FARRAZINE # 10 - TEXTOS
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FARRAZINE # 10 - TEXTOS
Vamos lá... postem os textos aqui, para já podermos ir montando a paginação.
Última edição por Kio em Sex Jan 23, 2009 11:20 am, editado 1 vez(es)
Kio- Editor aposentado
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Re: FARRAZINE # 10 - TEXTOS
Proposta de matéria para o #10 (ou o #11, ou o #12, ou pra quando quiserem usar)
J.D. Salinger
J.D. Salinger
É sempre difícil saber como alguém vai ser lembrado. Pense em Einstein por exemplo. Gênio da física, criador da teoria da relatividade, um dos cientistas mais revolucionários da história, acabou entrando para a cultura popular como “o cara descabelado com a língua pra fora”. Afinal, bem mais gente consegue entender um velhinho que parece meio maluco do que algo como E=MC² .O mesmo podemos dizer de J.D. Salinger, um dos maiores novelistas norte-americanos, e que esse ano, no mês de janeiro, completou 90 anos.
Tudo bem, talvez você não saiba quem é J.D. Salinger. Mas você sabe quem é John Lennon, certo? Então você sabe que teve um cara, um tanto quanto maluco, que atirou no ex-beatle na porta do prédio dele, matando de vez o sonho, que por sinal já tinha acabado. E em alguma matéria sobre essa morte já devem ter citado que o “cara maluco” tinha lido um livro, pouco antes, e alguns membros da mídia paranóica consideraram que o livro teve alguma influência no crime. E esse livro era “O apanhador no campo de centeio”. E adivinha quem era o autor? Isso, J.D. Salinger. Sim, foi uma longa viagem, mas chegamos lá.
Infelizmente é assim que muita gente se lembra de Salinger, como “o cara que escreveu o livro lido pelo maluco que matou o John Lennon”, o que, além de ser um apelido longo demais pra qualquer um, não faz jus ao trabalho de um dos autores mais influentes da cultura norte-americana e um dos que melhor entendeu as crises da mente adolescente.
J.D. Salinger, nascido em Nova York com o nome de Jerome David Salinger, filho de um comerciante judeu polonês e uma mãe meio irlandesa meio escocesa, começou a escrever ainda nos tempos do colégio e da faculdade, ainda que boa parte de sua produção literária só tenha surgido após a segunda guerra mundial, onde serviu em diversos locais e conheceu Ernest Hemingway, que já naquela época o considerava um dos maiores talentos que já tinha visto. De volta aos Estados Unidos após uma estadia traumática no front, Salinger começou o que seria a fase mais produtiva de sua carreira, já que, ainda que antes da guerra tivesse publicado alguns contos, apenas com “A Perfect Day for Bananafish”, sua primeira publicação na revista “New Yorker”, seguido de uma séries de outras novelas e histórias curtas, começou a receber reconhecimento da crítica e do público. Mas claro, nada se compararia a “O apanhador no campo de centeio”, lançado em 1951.
Retomando um personagem de uma de suas histórias pré-guerra, o adolescente Holden Caulfield, o autor conta a saga do jovem após ser expulso de um colégio interno e sua aventura em Nova York, criando praticamente um novo sub-gênero na literatura com a sincera e envolvente narração em primeira pessoa do personagem, explorando a alienação e a distância entre o mundo adulto e o mundo dos jovens, tudo com uma linguagem e uma agilidade inovadora para os padrões da época. Com isso o livro ganha uma capacidade impressionante de se conectar ao leitor, que se sente um companheiro de viagem e de confissões do protagonista, devido ao tema de fácil identificação e que se tornou constante na obra de Salinger.
Isso porque é fácil pra boa parte dos jovens, seja na época do lançamento do livro ou seja hoje, se identificar com a trama de um garoto distante dos pais e buscando a liberdade da cidade, devido a natural distância entre pais e filhos, seja qual for o contexto. Exemplo disso é o significado que o livro teve no meu caso, lido durante um período em que meus pais se divorciavam e eu sinceramente pensava em fugir de casa (ainda que tenha desistido por causa da impossibilidade de levar minha coleção de quadrinhos), e como foi fácil me ligar ao livro. Independente de críticas ao estilo de Salinger ou a seus méritos em termos de técnica de escrita (que eu considero significativos), uma coisa que não se pode negar é a relevância da temática e até mesmo a visão do autor em tratar da adolescência numa época em que o tema não era nada comum e sempre tratado de uma forma bem mais moralizadora.
