 3:35 pm, editado 1 vez(es)
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Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
Texto: Marcelo Mainardi
Revisão:
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TOCA RAUL
Meados de 1989. Eu tinha 13 anos e lembro-me de um cara todo vestido de couro, ou seja lá o que fosse, se esguelando nalgum programa de TV. A próxima lembrança que me vem é de uma matéria do programa Fantástico anunciando a morte de um cantor. Parecia algo importante, mas o que fixou mesmo na minha cachola de moleque, foi que aparecia um cara lendo um gibi do Tex num vídeoclipe amalucado de uma música que falava de cowboys e medos. Quadrinhos são parte indelével de minha memória desde a mais tenra idade, mas creio que essa informação não vem ao caso.
Passou mais um tempo até que eu me deparasse, em uma festinha de aniversário, com um LP que me chamou a atenção. Aquela capa na qual apenas aparecia um deserto e uma pintura no melhor estilo foto 3x4, e o nome sugestivo: O Dia em que a Terra parou. Foi então que notei que já havia visto aquele cara da foto. Era o tal do Raul Seixas. Daí, para me apaixonar pelas músicas, decorar todas daquele disco; e então correr atrás de qualquer material possível, fossem fitas cassete pra lá de piratas ou recortes de jornais e revistas, foi um pulo.
Neste mês de agosto de 2009, faz 20 anos que Raulzito nos deixou. Faz mais ou menos 19 anos que sou fã incondicional dele.
A esta altura você deve estar se perguntando: “Tá! 20 anos que o cara morreu. Não vai rolar uma biografia, ou discografia, ou quaisquer outras grafias?” Não. Não vai. Sempre em datas “redondas” a mídia em geral despeja toneladas de informações sobre um fato ou personagem, portanto se você quiser saber sobre datas, números e informações úteis ou fúteis, basta um passeio rápido por esse mundão da internet que estará bem provido de informação.
Aqui me reservo ao direito apenas de, mais uma vez, prestar homenagem a esse cara que me fez ser quem sou; seja isso bom ou ruim. Mas aí, já é com meu psiquiatra!
Enfim, digo prestar mais uma vez homenagem, pois lá naquela época de que eu falava antes, após me apaixonar pelas músicas do cara, eu costumava prestar minha homenagem religiosamente, mesmo que fosse anônima. Não me importava. Era usando uma camiseta; ou pendurando um cartaz, desenhado por mim mesmo, no saguão da escola para lembrar mais ano de ausência; disseminando minha paixão fazendo com que outros amigos ouvissem também, da maneira como eu ouvia, as músicas; ou ainda, auxiliando num teatro no qual fizemos um sósia do Raul saltar de dentro de um caixão, dublar algumas músicas e retornar ao caixão levando cutucadas de um capetinha pintado de colorau! E isso tudo no coreto da praça de minha cidade natal. Algumas pessoas não gostaram muito.
O tempo passa, essa efervescência adolescente passa, as demonstrações mais apaixonadas acabam sendo relegadas a um tímido “Gosto muito.” em resposta a um “Ô cara, você curte Raul?”. Apesar de não deixar de sempre ouvir e buscar saber mais sobre a obra e o homem. Talvez tenha sido apenas o mundo fazendo com que a gente tome a pose de cidadão respeitável, que ganha 4 mil cruzeiros por mês, alegre e satisfeito, e que contribui para o nosso belo quadro social. Mesmo que isso lhe doa no peito. Pois é, com o tempo a gente acaba entendendo exatamente o que aquele magrelo queria dizer.
Mas deixemos as melancolias de lado, hoje não é o “Dia da Saudade”. Aproveitemos essa data “redonda” não apenas para enumerar discos, falar de datas, curiosidades, ditos ou desditos da vida do Raul. Vamos aproveitar para fazer o que de melhor podemos fazer para homenageá-lo, mesmo que seja anonimamente! Vamos ouvir e cantar suas músicas. Ouvir com o coração e cantar com a alma! Vamos fazer parte daquela trupe que enche o saco de qualquer banda em festas de formatura, bares e shows, gritando lá do fundão: TOCA RAUL!