Com o sucesso imediato do livro e as polêmicas que o cercaram (segundo pesquisas “O apanhador” é o livro mais censurado em todas as escolas americanas, mas o segundo mais freqüentemente escolhido por professores de literatura como tema para aulas), já que alguns professores consideravam que o livro tentava desde incitar jovens a fugir de casa até o uso de linguagem “grosseira”, Salinger, totalmente avesso a publicidade, começou uma trajetória crescente de recolhimento e redução de sua exposição a mídia.
Até 1965, quando iria parar totalmente de publicar originais, ele ainda escreveu os livros “Nove Histórias”, “Franny and Zoey” E “Pra cima com a viga, moçada”, lançados respectivamente em 1953, 1961 e 1963, sendo que seu último original publicado foi “Hapworth 16, 1924”, em 1964. Em 1980 ele iria cortar totalmente qualquer contato com a mídia, devido a seus constantes problemas com sua exposição, que ele considerava exagerada e alguns processos envolvendo biografias lançadas por estudiosos de literatura e por pessoas próximas.
Ausente da literatura durante mais de 40 anos e da mídia durante quase trinta, Salinger influenciou e até hoje influencia autores que vão desde Richard Yates até Tom Robbins, passando por Dave Eggers e até pelo autor desse texto, ainda que em terras brasileiras possa talvez não ser tão lido quanto deveria. Mas no ano em que ele completa 90 anos vale a pena um contato, senão com todos os seus livros (já publicados no Brasil, ainda que bem difíceis de se encontrar), pelo menos com sua obra mais popular, “O apanhador no campo de centeio”. Não, não recomendamos esse livro pra você que ouve vozes que te mandam matar um beatle (por favor, deixe Paul e Ringo em paz, eles merecem), mas se você algum dia já se sentiu distante dos seus pais e do resto dos “adultos” e quis fugir de casa, você vai gostar de conhecer Holden Caulfield.
Tudo bem, talvez você não saiba quem é J.D. Salinger. Mas você sabe quem é John Lennon, certo? Então você sabe que teve um cara, um tanto quanto maluco, que atirou no ex-beatle na porta do prédio dele, matando de vez o sonho, que por sinal já tinha acabado. E em alguma matéria sobre essa morte já devem ter citado que o “cara maluco” tinha lido um livro, pouco antes, e alguns membros da mídia paranóica consideraram que o livro teve alguma influência no crime. E esse livro era “O apanhador no campo de centeio”. E adivinha quem era o autor? Isso, J.D. Salinger. Sim, foi uma longa viagem, mas chegamos lá.
Infelizmente é assim que muita gente se lembra de Salinger, como “o cara que escreveu o livro lido pelo maluco que matou o John Lennon”, o que, além de ser um apelido longo demais pra qualquer um, não faz jus ao trabalho de um dos autores mais influentes da cultura norte-americana e um dos que melhor entendeu as crises da mente adolescente.
J.D. Salinger, nascido em Nova York com o nome de Jerome David Salinger, filho de um comerciante judeu polonês e uma mãe meio irlandesa meio escocesa, começou a escrever ainda nos tempos do colégio e da faculdade, ainda que boa parte de sua produção literária só tenha surgido após a segunda guerra mundial, onde serviu em diversos locais e conheceu Ernest Hemingway, que já naquela época o considerava um dos maiores talentos que já tinha visto. De volta aos Estados Unidos após uma estadia traumática no front, Salinger começou o que seria a fase mais produtiva de sua carreira, já que, ainda que antes da guerra tivesse publicado alguns contos, apenas com “A Perfect Day for Bananafish”, sua primeira publicação na revista “New Yorker”, seguido de uma séries de outras novelas e histórias curtas, começou a receber reconhecimento da crítica e do público. Mas claro, nada se compararia a “O apanhador no campo de centeio”, lançado em 1951.
Retomando um personagem de uma de suas histórias pré-guerra, o adolescente Holden Caulfield, o autor conta a saga do jovem após ser expulso de um colégio interno e sua aventura em Nova York, criando praticamente um novo sub-gênero na literatura com a sincera e envolvente narração em primeira pessoa do personagem, explorando a alienação e a distância entre o mundo adulto e o mundo dos jovens, tudo com uma linguagem e uma agilidade inovadora para os padrões da época. Com isso o livro ganha uma capacidade impressionante de se conectar ao leitor, que se sente um companheiro de viagem e de confissões do protagonista, devido ao tema de fácil identificação e que se tornou constante na obra de Salinger.
Isso porque é fácil pra boa parte dos jovens, seja na época do lançamento do livro ou seja hoje, se identificar com a trama de um garoto distante dos pais e buscando a liberdade da cidade, devido a natural distância entre pais e filhos, seja qual for o contexto. Exemplo disso é o significado que o livro teve no meu caso, lido durante um período em que meus pais se divorciavam e eu sinceramente pensava em fugir de casa (ainda que tenha desistido por causa da impossibilidade de levar minha coleção de quadrinhos), e como foi fácil me ligar ao livro. Independente de críticas ao estilo de Salinger ou a seus méritos em termos de técnica de escrita (que eu considero significativos), uma coisa que não se pode negar é a relevância da temática e até mesmo a visão do autor em tratar da adolescência numa época em que o tema não era nada comum e sempre tratado de uma forma bem mais moralizadora.
Com o sucesso imediato do livro e as polêmicas que o cercaram (segundo pesquisas “O apanhador” é o livro mais censurado em todas as escolas americanas, mas o segundo mais freqüentemente escolhido por professores de literatura como tema para aulas), já que alguns professores consideravam que o livro tentava desde incitar jovens a fugir de casa até o uso de linguagem “grosseira”, Salinger, totalmente avesso a publicidade, começou uma trajetória crescente de recolhimento e redução de sua exposição a mídia.
Até 1965, quando iria parar totalmente de publicar originais, ele ainda escreveu os livros “Nove Histórias”, “Franny and Zoey” E “Pra cima com a viga, moçada”, lançados respectivamente em 1953, 1961 e 1963, sendo que seu último original publicado foi “Hapworth 16, 1924”, em 1964. Em 1980 ele iria cortar totalmente qualquer contato com a mídia, devido a seus constantes problemas com sua exposição, que ele considerava exagerada e alguns processos envolvendo biografias lançadas por estudiosos de literatura e por pessoas próximas.
Ausente da literatura durante mais de 40 anos e da mídia durante quase trinta, Salinger influenciou e até hoje influencia autores que vão desde Richard Yates até Tom Robbins, passando por Dave Eggers e até pelo autor desse texto, ainda que em terras brasileiras possa talvez não ser tão lido quanto deveria. Mas no ano em que ele completa 90 anos vale a pena um contato, senão com todos os seus livros (já publicados no Brasil, ainda que bem difíceis de se encontrar), pelo menos com sua obra mais popular, “O apanhador no campo de centeio”. Não, não recomendamos esse livro pra você que ouve vozes que te mandam matar um beatle (por favor, deixe Paul e Ringo em paz, eles merecem), mas se você algum dia já se sentiu distante dos seus pais e do resto dos “adultos” e quis fugir de casa, você vai gostar de conhecer Holden Caulfield.
Última edição por jluismith em Seg Jan 26, 2009 7:05 pm, editado 1 vez(es)
Re: FARRAZINE # 10 - TEXTOS
Gostei da matéria, JL. Cê chegou a ler o Apanhador? Senti uma falta de sua opinião a respeito dele. Eu li há bastante tempo e achei - olha só - a trama um tanto ingênua. Isso na minha adolescência, o que é bem diferente do que seria minha opinião se tivesse lido a coisa em 51. Óbvio. Mas queria comentar, senti essa falta. Que cê acha de colocar sua opinião a respeito do livro? (Posso ser só eu a sentir isso... mais alguém concorda, ou tu viajando na batatinha - de novo?)
Kio... uai, por que cê postou o texto de novo? Nuntendi, esse tópico não era para os textos do #10? Só curiosidade, mesmo. Nada de mais.
Kio... uai, por que cê postou o texto de novo? Nuntendi, esse tópico não era para os textos do #10? Só curiosidade, mesmo. Nada de mais.
InVinoVeritas- Apagati CRTL+ALT+DEL
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Re: FARRAZINE # 10 - TEXTOS
InVinoVeritas escreveu:Kio... uai, por que cê postou o texto de novo? Nuntendi, esse tópico não era para os textos do #10? Só curiosidade, mesmo. Nada de mais.
Hehe... o texto foi postado no dia 15, quando ainda pensava que iria no #10. Como o Snuck diagramou as páginas a velocidade da luz e precisavamos de material pra fechar o #9... bem... usei e o texto ficou aqui só pra deixar o tópico aberto.