Ou como diria o Zeca Baleiro: “Mal eu subo no palco, um mala, um maluco já grita de lá:
Toca Raul. A vontade que me dá é de mandar o cara tomar naquele lugar, mais aí eu paro, penso e reflito, como é poderoso esse Raulzito!”
Revisão:
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TOCA RAUL
Meados de 1989. Eu tinha 13 anos e lembro-me de um cara todo vestido de couro, ou seja lá o que fosse, se esguelando nalgum programa de TV. A próxima lembrança que me vem é de uma matéria do programa Fantástico anunciando a morte de um cantor. Parecia algo importante, mas o que fixou mesmo na minha cachola de moleque, foi que aparecia um cara lendo um gibi do Tex num vídeoclipe amalucado de uma música que falava de cowboys e medos. Quadrinhos são parte indelével de minha memória desde a mais tenra idade, mas creio que essa informação não vem ao caso.
Passou mais um tempo até que eu me deparasse, em uma festinha de aniversário, com um LP que me chamou a atenção. Aquela capa na qual apenas aparecia um deserto e uma pintura no melhor estilo foto 3x4, e o nome sugestivo: O Dia em que a Terra parou. Foi então que notei que já havia visto aquele cara da foto. Era o tal do Raul Seixas. Daí, para me apaixonar pelas músicas, decorar todas daquele disco; e então correr atrás de qualquer material possível, fossem fitas cassete pra lá de piratas ou recortes de jornais e revistas, foi um pulo.
Neste mês de agosto de 2009, faz 20 anos que Raulzito nos deixou. Faz mais ou menos 19 anos que sou fã incondicional dele.
A esta altura você deve estar se perguntando: “Tá! 20 anos que o cara morreu. Não vai rolar uma biografia, ou discografia, ou quaisquer outras grafias?” Não. Não vai. Sempre em datas “redondas” a mídia em geral despeja toneladas de informações sobre um fato ou personagem, portanto se você quiser saber sobre datas, números e informações úteis ou fúteis, basta um passeio rápido por esse mundão da internet que estará bem provido de informação.
Aqui me reservo ao direito apenas de, mais uma vez, prestar homenagem a esse cara que me fez ser quem sou; seja isso bom ou ruim. Mas aí, já é com meu psiquiatra!
Enfim, digo prestar mais uma vez homenagem, pois lá naquela época de que eu falava antes, após me apaixonar pelas músicas do cara, eu costumava prestar minha homenagem religiosamente, mesmo que fosse anônima. Não me importava. Era usando uma camiseta; ou pendurando um cartaz, desenhado por mim mesmo, no saguão da escola para lembrar mais ano de ausência; disseminando minha paixão fazendo com que outros amigos ouvissem também, da maneira como eu ouvia, as músicas; ou ainda, auxiliando num teatro no qual fizemos um sósia do Raul saltar de dentro de um caixão, dublar algumas músicas e retornar ao caixão levando cutucadas de um capetinha pintado de colorau! E isso tudo no coreto da praça de minha cidade natal. Algumas pessoas não gostaram muito.
O tempo passa, essa efervescência adolescente passa, as demonstrações mais apaixonadas acabam sendo relegadas a um tímido “Gosto muito.” em resposta a um “Ô cara, você curte Raul?”. Apesar de não deixar de sempre ouvir e buscar saber mais sobre a obra e o homem. Talvez tenha sido apenas o mundo fazendo com que a gente tome a pose de cidadão respeitável, que ganha 4 mil cruzeiros por mês, alegre e satisfeito, e que contribui para o nosso belo quadro social. Mesmo que isso lhe doa no peito. Pois é, com o tempo a gente acaba entendendo exatamente o que aquele magrelo queria dizer.
Mas deixemos as melancolias de lado, hoje não é o “Dia da Saudade”. Aproveitemos essa data “redonda” não apenas para enumerar discos, falar de datas, curiosidades, ditos ou desditos da vida do Raul. Vamos aproveitar para fazer o que de melhor podemos fazer para homenageá-lo, mesmo que seja anonimamente! Vamos ouvir e cantar suas músicas. Ouvir com o coração e cantar com a alma! Vamos fazer parte daquela trupe que enche o saco de qualquer banda em festas de formatura, bares e shows, gritando lá do fundão: TOCA RAUL!