Agora que tem o texto do J., editei o post.
Kio- Editor aposentado
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Re: FARRAZINE # 10 - TEXTOS
Olha, essa arte é MINHA, O.K.? A não ser que o J. queira alguém em especial Duas páginas? Ou uma só?
Re: FARRAZINE # 10 - TEXTOS
Rodrigo! escreveu:Olha, essa arte é MINHA, O.K.? A não ser que o J. queira alguém em especial Duas páginas? Ou uma só?
Por mim, tudo ok.
O texto está com 4.756 caracteres... já vai pra 2 páginas. Só tem que ver com o J. se vai complementar o texto com a opinião sobre o livro.
Kio- Editor aposentado
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Re: FARRAZINE # 10 - TEXTOS
Vino, eu li sim, quando eu tinha 12 ou 13 anos. Meus pais estavam se separando, eu estudava num colégio militar que eu odiava e eu tive que ler o livro escondido (minha mãe achou que eu iria matar o Paul, acho. porque eu sou fã do Ringo, então com ele eu não iria mexer). Realmente pensei em botar umas roupas na bolsa e fugir de casa, só fiquei porque não dava pra levar todas as revistas em quadrinhos comigo...Ou seja, foi um livro que me impressionou muito, na época. Reli faz pouco tempo e admito que o livro me marca mais pelo significado emocional do que pela qualidade literária...
Eu coloquei poucas impressões pessoais porque queria fazer caber em uma página...Mas já que vamos ter duas páginas, acho que posso falar mais disso...
Ou seja, Kio, vou complementar sim, pode deixar.
Rodrigo, a arte é sua, cara, totalmente!
Eu coloquei poucas impressões pessoais porque queria fazer caber em uma página...Mas já que vamos ter duas páginas, acho que posso falar mais disso...
Ou seja, Kio, vou complementar sim, pode deixar.
Rodrigo, a arte é sua, cara, totalmente!
Re: FARRAZINE # 10 - TEXTOS
Elvis Presley – Ainda há espaço para o rei?
Muito já foi dito sobre Elvis e é indiscutível sua importância para a história da música ocidental. Sabemos de sua enorme influência sobre o rock como o conhecemos hoje, além de seus diversos e elogiados trabalhos com a música country e gospel. Mas nem todos sabem como e, mais importante, por que Elvis recebeu o “título” de rei do rock ‘n’ roll.
Nos anos 50, início da carreira do artista, ainda não se havia estabelecido um gênero chamado rock ‘n’ roll. De fato, o que existia era o já popular R&B e a música country, que fundidos tornaram-se o famoso “rockabilly”, o rock caipira, gênero musical no qual se enquadram vários dos primeiros sucessos do rei, como “That’s all right”, “Blue Moon of Kentucky”, “Memphis, Tennessee”, entre outros.
No entanto, Elvis estava longe de ser o único, e ouso dizer, longe de ser o melhor cantor de rockabilly da época. O que o diferenciava, porém, de artistas brancos como Pat Boone e Bill Haley era o “ato de rebeldia” realizado em quase todos os seus primeiros shows. Não, Elvis não arrebentou guitarras no palco (vide The Who), não ateou fogo a pianos (vide Jerry Lee Lewis), nem afirmou ser mais popular que Jesus Cristo (vide Beatles). Elvis.....rebolou. E é aqui que os fãs me atiram pedras, enviam cartas de ódio a minha casa e ameaçam me esfaquear enquanto durmo. Mas é a verdade, senhoras e senhores: Elvis virou o rei porque ele rebolou.
Algo tão inocente, especialmente quando nos deparamos com a música brasileira hoje e seus “performers”, como dançar enquanto cantava, fez com que o rei se destacasse entre os demais. Lembremos que a sociedade norte-americana do momento (e vamos ser honestos, também o resto do mundo seguindo seus moldes) era um tanto conservadora e extremamente puritana (como o é até hoje, ainda que se tente provar o contrário). Um jovem branco cantando e, principalmente, dançando como negro era certeza de corrupção da juventude. E corrupção implica em “algo que você não deveria estar fazendo”, portanto “proibido”, o que nos leva àquilo que os jovens mais idolatram nesse universo: a oposição.