Ou como diria o Zeca Baleiro: “Mal eu subo no palco, um mala, um maluco já grita de lá:
Toca Raul. A vontade que me dá é de mandar o cara tomar naquele lugar, mais aí eu paro, penso e reflito, como é poderoso esse Raulzito!”
Mainardi- Apagati CRTL+ALT+DEL
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Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
Texto: Filipe (NSN)
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Os Infilmáveis
Por FiliPêra, do Nerds Somos Nozes
É isso... Watchmen foi adaptado. A última fronteira das HQs que jamais deveriam ir para o cinema foi invadida. Ainda existem outras, como você verá a seguir, mas o mundo dos quadrinhos jamais será o mesmo!
Arte que é arte precisa de ter obras únicas, revolucionárias, que inspirem respeito e que sejam mega reverenciadas... ao ponto de não se cogitar uma transposição dela para outro tipo de arte ou mídia. Vemos o caso de Guerra e Paz, o livro, com seus poderosos conflitos psicológicos e farta e detalhada descrição, tudo típico da literatura russa. E vemos o filme, que é bom e bem intencionado, mas deixa para trás tudo que tornou a obra um clássico da literatura.
Algumas revistas em quadrinhos, mesmo tidas por muitos como pertencentes a uma arte inferior a literatura, têm esses atributos. São poderosas o bastante para tornar qualquer tipo de adaptação complicada, ou inviável. Vou direto ao assunto: com a moda das HQs indo pro cinema de forma desordenada, é certo que alguns produtores e diretores colocarão os olhos em revistas que jamais deveriam chegar ao cinema. Principalmente após Zack Snyder conseguir uma bem-sucedida adaptação da melhor HQ da história para muitos: Watchmen. O resultado quase sempre é desastroso, mas a insistência do mundo do audiovisual, que nunca está satisfeito em ver obras fantásticas em outras mídias e não no cinema ou na TV, é enfadonha.
E com isso se abre fácil discussão: que outras obras jamais devem chegar perto de serem adaptadas para o cinema?! Bom, listei algumas abaixo... se elas uma dia chegarão aos cinemas, ou no formato de série de TV, só o tempo dirá... mas torço pelo contrário:
1 – Sandman
A obra de Neil Gaiman é naturalmente a primeira da lista, mesmo já tendo sido cogitada a transformação dela em uma série de TV, com Robert Smith (vocalista do The Cure) no papel de Morpheus. Hoje, ainda se fala numa série da HBO, e para Gaiman parece inevitável que um dia a série chegue a ser adaptada de alguma maneira. Ele provavelmente só não espera estar vivo até lá, já que ninguém sabe como levar uma série gigante, com 10 arcos distintos, um séqüito de personagens bizarros e profundos... além da inclusão de temas indigestos para 95% da população americana, como magia, violência e assassinatos em série.
Ajuda o fato de Sandman ser muito mais que uma série de quadrinhos. É uma mitologia tão vasta e grandiosa quanto O Senhor dos Anéis, se guardarmos as devidas proporções. A quantidade de referências e o poder de seus personagens e mitos podem levar qualquer diretor e produtor à loucura, o que não duvido que aconteça caso eles resolvam levar essa idéia a cabo, isso já considerando a evolução pela qual a TV americana está passando.
2 – Os Invisíveis
Um grupo de anarquistas que estão numa guerra secreta para livrar os humanos dos verdadeiros dominadores do mundo. Sim, você já ouviu essa história, e se era fã de Os Invisíveis é provável que identificou ecos da série na trilogia Matrix logo de cara. É impossível não associar as duas obras, mesmo com todo aquele papo antigo de jornada do herói que está presente em inúmeros filmes desde as primeiras tragédias gregas. Grant Morrison, autor de Os Invisíveis, pensou da mesma forma e não ficou feliz com a inspiração exacerbada da obra dos irmãos Wachowski em sua série, mesmo tendo gostado do filme.
O fato é que Os Invisíveis tem muitos elementos que são suficientes para mantê-lo longe de qualquer tipo de adaptação audiovisual. A começar por sua estrutura narrativa, que não liga de deixar no escuro até mesmo o mais esperto e viciado dos leitores. Tanto que a série perigou ser cancelada ainda no seu segundo arco devido à queda de vendas causada por leitores que não estavam entendendo o que tava rolando na trama. E depois piora: o último arco, com 12 edições, é narrado de forma invertida, e é de suma importância que se tenha um guia de leitura a mão, já que a coisa é insana ao cubo.
Fora isso temos uma trama povoada por personagens esquisitos, alguns mortos, outros saídos de outra dimensão, viagens no tempo, cultura e mitologia asteca, inca e ambientações na França na época da Revolução.
É a típica salada que deixam roteiristas com as mentes parecendo tijolos, e o resultado é o esperado: a adaptação não agrada ninguém. Ajuda o fato do texto de Morrison ser genial, e nunca parece envelhecer, mesmo já possuindo 15 anos.
Uma adaptação, também para a tela pequena, entrou em pré-produção pela BBC londrina na época do encerramento da série de 59 volumes, mas emperrou, em parte devido ao surgimento de Matrix, mesmo que as temáticas dos dois não sejam exatamente iguais. Recentemente Grant declarou que desistiu de qualquer adaptação da obra, o que acho muito bom. Mas é sempre possível que algum produtor com uns três parafusos a menos coloque os olhos sobre ela.
3 - Incal
Quando pensamos em adaptações, não devemos pensar unicamente nas limitações estéticas e narrativas de cada arte, mas também o tipo de público que a consome. Isso também faz de muitas obras infilmáveis. A quantidade de referências que saltam das páginas de certas revistas em quadrinhos teria que serem postas de lado caso a HQ virasse uma série de TV ou filme. Simplesmente não dá pra reproduzir isso a 30 quadros por segundo a um espectador. Nem o neurônio mais acordado vai pescar todas, mesmo com fenômenos do estilo Lost mostrarem algo que parece ir na direção inversa.
Basicamente é isso que impede Incal, uma das melhores HQs da história, a chegar aos cinemas ou coisa do gênero. Imagine uma HQ que misture a narrativa épica e os personagens exóticos de Star Wars, a jornada mística do filme El Topo, com conceitos existencialistas de Matrix. Sim, essa obra existe, e influenciou um séquito de revistas em quadrinhos e roteiristas que viriam posteriormente. E Alejandro Jodorowsky, o autor de Incal, não economiza nas referências delirantes e cria uma ficção científica sem igual na nona arte.
Tudo está no seu devido lugar por aqui: a narrativa grandiosa que jamais fica enfadonha, os personagens interessantes, as contínuas e densas tramas, as maquinações políticas e traições, as referências às mais diversas disciplinas místicas e esotéricas e, claro a jornada transformatória de auto-conhecimento de John Difool, o personagem principal, que encontra por acidente um artefato que pode mudar o curso dos acontecimentos do universo.
Tem também a arte de Moebius, que não encontra muitos pares por aí, mesmo com tecnologias modernas invadindo o modo como se faz desenhos e cores nas revistas. Tentar reproduzi-la ia tirar qualquer designer de produção do sério ante a frustração.
E como é de praxe em obras unânimes, já se cogitou (e eternamente se cogita) adaptar Incal, no formato de uma série de animação, mas isso nunca saiu do papel. Talvez como animação a coisa flua melhor, pois francamente, aquele universo maluco dificilmente funcionaria em live action. Seria uma loucura do naipe de adaptar Dragon Ball como filme (sim, existem loucos no mundo...).
4 – Promethea
Dizem que quando Alan Moore completou 40 anos ele teve uma vontade incontrolável de conhecer magia, e escolheu a Cabala para aprender, jogando tudo em Promethea para compartilhar isso com os leitores. O resultado é soberbo, e deixa muita coisa dele no chinelo (o que significa que 90% das HQs foram superadas no processo). Promethea é mais ou menos a versão feminina do titã Prometeu, que também é um arquétipo de Lúcifer, que trouxe o conhecimento para humanidade. Ela “encarna” nos que escrevem sobre seu mito, e o resultado é metalinguagem insana pulando a cada página. Tudo isso embalado por muito Tarô e Cabala.