Opondo-se à música ouvida por seus pais e às regras de comportamento, os jovens brancos norte-americanos puderam se distanciar mais e mais dos valores de então. Assim, algo tão banal como mexer os quadris fez com que Elvis se tornasse a voz daquela geração, representando a necessidade de busca pelo novo.
Mas quando nos encontramos em pleno século 21, o novo milênio à beira de completar uma década, bem, nada disso parece importar. É como se não houvesse nada poderoso o bastante para chocar e, assim, mobilizar a juventude. Como pode algo tão “arcaico” quanto à simples.....música competir com o Playstation, por exemplo? Essa é minha pergunta. E, pelo amor de Deus, isso não quer dizer que eu tenha alguma coisa contra o Playstation, longe de mim! A questão é: quem, com menos de 20 anos e em são consciência, quer ouvir Elvis Presley cantando seu rock caipira?
Pode uma canção como “Heartbreak Hotel” causar algum impacto hoje em dia? Ou mesmo a brega e ainda assim inesquecível “It’s now or never”? É quase impossível dizer. Eu poderia falar mais sobre Elvis, falar sobre sua carreira militar e seus trezentos e vinte e sete filmes havaianos. Eu poderia. Mas não vou. O Google pode fornecer essas informações. O que o Google pode não te dizer (talvez ele possa, mas não é provável) é que Elvis é único pela sua versatilidade imutável. Como é que é? Explico.
A carreira do rei teve altos e baixos, suas músicas oscilaram do sexy R&B às baladinhas ingênuas, ao rock propriamente dito e até aos boleros pavorosos. No entanto, o artista sempre manteve o carisma inigualável em sua performance, seja e, gravações ou lives. Há algo nas músicas desempenhadas por Elvis que podemos classificar como “sentimentalismo honesto” (favor não confundir com emo). O grande problema é que, na modernidade (sinônimo de praticidade), isso é ridículo, é simplesmente patético ser romântico (o que explica o ódio aos emos). Meu Deus! Como alguém é capaz de ligar Elvis aos emos? Sem pânico. Não há ligação direta. A diferença está na honestidade das letras, que combinadas à magnífica voz de Elvis (explorada e trabalhada em todo seu potencial apenas a partir de 1968), fizeram desse artista um ícone.
Falta honestidade na música pop hoje. Por essa razão, seria muito interessante se os jovens voltassem sua atenção, não só a Elvis, mas também aos seus contemporâneos, como Johnny Cash, Chucky Berry, e até mesmo o ótimo Hank Williams, pioneiro da música country e grande influência no estilo do rei. Talvez esses talentos notáveis possam trazer alguma espécie de impacto positivo sobre os adolescentes, nem que seja apenas no sentido de levá-los a perceber o poder de transformação da boa música. Gosto de pensar que, rebolados à parte, esse foi (e, se não permitirmos que morra) sempre será o verdadeiro legado do Sr. Elvis Aaron Presley.
Jaqueline Scognamiglio
Muito já foi dito sobre Elvis e é indiscutível sua importância para a história da música ocidental. Sabemos de sua enorme influência sobre o rock como o conhecemos hoje, além de seus diversos e elogiados trabalhos com a música country e gospel. Mas nem todos sabem como e, mais importante, por que Elvis recebeu o “título” de rei do rock ‘n’ roll.
Nos anos 50, início da carreira do artista, ainda não se havia estabelecido um gênero chamado rock ‘n’ roll. De fato, o que existia era o já popular R&B e a música country, que fundidos tornaram-se o famoso “rockabilly”, o rock caipira, gênero musical no qual se enquadram vários dos primeiros sucessos do rei, como “That’s all right”, “Blue Moon of Kentucky”, “Memphis, Tennessee”, entre outros.
No entanto, Elvis estava longe de ser o único, e ouso dizer, longe de ser o melhor cantor de rockabilly da época. O que o diferenciava, porém, de artistas brancos como Pat Boone e Bill Haley era o “ato de rebeldia” realizado em quase todos os seus primeiros shows. Não, Elvis não arrebentou guitarras no palco (vide The Who), não ateou fogo a pianos (vide Jerry Lee Lewis), nem afirmou ser mais popular que Jesus Cristo (vide Beatles). Elvis.....rebolou. E é aqui que os fãs me atiram pedras, enviam cartas de ódio a minha casa e ameaçam me esfaquear enquanto durmo. Mas é a verdade, senhoras e senhores: Elvis virou o rei porque ele rebolou.