Se Promethea fosse uma série de TV, somente em seus três primeiros episódios, os espectadores iam ficar se sentindo postes. Moore aplica sua carga de conhecimento de sempre sobre o assunto, e não está ligando se você não possui tal conhecimento... é seu dever correr atrás. Se a série não fosse cancelada a essa altura, seria quando tivesse um capítulo inteiro dedicado a Magia Sexual, lá pelo capítulo 11, o que faria os puritanos de plantão ver o diabo inserido subliminarmente dentro do episódio.
Isso sem contar a arte de J. H. Willians III, que deve ser tão parabenizado quanto Moore. Algumas lendas sobre a produção da revista contam que o uso de certos símbolos mágicos no papel, levaram as pessoas que cuidaram da impressão a ficarem doentes.
Só para você ter uma idéia, a última edição da revista é um pôster de dois lados com um estrutura mega complexa, que pode (e deve) ser lido de diversas formas possíveis para ser assimilado. Agora imagine isso na TV?! Se as páginas de Watchmen – que são estupendas, mas passam longe do brilho e beleza de Promethea – já foram um desafio para Zack Snyder, Eu acho que a arte dessa série vai fazer qualquer um chorar, antes de sequer cogitar imaginar adapta-la. Ah!, fora isso, os direitos da série pertencem ao próprio Moore, o que lima quase completamente a possibilidade de existir uma adaptação.
Têm várias outras, como Maus, Planetary e Sete Soldados da Vitória, mas é melhor parar por aqui. Vai que algum produtor desesperado por grana está lendo isso aqui...
Kio- Editor aposentado
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Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
O Inviolável Revisor Fantasma já postou o conto "Vampirismo ou Solidão", do Agente, na área Sem Comentários:
https://apgatti.forumeiros.com/sem-comentarios-f3/textos-revisados-para-o-13-t177.htm#3778
Go, Revisor Fantasma, go! Kio, atualiza aí.
Agente, eu acho que esse conto foi a melhor coisa sua que eu li até hoje... Parabéns!
https://apgatti.forumeiros.com/sem-comentarios-f3/textos-revisados-para-o-13-t177.htm#3778
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Agente, eu acho que esse conto foi a melhor coisa sua que eu li até hoje... Parabéns!
Ricardo Andrade- não fez nada. Já estava assim quando ele chegou
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Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
O Inevitável Revisor Fantasma já postou no Sem Comentários o conto "37 Dias", do JLuismith! Go, Revisor Fantasma, go!
Kio, atualiza aí!
JLuismith, esse conto seu também é boooooooooooooom demais da conta, sô! Eu cheguei a ter raiva de ter sido uma piada, no final, tão arrepiante a coisa ia indo... Parabéns!
Kio, atualiza aí!
JLuismith, esse conto seu também é boooooooooooooom demais da conta, sô! Eu cheguei a ter raiva de ter sido uma piada, no final, tão arrepiante a coisa ia indo... Parabéns!
Ricardo Andrade- não fez nada. Já estava assim quando ele chegou
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Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
O Inimputável Revisor Fantasma já postou "As Noites no Bar do Limbo", do Nano, no Sem Comentários! Quem o Revisor Fantasma pensa que é??
Nano, eu nem vou comentar esse conto; eu já tinha me apaixonado por ele da primeira vez que você postou... Só não é a melhor coisa que você já escreveu, porque você escreve muita coisa boa demais!
Meu, como é bom trabalhar nessa revista!
Nano, eu nem vou comentar esse conto; eu já tinha me apaixonado por ele da primeira vez que você postou... Só não é a melhor coisa que você já escreveu, porque você escreve muita coisa boa demais!
Meu, como é bom trabalhar nessa revista!
Ricardo Andrade- não fez nada. Já estava assim quando ele chegou
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Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
Ricardo Andrade escreveu:O Inviolável Revisor Fantasma já postou o conto "Vampirismo ou Solidão", do Agente, na área Sem Comentários:
https://apgatti.forumeiros.com/sem-comentarios-f3/textos-revisados-para-o-13-t177.htm#3778
Go, Revisor Fantasma, go! Kio, atualiza aí.