Algo tão inocente, especialmente quando nos deparamos com a música brasileira hoje e seus “performers”, como dançar enquanto cantava, fez com que o rei se destacasse entre os demais. Lembremos que a sociedade norte-americana do momento (e vamos ser honestos, também o resto do mundo seguindo seus moldes) era um tanto conservadora e extremamente puritana (como o é até hoje, ainda que se tente provar o contrário). Um jovem branco cantando e, principalmente, dançando como negro era certeza de corrupção da juventude. E corrupção implica em “algo que você não deveria estar fazendo”, portanto “proibido”, o que nos leva àquilo que os jovens mais idolatram nesse universo: a oposição.
Opondo-se à música ouvida por seus pais e às regras de comportamento, os jovens brancos norte-americanos puderam se distanciar mais e mais dos valores de então. Assim, algo tão banal como mexer os quadris fez com que Elvis se tornasse a voz daquela geração, representando a necessidade de busca pelo novo.
Mas quando nos encontramos em pleno século 21, o novo milênio à beira de completar uma década, bem, nada disso parece importar. É como se não houvesse nada poderoso o bastante para chocar e, assim, mobilizar a juventude. Como pode algo tão “arcaico” quanto à simples.....música competir com o Playstation, por exemplo? Essa é minha pergunta. E, pelo amor de Deus, isso não quer dizer que eu tenha alguma coisa contra o Playstation, longe de mim! A questão é: quem, com menos de 20 anos e em são consciência, quer ouvir Elvis Presley cantando seu rock caipira?
Pode uma canção como “Heartbreak Hotel” causar algum impacto hoje em dia? Ou mesmo a brega e ainda assim inesquecível “It’s now or never”? É quase impossível dizer. Eu poderia falar mais sobre Elvis, falar sobre sua carreira militar e seus trezentos e vinte e sete filmes havaianos. Eu poderia. Mas não vou. O Google pode fornecer essas informações. O que o Google pode não te dizer (talvez ele possa, mas não é provável) é que Elvis é único pela sua versatilidade imutável. Como é que é? Explico.
A carreira do rei teve altos e baixos, suas músicas oscilaram do sexy R&B às baladinhas ingênuas, ao rock propriamente dito e até aos boleros pavorosos. No entanto, o artista sempre manteve o carisma inigualável em sua performance, seja e, gravações ou lives. Há algo nas músicas desempenhadas por Elvis que podemos classificar como “sentimentalismo honesto” (favor não confundir com emo). O grande problema é que, na modernidade (sinônimo de praticidade), isso é ridículo, é simplesmente patético ser romântico (o que explica o ódio aos emos). Meu Deus! Como alguém é capaz de ligar Elvis aos emos? Sem pânico. Não há ligação direta. A diferença está na honestidade das letras, que combinadas à magnífica voz de Elvis (explorada e trabalhada em todo seu potencial apenas a partir de 1968), fizeram desse artista um ícone.
Falta honestidade na música pop hoje. Por essa razão, seria muito interessante se os jovens voltassem sua atenção, não só a Elvis, mas também aos seus contemporâneos, como Johnny Cash, Chucky Berry, e até mesmo o ótimo Hank Williams, pioneiro da música country e grande influência no estilo do rei. Talvez esses talentos notáveis possam trazer alguma espécie de impacto positivo sobre os adolescentes, nem que seja apenas no sentido de levá-los a perceber o poder de transformação da boa música. Gosto de pensar que, rebolados à parte, esse foi (e, se não permitirmos que morra) sempre será o verdadeiro legado do Sr. Elvis Aaron Presley.
Jaqueline Scognamiglio
Jaques- Apagatti da ilha de Lost
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Re: FARRAZINE # 10 - TEXTOS
Demais esse texto Jaques! Uma abordagem bem diferenciada!
snuckbinks- Apagati CRTL+ALT+DEL
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Re: FARRAZINE # 10 - TEXTOS
Olá Jaques....
hã ... desculpe-me se deixei passar algo, mas.... você é de onde mesmo? Primeira vez que lhe vejo por aqui!
hã ... desculpe-me se deixei passar algo, mas.... você é de onde mesmo? Primeira vez que lhe vejo por aqui!
Mainardi- Apagati CRTL+ALT+DEL
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Data de inscrição : 09/01/2009
Idade : 48
Re: FARRAZINE # 10 - TEXTOS
Bem, nunca te vi antes, Jaques, mas foi um belo texto.