Agente, eu acho que esse conto foi a melhor coisa sua que eu li até hoje... Parabéns!
Obrigado pela correção e obrigado pelas palavras de elogio.
Espero poder escrever textos melhores a cada edição.
Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
Texto: Nano Falcão
1 página
1 página
POR ONDE ANDA?
ROGER STERN
Seu nome pode ser virtualmente desconhecido para os mais jovens, mas quem lia quadrinhos nos anos 80, com certeza se lembra de Roger Stern. Fazendo parte da mesma geração que John Byrne e Frank Miller, Stern começou sua carreira na Marvel, no final dos anos 70, assinando por quase três anos as histórias do Hulk.
No entanto, seus trabalhos mais famosos na Marvel são sem dúvida sua passagem, também de três anos, em Amazing Spider-Man, onde criou personagens como o Duende Macabro, Madame Teia e deu um passado para o vilão Abutre; e Vingadores, onde ficou quase seis anos no comando das histórias, criando a nova Capitã Marvel e Os Vingadores da Costa Oeste.
Stern também é celebrado pela curta passagem, ao lado de John Byrne, na revista do Capitão América, no início dos anos 80. Ele também escreveu “Triunfo & Tormento”, uma graphic novel estrelada por Doutor Estranho e Doutor Destino, e considerada a melhor história do vilão em todos os tempos.
Depois de quase dez anos escrevendo o Superman, para a DC Comics – onde também criou Will Payton, o quarto Starman - Stern deu um rápido retorno à Marvel, para alguns projetos breves, e aparentemente sumiu do mapa, na segunda metade dos anos 90.
O que teria acontecido? Teria ele ganho na loteria? Ou convocado pra ser conselheiro do próprio Odin? Nada disso, Stern tem dedicado seu tempo a escrever prosa,mas apesar de seus esforços de ser um “escritor sério”, nem assim consegue abandonar seu amor pelos super-heróis.
Afinal seu maior sucesso como escritor é justamente um romance estrelado pelo Superman - The Death and The Life of Superman, que ficou várias semanas na lista de livros mais vendidos dos Estados Unidos. Outros sucessos foram “Superman – A Batalha sem Fim” e “Smallville – Estranhos Visitantes”. Infelizmente todos continuam inéditos no Brasil.
Nos quadrinhos ele tem trabalhado para editores europeus, escrevendo O Fantasma para a editora Egmont. Nos EUA, sua “última aparição” foi a mini-série “Darkman X Army of Darkness” para a Dynamite.
Se você anda com saudade do trabalho de Roger Stern, não pode perder então o lançamento de SPIRIT número 30, onde o escritor nos apresenta um conto com a imortal criação de Will Eisner!
Última edição por Kio em Ter Set 01, 2009 10:38 am, editado 1 vez(es)
Kio- Editor aposentado
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Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
Agora que notei que no Ctrl C + Ctrl V as últimas linhas do "Por onde Anda? Roger Stern" foram puladas! Por favor, acrescentem isso na diagramação:
Edit.: Feito
Se você anda com saudade do trabalho de Roger Stern, não pode perder então o lançamento de SPIRIT número 30, onde o escritor nos apresenta um conto com a imortal criação de Will Eisner!
Edit.: Feito
Re: FARRAZINE # 13 - TEXTOS PARA REVISÃO
Ricardo Andrade escreveu:O Inimputável Revisor Fantasma já postou "As Noites no Bar do Limbo", do Nano, no Sem Comentários! Quem o Revisor Fantasma pensa que é??
Nano, eu nem vou comentar esse conto; eu já tinha me apaixonado por ele da primeira vez que você postou... Só não é a melhor coisa que você já escreveu, porque você escreve muita coisa boa demais!
Meu, como é bom trabalhar nessa revista!
Puxa, muito obrigado professor. Eu ando bem cri-critico com o meu trabalho, às vezes preciso de uma "enchida de bola" pra continuar. Valeu!
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