No texto do Salinger eu só fiz algumas pequenas mudanças, adicionei mais um parágrafo pra tentar ficar um pouco mais opinativo. Acho que não vou conseguir opinar de forma mais contundente do que isso, mesmo porque eu acho que o texto funciona melhor pra despertar curiosidade do que pra elogiar o autor.
Então eu preferi apenas editar a postagem anterior ao invés de postar tudo de novo, ok? Marquei com uma cor diferente as partes novas, pra facilitar a leitura...
No texto do Salinger eu só fiz algumas pequenas mudanças, adicionei mais um parágrafo pra tentar ficar um pouco mais opinativo. Acho que não vou conseguir opinar de forma mais contundente do que isso, mesmo porque eu acho que o texto funciona melhor pra despertar curiosidade do que pra elogiar o autor.
Então eu preferi apenas editar a postagem anterior ao invés de postar tudo de novo, ok? Marquei com uma cor diferente as partes novas, pra facilitar a leitura...
Re: FARRAZINE # 10 - TEXTOS
Diagramei o texto da Jaques!
snuckbinks- Apagati CRTL+ALT+DEL
- Mensagens : 744
Data de inscrição : 17/12/2008
Re: FARRAZINE # 10 - TEXTOS
Ok, isso foi rápido
"por Jaques Hoje à 1:32 pm"
"por snuckbinks Hoje à 9:07 pm"
São os gatilhos mais rápidos do Oeste, cara...
"por Jaques Hoje à 1:32 pm"
"por snuckbinks Hoje à 9:07 pm"
São os gatilhos mais rápidos do Oeste, cara...
Re: FARRAZINE # 10 - TEXTOS
ois! ^^" eu ja tinha me apresentado qdo o fórum ficava naquele lugar escuro e assustador *medo*.....haushaushaushuashuas e agora q tudo está iluminado XD aqui estou de novo! jaques, vinda diretamente da tokyo dos pobres, Santa Bárbara d'Oeste.
PS: nós somos cowboys, baby......
PS: nós somos cowboys, baby......
Jaques- Apagatti da ilha de Lost
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Data de inscrição : 12/01/2009
Re: FARRAZINE # 10 - TEXTOS
Jaques escreveu:
PS: nós somos cowboys, baby......
Hahahahhahahaha
snuckbinks- Apagati CRTL+ALT+DEL
- Mensagens : 744
Data de inscrição : 17/12/2008
Re: FARRAZINE # 10 - TEXTOS
Jaques escreveu:ois! ^^" eu ja tinha me apresentado qdo o fórum ficava naquele lugar escuro e assustador *medo*.....haushaushaushuashuas e agora q tudo está iluminado XD aqui estou de novo! jaques, vinda diretamente da tokyo dos pobres, Santa Bárbara d'Oeste.
PS: nós somos cowboys, baby......
Bem-vinda mais uma vez, Jaques.
A dupla tá afinada.
Ipiiaiô!!!
Kio- Editor aposentado
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Data de inscrição : 29/12/2008
Idade : 52
Re: FARRAZINE # 10 - TEXTOS
Ah, oi de novo, Jacques! Da última vez eu te cumprimentei como se você fosse um cara, então finja que troquei o tapão no ombro seguido de "e aí, cara!" por algo menos agressivo, ok?
E linda essa coisa country que tá rolando por aqui...
E linda essa coisa country que tá rolando por aqui...
Re: FARRAZINE # 10 - TEXTOS
Ok, prometo que não vou mais concluir que vocês gostam de Garth Brooks só porque são cowboys...
Re: FARRAZINE # 10 - TEXTOS
jluismith escreveu:Ah, oi de novo, Jacques! Da última vez eu te cumprimentei como se você fosse um cara, então finja que troquei o tapão no ombro seguido de "e aí, cara!" por algo menos agressivo, ok?
E linda essa coisa country que tá rolando por aqui...
aushuahsuashuahsha não esquenta não.....o tapão no ombro nem doeu...............muito.
Jaques- Apagatti da ilha de Lost
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Data de inscrição : 12/01/2009
Re: FARRAZINE # 10 - TEXTOS
Rodrigo! escreveu: E quem é Garth Brooks?
Garth Brooks é um senhor bastante simpático.....haushaushuhsuhusuahs mas prefiro Hank Williams mesmo.....ele tem a alma mais caipira, me identifico mais......
Jaques- Apagatti da ilha de Lost
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